10/11/18

Êxodo 14

      Uma das passagens mais épicas do cânone bíblico, se não o maior milagre realizado, o mais famoso. Havia necessidade de tanto alarde? Sim, havia, foi a libertação de um povo, que agora, mais que uma família, era uma nação, partindo para a terra prometida por Deus. Esse acontecimento, da maneira que Deus fez, marcou a história de uma nação escolhida pelo Senhor para mostrar ao mundo, seja pela antiga aliança, seja pela nova e eterna em Cristo, a salvação. O que podemos aprender sobre as nossas vidas, nossas lutas, e a maneira como Deus age, com o capítulo 14 do livro de Êxodo?

- A estratégia de Deus:

      “Então falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar. Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.” (versos 1-4)


      Diante de um problema em nossas vidas, Deus tem um plano para resolvê-lo, um plano que glorificará seu nome e deixará bem claro diante de todos, que ele é real, vivo, poderoso e age em prol daqueles que nele confiam. Tenhamos certeza disso, quando diante de um problema e perante o Deus que chamamos de Senhor e pai. Para realizar esse plano, Deus usa de estratégia, manobras inteligentes e que às vezes, à primeira vista, não parece a nós, seres humanos limitadíssimos, simples. Deus é complicado? Não, ele é complexo, e sobre algo que nos parece ser só um problema presente nosso, ele pode atingir objetivos bem mais abrangentes, no espaço e no tempo. Assim, algo que pode nos parecer um retrocesso, uma volta atrás no caminho, pode ser uma estratégia do Senhor, para confundir os que se colocam como nossos inimigos. Veja que o coração do faraó estava duro porque o próprio Deus o endureceu, quem não anda com Deus com certeza não consegue entender isso e talvez até se revolte contra o Senhor num visão espiritual mais curta.


- O que se coloca como inimigo do povo de Deus é enganado pela própria arrogância:


      “Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, mudou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva? E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; E tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão. E os egípcios perseguiram-nos, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e o seu exército, e alcançaram-nos acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom.” (versos 5-9)


      O faraó, que depois das pragas enviadas por Deus, tinha autorizado Israel a partir do Egito, arrepende-se. O mal é assim, sem palavra, traiçoeiro, os que se colocam como nossos inimigos, e que deixam que o mal domine seus corações, se tornam iguais, neles não devemos confiar nunca. Mas Deus não estava provando somente a fé de Israel, Deus também provaria o Egito. Se eles tivessem sido humildes e deixado Israel ir, a perda que eles tiveram com as pragas já teriam sido suficientes, mas como insistiram em perseguir o povo de Deus provariam uma derrota ainda maior e mais humilhante. 


- A nossa incredulidade e dureza de coração:


      “E aproximando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.” (versos 10-12)


      Mas se os inimigos são provados para serem ainda mais derrotados, os filhos são provados para que amadureçam e cresçam na fé. Mesmo depois de tudo que Deus tinha feito no Egito para libertar Israel, ainda assim o povo enfraqueceu e desacreditou. Que criancice a de Israel falando o que falou a Moisés, culpando-o, e achando melhor viver trabalhando em escravidão que ser livre pela fé. Assim somos nós, nunca aprendemos, por mais que o Senhor nos abençoe, quando um novo problema surge nós esquecemos o passado e só vemos um futuro ruim.


- No meio da batalha convém acreditar e obedecer:


      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros. E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pós atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.” (versos 13-20)


      O Senhor pelegerá por vós e vós vos calareis, uma das frases mais poderosas da Bíblia. Naquele episódio, a batalha seria vencida só por Deus, ao povo bastaria apenas crer e obedecer. Não era algo que o homem poderia fazer, algo mais ativo, e em algumas ocasiões de nossas vidas nós estamos totalmente impotentes. Eu disse algumas, porque na maior parte das vezes Deus, em sua graça, faz uma sociedade conosco, ele faz a parte dele à medida que nós fazemos a nossa. Mas nessa experiência de Israel, bastaria a eles ter fé. A solução da questão seria através de uma ação extraordinária do Senhor? Sim. Sobrenatural? Não sei, e nem importa, se algum fenômeno geológico ocorreu coincidentemente no momento que Israel precisou atravessar o mar, Israel não sabia disso, mas quem disse que coincidência não é milagre? Eu quero mais é experimentar coincidências assim quando orar a Deus pedindo solução de um problema. Acho muito bonito o antagonismo da nuvem, para os egípcios era trevas, para Israel era luz, que metáfora maravilhosa da ação de Deus. A libertação do Senhor confunde os incrédulos, mas alegra e conduz os crentes à vitória.


- O milagroso livramento do Senhor:


      “Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios. E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e dificultosamente os governavam. Então disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.

