sábado, setembro 21, 2024

Qualidade do sofrimento (3/4)

      “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.Mateus 5.10-11

      Em sofrermos porque erramos e não assumimos, não há benefício, em sofrermos a consequência de um erro que cometemos e assumimos, há benefício para nosso próprio crescimento, mas ao sofrermos o erro do outro há benefício para o outro, isso é o mais puro amor. Jesus chama sofrimento de qualidade de sofrimento pela justiça, nisso há mistérios que muitos cristãos não sabem. Achamos que suportar fraqueza do outro é amenizar erro do outro, já que não reagimos na mesma altura, mas pagamos mal com bem, mas ninguém sofre injustiça de graça. Se alguém nos faz mal é porque merecemos, ainda que não tenhamos noção disso. Só Jesus de fato recebeu mal que não merecia, por isso seu sofrimento teve tanta qualidade. 
      Mas foi dito no início que beneficiamos o outro sofrendo injustamente, por quê? Porque quebramos o loop do nosso mal, bem feito hoje anula mal feito antes, assim sofrermos pela justiça paga dívida e passa a responsabilidade para o que recebeu a justiça. Esse por sua vez poderá sofrer injustiça para pagar a injustiça que fez, assim caminha a humanidade, causas e efeitos constantes. Qual o papel da grande injustiça que Cristo sofreu por todos? Nos dar paz com Deus para sofrermos injustiças com justiça, o sacrifício de Jesus não exime-nos de sofrer, mas permite-nos sofrer para crescermos, não apenas como sacos de pancadas do destino, senão sofreríamos para sempre sem nunca achar paz, já que não teríamos forças para sofrer certo.

sexta-feira, setembro 20, 2024

Todos sofremos (2/4)

      “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.I Pedro 4.15-16

      Há poder no sofrimento, repito, o poder de confrontar o ser humano com provas específicas, que nelas sendo aprovado conquista um crescimento moral, portanto, espiritual, diferenciado. O que pouca cobrança recebe, pouco precisa fazer, pouco sofre, com efeito pouco cresce. Mas será que existe alguém que vem a este mundo “a passeio”, que não é provado de alguma forma? Não, ainda que sob nossos míopes olhos possamos achar que alguns se esforçam menos que nós, podem até se esforçar menos, mas não para fazer o que nós temos que fazer. Provas são diferentes para pessoas diferentes, por isso que não devemos julgar pela aparência, só Deus conhece o coração, a prova, o sofrimento e o esforço de cada um. 
      Mas muitos sofrem justamente por não quererem sofrer, assim, ao invés de aceitarem com humildade os limites que o “universo” lhes impõe e que têm um propósito divino, sofrem por orgulho, assim, ao invés de serem vitoriosos e crescerem, permanecem derrotados e acrescentam à sua luta original e útil uma segunda e inútil luta. Só temos vitória nas batalhas que Deus nos coloca, nas que inventamos ou que nos colocamos por teimosia ou vaidade sempre somos derrotados, vitória nessa batalhas podem até nos fazer importantes diante de homens, mas nada acrescenta a nossos homens interiores, portanto não levaremos como virtudes que definirão nossa posição na eternidade espiritual. Qual a qualidade do nosso sofrimento? 

quinta-feira, setembro 19, 2024

Há poder no sofrimento (1/4)

      “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.II Coríntios 1.3-5

      Há poder no sofrimento! Como costumo fazer, quando toco em alguns temas, sofrimento “masoquista”, de quem se submete à qualquer espécie de violência, que podendo reagir, não reage, não é o tipo de dor a que me refiro nesta reflexão. Isso pode ser só efeito de mente doente, de quem não se respeita e é carente por qualquer atenção, mesmo que seja atenção estúpida, mas principalmente, sofrimento sem comunhão e paz com Deus. Há limites e quem estabelece a referência é nossa conexão verdadeira com o Deus verdadeiro. Contudo, precisamos olhar diferente quem traz em si alguma limitação impossível de ser superada, com a qual terá que conviver por toda a vida, na área física, mental e mesmo social.
      A cadeirantes e portadores de transtornos mentais devemos tratar com cuidado, a dificuldade que para os que se acham “normais” parece menor, para esses pode ser maior, assim chama-los de ociosos ou covardes é injusto. Limites físicos são fáceis de serem verificados, já os psicológicos, não, e não estamos generalizando, mas muitos não constroem enfermidades psiquiátricas por fazerem escolhas morais erradas, mas podem ter dificuldade para escolher certo por serem enfermos. Creio num Deus justo, que “dá o frio conforme o cobertor”, se há alguma lucidez com humildade, a pessoa tem condições de ser feliz e de fazer os outros felizes, seja qual for sua capacidade, e isso também não nos exime de auxiliar os fracos. 

