sábado, fevereiro 15, 2020

Molas, pregos e parafusos

      “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.I Coríntios 9.22

      O texto inicial não se aplica precisamente a esta reflexão, mas fala de uma característica de Paulo que mesmo que em outras situações é bom termos, essa característica é adaptabilidade. Paulo usava essa característica para a mais nobre das causas, pregar o evangelho e salvar vidas, contudo, o cristão aprende que se adaptar a cada situação de maneira a agir da melhor forma, naquilo que mais agrada a Deus e o amadurece, é sábio. Não devemos ser inflexíveis, nem estarmos acorrentados a um modo de pensar, mudar de opinião não é sinal de fraqueza mas de força, desde que seja o Espírito Santo ensinando-nos coisas mais excelentes, mas vamos à reflexão.
      Molas, quando pressionadas, encurtam-se e depois naturalmente alargam-se, sem invadir o que a pressionou ou aquilo em que elas se apoiam, elas atingem seus extremos mas não invadem nada e no final do processo permanecem as mesmas. Pregos absorvem a força do que os pressionou e invadem o que os apoia, isso é feito de modo direto, num processo mais rápido mas também mais fácil de ser desfeito desde que o que usou de força para pressionar use força semelhante para arrancá-los. Parafusos funcionam semelhantemente aos pregos, mas o ideal é que não sejam batidos mas girados, isso leva mais tempo, mas permite que penetrem aquilo em que estão apoiados e se prendam de maneira mais segura que os pregos, já se forem só batidos funcionam como pregos, mas oferecem mais resistência que os os pregos, desse jeito impróprio poderão ser arrancados mais facilmente mas irão contra suas naturezas. 
     Como dito outras vezes, nenhuma metáfora é perfeita, só as parábolas de Jesus eram. Um princípio hermético diz “tanto em cima quanto embaixo” (ou “assim na terra como no céu”?), isso nos leva a procurar metáforas do mundo espiritual no mundo físico, mas também nos permite achar simbologias das existências humanas no funcionamento de outras coisas, mesmo em objetos inanimados. Assim, podemos interpretar pessoas e suas reações com a vida como por exemplo molas pregos e parafusos. Como nos comportamos diante de situações que temos que enfrentar? Ou, como Deus tem que nos fazer reagir para que interajamos com certas situações de modo mais eficiente? Somos “molas”, “pregos” ou ”parafusos”? 
      Alguns são flexíveis, e em certas situações é necessário que assim sejamos, como molas, absorvermos certos ataques e anulá-los, sem descarregar em inocentes ou em nós mesmos reações negativas daquilo que outros nos fizeram. Mas espiritualmente só podemos ser “molas”, isso é, anular um mal sem desejar vingança, ou ficar magoado, vivendo em Deus, entregando a ele a injustiça que recebemos, perdoando e seguindo em paz, e não tomando para nós um mal que não é nosso. Alguns, todavia, são “molas” na hora errada, usam muitas vezes uma característica natural de não reagir para desprezar as pessoas, a realidade, e serem irresponsáveis, covardes e insensíveis. 
      Alguns são “pregos”, o lado bom disso é que rapidamente tomam uma atitude, obedecem diligentemente, o lado ruim é que podem ser rápidos também para reagirem ao mal, são voláteis e passionais, não pensando muito antes de agir, seja para o bem, seja para o mal. Outros, contudo, são “parafusos”, reagem mas só se forem tratados com jeitinho, isso também tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que pensam um pouco antes de agir, mas o lado mal é que com a conversa certa podem ser com convencidos a fazerem qualquer coisa, esse são racionais, mais que os “pregos”, mas isso não os faz imunes às más influências, só mais lentos. 
      Isso nos ensina que mesmo qualidades podem virar defeitos se não as administrarmos da maneira correta. O melhor é ser cada coisa na situação mais adequada, o humilde vence suas fraquezas e adquire fortalezas que a princípio não tem, sabe ser “mola”, sabe ser “prego” e sabe ser “parafuso”. Se for melhor recebe o impacto e não reage, se for necessário obedece prontamente e se for preciso pensa antes de tomar uma atitude e faz a melhor escolha. E você, o que tem sido, “mola”, “prego” ou “parafuso”? Tem sido cada um no momento melhor, tem se adaptado, ou pensa que é de um jeito e vai morrer assim? 

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