      E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou a sua força ao amanhecer, e os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar, Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. Assim o Senhor salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo.” (versos 21-31)


      Qual milagre Deus fará para livrar você? Não importa, mas acredite, se isso for preciso e só isso for o suficiente, o Senhor fará. Dessa forma não se preocupe com a aproximação dos inimigos, se você está obedecendo uma ordem de Deus continue firme. As águas se levantam nos teus lados, como paredes sobrenaturais? Isso parece terrível, te assusta? Não tema, é Deus agindo, e elas continuarão assim enquanto for necessário, depois que você passar elas voltarão ao seu curso natural. Então, aquilo que foi livramento para você será o castigo dos que te perseguem, a vingança do Senhor contra aqueles que desejam, de alguma maneira, oprimir e aprisionar os filhos legítimos de Deus. Mas depois dessa grande libertação, ao filho obediente, só resta entrar em Canaã e ser feliz. 

09/11/18

Querer e poder

      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.Eclesiastes 9.10-11

      Alguns, nas igrejas, nos ministérios, querem trabalhar na obra, fazer as coisas, coisas boas, mas coisas que não estão preparados para fazer. Por quais motivos? Alguns por vaidade, para mostrarem que são isso ou aquilo, mas muitos por falta de conhecimento mesmo, por uma ingênua e equivocada interpretação de suas capacidades, até tomam a iniciativa, mas sem preparo. Outros, contudo, possuem as capacidades, a inteligência, mesmo, a chamada de Deus, já estão preparados e há muito tempo, mas não fazem o que poderiam fazer, simplesmente porque não querem. Isso por qual motivo? Por acharem que é muito pouco para eles, que fazer tais cosas é desprestigia-lós, nesses também existe a vaidade, mas também pode existir a descrença, a desesperança, de quem pensa que não vale a pena fazer porque não vai dar em nada. 
      Querer e poder, uns querem, mas não podem, outros podem, mas não querem, é muito triste quando o necessitado do auxílio desses somos nós, vermos quem devia estar servindo a Deus e ao próximo, servindo a si mesmos ou a ninguém. Os primeiros nos dão falsas esperanças, prometem e não cumprem, até começam a caminhar conosco, mas no meio do caminho desistem. Desistem porque não estão preparados para servir. Os segundos nos enganam pela aparência, de cara nós os reconhecemos como capacitados para nos auxiliar, assim a iniciativa é nossa, nos prontificamos a estar com eles, mas eles nos desprezam, podem, mas nada fazem. Esse estão ocupados em aprofundarem-se na teoria, no conhecimento intelectual da Bíblia, mas não em viver, de maneira simples e objetiva, o evangelho.
      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”, a primeira parte do texto de Eclesiastes responde à questão com sabedoria e equilíbrio, façamos tudo conforme as nossas forças, isso não estabelece o limite mínimo, mas o máximo, e o máximo relativo a cada um. Cada um tem um limite pessoal máximo de forças e é esse limite que nos será cobrado, não o do outro, mas o nosso. Esse limite será suficiente para que Deus nos use para abençoar aqueles que Deus manda para que abençoemos. Que Deus nos ache assim, voluntários, mas pelo Espírito Santo, capazes, mas com um coração de servo humilde, trabalhando, mas em Deus e para Deus, abençoando os pequeninos do Senhor, tão carentes de quem os pastoreie em amor e os ajude com misericórdia.

08/11/18

Que morte veremos?