quarta-feira, setembro 18, 2024

Apaixone-se por Deus hoje (4/4)

      “Não apaguem o Espírito.I Tessalonicenses 5.19

      Um cilindro fino e comprido de parafina, com um pavio no meio, que é queimado para produzir uma chama, mas sob um vento que teima em apagar o fogo o tempo todo, eis o desafio maior de se viver neste mundo. No mundo estamos limitados a isso para iluminar, só na eternidade seremos livres para clarear infinitamente, isso se perseveramos em manter, ainda que com muita dificuldade, a vela acesa o máximo possível no plano material. O que acende nosso espírito é o Espírito de Deus, estando a vela limpa pela fé no perdão que há em Cristo, mas são as obras que o mantêm aceso. A oração é só início do processo, não se acende uma vela para escondê-la, é preciso dar utilidade à luz que ela produz.
      Utilizar a luz da vela, entretanto, a expõe ao mal do mundo e aos limites do nosso corpo. Unção, um tipo especial de paixão, paixão por Deus, não por religião nem por igreja, é chama de uma pequena vela, facilmente se apaga, assim precisa ser acesa o tempo todo, vigiando com cuidado para que os ventos do mundo não a apaguem. Não pense que um culto abençoado de domingo à noite, com um louvor “quente” e envolvente, te dará unção para muito tempo, às vezes na segunda-feira à tarde a unção do domingo à noite já se apagou. Temos que nos apaixonar por Deus todos os dias, não dormirmos sem acendermos a chama, para acordarmos com ela, buscando mantê-la acesa o máximo que pudermos. 

terça-feira, setembro 17, 2024

Uma paixão eterna (3/4)

      “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” I João 4.19

      A existência temporária na matéria é uma grande metáfora da vida espiritual eterna, assim nossos corpos, nossos sentimentos, nossas relações sociais e afetivas, nossa interação com o planeta, animais, natureza e tantos elementos da Terra e dos outros corpos celestes, são meios que aprouve a Deus usar para que evoluamos no espírito. Se antes vivemos neste mundo para depois experimentarmos “céus” e “infernos” no outro mundo é por dois motivos: o primeiro é que não somos “criados” já prontos para a vida espiritual, o segundo é que antes de experimentarmos posições mais “duradouras” passamos por uma preparação ou por um teste em existências mais limitadas. Se é assim com tudo, também é com a paixão. 
      Provamos paixões temporárias para aprendermos a escolher a duradoura, essa não é potencializada pelas emoções humanas da alma e do corpo, mas pelo espírito pessoal eterno conectado ao Altíssimo Santo Espírito de Deus. Se paixões passam, a que experimentamos por Deus, ainda que queimando numa vela pequena e frágil, que facilmente se apaga, pode ser acesa e acesa neste mundo, todos os dias, até ser acesa para sempre no outro mundo. Amar a Deus não cansa, nunca decepciona, sempre nos alimenta, para isso basta que escolhamos amá-lo, a princípio pela fé, de forma racional, para depois provarmos uma emoção especial, que chamamos de unção, uma paixão que nasce e permanece no espírito imortal, não na carne. 

segunda-feira, setembro 16, 2024

Vivemos sem paixão? (2/4)

