12/03/19

Avante!

      “Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no sul. Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126.4-6

      Se você já buscou, se Deus já falou, se você já entendeu o que deve fazer, então, faça.

      Foque no objetivo, não perca tempo com os lados, com o passado, nem dê atenção demasiada ao coração, ele pode enganar.

      Não tenha ilusões, principalmente sobre as pessoas, sobre os parentes, mesmo sobre a igreja, líderes e outros “irmãos”. 

      Guarde a boca, não fale demais, mesmo sobre seu objetivo, sossegue a mente, reserve sua privacidade para esposa e filhos. 

     Lembre-se das lições aprendidas, e apreendidas a duras penas, para não ter que aprende-las de novo pratique-as, isso te impedirá de perder tempo. 

      Creia, trabalhe e esteja certo, na obediência a Deus há vitória, há resposta, há consolo, há paz, há objetivo alcançado, por ele e nele.

      Esperança é estrada em que se anda, não chão em que se senta, Deus é fiel e surpreende os fiéis com bênçãos inimagináveis. 

11/03/19

O pecado não tem que nos dominar

      “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.Romanos 6.11-14

      A lei é simples, o que peca, morre. Sob a lei o homem podia obter perdão, mas era um perdão pela imperfeito, religava o homem a Deus através dos sacrifícios de animais no templo, mas não dava forças para o homem ser transformado e não pecar mais. Na graça, através, da morte e ressurreição de Jesus o filhos de Deus, temos perdão, mas além disso temos a presença permanente do Espírito Santo em nós que nos dá forças para não pecar mais. Isso não significa que o homem que faz a nova aliança da graça com Deus através do evangelho não peque, ele peca porque continua com o livre arbítrio. 
      Contudo, isso é, ou deveria ser, motivo para maior arrependimento, como novos nascidos não pecamos mais como homens com uma aliança meramente humana com o Altíssimo, mas com uma aliança espiritual. Com certeza isso deveria ser motivo para andarmos com muito mais temor, com muito mais santidade, bem, isso é o ensinamento da Bíblia, do novo testamento, do apóstolo Paulo. Mas ainda assim, o nome de Jesus é poderoso, mesmo pecadores egoistas e reincidentes, temos em Cristo um perdão eficiente para nos fazer novas criaturas, para nos curar de toda culpa, remorso, e nos dar a verdadeira paz. 
      O que ocorre é que muitas vezes não damos à nossa aliança com Deus através de Jesus o valor que ela tem, pecamos e assumimos um perdão superficial, não vemos o privilégio que temos em ter o Espírito Santo residindo permanentemente em nós, assim pedimos desculpas a Deus meio que da boca para fora, não de coração, não sentimos paz por isso o que nos deixa mais susceptíveis a pecarmos de novo. O que enfraquece um coração não é o prazer que o pecado pode dar, mas é a dor que fica de uma relação imatura com Deus, que tentará achar no prazer do pecado um consolo que não achou no perdão.
      Comece a semana achando um tempo para por o perdão em ordem, pare e faça uma oração séria, com uma auto-análise profunda do seu pecado, depois com uma valorização clara do perdão que Deus dá, para finalmente tomar posse da paz exclusiva desse perdão com todo o sentimento e com todo o pensamento. Só isso nos dará a força do ensino de Paulo quando diz que o pecado não terá domínio sobre nós, caso contrário continuaremos pecando, um pecado pior que o que cometia o homem debaixo da lei, visto que não pecamos mais só contra nosso corpo, mas contra o Espírito Santo que em nós habita.

10/03/19

Dê ao outro o que você quer pra você

      “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.Marcos 12.30-31

      Dê ao outro o olhar que você quer pra você.

      Dê ao outro os ouvidos que você quer pra você.

      Dê ao outro a atenção que você quer pra você.

      Dê ao outro a honra que você quer pra você.

      Dê ao outro a chance que você quer pra você.

      Dê ao outro a paciência que você quer pra você.

      Dê ao outro a discrição que você quer pra você.

      Dê ao outro o respeito que você quer pra você.

      Dê ao outro o espaço que você quer pra você.

      Dê ao outro a iniciativa que você quer pra você.

      Dê ao outro a palavra que você quer pra você.

      Dê ao outro o silêncio que você quer pra você.

