terça-feira, outubro 19, 2021

“Meu exército”? (19/31)

      “Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria. Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.” 
Salmos 27.3-4

      “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” 
II Coríntios 6.14 e  Gálatas 5.1

      Este texto é uma reflexão sobre a atualidade social e política de nosso país, não é uma crítica à classe militar. Não é preciso dizer que para se chegar a cargos de oficiais, seja no exército, na marinha ou na aeronáutica, homens e mulheres se preparam muito. Líderes militares de alta patente são brasileiros estudados e experientes, com visões lúcidas sobre várias áreas da sociedade, preparados para manterem a democracia, a autonomia e a paz da nação. Isso não significa que não existam nesse meio seres humanos “humanos”, como existem em qualquer meio, contudo, pela importância estratégica que têm na manutenção da ordem pública, militares são decisivos em certas situações. 
      Ao meu ver, a função de militares na nação pode ser definida assim: pertencem à nação, servem ao povo, podem interferir, mas em relação ao povo que servem sem violência e para dar liberdade, não representam um poder como os três que compõem a república. Também não são posse de políticos, que são inquilinos do poder, não donos dele, que não possuem nada a não ser um período de tempo para servirem o melhor possível à nação. Dessa forma, a frase “meu exército”, dita por um presidente da república, achando-se dono da classe militar, é inapropriada e deplorável, deve ser combatida, em nome da democracia, do povo e de uma classe militar legítima. 
      Que insanidade pode existir na afirmação “meu exército”? Eis um tema relevante à reflexão “Militou errado!”. O que nos vem à mente quando pensamos no termo exército, não necessariamente relacionando-o às forças armadas? Um poder que se prevalece pela quantidade, onde não existem iniciativas individuais, cuja força está na união de muitos conduzidos pela autoridade de um para se impor sobre outros. Um exército pode ser usado para fins equivocados? Sim, isso ocorre quando identidades pessoais são anuladas, não em prol das necessidades de muitos, mas no interesse de um líder, que seduz muitos por carisma estúpido e por argumentos rasos para exaltar seu ego. 
      Nesse caso, os que não se deixarem ser manipulados pelo líder serão seus inimigos, esses só devem ser derrotados, a qualquer custo, esses também não são respeitados como indivíduos, mas como um exército, o exército inimigo. Irônico nisso tudo é que muitos, acreditando estarem lutando por liberdade e direitos, não percebem que quando se colocam debaixo de alguém que os chama de “meu exército”, perdem justamente a liberdade e os direitos. A missão de vida desses passa a ser a visão de mundo, de sociedade e de homem do “dono” do exército, não discernirão luz de trevas, e farão qualquer coisa para obedecerem aquele que pode até se dizer enviado de Deus. 
      Cuidado com o homem que se diz profeta de Deus, isso é a porta que conduz ao maior dos enganos, a um homem que se acha um deus. O Deus de verdade não usa profetas, não mais, e muito menos tornará a encarnar como homem, os tempos estão muito mais para falsos profetas e anticristos, e esses não virão de meio religioso qualquer, mas do meio cristão para enganar principalmente a cristãos. O engano não vem para ludibriar os que já estão ludibriados, mas para enganar aqueles que tendo a luz preferiram as trevas, tendo o Espírito de Deus, preferiram um ídolo ideológico construído até com conceitos bíblicos da tradição religiosa cristã, mas ainda um falso deus. 
      Usando o termo exército não estou me referindo necessariamente aos fardados, existem outros grupos sociais que se portam assim, principalmente na religião, e muito num cristianismo desviado que se baseia equivocadamente nos conceitos do velho testamento para empoderar sua causa. Cristãos, conforme o evangelho do Cristo, vocês não são um exército, nem de Deus, não para imporem sua verdade no mundo. A verdade não se impõe, muito menos com apoio de uma classe tão corrupta como a política. Somos uma irmandade, sim, de amor e de luz, para humildemente fazermos diferença no mundo como indivíduos, não como coletivo, e isso basta ao evangelho de Jesus. 
      Jesus e tantos outros personagens do novo testamento não precisaram de um exército para fazerem diferença, militaram sozinhos e muitos sozinhos morreram, incluindo o Cristo. Para que somos chamados: para imitar e obedecer um líder político ou a Jesus? Quem se coloca em jugo desigual com homem, de homem se faz escravo, e meus queridos, isso não é de Deus, Deus nos chama para a liberdade. Não tenhamos medo do mundo e de homens, nem se muitos que se dizem cristãos se colocarem como exército do engano, nos refugiemos no templo de Deus, que não é igreja física, mas a posição espiritual mais alta em Cristo, nesse lugar estamos protegidos. 
      Quem pela violência prevalece por ela será destruído, insanos atraem insanos, se Deus estivesse do lado de exércitos a igreja católica teria prevalecido, nem Israel, o povo com o plano mais antigo de Deus para mostrá-lo ao mundo, prevalece pela guerra, não mais. Sim, existe um combate, mas não é mais de homens contra homens no plano físico, os que creem nisso serão presas do engano e perderão a guerra inútil que travam, sendo humilhados no final. O combate é espiritual, virtudes morais contra o materialismo, seja o científico mal usado, seja o dos prazeres do corpo, e isso é responsabilidade pessoal, ninguém queira se esconder em fileiras de exércitos deste mundo. 

Está é a 19ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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