      “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.Tiago 5.17

      Versões bíblicas usam termo paixão mais como algo negativo, como sendo as iniciativas irresponsáveis e fúteis da carne, mas o termo pode se aplicar de forma genérica a uma “energia” emocional, gerada por algo que nos toca de forma especial e mesmo desconhecida. Se passamos grande parte de nossas vidas sendo impulsionados pela paixão, como viver sem ela principalmente depois que amadurecemos? É possível? Se paixão não é má em si, mas é uma ilusão, uma experiência no mínimo imatura, como nos aproximarmos mais de Deus sem ela? Como muitas coisas que fazemos potencializados pela paixão, também exercemos fé em crenças espirituais muito mais por paixão, que por uma convicção realmente pura e sem ilusões. 
      Nunca deixamos de nos apaixonar, a diferença é que ao envelhecermos paixão pode ser opção racional, não obsessão, podemos escolher nos apaixonar. Isso não deixa a paixão sempre boa, ainda velhos podemos nos apaixonar pelas coisas erradas, que não gerarão bons frutos que permanecem. Contudo, há uma diferença entre envelhecer e amadurecer, quem amadurece, ainda que o corpo envelheça se mantém vivo e lúcido. Já o imaturo não aceita a sensatez nem o próprio envelhecimento do corpo, tentará permanecer jovem fisicamente, não para estar vivo e lúcido, mas enganosamente apaixonado. Paixão como causa, vira fim em si mesmo e vício, mas como efeito de amadurecimento, torna-se escolha que liberta e aprimora. 

domingo, setembro 15, 2024

Paixão sempre acaba (1/4)

      “Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.II Timóteo 2.22

      Até uma idade, a maioria das pessoas experimentam paixão com mais constância. Como sentimento poderoso, efeito de nosso confronto inicial com uma experiência, pode nos potencializar para fazer coisas que normalmente não podemos fazer. Paixão pode tanto nos fazer amar como odiar, mas é sempre uma força inicial, que é gerada após a surpresa, depois, com o tempo, atenua-se. Nos apaixonamos por pessoas, pela profissão, por um hobby, pela religião, por um ministério cristão, mesmo por Deus, essas são as boas paixões. Mas pessoas e situações também podem provocar em nós revoltas, ódios, um desejo de destruição, que também são paixões, mas ruins. Paixão é intrinsecamente ligada à emoção, assim não é racional. 
      Nas asas da paixão empreendemos com coragem, uma relação afetiva, um projeto financeiro, uma ação humanitária, uma ideologia. Paixão em si não é errada, se nasce com bases legítimas e se produz frutos que permanecem. Contudo, num determinado momento de nossas vidas, ficamos menos susceptíveis a ela, não a geramos mais com facilidade, ficamos mais frios. Isso é bom, nos tornamos mais racionais, mas pode ser ruim, ficamos menos produtivos. Nossa conexão com Deus, que nos fortalece para sermos santos e amorosos, pede de nós um posicionamento diferente se não tivermos mais paixão para exercê-la, pede fé racional, é nesse momento que amaduremos espiritualmente e que começamos a entender a eternidade.

sábado, setembro 14, 2024

Limitados vasos de barro

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. I Pedro 5.6-7

      Isso precisa ser repetido aqui, somos limitados vasos de barro, pequenos e frágeis, tentando reter unção espiritual de Deus para passar curtos e diários períodos de nossa jornada no plano material. Tais vasos precisam ser conhecidos e respeitados, asseados e enchidos, dia a dia até o final de nossas existências neste mundo. Nunca achemos que já fizemos tudo que precisávamos, que já lutamos tudo que podíamos, e quando nossos vasos, nossos corpos físicos e nossas almas míopes, já estiverem debilitados para fazer o máximo, nossos espíritos ainda poderão seguir trabalhando, vigiando em santidade e amor, iluminando principalmente os que estão próximos a nós, conectados ao Altíssimo e aprendendo mais de seus mistérios. 
      Se há um trabalho que nunca cessa é o de sermos humildes, não caiamos na tentação que muitos caem no final de suas vidas aqui, acharmos que por já termos nos esforçado bastante temos direito ao orgulho. Por que tantos passam velhices sofridas, torturados por doenças físicas e mentais, sozinhos quando precisam de companhia? Porque abriram mão da humildade, que muitas vezes nunca tiveram, mas que quando eram reconhecidos pelos homens como trabalhadores valorosos fingiam ter. É fácil sermos humildes no palco, desempenhando nossa melhor atuação, mas quando tudo que podemos fazer é nos sentarmos na plateia e aplaudirmos os outros, humildade nos é imposta, então, ou a assumimos ou nos tornamos amargos e loucos.  