      Dê ao outro a generosidade que você quer pra você.

      Dê ao outro o aplauso que você quer pra você.

      Dê ao outro o tempo que você quer pra você.

      Dê ao outro a oportunidade que você quer pra você.

      Dê ao outro a esperança que você quer pra você.

      Dê ao outro a paz que você quer pra você.

      Dê ao outro o perdão que você quer pra você.

      Dê ao outro o socorro que você quer pra você.

      Dê ao outro o amigo que você quer pra você.

      Dê ao outro a família que você quer pra você.

      Dê ao outro a igreja que você quer pra você.

      Dê ao outro o amor que você quer pra você.

      “Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.Romanos 15.2-3

09/03/19

Workaholic de igreja: obedeça, pare!

      “Melhor é o que se estima em pouco e tem servos, do que o que se vangloria e tem falta de pão.
      “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.
      “Melhor é o pouco com justiça, do que a abundância de bens com injustiça.
Provérbios 12.9, 15.16 e 16.8

      Os três versículos de Provérbios acima são geralmente usados como orientação sobre que é mais sábio ter menos recursos materiais, em troca de ter mais virtudes, contudo, nesta reflexão vou vê-los como instrução para outra coisa. Também tem a ver com excessos desnecessários tomando o lugar de atitudes, palavras e sentimentos mais sábios, mas desta vez entenderemos que mesmo o trabalho do evangelho dentro de igrejas pode ser excesso feito na carne e não obediência a Deus no Espírito Santo, que num determinado momento não será mais benção. 
      Muitos têm justamente em seus maiores talentos e em seus trabalhos mais eficientes dentro de ministérios, Isaques a serem entregues no altar (Gênesis 22). Cuidado quem diz, “se eu parar de cantar pra Deus eu morro, sou um inútil”. Adorar a Deus pela música, por mais agradável e virtuoso que seja, não é mais importante que o próprio Deus e a nossa obediência a ele. O coração do homem, por outro lado, é astuto em inventar subterfúgios, para no fundo fazer coisas egoistas e que só agradam a ele mesmo, mesmo na igreja. Após essa introdução, vamos à reflexão.

