20/10/21

Deus não está nos extremos (20/31)

      “A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei grandemente abalado.” 
Salmos 62.1-2

      Eu poderia listar aqui dezenas de nomes de especialistas em suas áreas científicas, gente bem graduada, reconhecida no Brasil e no mundo, que tem uma posição comum sobre a pandemia da Covid 19, homens e mulheres, muitos deles, sem posicionamento político para direita ou para esquerda, pessoas de todas as religiões. Contudo, muitos ainda escolhem duvidar desses especialistas e acreditarem em mentiras, apoiadas tanto por gente sem conhecimento, como por gente, que ainda que tenha conhecimento, tem posições influenciadas não pela ciência, mas por ideologias políticas e religiosas. 
      Nesse contrassenso incentiva-se o negacionismo científico, que sempre foi danoso, mas que assume proporções trágicas nos dias atuais da pandemia causada pelo Corona vírus, pondo vidas em risco e sendo responsável por tantas mortes no Brasil. Triste é ver cristãos, principalmente evangélicos e protestantes, que deveriam ser e se dizem ser mais esclarecidos espiritualmente, sendo uma parte significativa desse “exército” que apoia o negacionismo científico. Muitos cristãos se acham mais preparados para os últimos tempos crendo dessa maneira, mas até quando militarão por uma causa insana? 
      Quem não é sensato para achar a solução no equilíbrio, deita-se num polo e coloca aqueles que têm opiniões diferentes no outro polo, não querendo ver que é possível se colocar no meio, que há quem não concorde inteiramente consigo, mas também não tem posição totalmente oposta. Com relação ao lockdown, por exemplo, extremistas do negacionismo dizem, “lockdown leva um país à falência econômica e traz caos à sociedade”, mas isso é necessário, e se tivesse começado antes teríamos tido condições de liberar o confinamento para que muitas coisas voltassem a funcionar antes.  
      Todos podem parar de trabalhar e ficarem em casa? Não, nem precisam, o que é necessário é que seja feita uma orientação equilibrada pelo governo federal, ao invés de ficar posicionando-se num extremo. Contudo, pessoas mal intencionadas, querendo só destruir o lado oposto, exageram em considerar seus argumentos e em desconsiderar os argumentos dos opositores. A mídia, tradicionalmente de esquerda, querendo destruir um governo de direita, toca o terror, é certo que nesse caso ela tem fatos e ciência a seu favor, mas quem quer, vê, o ranço ideológico por trás de muitos telejornalistas. 
      Já o governo de direita pousa-se de vítima, tendo como álibi uma mídia que sempre foi criadora de um tipo muito sútil de fake news, que ainda que não diga algo notadamente mentiroso, faz as pontuações nos lugares errados, conta as notícias em ordens diferentes, para que o bom pareça mau e o mau, bom. Sempre houve parcialidade na mídia, ocorre que agora, antagonista de um governo equivocado, ela tenta pousar-se de imparcial, mas isso não  é verdade. Será que é tão difícil entender que tem gente que não acredita na Globo tanto quanto não crê no atual presidente e que não é de esquerda? 
      Parece que o mundo atual obriga-nos a sermos extremistas, parece que não existe lugar para o meio termo, isso ficou fora de moda, ser equilibrado tornou-se sinônimo de se isentar. Mas não podemos ser acuados dessa maneira, principalmente se somos verdadeiros amigos do Altíssimo. Temos que ter coragem e ficar do lado de Deus, de ninguém mais, mesmo que signifique não termos apoio de nenhum dos extremos, mesmo que signifique ficarmos sozinhos. Muitos cristãos não percebem que querendo fazer parte de “exércitos” só se acovardam, é mais fácil gritar e bater em grupo que sozinho. 
      O pior é que muitos cristãos estão tendo como correligionários neo-nazistas, orgulho branco, anti-semitas e outras porcarias extremistas e violentas, não aceitam que o mesmo presidente que apoiam administra um governo, não para beneficiar o Brasil, mas para agradar a esses brasileiros insanos e poder ter um eleitorado que o mantenha no poder na próxima eleição. Essa escolha de posicionamento do atual presidente é antes de tudo burra, ele poderia ter continuado defendendo certas causas, mas não negar a ciência num momento onde a única salvação que Deus está dando é pela ciência. 

Está é a 20ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

19/10/21

“Meu exército”? (19/31)

      “Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria. Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.” 
Salmos 27.3-4

      “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” 
II Coríntios 6.14 e  Gálatas 5.1