sexta-feira, setembro 13, 2024

Fé inteligente

      “Deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo; se é que já provastes que o Senhor é benigno. I Pedro 2.1-3

      Tenho o privilégio de ter parentes céticos, graduados, mestrados e doutorados, é gente que amo e com quem aprendo muito, obviamente, são seguidores ferrenhos da ciência e ainda que sejam educados, são sempre descrentes quando falo de Deus e do cristianismo. Por isso, dar testemunho exige mais que falar o que ouvimos em igrejas, e entendam bem, gente assim está muito mais atenta a teus atos que a tuas palavras, assim, repito, aprendo muito com esses queridos. Algo que aprendi a exercer em décadas andando com Deus é ter fé inteligente, essa é a mais eficiente para dar testemunho aos céticos, fé inteligente não crê em qualquer coisa e de qualquer jeito, mas avalia todas as perspectivas antes de focá-la num ponto.
      Fé inteligente em primeiro lugar entende que o agir de Deus com gente madura é trabalho a quatro mãos, Deus faz sua parte à medida que fazemos a nossa. Nossa fé é mais confrontada, não quando pedimos algo a Deus, mas quando, após pedirmos, nosso pedido não se realiza, ao menos não como achávamos que se realizaria. Mas um não em primeira instância, pode não ser para desistirmos e acharmos que pedimos errado ou que não fizemos nossa parte, pode ser para adquirirmos fé que amadurece na persistência. Se algo dá errado e fizemos tudo certo, é porque há algo melhor para ocorrer, assim não desistamos, persistamos e esperemos de Deus sempre um ato maravilhoso de amor, se é que de fato fazemos nossa parte e cremos.

quinta-feira, setembro 12, 2024

Livres em Deus

      “Exalta-te sobre os céus, ó Deus, e a tua glória sobre toda a terra. Para que sejam livres os teus amados, salva-nos com a tua destra, e ouve-nos.Salmos 108.5-6

      Dois erros que cometem muitos que se dizem defensores de agendas sociais progressistas: achar que por lutarem por liberdade ampla são melhores que os outros, e que todos devem livres. Em primeiro lugar é preciso dizer que todas as ideologias e religiosidades, de alguma forma pregam liberdade, ainda que pagando preços diferentes. Você pode não ver isso na ideologia do outro, mas esse escolheu no que crer e pensa que isso lhe confere liberdade. As pessoas querem liberdades diferentes, e algumas é apenas para poderem frequentar semanalmente cultos em templos e exercerem suas crenças. Outras querem liberdade para terem relações sexuais quando e com quem desejarem, outras é só para tomarem café e comerem chocolate. 
      O segundo ponto sobre liberdade são perguntas: quem realmente é livre ou quem de fato precisa ser? A resposta é que ninguém ainda está preparado para ser livre, não no nível moral e espiritual atual da humanidade. Enganam-se cristãos se acham que são livres no cristianismo, não são, enganam-se os de ideologia de esquerda, se acham que são livres no progressismo, isso é arrogância. Sabemos que somos livres quando conseguimos verificar erros no que cremos, quando admitimos que mesmo a ideologia ou a religião aparentemente mais verdadeira é coisa de homem no mundo material, apenas uma visão sob véus da verdade maior de Deus. No Deus verdadeiro, sim, nele há a mais profunda e eterna liberdade espiritual.

quarta-feira, setembro 11, 2024

Pais nos extremos

      “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e seródia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.” Tiago 5.7-8

