segunda-feira, fevereiro 17, 2020

Amigos que sempre teremos...

      “E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.I Samuel 18.3-4

      Muitas vezes, só depois dos anos passarem e das memórias se reanimarem, é que entendemos que tivemos bons momentos com amigos especiais e que não os aproveitamos suficientemente. O tempo tem um efeito colateral positivo nos corações dos homens de bem, ele apaga as coisas ruins e salienta as boas, as ruins que no presente parecem com tons tão fortes ficam transparentes, e as boas ganharão lindas e vivas cores nas paredes de nossas memórias no futuro. Mas isso também nos faz pensar que poucas pessoas são inteiramente más, e mesmo essas parecem más só para os nossos pontos de vista, a maioria tem lados legais e interessantes, essas só necessitam de um pouco mais do nosso trabalho, do nosso amor, amor que nem sempre queremos nos dar ao trabalho de exercer. 
      O conselho sobre isso é aquele, conhecido por todos, mas sempre impossível de vivermos: aproveite o bom momento da melhor maneira possível, ele não existirá de novo. Essa verdade aprendemos com o tempo, mas com o tempo as oportunidades da vida, por vários motivos, apesar de poderem ser escolhidas por nós com mais lucidez, escasseiam-se. Contudo, será que de fato o passado é sempre melhor depois? Nem sei, sei que o filtro dos seres humanos de bom coração permite achar sempre um lado bom nas coisas e pessoas depois que o tempo passa. Assim podemos analisar a vida, aprender e tentar não repetir mais o egoísmo, a injustiça, o mau julgamento, a impaciência, a crueldade, que não mora fora, nos outros ou nos demônios, mas dentro de nós, e que portanto podemos vencer se quisermos. 
      Por que compartilhei o texto inicial? Porque ele fala de uma grande amizade, entre Jônatas e Davi, não vou contar a história inteira, basta lembrar que Jônatas era filho de Saul, que se tornou o principal inimigo de Davi, o rei de Israel que Deus depôs por ter desobedecido ao Senhor e que Davi foi colocado por Deus em seu lugar. O principal que temos de saber dessa história é que a deposição de Saul de seu reinado e a posse de fato de Davi como rei não ocorreu de forma imediata, assim Saul sabia que não era mais rei mas insistia no reinado à medida que perseguia Davi. Esse por sua vez sabia que era o novo rei empossado por Deus, mas que teve que esperar humildemente e sem cometer qualquer atentado contra a vida de Saul, enquanto esse injustamente tentava matá-lo. Davi foi fiel a Deus e a seus princípios, mas Jônatas foi fiel ao amigo. 
      Em toda essa história, desde os momentos iniciais quando Davi era um líder dos exércitos do rei Saul, até a posse real de Davi, a amizade de Jônatas foi sempre constante, isso nos ensina que o verdadeiro e maior amigo o é em meio às guerras, mesmo enquanto os poderosos dizem o contrário, tentam matar aquele que se ama o amigo permanece fiel. Amigo não se é por segundas intenções, não porque é o mais correto politicamente, não porque é bom ser amigo dos famosos e honrados pelos outros, mas ainda que todos digam o contrário de alguém, permanecemos amigos dele, porque o amamos e vemos nele algo que talvez ninguém mais veja. Bem, me lembrei desse texto quando refletia inicialmente sobre os amigos especiais que tivemos e que agora talvez o tempo e a distância nos impeçam de usufruir mais de suas amizades. 

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