      “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” João 8.51

      Que morte veremos? Que morte queremos? Que morte merecemos? Não existe só uma morte, existem várias, seres humanos diferentes provarão mortes diferentes, uns menos mortes que outros. A morte física, nela o coração para, o cérebro não funciona, pode haver a falência generalizada de órgãos, precisamos aceitar que ninguém morre por estar bem, algo ruim acontece ao corpo para que ele deixe de funcionar e haja a morte. Junto dessa realidade vem a dor, o que deixa de funcionar dói, um enfarte causa uma dor terrível, mas se ele for fulminante e ocorrer enquanto dormimos, talvez seja a morte menos doída. 
      A morte emocional, um suicídio lento, que nasce de uma profunda tristeza, causada por muita frustração ou trauma, que leva a uma crise depressiva que finalmente desligada a pessoa de qualquer desejo de prazer, de felicidade, de querer continuar existindo como indivíduo produtivo e positivo. Essa talves seja a pior morte, que trará consequências ao corpo, e que poderá levar a um fim lento e agonizante, senão a um suicídio de fato, rápido, a pior violência que alguém pode cometer.
      A morte espiritual, essa não é escolhida, não é futura, mas é o caminho do ser humano adulto e lúcido que ainda não escolheu ser filho de Deus. Crianças e deficientes intelectuais, assim como inocentes, em vários lugares do mundo, mesmo alguns indígenas, eu acredito que não precisarão fazer a escolha, enquanto permanecerem assim, não provarão morte espiritual. Mas essa é a única morte que as pessoas podem evitar, e que em alguns casos, na geração dos que provarem o arreabatamento, a escolha livrará os homens também da morte física.
      A morte que Jesus se refere no texto incial é, a princípio, a morte espiritual, mas confesso que o que me levou a refletir sobre o tema, foi a morte física. Vivi recentemente a morte de um parente próximo que sofreu por dez meses na u.t.i. antes de partir, foi muito dolorido, para ele e para a família. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas principalmente o medo de ter uma experiência semelhante, longa e dolorida. Assim, perguntei ao Senhor por que alguns têm que sofrer tanto assim para “desencarnar”, a resposta que Deus me deu foi o texto de João 8.51.
      Se Deus tem um propósito com tudo que acontece com todos os seres humanos, nos momentos que antecedem a morte física esse propósito é ainda mais urgente, é a última oportunidade para a pessoa acertar a vida. Quem teimou em não acertar no “dia normal de trabalho” pode precisar de “horas extras” para isso, dessa forma, infelizmente, muitos têm partidas complicadas por conta de toda uma vida complicada que escolheram ter. Se queremos ter uma morte física minimamente dolorosa, tenhamos uma vida correta, dentro do possível que podemos ter. 
      As pendências que levam a “horas extras” dizem respeito a como nos relacionamos com Deus e com nós mesmos, mas muito a como agimos com os outros. Dar e pedir perdão é a única maneira de nos acertarmos com todos, “horas extras” sempre existirão para que exerçamos o perdão que ainda falta. Dessa forma, peçamos e concedamos perdão, e até onde nos for possível, pessoalmente, mas se não assim, ao menos, em nossos corações.
      Eu acredito que todos que fizeram o possível para acertar, que naquilo que podiam, tomaram iniciativa, mas que acima de tudo confiaram no perdão de Deus e obedeceram a voz do Espírito Santo, não provarão mortes físicas complicadas, e mesmo se alguma complicação ocorrer, terão do Senhor o consolo e a força para partirem deste mundo de maneira honrosa, sem humilhação ou solidão. Sejamos humildes antes que a morte nos quebre de vez.

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.18

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hebreus 9.27-28

07/11/18

Confessando o pecado

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      Das bases da nossa fé, um dos fundamentos do evangelho, a porta de entrada para a comunhão com o Deus verdadeiro: assunção do pecado pessoal, confissão dele diante de Deus e posse do perdão por meio do nome de Jesus, para só então seguir em paz. Nunca tente viver sem isso, se o ímpio não pode achar em nada desse mundo ou do outro algo que lhe dê satisfação maior que estar em paz com Deus, aquele que já nasceu de novo e já provou essa purificação, não conseguirá viver sem se acertar com seu Senhor. Confessemos, com todo o coração, com todo o entendimento, sintamos o quanto o pecado desagrada o Espírito Santo que habita-nos, e então creiamos, com fé, que Deus perdoa e esquece, e que nada e nem ninguém pode nos condenar ou culpar depois. Glória a Deus que é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça!