      Verifico dois tipos opostos de pais, uns à direita ideológica, outros à esquerda. No lado conservador há os que teimam em achar que a visão da moral tradicional cristã é a de Deus, principalmente nas áreas de sexualidade e família, assim insistem em casamento de seres humanos “virgens” sexualmente, com pessoas identificadas com sexualidade heterossexual e do gênero oposto. Nisso veem no casamento, aprovado por religião e depois pela lei, proteção para o pecado, por isso desejam que filhos se casem o quanto antes, na verdade para esses extremistas, casar filhos é a maior prioridade da família. Tragicamente levam jovens a se comprometerem despreparados e sem autoconhecimento construindo casamentos frágeis e falsos. 
      Mas no lado oposto também há equivocados, se na direita dizem se posicionar por amor a Deus, na esquerda se posicionam muitas vezes por ódio, ainda que velado, àquilo que extremistas de direita dizem representar, moral, religião, Deus. Para se exibirem vaidosamente como progressistas, pais travestem filhos com agendas que são corretas, não estou dizendo que não são, igualdade, não a preconceitos, sexualidade não binária, respeito a minorias, mas que são escolhas que filhos ainda não fizeram por não estarem preparados, sendo assim aparência externa, não opção interior. Até liberdade, se forçada, é prisão, não é liberdade. Temos direito de ser o que quisermos, mesmo de não sermos, tenhamos paciência com filhos.

terça-feira, setembro 10, 2024

Gratidão e humildade

      “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.II Coríntios 10.17-18

      Não espere que as pessoas entendam tua vida, não espere que muitas pessoas aprovem tua vida, não espere que outros tantos reconheçam teus esforços para ser melhor, muito menos reconheçam os bons frutos que você colhe. Quem te viu errando, às vezes por anos, não viu que no teu coração você não queria errar, mas lutava com as forças que tinha para fazer as coisas corretamente, ainda que não conseguisse. A verdade é que quem tem olhos ruins em nada verá bondade, quem acha que sabe tudo não quer aprender nem mudar de opinião, quem não sabe amar não se permite ser amado e nem é amável. Se lutou por anos contra seus demônios interiores e enfim teve vitória, só seja grato a Deus, isso basta.
      Quem luta em Deus, sabe que nada é sem ele, e um dia, ainda que demore, tem vitória, vitória clara como a luz do dia, quem abre os olhos, vê. Não veem os cegos, os rebeldes, os egoístas, que ainda que sejam vitoriosos diante de homens, não são diante de Deus, pois não se humilham diante dele. Nada nos protege mais do mal, que tanto tenta dominar nosso homem interior, que a gratidão que sabe que lutou em Deus e nele foi vencedor. Gratidão nos protege do orgulho e da arrogância, portas para solidão e dor. Quem é grato é humilde, quem é humilde é grato, o grato vê-se devedor a Deus, mas não sofre por isso, Deus a ninguém cobra. O grato humildemente conecta-se a Deus por amor, para ser-lhe útil e amigo.

segunda-feira, setembro 09, 2024

Menos fé, mais verdade

      “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.Romanos 12.3

      Um grande problema no mundo atual é que as pessoas têm coragem demais, fé demais, atitude demais, mas têm talento, vocação, competência de menos, assim muita coisa soa falsa, forçada, ilegítima. É a resultado das últimas gerações serem criadas por pais, psicólogos e mídia dizendo que basta-lhes querer e acreditar que todos os sonhos acontecem, não, os sonhos não se realizam, pelo menos não grande parte deles. No final, muitos acabam desiludidos, deprimidos, viciados, pondo culpa até em Deus por não terem conseguido ser algo que Deus nunca disse que seriam. Muitas coisas, que muitos acham que deveria haver mais, na verdade deveria haver menos, menos igrejas, menos falação de religião, menos fé na fé.
      O que precisa haver é mais prática de obras que dão testemunho de Jesus, e Jesus é o maior exemplo de sonhos frustrados. Se olharmos a jornada do Cristo homem sob o ponto de vista elevado e eterno de Deus todos os propósitos de Deus se cumpriram, eles sempre se cumprem. Contudo, se olharmos a vida de Jesus sob o ponto de vista humano e no mundo material, foi tragédia inútil. Como alguém tão verdadeiro, tão santo, tão amoroso, tão conectado com o espiritual a ponto de exercer milagres reais nas vidas de muitos, e ao mesmo tempo humilde e discreto, pode ter sido tão incompreendido e perseguido? Aconteceu porque a fidelidade de Jesus à sua vocação foi maior que a vontade de ser famoso no mundo.