      Este texto é uma reflexão sobre a atualidade social e política de nosso país, não é uma crítica à classe militar. Não é preciso dizer que para se chegar a cargos de oficiais, seja no exército, na marinha ou na aeronáutica, homens e mulheres se preparam muito. Líderes militares de alta patente são brasileiros estudados e experientes, com visões lúcidas sobre várias áreas da sociedade, preparados para manterem a democracia, a autonomia e a paz da nação. Isso não significa que não existam nesse meio seres humanos “humanos”, como existem em qualquer meio, contudo, pela importância estratégica que têm na manutenção da ordem pública, militares são decisivos em certas situações. 
      Ao meu ver, a função de militares na nação pode ser definida assim: pertencem à nação, servem ao povo, podem interferir, mas em relação ao povo que servem sem violência e para dar liberdade, não representam um poder como os três que compõem a república. Também não são posse de políticos, que são inquilinos do poder, não donos dele, que não possuem nada a não ser um período de tempo para servirem o melhor possível à nação. Dessa forma, a frase “meu exército”, dita por um presidente da república, achando-se dono da classe militar, é inapropriada e deplorável, deve ser combatida, em nome da democracia, do povo e de uma classe militar legítima. 
      Que insanidade pode existir na afirmação “meu exército”? Eis um tema relevante à reflexão “Militou errado!”. O que nos vem à mente quando pensamos no termo exército, não necessariamente relacionando-o às forças armadas? Um poder que se prevalece pela quantidade, onde não existem iniciativas individuais, cuja força está na união de muitos conduzidos pela autoridade de um para se impor sobre outros. Um exército pode ser usado para fins equivocados? Sim, isso ocorre quando identidades pessoais são anuladas, não em prol das necessidades de muitos, mas no interesse de um líder, que seduz muitos por carisma estúpido e por argumentos rasos para exaltar seu ego. 
      Nesse caso, os que não se deixarem ser manipulados pelo líder serão seus inimigos, esses só devem ser derrotados, a qualquer custo, esses também não são respeitados como indivíduos, mas como um exército, o exército inimigo. Irônico nisso tudo é que muitos, acreditando estarem lutando por liberdade e direitos, não percebem que quando se colocam debaixo de alguém que os chama de “meu exército”, perdem justamente a liberdade e os direitos. A missão de vida desses passa a ser a visão de mundo, de sociedade e de homem do “dono” do exército, não discernirão luz de trevas, e farão qualquer coisa para obedecerem aquele que pode até se dizer enviado de Deus. 
      Cuidado com o homem que se diz profeta de Deus, isso é a porta que conduz ao maior dos enganos, a um homem que se acha um deus. O Deus de verdade não usa profetas, não mais, e muito menos tornará a encarnar como homem, os tempos estão muito mais para falsos profetas e anticristos, e esses não virão de meio religioso qualquer, mas do meio cristão para enganar principalmente a cristãos. O engano não vem para ludibriar os que já estão ludibriados, mas para enganar aqueles que tendo a luz preferiram as trevas, tendo o Espírito de Deus, preferiram um ídolo ideológico construído até com conceitos bíblicos da tradição religiosa cristã, mas ainda um falso deus. 
      Usando o termo exército não estou me referindo necessariamente aos fardados, existem outros grupos sociais que se portam assim, principalmente na religião, e muito num cristianismo desviado que se baseia equivocadamente nos conceitos do velho testamento para empoderar sua causa. Cristãos, conforme o evangelho do Cristo, vocês não são um exército, nem de Deus, não para imporem sua verdade no mundo. A verdade não se impõe, muito menos com apoio de uma classe tão corrupta como a política. Somos uma irmandade, sim, de amor e de luz, para humildemente fazermos diferença no mundo como indivíduos, não como coletivo, e isso basta ao evangelho de Jesus. 
      Jesus e tantos outros personagens do novo testamento não precisaram de um exército para fazerem diferença, militaram sozinhos e muitos sozinhos morreram, incluindo o Cristo. Para que somos chamados: para imitar e obedecer um líder político ou a Jesus? Quem se coloca em jugo desigual com homem, de homem se faz escravo, e meus queridos, isso não é de Deus, Deus nos chama para a liberdade. Não tenhamos medo do mundo e de homens, nem se muitos que se dizem cristãos se colocarem como exército do engano, nos refugiemos no templo de Deus, que não é igreja física, mas a posição espiritual mais alta em Cristo, nesse lugar estamos protegidos. 
      Quem pela violência prevalece por ela será destruído, insanos atraem insanos, se Deus estivesse do lado de exércitos a igreja católica teria prevalecido, nem Israel, o povo com o plano mais antigo de Deus para mostrá-lo ao mundo, prevalece pela guerra, não mais. Sim, existe um combate, mas não é mais de homens contra homens no plano físico, os que creem nisso serão presas do engano e perderão a guerra inútil que travam, sendo humilhados no final. O combate é espiritual, virtudes morais contra o materialismo, seja o científico mal usado, seja o dos prazeres do corpo, e isso é responsabilidade pessoal, ninguém queira se esconder em fileiras de exércitos deste mundo. 

Está é a 19ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

18/10/21

Golpe de direita? (18/31)

      “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los.” 
Provérbios 20.5

      Vi recentemente, no programa #Provoca do genial Marcelo Tas na TV Cultura, uma entrevista com o fotógrafo e correspondente de guerra André Liohn que me chamou a atenção, que estava no momento da entrevista no Brasil fotografando a pandemia. Um profissional acostumado com cenário de guerra documentando uma doença no Brasil, por quê? Uma pandemia não deveria ser uma guerra, o corona vírus não é um ser inteligente, não pode escolher lutar, não faz decisões morais, ele age por instinto.
      Contudo, um presidente com uma má formação militar, e isso precisa ser dito para não generalizarmos os militares nivelando-os por esse “capitão”, é insensível com a morte de tantos, opinou o fotógrafo, deixando que pessoas morram quando não dá orientações para conter a pandemia, como uso de máscara e isolamento social, e não decide a tempo pela compra de vacinas. Parece que ele intencionalmente quer levar o país ao caos, decretar um estado de guerra, para poder agir como se pode agir nesse estado. 
      O presidente se isenta das mortes quando diz que existe uma pandemia, que não adianta fazer lockdown porque muitos morrerão de um jeito ou outro, e que a culpa é do vírus, não dele. Mas seria isso para que o país se desestabilizasse e ele pudesse agir, como algumas vezes já ameaçou fazer dizendo “tudo tem limite” e com o que ele chama de “meu exército”, com o argumento que não está fazendo o que quer, mas o que precisa fazer, para controlar o caos social provocado pelo desemprego e crise econômica? 
      Não é justo afirmarmos sem termos mais conhecimento que algo é intencional, e muito mais sério é julgarmos o presidente da república de nosso país, seu cargo merece de todo brasileiro pleno respeito. Contudo, como se diz, quando algo cheira como um gambá, tem cor de gambá, se move como um gambá, tem tamanho de gambá, é muito provável que seja um gambá. Tomara que não seja isso que esteja acontecendo em nosso país, tudo já está sendo muito triste e não tem que ficar pior ainda. 
      Sabemos que grande parte da mídia é contra o atual presidente, sabemos que muitas de suas militâncias são bandeiras de evangélicos e esses sempre são odiados por muitos, sabemos que de um jeito ou de outro ele teria dificuldades, principalmente propondo-se fazer uma administração sem corrupção. Nem vou fazer a narrativa se ele é ou não corrupto, mas pergunto, por que ele tem tanta necessidade de ser beligerante? E sua violência não é só deselegância ou falta de educação, mas conduta inapropriada ao cargo. 
      Mas ainda que estivesse pensando na economia do país, por que é tão negacionista com relação à ciência? Para agradar seus eleitores? Mas ainda assim ele podia ter levado mais a sério a pandemia, principalmente em seu início, enquanto que o que ele faz é profetizar o caos. Mas ele quer evitar o caos ou incita-lo? Contudo ele não nega só a ciência, se põe também contra a ecologia, populações indígenas, importantes parceiros econômicos do Brasil, como a China por causa do sistema político dela.
      O que nos deixa estarrecidos são os movimentos que o atual presidente faz colocando militares em muitos cargos, assim como sua militância a favor de porte generalizado de armas e dos CACs. Nunca houve dúvidas que a eleição desse presidente era agenda de militares, que estavam com direitos relegados a segundo plano nos últimos governos de esquerda. Isso foi feito de forma democrática? Sim. Mas quando tentamos entender tudo isso não podemos negar que nos vem à mente um cenário de golpe de direita. 
      Essa teoria diz que pode haver uma intenção por parte do atual presidente, de levar o país ao caos, para que ele tenha um álibi para um golpe militar como único jeito de se controlar esse caos, onde, então, o atual presidente poderia permanecer no cargo por tempo indeterminado. Isso interessa a alguém? Infelizmente interessa a muitos brasileiros. São maioria? Não, e depois de muitos, que até votaram nele, terem visto o que ele fez em seu mandato essa quantidade diminuiu, mas poucos podem fazer muito barulho. 
      Mas como opinou o corresponde de guerra citado no início dessa reflexão, a solução é não permitirmos o caos, fazemos isso sendo cristãos verdadeiros, ajudando os necessitados e não sendo “exército” de ditador. Contudo, se nós permitirmos sermos envolvidos nessa militância estúpida que está ocorrendo principalmente nas redes sociais, correremos o sério risco de sermos manipulados e concorrermos para o caos. Eu não posso dizer com certeza qual é a intenção do atual presidente, você pode? 
      A verdade é que sabemos que existem muitos interesses que se opõem a muitos outros interesses, de todos os lados, quem está sendo, ou não, manipulado por quem é difícil dizer. Mas cristãos, isso nem nos interessa, é coisa do mundo, só serão enganados os que escolherem fazer parte desse jogo sujo. Eu não quero fazer parte, meu lado não é na esquerda e nem na direita, mas em Deus, Deus sempre tem o melhor para nós e da melhor forma, sem confusão, quanto à intenção no coração do homem, Deus sabe.   