06/11/18

Só ouvimos a sabedoria quando a catarse termina

      “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.I Reis 19.11-12

      Passamos grande parte de nossas vidas falando a nós mesmos, tentando nos convencer de algo que no fundo não aceitamos, não acreditamos, mas que achamos que é o melhor pra nós por isso insistimos em dizer. Não temos consciência disso, e para continuarmos com essa obsessão podemos dizer que é a vontade de Deus para as outras pessoas, ou que é uma ideologia qualquer que oferece a melhor solução para a vida alheia. Assim, nos achamos profetas, pastores, oradores, filósofos, líderes, políticos, terapeutas, enfim, com um chamado especial e exterior para falar ao exterior. Nos convencemos  que algo maior, divino, nos leva a mostrar para os outros seres humanos algo que eles precisam e não sabem. Mas na verdade, na maioria das vezes e na maior parte do tempo, somos somente nós, falando algo que nasceu dentro de nós, a nós mesmos. Um dia, porém, se existe em nós alguma lucidez, alguma maturidade, nos cansamos, a mentira sempre cansa, a ilusão sempre entedia, o engano cria um loop que desgasta a alma e leva à lugar algum.
      Deus nos usa enquanto estamos exercendo essa catarse egocêntrica? Sim, com certeza, muitos homens ilustres, brilhantes, famosos e que ajudaram muita gente se encontravam nesse processo, mesmo escritores bíblicos como Moisés, Davi, Elias e Paulo, pra citar alguns. Se não fosse assim Deus não poderia usar ninguém, chamar nenhum pastor, levantar nenhum pregador, para alimentar seus filhos, os pequeninos do Senhor tão carentes de alimento espiritual. Dessa forma, o esclarecimento mínimo que um profeta de Deus precisa ter é que a princípio ele fala a si mesmo. Orando, estudando a Bíblia, ouvindo outros púlpitos e observando a vida real, ele percebe seus limites, suas fraquezas, suas necessidades, é influenciado pelo Espírito Santo, e se ensina. Sim, influenciado pelo Espírito Santo, porque Deus na sua graça vê a necessidade e atende, mesmo ao cego e fraco, mas que o busca com todo o seu coração e entendimento. 
      A verdade é que a catarse só acaba mesmo na morte do corpo, enquanto isso um fogo intenso alimentado por uma necessidade de atenção, de valorização, de aprovação, necessidade que adquirimos sendo injustiçados pelos homens, dentre eles nós mesmos, queima e nos faz falar e falar. Tentamos nos convencer que não precisamos provar nada a ninguém, mas isso já é querer provar alguma coisa. Tentamos nos convencer que não dependemos de ninguém, mas se há a necessidade de provar isso é porque na verdade nos sentimos extremamente dependentes dos outros. Tentamos convencer a todos que somos fortes, bonitos, originais, importantes, enfim, singulares, enquanto fazemos as mesmas coisas que os outros fazem, somos plural para sermos reconhecidos por outros que também são. Entenda que esse discurso não é necessariamente verbalizado ou convertido em texto, muitos são calados, tímidos, pouco falam de si mesmos, mas suas atitudes mostram que são pessoas que estão sempre tentando convencerem-se de algo que não são.
      Só ouvimos verdadeiramente a voz do Espírito Santo no silêncio, todavia, calar a alma talvez seja a coisa mais difícil que um ser humano possa fazer. É muito mais que parar de falar (ou de escrever...), de silenciar a boca diante dos homens, é não achar mais legitimidade em qualquer argumento, em qualquer explicação, em qualquer discurso, em qualquer emoção ou razão, é não buscar mais justificativas, desculpas, culpas ou créditos. É entender a pequenez do homem, sua impotência, sua insignificância, abrindo mão de todo orgulho próprio que faça-nos achar que temos algum direito. Veja que isso vai no caminho contrário de uma das bandeiras mais fortes da agenda do diabo atualmente, quando ele empodera o indivíduo e dá a ele todos os direitos só por ser indivíduo. Deus ama o homem, mas não o mima, Deus sabe do valor que cada ser humano tem, é quer fazê-lo feliz dando a ele liberdade para ser seu melhor, contudo, o empoderamento que Deus dá é através de Jesus. 
      Jesus deve ser empoderado em cada indivíduo para que o homem seja forte. Todavia, o indivíduo só experimenta a fortaleza de um Cristo todo poderoso vivendo nele, quando assume sua fraqueza e dependência total de Deus. Calar, dar um fim, talvez a todo um discurso, que por anos nos motivou e nos fez ser importantes, nos acharmos especiais, mas que na verdade era só catarse, nosso ego falando e falando, mas nunca parando para ouvir, seja os outros ou Deus. Nesse equívoco muitos se acham mestres, sábios, dignos de respeito e com direito de não respeitarem outros, mas tudo sempre foi só catarse, que Deus até usou, por pura misericórdia, mas que ainda assim era só um esboço grotesco da verdadeira palavra de Deus. Talvez eu e você tenhamos chegado a lugares altos, falando a nós mesmos sobre nós mesmos, mas o Senhor tem algo muito maior para nós, Deus quer nos ensinar sobre ele mesmo, sobre suas virtudes, sobre sua santidade, sobre sua divindade.
      Abramos mão daquilo que pensamos sobre isso ou aquilo, sobre o que achamos disso ou daquilo, abramos mão da nossa intelectualidade e espiritualidade, no fundo só somos entregadores de palavra humana, nisso, muitos querendo liberdade e serem donos de um conhecimento especial, acabam sendo manipulados e usados. Silenciemos nossas almas, as tantas vozes que falam dentro de nós para nós mesmos, deixemos que a voz preciosa e única do Espírito Santo se revele, uma voz mansa e educada que só fala quando as outras se calam. Eu, você, o mundo, temos ouvido vozes demais, tantas soluções, religiões, ideologias, na TV, na internet, nas redes sociais, elas não podem salvar, curar, libertar, colocar o homem no lugar melhor. O melhor lugar é nas mãos de Deus e esse lugar só achamos quando nos calamos e obedecemos a voz do Espírito Santo. A catarse, no máximo, nos esclarece sobre o problema, a solução, contudo, só a voz de Jesus pode revelar.