domingo, setembro 08, 2024

Direito de abrir mão do direito

      “A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito.Provérbios 29.23

      Nada falta ao humilde, mas perdemos a humildade quando cobramos direitos errados ou do jeito errado, cobramos quando achamos que o universo está sendo injusto e podemos compensar isso do nosso jeito. Ninguém que cobra, mesmo usando meios violentos, acha-se errado, o ser humano manipula elementos morais para balancear deveres e direitos. Uma pessoa criada com menos filtros éticos e com violência, achará no crime meios para adquirir direitos. Mas uma pessoa, ainda que com filtros éticos e com formação afetiva equilibrada, poderá exigir direitos após ter obtido bens e posição social com trabalho honesto, assim não ser humilde e pensar que os outros têm a obrigação de venera-la e de acatar suas vaidades. 
      Mas ser humilde não é se anular, se achar alguém sem direitos e com o dever de servir a todos, quem nada tem de nada pode abrir mão e nisso não há virtude. É preciso saber quem se é e o que se tem para então abrir mão, de forma consciente e inteligente, e não ser só alguém emocionalmente doente que usa religião para fugir da realidade. Não se achar no direito não é não ter direito, mas é confiar em Deus seja qual for a situação, é ver a existência na ótica espiritual, que sabe que tudo tem um propósito, que ninguém é melhor ou pior que ninguém, e que no tempo certo todos podem ser felizes. O importante é não nos colocarmos como seres solitários, mas conectados a um Deus justo que harmoniza e sincroniza os humildes

sábado, setembro 07, 2024

Tinha fé para ser curado

      “E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
      E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes.
      Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando, e dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles.” 
Atos 14.8-15

      Interessante como se processam “milagres”, a fé que age é muito mais de quem tem o problema que do que exorta a ter fé. Paulo teve discernimento, “vendo que tinha fé disse, levanta-te, e ele andou”, mas a fé foi do que precisava ser curado. Essa fé já existia antes do homem ser exortado por Paulo? Sim, mas o homem não tinha se apossado dela. O poder nunca está só no “milagreiro”, nem é ação de mão única do poder de Deus, vou dizer algo que pode escandalizar muitos evangélicos, o milagre está no que se posiciona com convicção para receber o milagre. Mesmo sem invocar a Deus muitos provam milagres, a engenharia espiritual é misteriosa, ainda que acessível, mas nada ocorre sem autorização divina. 
      Se não fosse assim muitos não experimentariam milagres em tantas religiões e crenças diferentes. Ocorre, que se há temor e gratidão a Deus pelo milagre, o ser humano receberá, não só bênção material, física e mesmo emocional, mas também crescerá moralmente e com efeito, espiritualmente. Paulo teve humildade, ele não era um deus do panteão greco-romano, nem Barnabé era, era apenas um homem, como os outros. A intenção principal de Paulo não era curar o corpo ou a mente, mas o espírito, e esse só é curado quando as pessoas estabelecem, seja qual for sua extensão de fé, conexão com o verdadeiro Deus. Que exemplo, que muitos pastores deveriam seguir, o da pregação que dá glória a Deus, não a eles. 

sexta-feira, setembro 06, 2024

Não sei, mas sigo quem sabe

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos. Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.Salmos 43.3-4

      Todos tememos o desconhecido e as surpresas, não podemos prever o futuro, não podemos ver o que está à nossa frente, mas Deus sabe e vê tudo. Não precisamos saber de tudo, apenas seguir e obedecer o Deus que sabe tudo, nisso estamos protegidos de sermos pegos despreparados pelo desconhecido e por surpresas. É a fé que nos fortalece, não o conhecimento, e quem crê, conhece, e muito mais que estudiosos, entendidos, intelectuais e cientistas, sabe das verdades que decidem destinos espirituais eternos, não só de assuntos menores de nossas curtas passagens no plano material. Por que sofremos tanto se temos um Deus vivo que nos ama e que cuida de nós se deixarmos? Não sabemos, mas podemos seguir quem sabe.
      Por mais que vivamos, que aprendamos a fazer escolhas melhores, e que nos tornemos dignos de colher bons frutos, porque enfim plantamos boas sementes, ainda assim nossa alma se verá triste. Que crescendo nossa prosperidade, prosperidade que o próprio Deus nos permitiu ter, não cresça também nossa ilusão, de basear nossa paz na prosperidade, não no Deus que nos deu a prosperidade. Nossa alegria maior, a que fica, que de fato nos satisfaz profundamente, é estarmos perto de Deus, ouvindo sua palavra, adorando-o. O santo monte, os tabernáculos, o altar de Deus, eis o lugar melhor, os outros, pelos quais podemos passar a vida lutando para ter, uma casa própria, um cargo, uma estabilidade financeira, tudo isso nunca bastará. 

