sábado, fevereiro 08, 2020

Isaías 35 - Profecia para todos!

      “O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa. Abundantemente florescerá, e também jubilará de alegria e cantará; a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus.Isaías 35:1-2

      Uma das belezas singulares da Bíblia é que suas palavras proféticas não são só predições do futuro, mas são palavras poéticas, isso revela muito sobre a espiritualidade mais pura e alta, ela é plenamente harmoniosa esteticamente, responde à razão, à emoção e também ao espírito. A glória espiritual de Deus é metaforizada na glória terrena e humana, da natureza, da arte e do melhor que o homem pode construir. 
      A profecia do capítulo 35 de Isaías, sobre o futuro glorioso de Israel, livre do cativeiro e tendo seu melhor momento restaurado, é compartilhada com essa harmonia, que emoção o profeta deve ter experimentado quando recebeu do Espírito Santo tal revelação. O maior dos mistérios, porém, é entender que a mais sublime das glórias divinas é revelada em Jesus, o verbo do Deus altíssimo. 

      Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão. Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.Isaías 35.3-7

      Em seu amor único, Deus não dá em primeiro lugar a profecia aos rebeldes e maus que traíram sua aliança e levaram Israel a sofrer a disciplina do cativeiro, não, Deus a dá aos fracos, aos humildes, aos que sofrem injustamente por causa de erros de poderosos e líderes ruins, devassos e gananciosos. Mas a palavra profética de libertação iminente promete milagres, cegos verão, surdos ouvirão, coxos saltarão e mudos falarão. 
      Será que a profecia se refere a problemas físicos, a deficiências no corpo material? Não, os cegos, surdos, coxos e mudos o são espiritualmente, essas limitações não nasceram com eles ou lhes foram atribuídas por acidente, mas eles mesmos as adquiriram por terem se afastado de Deus e consequentemente serem levados cativos. A prisão tira direitos, de ir e vir, de se expressar, de escolher o próprio caminho.
      A disciplina do cativeiro, todavia, depois de executada, tem a função de despertar o homem espiritualmente e trazê-lo novamente para perto de Deus. É claro que quando isso acontece a benção se manifesta também no plano físico, a saúde é curada e a prosperidade material é restabelecida, tudo entra novamente em sincronia com o melhor do plano de Deus e o homem passa a ter novamente liberdade. 

      E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão. Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele; porém só os remidos andarão por ele. E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.Isaías 35.8-10

      As profecias do antigo testamento bíblico têm sempre mais de uma camada, a primeira refere-se a predição de fatos históricos futuros como resposta a situações históricas do presente e do passado do povo judeu. A segunda, no caso de profecia para a nação física de Israel, refere-se também à Igreja universal, abrangendo o conceito do povo de Deus judeu para o povo do reino de Deus estabelecido pelo evangelho de Cristo. 
      A terceira camada refere-se à minha e à tua vida, à aplicação que fazemos do ensino genérico para as nossas existências atuais. Essa terceira interpretação muitas vezes pode ser equivocada (alguns teólogos acham inapropriado seu uso), pois coloca o texto fora do contexto original, mas ainda assim, pela sua misericórdia, o Espírito Santo nos consola com textos que originalmente nada têm a ver com nossas realidades.
      A verdade é que é impossível entendermos de fato a atemporalidade de Deus, o fato dele existir sempre, não envelhecer, saber de tudo o tempo todo e de sua palavra ter diversas camadas para abençoar a pessoas diferentes e de tempos diferentes. A verdade é que a maioria de nós e na maior parte do tempo não conhece o Deus incognoscível, ele é sempre mistério, e assim deve ser. Muitas coisas preditas na Bíblia só serão entendidas por gerações futuras. 
      A profecia de Isaías 35 quando cita “resgatados” e “caminho santo” podemos dizer que se refere não só ao livramento final dos judeus de seu cativeiro, mas também aos salvos da Igreja universal (os filhos de Deus de todos os tempos e lugares) e a Jesus, ela não se refere só a Israel, mas a toda a humanidade. Muitas vezes nem o profeta tem noção do poder da palavra que está entregando, ainda que ele seja limitado o Espírito não é. 
      Mas ainda assim, Israel foi e sempre será um povo especial para Deus, eu creio que ainda que a salvação em Cristo seja uma aliança mais abrangente e completa que a Lei mosáica e o Templo de Jerusalém, Deus cumprirá todas as promessas que fez aos judeus, incluindo uma volta não como homem humilde mas como rei eterno. Deus é fiel ainda que nós não sejamos e nenhuma de suas palavras deixará de ser cumprida. 
      Eu penso que essa volta ainda não aconteceu, ela não foi a encarnação de Jesus há dois mil anos atrás, mas será aquela que ocorrerá no evento depois do arrebatamento, quando Jesus voltará em Jerusalém com os mortos em Cristo e arrebatados em meio a um conflito mundial envolvendo o mundo e a nação de Israel. No final não haverá judeu ou gentio, israelita ou cristão, mas todos seremos restaurados por Deus do cativeiro maior que é viver encarnados neste mundo. 

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