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catarse
substantivo feminino
  1. 1. 
    na religião, medicina e filosofia da Antiguidade grega, libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe.
  2. 2. 
    ESTÉTICATEATRO
    purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.
  3. 3. 
    MEDICINA
    evacuação dos intestinos.
  4. 4. 
    PSICANÁLISE
    operação de trazer à consciência estados afetivos e lembranças recalcadas no inconsciente, liberando o paciente de sintomas e neuroses associadas a este bloqueio.
  5. 5. 
    PSICOLOGIA
    liberação de emoções ou tensões reprimidas, comparável a uma ab-reação.
  6. 6. 
    PSICOLOGIA
    efeito liberador produzido pela encenação de certas ações, esp. as que fazem apelo ao medo e à raiva.
Origem
⊙ ETIM gr. kátharsis,eōs 'purificação, purgação; mênstruo; alívio da alma pela satisfação de uma necessidade moral'
Fonte: “catarse significado” dicionário Google

05/11/18

A cultura do fácil e gratuito

      Infelizmente, uma geração mal educada prefere o fácil e o gratuito, isso nas várias áreas da vida. Não me entenda errado, não estou sendo insensível com o desemprego e a diminuição de poder aquisitivo da grande maioria de brasileiros, atualmente. Em minha área profissional, sou um promotor da tecnologia musical acessível que gere trabalho, nas mãos de quem quer trabalhar, e que não custe caro. Ter o caro só por status, é vaidade burra e só promove mais vaidade. Contudo, acessível não significa de graça, é inteligente procurarmos o melhor por menos, mas conscientes que as coisas têm um preço, porque custou algo para alguém fazê-las. 
      É claro que governos, políticos e ideologias mal intencionados, têm interesse nessa cultura do fácil e gratuito, quem não paga, não pode exigir e tem que se submeter a quem dá sem cobrar. Sim, o cidadão paga impostos, e no Brasil não são pequenos, isso lhe dá direito de receber do governo certos serviços, como infraestrutura, água, luz, saneamento, vias públicas, etc. Mas precisamos entender que o melhor direito que um governo deveria dar aos cidadãos é a possibilidade deles trabalharem e receberem um justo retorno financeiro, de posse disso pode-se pagar pelo que se precisa.
      Assim, que se valorize o mérito de cada um de se esforçar, estudar e trabalhar, para então adquirir direitos, independentemente de raça, cor de pele, sexualidade, credo, etc. Receber só por ser vítima, sem ter que dar nada em troca, deveria ser um direito restrito a exceções. Os mal intencionados, todavia, atualmente inventam vitimizações, aparentemente para empoderar o indivíduo, mas na prática para enfraquecê-lo e poder manipula-lo. Uma geração é mimada pelo estado e pelos pais, recebendo muita coisa de graça, assim não aprende a pagar preços. Quando enfim precisa ter independência e pagar pela vida, sente-se injustiçada e falta com respeito com o profissionalismo alheio.
      Se achando mais do que são e achando os outros menos do que são, muitos apelam para a criminalidade, roubar é o jeito de se ter sem pagar. Essa reflexão é um chamado de atenção, em primeiro lugar a outros como eu, pais. Criemos nossos filhos de perto, não deleguemos isso a ninguém, também não os mimemos, ensinemos que a vida tem preços. Em segundo lugar é um chamado de atenção aos jovens, cuidado com o que vem de graça, no mundo físico é preciso trabalho para se conquistar as coisas com honestidade, mas isso nos confere uma honra e uma felicidade sem preços. A vida não é fácil, pra ninguém, assim não julguemos ninguém, todos pagamos nossos preços como adultos e livres. De graça só a vida eterna e o perdão, que Deus nos dá pelo nome de seu filho Jesus Cristo.

04/11/18

Uma palavra de Deus

      “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.” Salmos 119.9-12

      Em maio de 2011 senti de Deus, de maneira bem clara e confirmada, de começar a compartilhar reflexões cristãs diárias num espaço virtual, assim nasceu o blog “Como o ar que respiro”. Em quase oito anos de existência, já postei aqui quase 3.000 reflexões, já foram feitos mais de 225.000 acessos a elas, uma média de 100 por dia, a grande maioria, como você, leitores discretos e silenciosos, mas que de alguma forma têm achado neste espaço uma palavra legítima.
      Até o ano passado, chegava a programar até 60 postagens, textos que escrevia até 60 dias antes de serem disponibilizados no blog, mas no final de 2017 quase que me decidi por não fazer mais posts diários, mas só três por semana. Com o tempo todo pregador, e me permitam me colocar assim, por favor, se torna repetitivo. O Espírito Santo, todavia, agiu de forma diferente daquilo que eu pensava, e me fez depender mais ainda dele na administração do blog.
      Desde o começo deste ano, 2018, via de regra, tenho escrito uma reflexão por dia, programando num dia o que sairá no dia seguinte. Depois de escrever tanta coisa, constatei algo maravilhoso neste ano, registrei os melhores textos já postados aqui, em minha opinião. Dessa forma, já no final do ano, registrando a 309a. reflexão de 2018, quero agradecer a Deus. Não, os textos compartilhados aqui não são ficção humana, invenção de homem, doutrinamento ou religiosidade, são experiências de um ser humano tentando caminhar mais perto de Jesus. 
      Olho pra dentro de mim, acho Deus e meu ego, olho para o alto, vejo o universo e Deus, olho para fora e para os lados, vejo o mundo, o homem, o diabo e Deus, assim, não posso deixar de dar prioridade ao Senhor, ele é onipresente e onipotente, eterno e absolutamente justo e amoroso. Não pense que o cânone bíblico está isento de humanidade, não está, e é bom que seja assim, desse jeito dependemos do Espírito Santo, não de obedecer cegamente regras escritas. Assim, as palavras de todos os púlpitos, físicos ou virtuais, pentecostais ou tradicionais, a nós cabe analiza-las e reter delas o que é bom.
      Mas o cristão, temente, sincero, humilde, sempre achará uma palavra de Deus para alimentar sua alma e seu espírito, achará o consolo que lhe dê esperança, o alimento que lhe forneça forças, a verdadeira unção do Espírito Santo que faz dele não só mais um mero religioso, mas um filho legítimo do único e verdadeiro Deus. Que esse Deus alimente a todos nós, a mim e a você, com a sua palavra, sem ela nada somos, uma palavra viva, renovadora, sábia, que enche o nosso interior de um bom espanto, de uma surpresa especial, quando constatamos que Deus existe e está sempre perto daqueles que nele confiam.