quinta-feira, setembro 05, 2024

Puro e reto para ser leve

      “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.Salmos 51.10

      Vencer é superar o peso que nos puxa para baixo e nos elevarmos. Abaixo está o ser humano tentando existir só, que ainda que esteja bem intencionado, se não se conectar a Deus, será presa do mal, da carne, do mundo. Acima está Deus e as referências mais altas de virtudes, santidade, benignidade, justiça, paz, amor. Mas não se vence o peso livrando-se de coisas externas, o peso está dentro de nós, é esvaziando-nos que ficamos leves e nos elevamos. Enquanto neste mundo somos o tempo todo puxados para baixo, por isso o trabalho de estar leve é constante, nele devemos perseverar até o fim. Ainda que tenhamos momentos de vitórias parciais, não podemos parar de vigiar e de insistir, só estaremos totalmente livres na eternidade. 
      Coração puro e espírito reto, eis o que nos torna leves. O conceito “coração” está ligado a sentimentos, o que é chamado de “coração” em textos religiosos não é o órgão físico responsável por bombear sangue para o corpo, mas um centro abstrato de onde parte nossas emoções à medida que interagimos com o mundo exterior. O texto bíblico inicial diz coração puro, nisso implica não só limpeza moral, sem as impurezas dos apetites descontrolados do corpo, mas também outros males, como ódio, inveja, intenções egoístas, falsidade. Espírito reto é estabelecer conexão espiritual pelo Espírito Santo diretamente a Jesus para estar na presença de Deus, sem curvas ou parada em outros “espíritos”. Puros e retos subimos leves.

quarta-feira, setembro 04, 2024

Porque você entendeu e mudou

      “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.Romanos 12.2

      Não aja corretamente com as pessoas porque elas vão entender e mudar de atitude, faça porque você entendeu e mudou. Nossa responsabilidade é em primeiro lugar com Deus, depois conosco, só depois com as pessoas, isso não significa desprezarmos as pessoas, mas só não levarmos as avaliações que fazem de nós tão a sério. Nossa relação com responsabilidades sociais tem vários níveis, no primeiro fazemos para receber, carentes por aprovação do outro. No segundo nível desistimos de agradar as pessoas, mas também não amamos, as desprezamos, ainda que discretamente. Muitos começam no evangelho importando-se com as pessoas, mas carentes, vendo que não recebem retorno desejado, passam para o extremo do nível dois. 
      É só no nível três que amadurecemos espiritualmente, damos atenção, mas sem cobranças, fazendo só porque é o certo a se fazer. Não é fácil amar sem comprar problema que é do outro não nosso. O ser humano sempre tende aos extremos, ou gosta demais e sofre se não é gostado, ou despreza e não gosta, e nem crê que alguém goste dele sem segundas intenções. Falta de sabedoria ou malícia, a falsa sabedoria? A solução é sabedoria verdadeira, capacitada pelo Espírito Santo. Jesus homem nos deu o exemplo maior de amor comprometido, mas consciente, prático, mas não como barganha, aliás, se formos ver o exemplo do Cristo como barganha acharemos que ele fez o pior negócio de todos, deu tudo de si e nada recebeu, não aqui.