      Muitas vezes aplicamos em nossas vidas a ideia errada que o melhor é sempre positivo, que quando pedimos, o melhor é receber, que quando queremos, o melhor é fazer, que quando sentimos, o melhor é dizer. Entenda que não me refiro aqui a receber, fazer ou dizer coisas essencialmente erradas, que podem prejudicar alguém. Muitos querem receber ajuda e conquista, muitos querem fazer a obra de Deus e muitos querem promover o bem com sua fala, mesmo pregar a palavra, assim o positivo é aparentemente bom.
      Entendamos que muitas vezes Deus permite o negativo em nossas vidas, ele pede isso de nós, o negativo pode ser dele, não do diabo. Entenda negativo não como algo mau, mas como uma negação de algo que desejamos, a não concessão de uma coisa, mesmo que aos nossos olhos essa coisa pareça algo que só nos trará benefícios. Já ouvi de crente talentoso e com desejo de trabalhar na obra que ele tem certeza que tem que fazer determinada coisa porque é a chamada dele, porque é algo que ele sabe e pode fazer, e que portanto deve fazer. 
      Nesse pensamento estreito, muitos colocam (ou acham que podem colocar) Deus “na parede”, mesmo que inconscientemente, achando que agindo assim estão sendo bons crentes, espirituais, cheios de fé e disposição, quando na verdade estão sendo rebeldes, não entendendo o próximo nível de amadurecimento que Deus quer conduzi-los. A princípio Deus faz o óbvio, afinal crianças espirituais não entendem e não precisam entender a profundidade não só do agir de Deus, mas também delas mesmas, de suas estruturas.
      Deus abençoa com o sim, mas amadurece muito mais com o não, e mesmo os tais “vasos”, “soldados”, “servos” (e como arrogantemente gostamos de nos auto-denominar assim) só serão realmente vasos, soldados e servos quando aprenderem a obedecer. Obedecer a Deus é obedecê-lo em tudo, inclusive se ele pedir para que paremos e não sejamos, em santidade e humildade, “vasos”, “soldados” e “servos” (entre aspas significa o uso equivocado desses termos que se referem a funções tão nobres no reino de Deus).
      Deus usa a todos, e usa do jeito certo, com dons, talentos, capacidades e experiências para fins específicos, mas o que pode mover muitos na imaturidade espiritual é só a força humana. Essa força é útil na obra de Deus? Sim, mas ela acaba, por isso à medida que o tempo passa precisamos aprender as fazer as coisas para Deus, em Deus e por Deus. “Workaholic” (viciado em trabalho) eclesiástico, se não baixar o facho e aprender a obedecer a Deus, pode acabar mais prejudicando que beneficiando a obra.
     Força de vontade e sinceridade, mesmo com aptidões adequadas, não justificam fazer a obra de Deus, não ganham certificado de filhos obedientes do Senhor, pelo menos não quando se quer crescer como homem espiritual. Confesso, tenho aprendido isso a duras penas. Ocorre que podemos usar o trabalho como desculpa para fecharmos os olhos para muitas coisas, como satisfação para nossas ansiedades e carências, o que faz com que não busquemos cura para muitas enfermidades emocionais. 
     O vício em trabalho em igreja pode levar muitos a pensar assim, “eu sou tão presente na obra de Deus, tão útil para a igreja, não preciso perder tempo com certas coisas”, isso no fundo não passa de jactância, de se achar melhor só porque faz e faz. Quem faz o que não deve acaba deixando de fazer o que deve, não sobra tempo, assim muitos que trabalham e trabalham em ministérios dentro de templos acabam deixando de lado família, cônjuges e filhos, e como vemos tristes exemplos disso. 
      Quem gosta de trabalhar na igreja não consegue ficar parado, principalmente quando sabe que têm capacidade para algumas coisa e experiência na função, mas obedecer um “pare e espere” de Deus, pode significar um divisor de águas em nossas caminhadas com o Senhor. Isso pode nos amadurecer, nos evoluir, nos fortalecer de um jeito que não pensávamos ser possível, preparando-nos para fazer a obra do Senhor com uma excelência que não imaginávamos existir.
     Se não obedecermos pode acontecer algo pior, como diz o ditado, se Deus manda parar e não paramos, a vida pode “quebrar nossas pernas”, aí ao invés de esperarmos inteiros, esperaremos quebrados, enfraquecidos por uma dor maior. Nesse caso teremos que ter paciência dobrada, uma para aguardar o tempo de aprender a obedecer, e outra para nos restabelecermos das “pernas quebradas”. Tenhamos sensibilidade para entender e prontidão para obedecer mesmo o pare e nada faça de Deus.

08/03/19

Soberbos e mentirosos: deixe-os pra lá

      “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.Salmos 40.4

      Tenho receio de compartilhar textos assim, penso que na maioria das vezes não estamos preparados para seguir uma orientação sobre não respeitar algumas pessoas, mesmo que o salmista as chame de soberbos e mentirosos. Contudo, se houver de nossa parte temor a Deus, um coração humilde e que sabe amar, podemos discernir quem é quem e entender a vontade de Deus quando ele nos diz para não perdermos tempo com algumas pessoas. 
      Sob à luz do evangelho “não respeitar” não significa odiar, querer o mal ou fazer algum tipo de violência, mas simplesmente deixar pra lá. O que algumas pessoas dizem ou como elas nos tratam não merece que guardemos em nosso coração algum peso ou que mantenhamos em nossa mente qualquer preocupação. Dar retorno ao errado, seja por palavras, atitudes ou sentimentos e pensamentos mesmo que privados, é alimentar um mal que não nos pertence.
      Quem merece isso? Os de fato soberbos e mentirosos. Aqueles que desprezam o cristianismo, que nos consideram menores por vivermos uma vida de fé em Jesus, não merecem que percamos com eles nosso tempo, a pior soberba é a soberba espiritual. Precisam de nosso testemunho de vida na luz, mas não merecem que soframos com suas atitudes orgulhosas e preconceituosas que muitas vezes tentam nos atingir e magoar. 
      O texto também fala dos que se desviam para a mentira, também podemos aplicar a orientação com relação aos que se colocando como cristãos acabam se desviando para a heresia ou para o pecado, e não assumindo isso. Aqueles que assumem um posicionamento longe de Deus de forma clara, merecem mais a nossa atenção que aqueles que se dizem cristãos, mas na verdade não são e ainda querem ser honrados como se fossem. 
      A verdade é que aquele que é íntimo do Senhor discerne corações e espíritos, contudo, não devemos usar isso num jogo de poder para nos vangloriarmos ou humilhar os outros, mesmo que sejam soberbos e mentirosos. Devemos apenas não perder tempo, deixar pra lá e entregá-los nas mãos de Deus, o Senhor em quem confiamos e em que achamos felicidade. Forte é quem resiste ao ataque injusto, não quem o disfere ou reage a ele. 

