segunda-feira, abril 13, 2020

Loucura (parte 8) Loucura de Deus

8. Loucura de Deus

     “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” 
I Coríntios 2.14-16

     Esta reflexão é uma introdução à 8ª parte do estudo sobre loucura, “Espírito Santo, o diabo e a mente”, que será compartilhada na próxima postagem aqui do blog. É de suma importância que se entenda que só podem provar a “loucura” espiritual de Deus, falada na passagem bíblica inicial, os que estão mentalmente sadios, caso contrário as coisas podem ficar confusas, pode-se perder o discernimento sobre o que é realidade, o que é ilusão, o que é verdade, o que é mentira, o que é de Deus e o que é do diabo. Assim, muitíssimo cuidado, não use o texto bíblico acima como álibi para fazer maluquices, e pior ainda, em nome de Deus. É delicado o limite entre uma experiência pela fé no Deus espiritual e a ilusão de quem acha que pode fazer coisas insanas porque uma voz mandou que fizesse. 
      Muitos matam em nome de Deus, violentam, manipulam, saqueiam, e muitos plenamente convencidos que são algum tipo singular de profeta, de pastor, de apóstolo, e isso não só no cristianismo. Por ser a religião que manda no mundo ocidental, a parte do planeta que tem mais poder econômico e político na Terra, é também no cristianismo, seja como catolicismo, protestantismo e tantos outros ismos auto-denominados cristãos, onde existe mais divisões, seitas, heresias, e consequentemente malucos, sempre prontos a se acharem “Deus” para explorarem a fé dos incautos. Mas existem loucos menores, que ainda que não prejudiquem os outros, prejudicam a si mesmos, são pessoas que precisariam de terapia, e não de fé e autofragelamento, para serem seres humanos que agradem a Deus, façam os outros felizes e sejam felizes. 
      Uma armadilha que muitos caem e que pode levar a loops mentais que não achando solução os frustram profundamente, se trata justamente de uma noção errada da relação entre fé e pecado. Pregadores inescrupulosos (visando explorar para obter lucros materiais) pregam que quem tem fé pode ofertar qualquer coisa a Deus (obviamente através da igreja do pregador) que Deus recompensará essa fé e nada faltará ao ofertante. O que ocorre em muitos casos é que a oferta é feita e faz muita falta ao ofertante, que fica frustrado, achando que não teve fé suficiente por isso fez falta o que ofertou, e que sua falta de fé é pecado. Essa armadilha enriquece a igreja e ao pregador, e deixa no ofertante um sentimento imenso de angústia.
      Em primeiro lugar temos que entender que a fé que é dom de Deus, é aquela que é essencial para nossa salvação eterna, para perdão de pecados, e para coisas específicas que Deus nos mostra. Todos temos momentos na vida quando verdadeiramente só um milagre de Deus para nos ajudar, e isso nunca envolve comprar o favor do Senhor com doações, ofertas e dízimos. Não ter uma fé que move montanhas não é pecado, Deus não exige isso de ninguém, assim quem sabe que não tem fé para entrar em certos desafios de púlpitos, principalmente envolvendo retornos financeiros, não peca, está num direito seu dado por Deus. Muitos colocando pastores na frente de Deus chegam a terríveis dilemas mentais por causa disso.
      Nossa fé deve ser medida por nossas obras, e nossas obras devem ser aprovadas por igrejas sensatas e pela doutrina, sim, ser cristão é ser louco para o mundo, como diz o texto, mas através de uma vida de virtudes, em paz e em humildade. Jesus foi o mais louco de todos, nesse aspecto, e nem para o mundo, mas para os religiosos de sua época, da mesma religião que a sua. Mas ele nunca fez maluquices, nem incentivou que nós as fizéssemos, ao contrário, teve uma vida simples de homem de bem, ensinou sobre temperança e amor, foi como homem, curado e equilibrado. Ter a mente de Cristo é experiência dos que de fato seguem a Jesus, não a fantasias da mente. Mas o que seria essa “loucura” de Deus? 
      Ela se evidencia quando o evangelho nos ensina que agradar a Deus, ser espiritual, seguir a Cristo, é agir muitas vezes do modo oposto a como agem os que não têm uma ligação de filhos com Deus. Essa atitude tem muito mais a ver com perder de que com ganhar, assim o que acha que é “louco” de Deus porque tem uma fé que pode fazer grandes coisas, cuidado, isso pode ser mais maluquice mental que de fato comunhão com Deus. Loucura para o mundo é dar a outra face, quando se é ofendido, é morrer para a ganância e não querer ser rico pelo fé, é dar, não receber. Loucura de Deus é fazer morrer o ego, para se nascer espiritualmente para a eternidade, mas com equilíbrio emocional, sem ter falta de auto-estima, que leva a uma atitude de “coitadinho” e que também pode ser ferida mental e não espiritualidade.

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