      "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10.17

03/11/18

Esperança, sim, mas sem ilusões

      “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.” Efésios 5.11-17

      Desde o movimento “diretas já”, no início dos anos 1980, que desencadeou no primeiro presidente eleito desde o início da ditadura militar nos anos 1960, que eu não sentia tanto otimismo na política do Brasil. Nem a pessoa de Fernando Henrique Cardoso, como ministro da economia e depois como presidente, tirando o país de uma inflação cósmica, mexeu com meu coração como mexeu a vitória do nosso novo presidente. Achei que não viveria pra ver os princípios cristãos revalorizados, justamente depois que os anti-cristãos (entenda você como achar melhor) estavam tendo tanto poder no Brasil. 
      A mídia, liderada pela perigosa Rede Globo, com um time de jornalistas profissionais que se não forem falsos, são ingênuos, ignorância sempre aprisiona os que negam a Deus mesmo que sejam cultos, estudados e informados, enfim, a mídia se coloca como incrédula. Ela não queria uma esquerda liderada por um líder sindical oriundo da classe baixa, nunca quis, uma esquerda mais centrada liderada por um intelectual como Fernando Henrique Cardoso e outros “tucanos”, para a mídia seria mais agradável. 
      A mídia, todavia, nunca quer a direita, a direita tem valores cristãos, assim a mídia mente, diz ser contra “fake news”, mas é quem mais cria interpretações tendenciosas para atacar a direita, sempre vendo nela aquilo que pode existir de pior. Não é interessante como a mídia não diz a mesma coisa da esquerda? Para ela a esquerda é sempre equilibrada, tolerante, não preconceituosa, já a direita é sempre extremista. Direita, esquerda, democracia, comunismo, enfim, é tudo coisa de homem, e mesmo que como cristãos nós nos sintamos esperançosos com o novo líder nacional, sabemos que ele tem defeitos, contudo, uma igreja imatura que teme a Deus, ainda é melhor que o mundo falsamente lúcido, mas inimigo do Senhor. 
      Eu estou otimista, talvez por ser só um músico romântico, não um estudioso de política, o presidente eleito está montando uma boa equipe, ministro da fazenda, da justiça e segurança pública, da tecnologia, e outros, podem colocar o país no eixo, prender os ladrões, dar emprego, segurança e saúde ao povo. Mas ainda assim, estejamos com os olhos em Deus, este mundo sempre será território do mal, e se por mais de 25 anos, existiu no Brasil uma esquerda engajada e uma direita que dormia, agora ambos os pólos estão acordados.
      Isso, infelizmente, só revela uma realidade perigosa, que tende a confrontos e que pode perder o controle e gerar violência. Dizemos por tantos anos que no Brasil não existe guerra, contudo, o ser humano que existe aqui é igual ao ser humano de tantos outros lugares do mundo, a caixa de pandora foi aberta, e isso não tem volta. Penso que o cuidado que o cristão mais deve ter, a partir de agora, é de não expressar sua opinião com qualquer espécie de animosidade, de agora em diante a sociedade brasileira estará sentada sobre bombas, prestes a explodirem, assim, mais vigilância é necessário. 
      Os que se acharem no direito de fazer ou falar o que querem, só porque têm alguém do seu “lado” no poder, podem se tornar tão irracionais quanto os do outro “lado”. Oremos, acreditemos, como cristãos, esperança deve ser nosso desejo, que vem de corações benignos e crentes, mas não nos iludamos, o mal é mau, só Deus é bom, e bem pleno, só na eternidade. Eu não creio que o fim esteja próximo, como muitos pensam, mas acredito que as peças ainda estão só se posicionando no tabuleiro, muito ainda há de acontecer é o que é ruim pode ainda ficar muito pior.
      Se a esquerda teve sua chance e não aproveitou, agora é hora da direita, contudo, a direita cristã se equivoca, tentando pacificar o mundo, esse mundo não é dos cristãos, nem os cristãos são dele. A esquerda, porém, baseada em ideologias que sempre foram contra Deus, por mais que mentindo, digam não serem contra religião, empoderam o indivíduo para tirar de Deus a relevância, se o mal errou agora, ele pode voltar, com mais astúcia. E nem adianta nos preparmos para isso, a Bíblia já nos alertou que o final será terrível para a Igreja e campo livre para o diabo, para os inimigos de Deus, e para muitos desses que hoje no Brasil parecem estar fracos e sem líder. Nos preparemos sempre, mas como indivíduos, como família, como igrejas locais, e fiquemos vigilantes quanto ao estado e seus governos, maldito o homem que confia no homem.