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.” Romanos 15.1-2

07/03/19

Não permita que te roubem

      “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Apocalipse 3.11
 
      A palavra aqui não tem a ver com a parábola dos talentos (Mateus 25.14-30) onde o servo só guardou seu talento e não o fez render, mas diz respeito a quem já trabalhou com seu talento em tudo o que podia. Assim, depois de ter feito o possível, o máximo e o melhor, o mais sábio é se guardar, ter a humildade de não exigir de si mesmo mais do que pode, proteger o conquistado em paz, achando na felicidade de saber ter cumprido a missão uma coroa digna, dada não por homens, mas por Deus. A coroa estabelece uma graduação, assim quem a usa deve andar com dignidade, com a nobreza de coroado, isso não é arrogância, nem orgulho, mas idoneidade, numa certeza silenciosa de quem não precisa convencer ninguém, mas apenas confiar em Deus. 
      Por outro lado não se proteger, não se conhecer e não assumir o que se é e fez, gera uma insegurança que pode nos levar a uma exposição desnecessária, nisso podemos nos enfraquecer e mesmo depois de ter feito tanto acabarmos tristes e sem vazios. Assim, tenhamos cuidado, saibamos o momento de fazer e o momento de esperar, o momento de falar, de mostrar nossas habilidades para sermos útil, e o momento de nos calarmos. De um jeito ou de outro, não nos apressemos e esperemos pelo Senhor que sempre conhece nossos limites e abre a porta certa, nela temos refúgio, mesmo em tempos difíceis como os atuais, onde toda a Terra será tentada.

06/03/19

Em paz

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.I Pedro 5.6-7

      Paz, aquele sentimento gostoso que cala toda voz de dor, todo sussurro de culpa, que nos faz sentir bem, satisfeitos, no lugar certo, fazendo a coisa certa, mesmo que estejamos fazendo nada. Mas paz é isso, achar-se absolutamente desobrigado a pagar qualquer preço, desinteressado em comprar qualquer coisa, sentindo que tudo o que somos e temos no exato momento presente basta, é suficiente para sermos felizes, vendo-nos tranquilos, resolvidos, com relação a tudo e a todos. O humilde encontra em Deus a paz pelo pior dos passados, e a certeza de justiça mesmo no futuro mais distante e desconhecido, para assim achar forças para continuar vivendo o presente sem medo. 