terça-feira, setembro 03, 2024

Tenhamos compaixão

      “E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.Mateus 9.36

      Se não tivermos amor para termos compaixão, mesmo dos que se colocam como nossas opositores, que cristãos de fato somos? Sem pensar e à primeira vista podemos até agir e falar com insensibilidade, mas o coração daquele que está ungido com o Espírito Santo tem que se compadecer ao ver alguém sofrendo. Quando entendemos isso pela primeira vez, podemos aprender a ter mais cuidado em julgar os outros e desconsiderar suas ocupações, preocupações e dores, ninguém nasce perfeito, mas devemos aprender a ser bons e compassivos. Acredite, as pessoas sofrem, ainda que por motivos diferentes dos nossos, ainda que não verbalizem, mesmo sem terem noção da extensão do sofrimento. Muitos estão cansados de sofrer.
      Argumentar que não se sensibiliza porque o sofrimento de alguém é falso, exagerado, que a pessoa está só se fazendo de vítima, é inútil, não há sofrimento falso, toda dor é legítima, senão a pessoa não sofreria. Mas podemos ser luz nas vidas das pessoas, ajudar com paciência, primeiro dando o consolo imediato para a dor, e depois, com cuidado, mostrar que o sofrimento pode não ser tão importante assim para ser retido e sentido. Contudo, ter compaixão é antes de tudo ter respeito, Jesus homem teve respeito por muitos, aos quais chamou de ovelhas sem pastor. Infelizmente muitos se aproveitam da situação de perdidos na vida de muitos para manipular e tirar proveito, ao invés de pastorear em direção ao Altíssimo com compaixão. 

segunda-feira, setembro 02, 2024

O que é a vida?

      “Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos.I Tessalonicenses 5.14

      O que é a vida? A vida é o que as pessoas creem que é, assim, ainda que vejamos a vida de alguém e achemos ser uma coisa, isso não importa se a pessoa vê sua vida como outra coisa. Podemos pensar que a vida de alguém não é tão difícil e que há sofrimento exagerado, mas se a pessoa vê dificuldades e sofre, bem, essa é a realidade da pessoa. A nós, que andamos com Deus e que amamos a pessoa, cabe respeitar a maneira como a pessoa vive e ser empáticos com seu sofrimento, que para a pessoa é bem real. Deus olha para cada ser humano dessa forma, ele sabe que muitas vezes sofremos por bobagens e fazemos tempestade em copo d’água, mas ainda assim nos ouve e nos ajuda, respeitando nossa ótica míope da existência.
      Vitória não é impor nosso ponto de vista aos outros, ainda que seja o mais correto. Jesus homem tinha o ponto de vista mais certo de todos, mas amava, tinha paciência, não agradava a si mesmo, não desprezava os fracos nem os julgava. Se alguns estão neste mundo para aprender o melhor caminho, outros estão para administrar com amor o pior caminho dos outros, e ninguém é melhor que ninguém, cada um deve passar por sua prova com humildade e ter vitória. Quando entendemos isso olhamos Deus do jeito certo, não como um onipotente prepotente exigindo obediência, querendo que todos os seres humanos sejam iguais e tenham a mesma religião, mas como um pai amoroso que ajuda quando e quanto lhe permitem ajudar. 

domingo, setembro 01, 2024

Ovelha, lobo, serpente, pomba

      “Eis que eu os envio como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas.”  Mateus 10.16 

      Jesus dá a orientação acima quando envia seus discípulos para ensinarem o evangelho, alertando-os sobre a falsidade e a maldade dos homens. Dois antagonismos são propostos, o primeiro é uma pergunta: o que somos, ovelhas ou lobos? Muitos evangélicos dirão com orgulho que são ovelhas, contudo, animal que aprova e segue um lobo não é ovelha, é lobo também, ainda que não seja lobo alfa, é lobo submisso. Deus não pede de nós fidelidade a homens, mas fidelidade a ele, e isso pode significar desagradar a falsos pastores para obedecer ao pastor eterno e verdadeiro, Jesus. Não basta nos submetermos a religiosos proeminentes para sermos ovelhas, precisamos cumprir a chamada que Jesus nos dá quando nos envia.
      O segundo antagonismo é uma afirmação: sejamos serpentes e pombas! É a orientação que devemos seguir quando somos enviados por Jesus, não por homens. Não é fácil darmos testemunho de vida com Deus para as pessoas, não se quisermos fazer isso do jeito certo, que não é o jeito “profético romântico”, sincero mas equivocado, que muitos evangélicos usam para evangelizar. Na prudência nos calamos mais que falamos, mas agimos. Na simplicidade não temos medo de demonstrar amor puro quando é necessário. Muitos não pensam muito para caluniar, mas pensam demais para dar um telefonema, perguntar a alguém como está e depois ouvir com paciência. Quatro animais, quatro metáforas poderosas do mestre Jesus.