Está é a 18ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

17/10/21

Batalha mental do diabo (17/31)

      “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
  Jeremias 17.9

      O mal não tem poder, afirmar isso não é dizer que não existam seres espirituais que não se aproveitam do marketing diabo, do que foi aliado por mitologias, misticismos e superstições no decorrer das histórias de vários povos a esse título. O próprio homem se aproveita disso, usa para amedrontar, se promover, vender filmes e livros, para criar religiões, que ficam mais atraentes com o diabo no enredo. Contudo, na maioria das vezes, o efeito final da atuação desse ser limita-se à mente do homem, influenciando-o na tomada de decisões, ainda que em situações especiais o mal possa provocar até sinais físicos. 
      Diante das negativas feitas sobre o diabo, alguém pode perguntar: “e os textos bíblicos que falam sobre uma batalha final do diabo, dele levantar personagens do mal de liderança mundial, como o anticristo, a besta, o falso profeta, e dele finalmente ser lançado num inferno?” Em primeiro lugar, seres espirituais serão julgados no plano espiritual, em segundo lugar muitas coisas citadas na Bíblia são metáforas, não devem ser interpretadas ao pé da letra. Por último a nova aliança do evangelho não nos autoriza a fazer qualquer tipo de militância contra homens que escolhem o mal, a nós compete só dar bom testemunho.
      Alguém também pode dizer: “você diz isso porque não viu endemoniado rolando no chão, derrubando tudo e falando com uma voz horrorosa”. A resposta está em outra pergunta: por que uma simples palavra de autoridade, dita por alguém com vida correta, pode libertar um possuído? O homem pode criar personagens bem convincentes, motivado por transtornos mentais e mesmo por sintonia com seres espirituais do mal. Mas ainda isso, não é o diabo exercendo ativamente um poder, é só o homem permitindo-se ser usado como “cavalo” de entidades espirituais externas, o poder é do homem, ainda que mal usado.  
      Mas alguém também pode argumentar: “em rituais mágicos, objetos se movem e o pensamento humano pode desencadear eventos à distância”. Saiba que os que usam de protocolos mágicos e ocultistas, buscam controle sobre seres espirituais inferiores, que atendem pelos nomes de suas coletividades (legiões). Sinais no plano físico podem ser feitos com o auxílio desses seres, mas são os homens, por meio de “trocas” nada recomendáveis (pactos) que “controlam” esses espíritos, não o contrário. Quem se presta a essas práticas acaba tendo uma relação simbiótica com o diabo, assim ambos são usados por ambos. 
      Uma das coisas mais poderosas no homem é sua imaginação, com ela ele cria arte, escreve livros, produz filmes, compõe músicas, pinta quadros, esculpe estátuas, cria coreografias de danças, e faz tantas outras expressões artísticas. O imaginário humano cria coisas onde não existem e o homem faz isso porque é prazeroso, mesmo assistir filmes de terror, levar sustos, sentir a adrenalina lançada na corrente sanguínea, pode ser divertido. Assim, muito do que se pensa e se acredita sobre o diabo é pura ficção, obviamente incentivada pelo próprio, já que para um mentiroso mesmo propaganda enganosa interessa.  
      Para um ser cujo principal campo de batalha é a mente humana, nada mais interessante que a imaginação potencializada pela arte. Quando alguém se fecha num quarto escuro, desenha um pentagrama dentro de um círculo no chão, coloca símbolos dos quatro elementos em quatro pontas, se coloca na quinta ponta (éter) e por meio de evocações imagina um ser vermelho, de chifres, rabo e pés de bode, o diabo aparecerá? O que vai aparecer é o que ele imaginou, obviamente seres espirituais do mal, que por milênios têm conseguido alguma atenção dos homens por esse meio, se aproveitarão do terrível ritual.
      Mas cuidado, se o conceito Deus é único e claro, o diabo é tão abrangente quanto a humanidade, tudo cabe nele, e ele abraça a todos que não quiserem seguir pelo estreito caminho de Jesus Cristo. Muitos, que se consideram cristãos e acham que lutam por Deus, estão lutando pelo mal, primeiro porque Deus não precisa que ninguém lute por ele, não no plano físico, aqui Deus só chama testemunhas, não advogados. Em segundo lugar porque o que muitos consideram militância, na verdade é derrota, visto que se colocam, ainda que no polo oposto, iguais a seus oponentes. Deus está muito acima disso, dos dois polos. 