      “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.” Apocalipse 21.4-5

05/03/19

Sincero, falso, louco ou mal

      Ser sincero é acreditar naquilo que se faz, isso não significa que se esteja fazendo algo legítimo, certo ou mesmo bom. Quando fazemos algo certo com sinceridade, obedecendo a Deus, estamos exercitando virtude. Contudo, quando fazemos algo errado, sem noção real do que somos e do que Deus quer de nós, mesmo com sinceridade, estamos só sendo insanos, sinceridade por si só não confere legitimidade às coisas. Por outro lado, mesmo fazendo algo bom, mesmo tendo capacidade para fazer, se fizermos sem convicção, sem profundidade, estamos sendo falsos. Já o que faz algo errado, sem chamado de Deus, mesmo com sincera consciência disso, não estará se enganando, nem sendo falso, mas será alguém sem virtude, mal intencionado, apenas com o desejo de tirar vantagem dos outros. Sincero, falso, louco ou mal? O que eu sou na maior parte das vezes? O que é aquele que permito que seja meu companheiro, minha companheira, meu cônjuge? O que é aquele que deixo ser meu pastor, meu líder? 
      Além de me avaliar, avaliar aqueles que escolho para andarem comigo revela muito sobre mim, podemos nos colocar em alguns grupos de pessoas, de acordo com nossas carências e como as administramos e tentamos resolvê-las. Existe o grupo dos dominadores, esses só se sentem satisfeitos quando têm controle sobre as pessoas, querem ditar as regras e controlar tudo que os outros, companheiros, filhos, amigos, ovelhas, funcionários etc, fazem. Se forem violentos podem ser do pior grupo, pois não terão escrúpulos nem limites para alcançarem seus objetivos, mesmo que isso machuque muito os outros. Mas não nos enganemos, dominadores também podem ser ardilosos, hábeis em manipular só com palavras, convencendo de forma psicológica aqueles que querem controlar para que satisfaçam seus objetivos sempre egoistas.
      Existe o grupo dos “enfermeiros”, também exercem uma espécie de dominação, mas as pessoas desse grupo amam gente com problemas, mais que isso, com sérios problemas, procuram os mais fragilizados e deles se tornam escravos. Uma relação assim faz a pessoa se sentir útil, um filantropo virtuoso, um paladino que só quer ajudar os menos favorecidos. Entendamos que não existe nada errado em querer ajudar os enfraquecidos, e se tivermos limites e sensatez, ter essa tendência pode ser só uma característica mais predominante de nossa personalidade que pode nos fazer felizes com alguém que esteja justamente precisando de alguém exatamente como nós para ser feliz. Mas como foi dito, é preciso limite e sensatez, para quê? Para saber até que ponto alguém precisa e deseja ser ajudado, alguns são simplesmente causas perdidas, que fazem de problemas, de passado, de dor, vícios dos quais não querem sair. Dessa forma, embarcar numa nau assim é entrar em barco furado. Quem entra, na paixão, por amor, precisa saber quando não vale mais a pena permanecer e cair fora antes que fique maluco. Os “enfermeiros” não machucam os outros, mas se machucam à medida que não se respeitam e se sacrificam para satisfazer os outros. 
      Se existem grupos dos dominadores e dos “enfermeiros”, existem também os grupos, já citados e quase consequências dos primeiros, dos que gostam de serem manipulados e dos que seduzem por suas fragilidades doentias, assim, na atividade e na passividade, sejam elas mais sutis ou mais extremas, a maioria de nós se encaixa em um desses grupos. Ninguém escapa totalmente disso, e nunca escapará, mas é preciso achar o tal do equilíbrio, isso só numa vida em Jesus é possível. Toda mudança, todavia, dói, se você já percebeu que tem alguma tendência doentia para se relacionar, entenda que nossos desequilíbrios nascem am nossas infâncias e adolescências, em nossos convívios familiares, com nossos pais (ou com a ausência deles). Assim, sermos homens e mulheres mais equilibrados tem relação direta com resolver carências e inseguranças adquiridas no passado. Nos relacionarmos bem com namorados, esposas, esposos, filhos, amigos, chefes, pastores, é perdoarmos pais e quem nos criou, vendo com clareza o que foi feito de errado e desejando de coração não repetir os erros que cometeram conosco. 

04/03/19

Mentira para todos os gostos

Por favor, leia este texto, a princípio e pelo menos os cinco primeiros parágrafos, como uma crônica, e leia até o final, se possível, para entendê-lo. 