02/11/18

Sabedoria ou malícia?

      “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.Provérbios 9.8-9

      Não confunda sabedoria com malícia, alguns se acham sábios, mas são só maliciosos, a esses é sábio nem repreender, eles não aceitam conselhos e se tornam inimigos de quem tenta aconselha-los. O malicioso pensa se precaver contra a surpresa de um mal, vendo o mal em tudo, para ele, até que se prove o contrário, deve-se desconfiar de todos e de todos esperar o pior. 
      O sábio busca o bem, e porque tem um bom coração, acaba atraindo para si os benignos, assim não precisa andar sempre “armado”, na defensiva, mas é voluntarioso para abençoar, ele sempre busca ver o melhor nos outros. O malicioso atrai o confronto, o sábio desarma aquele com más intenções e planta a paz. 
      A malícia nasce na amargura, a sabedoria no amor, o malicioso envelhece antes do tempo e acaba só, o sábio se protege, mesmo sem saber, ainda na velhice terá no rosto um jovem semblante e sempre terá bons amigos que o defenda. O malicioso se acha mestre e nada sabe, o sábio é mestre sem pretender.
      O malicioso se cansa, o sábio acha descanso, o malicioso não confiará nem em Deus, se começou no caminho do evangelho, com o tempo se desviará. O sábio achará consolo e honra no Senhor, se manterá puro mesmo com o passar dos anos, e terá um coração sempre aberto para a esperança, malícia conduz à morte e à arrogância, sabedoria leva à vida e vida eterna com Deus.

01/11/18

Integridade humilde

      “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno.” Mateus 18.8-9

      Eis um dos textos, na minha opinião, mais lúcidos e reveladores da Bíblia, e que pode levar o cristão a amadurecer de fato. Se você entendê-lo bem, verá que se opõe a muitas teologias triunfalistas e de prosperidade pregadas por hereges. Amo esse texto, é uma palavra de consolo e vitória. Muitos, não abrindo mão do orgulho, querem seguir completos, com tudo o que acham que têm direito. Para manterem essa falsa integridade, quando percebem que a verdadeira palavra de Deus, a Bíblia interpretada pelo Espírito Santo, não apoia suas vontades, querendo ainda assim serem chamados de cristãos, buscam o largo caminho da heresia dentro. Sim, o largo caminho de desvio que o diabo hoje mais usa, não é o do mundo e seus prazeres, mas o da heresia dentro de igrejas. Eu disse falsa integridade porque em muitos casos, nos mantermos inteiros, é só uma aparência que queremos exibir para os outros e por pura vaidade, na prática, lá dentro, estamos aos cacos, totalmente desintegrados.
      O que Jesus quis dizer exatamente com “se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno”? O ideal seria todos nós entrarmos no céu com os dois olhos, e acredite, Deus quer isso para todos. Mas o limite quem põe somos nós, não Deus, muitos de nós somos tentados pelas nossas capacidades a dependermos de nós mesmos, não de Deus, a nos impormos diante dos outros por isso, ao invés de tratarmos todos com respeito e igualdade. Assim, inteiros, podemos conseguir muitas coisas, nas áreas intelectuais e profissionais, menos sermos homens espirituais à imagem de Cristo. Aliás, Cristo encarnado foi o único homem realmente íntegro, do seu nascimento até sua morte na cruz, ele compensou todos os direitos que tinha, todos os poderes que tinha, todas as virtudes, em todas às áreas, que tinha, com uma atitude sempre mansa. Por isso ele conseguiu viver, morrer e ressuscitar sem pecado e tornar-se o redentor de toda a humanidade.
      Mas o que significa “melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno”? Não, o texto não se refere aos membros físicos, não necessariamente, a coxo ou aleijado por falta de uma mão ou de um pé. O ensinamento diz respeito a direitos, é melhor abrirmos mão de certos direitos, que teimosamente mantê-los e pecar, contra nós mesmos, contra os outros e contra Deus. Infelizmente, e quanto antes entendemos e assumirmos isso, melhor, muitos de nós não podem se dar ao luxo de exercer certos direitos, direitos que outros conseguem administrar sem pecar. O ensinamento fala de direitos e de limites, muitas coisas podemos fazer, e temos até mais competência para fazer que muitos outros, contudo, se fazendo isso nós pecamos, recorrentemente, é melhor não fazermos, reconhecermos que temos um limite e não podemos ultrapassa-lo. Insistir é continuar imaturo, infantil, e se isso ocorre, começamos a inventar desculpas, mentimos para esconder os efeitos colaterais horríveis de algo que a princípio era até algo positivo, tudo na tentativa de manter uma falsa integridade.
      Assim, busquemos a integridade, mas aquela que opera em nós humildade. Muitos de nós, e eu sou um desses, só somos inteiros, participando menos de certas coisas, falando menos mesmo sobre assuntos que conhecemos bastante, exercendo menos nosso potencial intelectual, achamos a melhor integridade assumindo que temos uma “mão”, um “pé”, um “olho” a menos. É triste ver gente com dois “olhos” tendo projeção no mundo, conquistando sucesso profissional, tendo honra entre os homens, mas sendo crianças diante de Deus, machucando as pessoas, tendo vidas íntimas solitárias e frustradas. Talvez, para esses, fosse melhor abrir mão de certas coisas, passageiras, terrenas, para poder usufruir de outras, eternas e espirituais. E você, qual o “pé” que precisa cortar? Qual “mão”, precisa jogar fora? Qual “olho” necessita parar de usar para não causar mais mal? Não insista em tentar achar coesão numa mentira, integridade na vaidade, enquanto seu mundo desmorona, aceite seus limites, seja feliz e faça os outros menos infelizes, essa é a vontade do Senhor para as nossas vidas. Deus tenha misericórdia de todos nós.