Está é a 17ª parte do estudo
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José Osório de Souza, março de 2021

16/10/21

O mal não tem poder (16/31)

      “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” 
João 8.44

      O mal não tem poder! Começo esta reflexão com essa primeira afirmação, assim, diabo, demônios, espíritos inferiores, não podem, por eles mesmos, prejudicarem ninguém, muito menos armarem um grande complô mundial para vencerem o cristianismo. Quem deseja, autoriza e executa o mal são os seres humanos! Com essa segunda afirmação deixo claro que o homem, pelo livre arbítrio, é senhor do início e do fim de seu destino, planta as causas e colhe os efeitos. Onde seres espirituais das trevas atuam? No meio disso, mediante legalidade do ser humano no mundo. Posto isso, vamos esmiuçar o assunto. 
      Para entender o que foi dito mais facilmente, é só colocar o raciocínio no sentido contrário, se o homem viver na Terra com temor a Deus, humildemente colocando Deus em seu caminho, em suas decisões, respeitando o planeta, seu corpo físico, suas alianças, os outros homens, em amor e justiça, o mal desaparecerá. Isso é possível? Sim, em Jesus, adquirindo-se a paz que existe em seu perdão e depois praticando boas obras, conduzindo a civilização com as prioridades corretas, primeiro a prática de boa moral, depois respeitando a ciência e por último interagindo com equilíbrio com os apetites físicos. 
      Nesse mundo ideal o mal não agiria? Agiria, na instância que sempre age, tentando os homens, uma guerra que ocorre no campo mental do ser humano, que se o homem vencer em sua origem, acabará aí, sem outras consequências. Eis o único poder do mal, oferecer uma opção errada em muitas questões, opções que tendem à matéria, ao ego, à injustiça, à violência, a manipular semelhantes para benefício próprio. Contudo, se o ser humano fizer outra escolha, anulado está o mal. Mas e se a opção do mal for escolhida? O ser humano colherá as consequências, os seres espirituais que fizeram a tentação seguirão ocultos. 
      Essa ótica precisa ensinar algo a muitos cristãos, a luta deles não é contra seres espirituais do mal, contra o diabo, mas contra escolhas erradas de outros seres humanos, não adianta só orar expulsando demônios, é preciso mudar o homem. Como o homem é mudado? Conhecendo a luz mais alta de Deus. Como isso é feito? Em primeiro lugar vendo o testemunho de outros que tiveram essa experiência e mudaram de vida. Mas por que muitos não querem Deus? Porque não querem, de um jeito ou de outro, mas também porque não veem nas vidas de autodenominados cristãos testemunhos verdadeiros da luz de Deus.
      O equivocado poder, que os próprios cristãos dão ao diabo, tem uma consequência ainda pior, a criação de uma teoria da conspiração que vê um plano sendo arquitetado pelo diabo, usando pessoas, instituições, corporações, governos, para dominar o mundo e destruir as religiões cristãs. Muitos não percebem, mas muitas das linhas satanistas, principalmente as mais explícitas, são o outro lado da moeda do cristianismo tradicional, elas creem nas mesmas teologias que os cristãos, definem um diabo com as mesmas características, a única diferença é que no ponto de vista delas, no confronto final, o diabo sai vencedor. 
      Uma estratégia comum em ideologias extremistas é criar um inimigo, diretamente oposto às suas ideologias, para arregimentar homens sempre seduzidos por confrontos entre polos, que não admitem um Deus de luz sem que haja um diabo de trevas. Assim, bem e mal ficam do lado de fora, o homem não tem responsabilidade por suas ações, não precisa pensar e fazer balanços para conhecer e se decidir, só precisa escolher um lado para amar e outro lado para odiar. Quem ganha com isso? Justamente o diabo empoderado pelo equívoco, não necessariamente por ganhar o confronto, mas por empatar com Deus.
       O que é mais fácil, orar com fé expulsando demônio ou viver uma prática constante de amor, principalmente com antagonistas, dando testemunho de Deus, o único de fato que tem poder, criou todas as coisas e cuida daqueles que o temem? Prática de amor não é fácil, mas é o único jeito de Deus ser vencedor no mundo, isso quem escolhe sou eu e é você. Mas Deus não age só porque o homem escolhe, Deus age em todo o tempo, livrando-o de perigos que ele não tem noção que existem, acreditando sempre que o homem pode melhorar, sendo fiel quando ele não é, perdoando-o sempre e atraindo-o para o seu amor eterno. 

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José Osório de Souza, março de 2021

15/10/21

“Não é problema meu”? (15/31)

      “Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se.
Mateus 10.26
      “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.
Apocalipse 21.8