      “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.” João 8.44-45

      O diabo inventa mentiras simples para os simples, inventa mentiras complexas para os complicados, inventa mentiras eruditas para os cultos, inventa mentiras práticas para os práticos, inventa mentiras lascivas para os lascivos, inventa mentiras castas para os castos, inventa mentiras céticas para os desconfiados, inventa mentiras preguiçosas para os ociosos, inventa mentiras altruístas para os caridosos, inventa mentiras prazeirosas para os hedonistas, inventa mentiras espiritualistas para os espirituais, inventa mentiras bíblicas para os bíblicos, inventa mentiras filosóficas para os filósofos, inventa mentiras científicas para os materialistas, inventa mentiras ecológicas para os ecológicos, inventa mentiras teológicas para os teólogos, inventa mentiras tradicionais para os tradicionais, inventa mentiras pentecostais para os pentecostais, inventa mentiras esotéricas para os esotéricos, inventas mentiras católicas para os católicos, inventa mentiras cristãs para os cristãos e inventa mentiras diabólicas para os que creem nele. 
      Para quem quer acreditar em mentiras, seja quem for e de qual mentira se agrade, o diabo tem uma mentira adequada, quem procura uma mentira, sempre a acha. Nem é a mentira que é boa ou o diabo que é competente para criá-la, é o ser humano que é enganável, que é buscador de mentiras para crer, e pode acreditar mesmo nas mentiras mais toscas e ridículas. Dessa forma, não nos achemos mais legítimos, mais originais, mais verdadeiros que os outros, por termos uma opinião pessoal, uma crença diferente, um posicionamento específico, baseados num direito intocável, numa liberdade de pensamento e de atitudes que não pode ser restringida por ninguém, ainda assim podemos estar vivendo somente uma mentira, e nem nossa, autêntica, antes inventada por alguém, com o objetivo de nos controlar e enganar. A grande maioria de nós, em alguma instância, em algum momento, depositamos toda a nossa fé numa mentira do diabo ou do homem, achando, contudo, que é uma verdade de Deus ou da ciência, incontestável e maior. 
      Será que talvez a solução seja não procurar uma verdade? Não confiar em verdades? Não as defender? O ser humano é incapaz de entender, guardar e compartilhar verdades, somos seres relativos, relativizados e relativistas, somos indivíduos, não Deus ou deuses, não coletivos nem legiões, e somos humanos, limitados e limitadores. Se nos dermos ao trabalho de entender com profundidade aquilo que acreditamos e que defendemos, veremos que pouco sabemos das coisas, e o que achamos que sabemos são enganos, baseados em informações infundadas, em fatos que na verdade não aconteceram, não exatamente do jeito que achamos que aconteceram. Somos impuros demais para receber verdades, fúteis demais para levarmos verdades dentro de nós, vaidosos demais para sermos dignos de verdades. É mais correto assim, estarmos sempre cercados de névoas que nos impeçam de ver com clareza as coisas, embriagados com meias verdades, o reverso de meias mentiras, mas nada é 99% verdade, 1% de mentira já torna tudo mentira.
      Por que gostamos tanto da mentira? Porque somos a mentira, todos nós, e o mundo moderno com a internet e celulares deixa escancarada essa verdade maior sobre nós. Fazemos tanta questão de parecermos maravilhosos nas selfies, de estarmos felizes e nos divertindo sempre quando tudo é fotografado e compartilhado em redes sociais, ninguém está entediado ou insatisfeito no Instagram, ninguém é vazio no Facebook, os filtros nos mostram sempre jovens e perfeitos, as frases de efeito, copiadas de autores que muitas vezes nem sabemos quem é, nos exibem como sábios, profundos e focados, tudo mentira. O culto à aparência física, o vício nos modismos de roupas, sapatos etc, a obsessão por academias, regimes alimentares e cirurgias plásticas, a valorização do exterior, naquilo que os outros veem, no carro que se tem, nos restaurantes que se vai, mais importantes que a cultura, o estudo, o conhecimento, o caráter, vivemos num mundo que celebra o falso, o passageiro, a carne, tudo mentira.
      Então uma violência horrorosa é mostrada na TV, muito sangue, rostos desfigurados, um homem espanca uma mulher por horas. Quando vemos as imagens que o telejornalismo divulga dos dois são registros de redes sociais, gente jovem, bonita, bem vestida com taças de espumante nas mãos, como se a vida fosse perfeita, de maneira alguma explica porque a relação acabou num crime. Impossível entender como gente que parecia tão feliz ser de fato gente desequilibrada emocionalmente, carente, mimada, insana, por dentro monstros feios e cruéis que viviam vidas de mentira. Não é só uma ilusão, algo que alimentamos para nos consolar, nos fazer fugir um pouco da crua realidade, mas que sabemos que não é vida de verdade, como um livro que lemos, uma canção que ouvimos ou um filme que assistimos. Não, a pessoa acredita mesmo que aquilo é verdade, que não é mentira, que é a sua vida, assim o véu do engano é tirado da pior forma possível, com estupidez, com dor, com vergonha pública.