      Se muitos querem militar, mesmo sem saber, alguns preferem se ausentar, a bandeira desses é, “não é problema meu”. O que é pior, ser impulsivo ou ser tímido? O impulsivo, num golpe de sorte, em algum momento pode até acertar, e saberá disso, mas o tímido, ainda que acerte, não saberá. Quem tenta sabe onde chega, sai da zona de conforto, e pode ir para a luz, mas quem se esconde, ainda que num momento essa seja um boa opção, não saberá, quem se esconde sempre está em trevas. 
      O tímido tem motivos para ser assim, timidez é medo, mas o que é o medo? Receio de ser machucado por algo ou receio de mostrar para os outros que errou? Num medo existe covardia, no outro, orgulho, mas todo covarde é orgulhoso, tem medo de perder, por isso não se arrisca, seja a vida, seja a reputação. O ser humano, contudo, não é simples, não tem só uma coisa dentro de si, é um emaranhado de sentimentos e pensamentos, a diferença é que alguns conseguem esconder melhor a confusão. 
      Violência gera violência, o que sofreu violência será violento, ele, porém, tem uma escolha: ser violento com os outros ou consigo mesmo? O que é violento consigo vive com medo, não acha que tenha direitos, não acha que tenha forças, mas também não quer que os outros saibam disso, por isso se torna covarde e orgulhoso, ainda que introspectivo e discreto. O que é violento com os outros desabafa suas dores, coloca-as para fora, só que do jeito errado, para seguir forte se torna insensível. 
      O tímido pode convencer muitos que é sábio, mesmo humilde e pacífico, pois não reage à violência, entretanto, mata-se por dentro, pode construir sérias enfermidades, tanto físicas quanto psicológicas. Ele pode ser um bom religioso por muitos anos, enganar a muitos, mas principalmente a si mesmo, reprimindo sua dor faz sacrifícios pelos outros, o que lhe dá a impressão de ser caridoso, abnegado. Mas nada que é ruim se esconde para sempre, um dia dor não resolvida vem à tona de algum jeito. 
      O violento pode passar a impressão de ser corajoso, empreendedor, de fato dor gera energia que conduz a vitórias materiais, afinal, o mundo é cruel, só é conquistado à força. Contudo, violência é mãe da solidão, o violento tem servos que o temem, não amigos que o amam, não morrerá de enfermidades, hienas não sobrevivem em quartos vazios, mas sucumbirá à violência. O violento sempre acha alguém mais violento que ele, que ainda que a princípio diga que é seu companheiro, no final o trairá. 
      Um tímido mais um violento constituem uma relação fatal, mas comum por ser útil a ambos, quem gosta de sofrer sem reclamar é atraído por quem gosta de fazer sofrer e não se sente mal por isso e vice-versa, isso é uma doentia aliança sadomasoquista. Mas ainda que não seja numa relação afetiva, a sociedade sofre com esses dois tipos de doentes emocionais. Quando o violento machuca alguém e é visto por um tímido, o tímido tem a tendência de dizer, “não é problema meu”, esse é o ponto deste texto.  
      Por covardia ou orgulho podemos encobrir erros alheios, que se fossem coibidos a tempo não se tornariam erros ainda maiores. Isso não é tomar conta da vida alheia mas é impedir que inocentes ou que outros, reprimidos por algum motivo, sofram. Quando assistimos na TV uma reportagem sobre um adulto que espancou uma criança até morrer, precisamos entender que algo assim não acontece da noite para o dia, violência pode ser algo que ocorre há muito tempo e de forma gradativa. 
      Quantos já não viram, não souberam e mesmo experimentaram atitudes violentas de alguém que hoje está assassinando outro alguém? Muitos sabiam e nada fizeram porque disseram, “não é problema meu”, ou se calaram por outro motivo. Violências, assim como preconceitos, são problemas nossos, sim, não podemos nos abster só para não nos indispormos com alguém ou para não mancharmos nossa reputação, isso também é pecado que nos será cobrado, quem cala consente e torna-se cúmplice. 

Está é a 15ª parte do estudo
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José Osório de Souza, março de 2021

14/10/21

Cansados de ensinar (14/31)

      “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
Gálatas 6.9

      As lutas contra preconceitos, como racismo e homofobia dentre outros, têm evoluído nos últimos tempos, contudo, nem sempre pelos melhores motivos. Uma frase temos ouvido bastante, “estamos cansados de ensinar”, para entendermos isso precisamos entender vários eventos no processo histórico das lutas. Uma luta começa no coração do que sofre o preconceito, lugar onde a dor é mais devastadora, ainda que silenciosa, quantos não sofrem por anos sem que alguém saiba? Quantos não sentem, quando entram num lugar, que são discriminados, desprezados, odiados, só por não fazerem parte daquilo que a sociedade daquele momento considerava normal? Não só negros, mas aqueles com mais peso, com alguma característica física diferente, na altura, na aparência, mesmo na maneira de se vestirem e de usarem os cabelos? Só sabe quem sofre a dor que se sofre só por se ser alguém que só quer ser alguém.
       Então, como sempre acontece na vida, semelhantes se reúnem, para compartilharem o que sentem, e como é forte uma união que liga por uma dor comum, principalmente se é uma dor que uma maioria deslegitimiza. Quando os afrodescendentes se uniram nos anos 1950, 1960 e 1970 nos E.U.A. e criaram o movimento Black Power, o estilo de cabelo grande e solto, não era só um gosto estético, era um instrumento de resistência e de divulgação cultural, a afirmação de uma identidade, hoje ainda deve ser visto assim. Portanto, quando alguém critica esse tipo de penteado, não apenas opina como tendo um gosto estético diferente, como não apreciando uma preferência, mas como um opositor a um movimento, a direitos de um grupo de seres humanos, isso temos que entender para que tomemos mais cuidado. A vida ficou complicada? Parece que hoje temos que tomar cuidados que antes não tínhamos que tomar?
      Respeitar todos os seres humanos com suas idiossincrasias, não classificando-os só como pertencentes a manadas e nivelando essas com privilégios diferenciados, finalmente a sociedade entendeu que isso é o que deve ser feito, e que quando não foi feito a humanidade cometeu um erro terrível, machucando seres humanos que são iguais a todos os demais seres humanos em direitos e liberdades. Esse cuidado fica amplificado com todo mundo postando sobre tudo e a todo momento nas redes sociais na internet. Privacidade parece ser um luxo que as pessoas abdicaram de ter para que pudessem ser famosas, ainda que só através de um post com muitos likes. Mas se aumentaram conhecimentos, aumentaram responsabilidades, infelizmente isso é algo que muitos não assumem, desejam o direito de falarem o que querem, mas não o dever de ouvirem o que podem não gostarem de ouvir como retorno disso. 
      O fato é que a civilização tem uma enorme dívida com afrodescendentes devido ao cruel sistema de escravos que foi usado por séculos para enriquecer principalmente a brancos, ponto final! A dor que se sente quando se é criticado por usar o cabelo de forma livre e natural é legítima, não é mimimi nem vitimismo, todos temos que aprender a tomar muito cuidado, a princípio com o que dizemos e escrevemos, mas principalmente com o que sentimos e somos. Não existe mais no mundo lugar para preconceitos por cor de pele, tipo de cabelo e tipo de sexualidade. Isso já está sendo dito há algum tempo, não muito, mas há algum tempo, e já é suficiente para que muitos afrodescendentes digam, “já cansei de ensinar”. No termo “ensinar” já existe um posicionamento diferente, não de guerra, não de oprimido destruindo opressor, mas de vítima ensinando ao agressor sobre como ele deve agir para não ser opressor.
      Isso representa uma evolução nas lutas, contudo, as lutas já estão em fases novas quando ouvimos que o “professor” está cansado, principalmente de ouvir que algo que o machucou não tinha a intenção disso. A verdade é uma só, só mudamos quando dói, e se não temos compaixão suficiente para sentir a dor do outro por amor, ou pelo menos por respeito, temos que ser impedidos de agredir com palavras, e senão resolver, com penalização legal. Não só deboches sobre a aparência, mas toda chacota com aqueles que não têm a sexualidade binária, que se dizia que era tradicional e que não é mais, tudo isso deve ser rejeitado com veemência. Isso deveria ser ensinado em púlpitos, ao invés de fazerem de conta que o assunto não existe, ou pior, seguirem insistindo na visão ultrapassada e sem amor que usa a Bíblia para apoiar preconceitos. Não devemos nos cansar é de amar, e em Deus sempre achamos forças para amar. 
      O penteado natural, grande e solto de africanos e descendentes, é mais que uma preferência que pode ou não ser apreciada, é símbolo de uma luta legítima, mas ainda mais que isso, é a coroa de príncipes e princesas, reis e rainhas, que ajudaram tanto quanto qualquer outros a construir o que temos de melhor na humanidade. Na música, nem precisamos dizer o quanto afrodescendentes espalhados pelo mundo fizeram e fazem, como músico tenho gostos e fundamentos assentados sobre o jazz, o blues, o samba, o reggae, os funks. Nos esportes, quantas marcas já foram quebradas por negros, épicas as medalhas de ouro de Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936 em plena Alemanha de Hitler, assim como a carreira e o posicionamento político de Muhammad Ali-Haj, eleito "O Desportista do Século". Mas também na literatura, nas ciências, enfim, diversidade é a expressão mais profunda da sabedoria e da beleza de Deus. Não nos cansemos de aprender!

Está é a 14ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

13/10/21

Sem limites para a estupidez humana (13/31)

      “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.” 
Mateus 23.27

      Soube de uma notícia que me assustou, pessoas que fazem tatuagens em seus animais de estimação, não só pequenas, mas grandes, em quase todo o corpo do animal. Isso além de submeter o pet a uma dor que ele não escolheu e nem precisa ter, visto que não é um acidente, põe a saúde do bicho, seja por dermatites ou outras doenças, em risco. Felizmente leis já estão sendo aprovadas para coibir isso, que crueldade de quem buscando uma identidade na aparência, egoisticamente submete inocentes à tortura, que obsessão o ser humano pode ter para ser diferente. Não duvido se levantaram-se pessoas militando pelo direito de se fazer isso, dizendo que impedir isso é ir contra algum tipo de liberdade de expressão.
      Mas temos outro exemplo do quanto a estupidez humana pode sempre nos surpreender, esse está acontecendo com as vacinas para a Covid 19 em meio à pandemia. Gente furando fila, vendendo vacina roubada ou falsa, e gente comprando essas vacinas ilegais ou falsificadas, geralmente pessoas de mais posses, muitas já acostumadas a fazerem prevalecer seus direitos através da maior das estupidezes humanas, o mal uso do dinheiro. Aqui também ocorre o equívoco de se tentar estabelecer uma identidade diferenciada baseada em valores externos, naquilo que o dinheiro mostra na aparência diante de pares, esse engano sempre dá mais importância ao homem que a Deus, gradua pela matéria, não pelo espírito.
      Duas coisas precisam ficar claras: as pessoas têm o direito de tatuarem suas peles, de usarem acessórios como brincos e piercings, assim como de usufruirem aquilo que um dinheiro ganho de forma honesta pode permitir. Não estamos aqui julgando ricos nem tatuados, essas coisas não representam em si mesmas problemas. Se você pode comer num restaurante mais caro ou usar uma roupa mais luxuosa, pagando com um recurso que é teu, problema teu. Se você quer estender tua identidade interior a marcas em tua pele e a objetos anexados a ela, também é uma questão tua. Não podemos julgar ninguém pelo exterior físico, tanto quanto ninguém se julgue melhor por ele, seja no luxo ou no exotismo. 
      Contudo, o ser humano sempre tende à obsessão e ao vício. Isso perde o controle se suas quatro áreas, física, emocional, intelectual e espiritual, não estiverem em harmonia em Deus. Quem não milita em Deus (e não necessariamente por Deus em uma causa espiritual ou religiosa, o que não tem nada de errado) militará fora de Deus e, consequentemente, por bobagens, colocando esta reflexão no contexto do estudo “Militou errado!”. Muitos que começam a se tatuar viciam-se nisso e acabam querendo marcar a ferro quente a maior área possível de seus corpos. O que foi inicialmente um reforço de identidade, acaba se tornando uma obsessão, e aí nem é mais para os outros verem, mas só para satisfação de vício. 
      Outros, que tendo um pouco mais de grana trocaram um restaurante bom por um mais sofisticado, acabaram num restaurante caríssimo, nem por necessidade alimentar ou para provarem algo diferente, mas só para mostrarem para pares que podem pagar por isso. O dinheiro é um deus egocêntrico, começa dizendo aos homens que tê-lo é poder desfrutar de bens e prazeres melhores, mas no final o único prazer que o homem terá é ter mais e mais dele, quanto ao resto que o dinheiro pode pagar, nem terá mais valor ou dará prazer, dinheiro se torna fim em si mesmo. A mais importante militância no mundo é pelo dinheiro, ninguém se iluda sobre isso, ele está por trás de tudo, mesmo de causas aparentemente puras.
      Esses direitos, pelos quais tantos militam, melhoram o ser humano no principal? Não, só o deixam mais estúpido, e de uma maneira que eles nem percebem a vergonha que estão passando. Você quer ter direito de se tatuar? Tudo bem, isso não representa um problema, mas antes lute pelo direito de buscar a Deus e conhecê-lo, sem filtros, sem as manipulações das tradições religiosas humanas. Se estiver imbuído nessa militância as outras não serão tão importantes, você não achará assim tão relevante aparentar luxo ou exotismo, isso tudo passa e fica neste plano. Na eternidade seremos trevas ou luzes, sem lugar para marcas ou graduações físicas. Espírito não se tatua, não para sempre, só se purifica e se ilumina. 
      Mas tem outro lado de quem gasta grana com vícios, obsessões e vaidades, desperdiçar um dinheiro que poderia estar ajudando outros, que não estão ocupados em mostrar aparência para pares, mas só em sobreviver, comer e beber o básico que lhes permita continuar vivendo no mundo e trabalhando. Ricos, sejam na área que forem, serão mais cobrados no juízo pelo qual os seres humanos passarão na eternidade, se tiveram condições de ajudar outros mas foram irresponsáveis com o que receberam e cruéis com os que não receberam. Sobrou dinheiro? Doe. Recebeu misericórdia? Ame. Tem conhecimento sobre algum área? Compartilhe, hoje com a internet coisa fácil é compartilhar o que se sabe, milite por causas nobres. 