      Como iremos encerrar está reflexão que é feita num espaço que se autodenomina cristão? Concluiremos de um modo cristão, mas não de acordo com muitos púlpitos que existem por aí, púlpitos onde mentiras são ditas. É mentira quando se diz que com fé tudo é possível, é mentira quando se prega que somos vítimas e que Deus destruirá todos os nossos inimigos, é mentira quando se exorta que se não dizimarmos o inimigo nos devorará, é mentira quando se profetiza que unção é manifestar dons de línguas estranhas e louvar até que se perca o sentido e se caia ao chão, é mentira quando se ensina que conhecimento bíblico e cultos silenciosos são mais espirituais que cultos barulhentos e sem liturgia tradicional, é mentira porque é vaidade, é vaidade porque é do homem, e se é do homem não é de Deus, não glorifica a Deus, mas honra o diabo, mesmo indiretamente, o pai da mentira. Não é porque é dito em púlpito, que é verdade, e infelizmente é no cristianismo onde existe o maior número de seitas, de heresias, de mentiras.
      Não preciso citar João 14.6, o objetivo deste texto não é contra-argumentar com textos bíblicos, provar por a + b que o cristianismo é mais verdade que as outras religiões, a verdade não precisa de advogado, principalmente a do Espírito Santo. O ponto é justamente esse, o mundo atual está inundado de pregadores de verdades, e pregadores evangélicos têm vulgarizado a verdade do Espírito Santo porque sabem argumentar e contra-argumentar, mas não vivem a verdade, são só bons vendedores, como se a verdade de Jesus fosse só uma mercadoria, por melhor que seja. Mas muitos não vivem exatamente por não conhecerem a verdade, apesar de acharem que conhecem, outros até conhecem, mas entraram na ilusão do prazer intelectual e filosófico da teoria, se esquecendo da prática. A verdade é que quem prova a verdade a vive e nunca mais a deixa (João 8.32), a verdade é boa demais, singular demais, libertadora demais, abre nossos olhos para ver Deus de um jeito que nunca mais achamos prazer na mentira. 
      Mas a verdade vai além disso, ela amadurece o cristão de um jeito que ele entende que conhecê-la não lhe dá direito de jogá-la na cara dos outros, por isso foi questionado no 3º parágrafo deste texto se talvez a solução seja, pelo menos nestes dias atuais, tão saturados de verdades, não procurar uma verdade, não confiar em verdades, não as defender. Concluindo, contudo, procure Jesus, confie em Jesus e deixe que Jesus o defenda. Como os outros vão conhecer a verdade? Vendo tua vida, teu dia a dia, tuas obras de justiça e misericórdia, o momento de pregar com palavras acabou, é tempo de viver. Tem igreja demais, tem Bíblias demais, tem crentes demais, tem cultura gospel demais, muito cristianismo e pouco Cristo. O pior é que tem muita gente assistindo a cultos, cantando louvores, postando-se em redes sociais, sem nenhuma vergonha, como cristãos, mas será que são mesmo? Com tanto cristão em nosso país, o Brasil não deveria estar mais livre de corrupção, crime, violência e mentiras? Urge que sigamos a Jesus em verdade.