Está é a 13ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

12/10/21

Quem milita pelo planeta? (12/31)

      “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” 
Gênesis 3.17-19

      Que militância interessa a Deus? Todas interessam. Deus usa todos os seres humanos para harmonizar e evoluir o universo, aceite isso, cristão. Sabe aquele ateu materialista que está lutando pela ecologia? Pois Deus o está usando para fazer algo que muitos cristãos não fazem e que é muito importante para todos. Se todos nós, cristãos ou não, temos uma visão muito materialista da existência, evangélicos e protestantes, em grande parte, têm uma visão restrita da vida, uma pseudo interpretação do que são prioridades. Muito disso se deve a um entendimento apocalíptico equivocado da história da humanidade, entendimento que esteve presente em todas as fases do cristianismo, desde a igreja primitiva de Pedro e Paulo. 
      É claro que esse entendimento equivocado é conveniente para muitos, ainda que seja uma conveniência legítima. Tantos tentando sobreviver com tão pouco, não têm tempo para causas coletivas e globais, estão mais ocupados em trabalhar e se sustentarem, por isso acabam se ocupando com militâncias por ecologia e outras causas sociais, os de nível monetário e intelectual mais elevado. É assim no atual estágio de espiritualidade da humanidade. São também esses os que, confrontando ciência com fé, menos acham relevância em religião, pelo menos na cristã, já tão tradicionalmente aliada a perseguição da ciência e de outras bandeiras de iluminação social, principalmente através da instituição religiosa sediada no Vaticano. 
      Não estou generalizando, sei que existem cristãos engajados em causas ecológicas, lutando contra poluição de água e ar, defendendo animais e florestas, administrando ONGs, contudo, muitos cristãos parecem estar mais preparados para o fim do mundo que para deixarem um mundo material melhor para filhos e netos. Esse talvez seja o maior engano que o cristianismo comete, pois contribui na prática, com mais intensidade, para que a vida na Terra não melhore, consequentemente o papel mais proeminente de luz acaba sendo feito por muitos que o cristianismo coloca nas trevas. Mas o que de fato é luz? Interessante que a época em que o cristianismo mais dominou o mundo foi justamente a chamada de idade das trevas. 
      Eis uma discussão importante, que nos leva a enxergar de fato quem é trevas e quem é luz, sobre isso a Bíblia é clara, “pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7.20), simples assim, e não adianta tentar esconder isso com argumentos. Fins não justificam os meios, mas obras sempre falam mais alto que crença. O que de fato fará diferença no homem interior de cada ser humano e que será manifestado na eternidade? Deus sabe, mas não julguemos mal ninguém e nunca, e nem bem antes do tempo. Tem muita gente fazendo o trabalho que cristãos não estão fazendo, por isso o cristianismo é odiado por tantos e outras religiões são tão respeitadas. Interessa é que o amor de Deus seja exercido, mesmo que por outras bocas (Lucas 19.40). 
      Uma revelação nos é feita no texto bíblico inicial, se pela queda da mulher e da “serpente” elas mesmas foram amaldiçoadas, no caso do homem quem foi amaldiçoada for a terra, ainda que por causa disso o homem colha sérias consequências. Isso é relevante principalmente numa visão de família e de sociedade onde a produção de recursos de sustento era desempenhada pelo homem, a mulher cuidava da criação de filhos e trabalhos do lar. Ao ser humano não cabe só se religar a Deus através do Cristo, para restabelecer uma conexão espiritual, Gênesis nos lembra que também é sua responsabilidade restaurar o mundo, ele faz isso com a ciência, criando tecnologias para proteção e administração do planeta e de suas intempéries. 
      Mas e os cristãos, eles têm responsabilidade nisso? Novamente precisamos dizer que existem muitos cristãos protestantes que valorizam estudos, que seguem como pesquisadores e que contribuem, sim, para melhorar o planeta. Contudo, uma grande quantidade de evangélicos, doutrinada para pensar que basta fé e pouco esforço, acha nas teorias conspiratórias do fim do mundo álibis para entregar os destinos do planeta nas mãos de opositores do cristianismo. Por isso políticos e diplomatas contra o globalismo, a favor de Israel e que se opõem a sistemas políticos comunistas, são apoiados por tantos cristãos, que acham que isso é militância cristã. Esse engano entregou a liderança do Brasil nas mãos de um maluco estúpido. 
      Muitos cristãos não percebem o quadro terrível que se arma, e tudo porque teimam em ler o momento atual como o início do final dos tempos. Nesse quadro muitos, chamados cristãos, se posicionam do lado do engano, do real anticristianismo, se de fato entendermos o que é o cristianismo verdadeiro  de Jesus, enquanto que outros, que não defendem nenhuma religião e só a ciência, se posicionam ao lado da sensatez. Por isso tantos cristãos sendo negacionistas dentro de uma pandemia mundial cuja solução não está na política, nem na religião, só na ciência. O que mais assusta é o nome de Deus sendo colocado do lado da insensatez, esse mau testemunho será cobrado na eternidade de cristãos militando equivocadamente. 