      “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro.” I João 4.6

03/03/19

A existência é mental

      “Não julgueis, para que não sejais julgados.” 
Mateus 7.1

      “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.” 
I Coríntios 4.5

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.
I Coríntios 2.14-16

      Não existe realidade de fato, a maior parte daquilo com que interagimos na vida, das coisas que entendemos, sentimos e com que reagimos, se passa em nossas cabeças, assim nunca é real de fato, não inteiramente, não para o “homem natural”. Agora imagine a quantidade de variedades de irrealidades que existe quando mundos subjetivos interagem com mundos subjetivos, que ocorre quando simples e comuns seres humanos tentam viver em sociedade. Nós não temos problemas com as pessoas, mas com aquilo que as pessoas são em nossas cabeças, dessa forma convivemos com a mentira muito mais que achamos. Todo o nosso mundo é baseado em mentiras, que muitas vezes nem temos consciência que é falso, que não é real, que é apenas aquilo que inventamos, por um motivo ou por, sobre nós e sobre os outros dentro de nós. Assim, tenhamos a mínima clareza de saber que muitas pessoas não são tão más quanto pensamos, não nos odeiam tanto quanto sentimos, e principalmente, não são tão diferentes de nós como tentamos nos convencer que são, ao contrário, os que mais nos incomodam são sempre aqueles que mais se assemelham a nós, que mais coisas em comum têm conosco. 
      Nos incomodam justamente por tentarem ser a mesma coisa que nos tentamos ser, por desejarem a mesma atenção e valorização que nós queremos, por que então nos incomodam? Talvez por serem nossos concorrentes, ou por acharmos que eles acham que têm mais direitos que nós, sendo que são iguais a nós. O ponto, todavia, é: a vida é mental, a “realidade” é a mental! Se não fosse assim seríamos só animais irracionais, é assim e sempre será, mas repito, precisamos ter cuidado com nossas interpretações, elas são sempre irreais (ou surreais). Dessa forma, se temos dificuldades para lidar com alguém, não é necessariamente com a pessoa “real”, física, mas com aquela ideação que fazemos dela em nossos pensamentos e sentimentos, eu eu disse ideação não idealização, já que nesse caso não criamos um ser mental igual ou melhor, mas pior, e é agora que chego aos textos postados inicialmente.
      Confesso que durante muito tempo não entendi a promessa que advém de não julgarmos os outros, “não julgueis, para que não sejais julgados”, que se assim agirmos em resposta não seremos julgados pelos mesmos. Sim, sempre aceitei a sabedoria de não condenar os outros, e disse condenar porque julgar mal é condenar, sem conhecer a pessoa de fato, esse mal julgamento, essa condenação é mais uma adivinhação diabólica, uma concepção preconceituosa e incrédula que interpreta o outro como algo sempre pior do que é (ou poderia ser). Mas a princípio eu achava que deveria haver algum mistério que nos fazia réu de julgamento alheio ruim, caso agíssemos da mesma forma, mas isso não é verdade, podemos julgar mal sem recebermos do outro a mesma injustiça. Então o Espírito Santo me ensinou: quando vivemos com uma disposição obsessiva de condenar os outros, de depreciar as pessoas mesmo antes de conhecê-las de fato, mantemos em nós mesmos uma alma doente que se sentirá igualmente julgada, assim, quando julgamos os outros nós nos enfraquecemos e também nos sentimos julgados, condenados, culpados. Mas o que é causa e o que é efeito?
      Quando entendemos que a batalha se passa em nossas mentes e não no mundo físico, sabemos que nossa luta pode não ser contra as pessoas, mas contra as concepções que fazemos das pessoas em nossas cabeças, assim a luta maior é contra nós mesmos, não contra os outros. Esse entendimento traz consolo porque nos mostra um inimigo menor, que é uma ideia pessoal, subjetiva, não um ser objetivo, com corpo, alma e espírito. Por outro lado, pessoas podem ser anuladas mais facilmente, ideias são mais difíceis, assim mesmo que nos afastemos de quem nos incomoda, a ideia que temos sobre a pessoa levamos conosco, para todos os lugares e tempos. Contudo, o mal original não vem dos outros, não necessariamente, mas de nós mesmos, nós somos nossos principais inimigos e nossa atitude errada com os outros é só reflexo da atitude errada que temos com nós mesmos. O mal julgamento que fazemos de nós mesmos é a causa do julgamento errado que fazemos dos outros. Assim se nos compreendemos melhor e nos respeitarmos mais, isso mudará a maneira como nos relacionamos com os outros, só um bem mental pode anular um mal mental. Se nos curarmos, curaremos a maneira doentia de nossos relacionamentos com os outros. 
      O texto de Paulo em I Coríntios 4.5 traz mais luz aos registros do evangelho com relação a julgar os outros, acrescenta “nada julgueis antes do tempo”, entendemos que podemos, sim, ter opiniões sobre as pessoas, depois de conhecê-las, mas mesmo assim não devemos condenar ninguém a ser alguém errado, a fazer coisas erradas, só porque tal pessoa foi e fez errado em determinado momento de sua vida. As pessoas mudam, podem mudar, e os cristãos devem mudar, para melhor, dessa forma só no final saberemos de fato quem é quem. A tal subjetividade que refleti no início, é humana e pessoal, contudo, o cristão deve aprender a deixar que a subjetividade de Deus tenha prioridade em seu homem interior, essa subjetividade tem os novos nascidos em Cristo através do Espírito Santo, que é a mente de Deus. Essa conclusão está em I Coríntios 2.16, “mas nós temos a mente de Cristo”, isso nos torna espirituais e capacitados a olharmos e interpretarmos a nós mesmos e aos outros de maneira mais justa, misericordiosa, generosa, sem mal julgamento, antes esperando sempre o melhor dos outros.