Está é a 12ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021

 

11/10/21

Militância materialista (11/31)

      “E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. 
      Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinqüenta...” 
      Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” 
Lucas 16.1-6, 10-13

      Nada deve ser imposto, ainda que se ache que se tenha bons argumentos, assim religião não pode ser imposta, ainda que se acredite que uma religião seja mais verdadeira que outra, e mesmo ciência - como religião, já que muitos a encaram assim - também não pode ser imposta. Ciência torna-se religião quando desconsidera Deus, e algo que se coloca no lugar de Deus se torna um deus, e como tal, uma religião. Eu não creio num gênesis interpretado ao pé da letra, considero a ciência para me ajudar a entender o que Moisés registrou, de acordo com a tradição oral que chegou até ele. Contudo, muitos materialistas querem impor a ciência desprezando a existência de um ser mais alto, mais poderoso, criador e eterno, com objetivos ativos de amor para a humanidade, cuja existência ou não, nem a ciência pode afirmar. 
      Atualmente existem pessoas, principalmente entre as com mais poder aquisitivo, bem formadas intelectualmente, que militam pelo bem do planeta e que defendem a ciência, mas que se portam como aqueles evangélicos extremistas, puritanos e usando roupas diferentes. Esses cientificistas se consideram sinceramente superiores a muitos cristãos, se acham mais lúcidos que esses, mas na prática afetiva de vida são bitolados, indisponíveis a diálogo e só confiam socialmente em pares. Eles querem impor uma liberdade que nem eles possuem, mas são adeptos de toda nova moda pedagógica que surge, doutrinados pela mídia e com muito medo de perderem empregos ou serem interpretados como ultrapassados por empresas, também administradas por empresários que são seus pares, adeptos da mesma idolatria materialista-científica. 
      Se existem extremistas tanto na religião quanto na ciência, a conclusão que chegamos é que o que diferencia o ser humano não é o nível acadêmico, a religião, ou a ausência de ambos, mas uma virtude, essa é a humildade. Ninguém tem culpa de ter nascido nesse ou naquele lar, de ter recebido essa ou aquela educação, de ter sido criado com ou sem religião, de ter sido informado com essa ou com aquela relevância de vida, dando valor seja a bens materiais, à intelectualidade, à religiosidade ou a outra coisa. Contudo, humildade é algo que podemos escolher ou não vivenciar, e humildade nada mais é que respeitar, a si mesmo, os outros e a Deus, seja ele quem for e onde estiver. É essa humildade que nos leva a ter o temor a Deus que a Bíblia ensina, ela é o segredo de uma vida feliz e sustentável, em todas as áreas, indiferente das outras escolhas de vida que se faça. 
      Muitas militâncias que a mídia veicula em novelas, filmes, músicas, jornalismo, redes sociais, são só modas burguesas, eis a verdade, a grande maioria da população, ocupada em trabalhar de manhã para pagar o almoço, e depois trabalhar à tarde para pagar o jantar, nem está preocupada com esses modismos. São relevâncias que importam a jovens de classe média alta, que querem salvar o planeta, mas que preferem criar pets que formar família e criar filhos. Esses burgueses não suportariam uma noite com um bebê chorando querendo mamar e tendo fraudas para trocar. Se tiverem um bebê delegarão a tarefa a pedagogos em escolas caras, achando que estão fazendo o melhor para o filho e para a sociedade. Temos que ter muito cuidado com aquilo que a mídia prega como o jeito melhor de se viver, ela não é tão pura como muitos pensam.  
      Que fique bem claro, este texto não é de forma algum uma crítica à classe profissional ligada à pedagogia, existem verdadeiros heróis e heroínas ajudando em creches de educação infantil, fazendo com muito amor e ganhando pouco, o trabalho que aqueles que colocaram tais crianças no mundo não podem ou não querem fazer, e na maior parte das vezes, não podem porque estão trabalhando pela sobrevivência básica. A crítica também não é a pessoas com mais poder aquisitivo, elas não têm culpa de serem o que são. Contudo, repito, humildade pode ser escolhida, e a vida nos confronta com ela à medida que vivemos, se é que vivemos e não fugimos de viver estudando e trabalhando demais, não para ter uma vida digna, mas só para satisfazer ao “deus” dinheiro e à “religião” materialismo. Ninguém pode escolher onde nasce, mas todos podem escolher serem humildes. 
      Numa sociedade ideal, o ser humano faria os primeiros esforços para poder sobreviver fisicamente, para poder pagar por moradia, alimentação e roupa. Depois, se estudasse mais e trabalhasse melhor poderia pagar entretenimento e artes, o ser humano também precisa de tempo livre para lazer e consumir expressões artísticas, isso não é luxo, é necessidade. Depois, se tivesse renda financeira maior, poderia se dedicar a causas filantrópicas e ecológicas, para ajudar os outros e o planeta. Infelizmente é nesse ponto que muitos preferem dedicar-se a si mesmos e mais que o necessário, por isso tantas academias, bares, restaurantes, resorts etc. E quanto à religião? Espiritualidade verdadeira está em todas essas coisas, viver com humildade, respeito, temor a Deus, dando prioridade a virtudes e ajudando o próximo. Todos, em qualquer lugar, podem servir ao próximo de algum jeito. 
      Temos uma ótica materialista da existência, achamos que se formos prósperos no mundo, administrando bem o dinheiro, seremos seres melhores, mas só isso pode representar não sermos fiéis no pouco. Sabe o que é o pouco no texto bíblico inicial? Este mundo, seus valores, e nada disso é nosso de verdade, é emprestado, achar que isso é o mais importante é não entender a vida, é não administrar bem o pouco. Na parábola, o mordomo, com medo de perder o emprego, não cobrou dos devedores o valor que seria justo, mesmos havendo juros justos, caso estivessem com pagamentos atrasados. Cobrar o justo e com juros representaria para muitos hoje em dia serem fiéis no pouco, administrarem com inteligência vida financeira, obterem lucros. Mas o mordomo fez o contrário, cobrou menos, para ficar bem com os devedores, pensando que se perdesse o emprego poderia ser ajudado pelos que ajudou. 
      O senhor, justo, que representa na simbologia Deus, não reclamou da atitude do mordomo, antes o elogiou, reconheceu em sua estratégia sabedoria, o mordomo não pensou no lucro imediato, mas numa relação cordial com as pessoas que poderia ajudá-lo no futuro. O muito da parábola está na eternidade, não em valores materiais, mas em valores espirituais, na eternidade seremos acordados para a luz mais alta de Deus, que nos revelará o que realmente tem valor em nossas existências eternas. Se existirem valores espirituais em nosso interior seremos conduzidos ao céu, senão, só deixará claro o que já existe dentro de nós hoje, o inferno. Se o mordomo tivesse cobrado o valor exato da dívida, poderia até ficar bem com um senhor materialista, mas fazendo amigos ele trouxe para si valores espirituais eternos. O mordomo militou pela militância mais elevada, não pelo materialismo. 

Está é a 11ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
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José Osório de Souza, março de 2021