31/10/18

O Espírito Santo de Deus em nós

      “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.Gálatas 4.6

      O filho de Deus tem nele, em sua parte espiritual mais íntima, o Espírito Santo de Deus, essa posse não tem quem somente quer ou paga algum preço por isso, mas aqueles aos quais Deus dá. Deus dá quando há um desejo mental e emocional profundo, que mostra amor por Deus, adoração a ele acima de tudo, um posicionamento que busca, acredita e recebe mudança de vida. No mesmo coração que habita o Espírito Santo não habita rancor, não por muito tempo, não habita egoísmo, não para sempre, não habita ódio, não até a manhã do próximo dia. 
      Assim, se você está confuso, com o coração turbado, como as ondas de um mar açoitado por tempestade, mas se sabe que é filho de Deus, convertido e que já provou outras vezes a salvação do Senhor, procure dentro de ti, não desculpas para permanecer no orgulho, na vaidade, mas busque a pessoa do Espírito Santo. Então, silencie-se, e ouça a voz do Espírito, aquela voz mansa e certa que diz, pai, essa voz te conduzirá no melhor caminho e te dará forças para isso, essa voz e somente essa voz te colocará na presença do Senhor.
      Não tente continuar sozinho, fazendo as coisas do teu jeito, negando perdão imediato a alguns, aceitando teus limites que a tanto tempo você conhece, mas não assume. Abra mão de tentar resolver problemas que você não pode resolver, deixe tudo lá no altar de Deus, altar para o qual só o Espírito Santo pode nos conduzir. Depois disso, louve a Deus, com humildade, e caminhe em paz. Não negue aquilo de mais precioso e poderoso que foi dado a você por Deus, a pessoa do Espírito Santo, com ele você nunca está só, nem permanece para sempre impotente.

30/10/18

Esperança

      “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança; Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas.Hebreus 6.10-12

      Muitas vezes nos sentimos numa sala escura, olhando para um longo corredor, procurando lá na frente, um ponto de luz, que nos guie e nos tire da angústia. Para os que conhecem a Deus, momentos assim, por mais que se repitam, acabam depressa, após uma oração simples e objetiva ao Senhor. Sim, esses momentos se repetem porque a alma humana é frágil e pequeno vaso de barro, limitada para conter as promessas de Deus, dessa forma há necessidade de buscar ao Senhor em todo o tempo, sempre que nos sentimos na sala escura procurando a luz no fim do corredor. 
      Contudo, à medida que envelhecemos, que as paixões esfriam, que as ilusões se enfraquecem, que o corpo fragiliza-se e sente dificuldade para viver, a esperança parece se afastar mais no corredor...
      Assim, precisamos buscar mais a Deus, depender mais do Espírito Santo, sermos mais amigos de Jesus. O amigo nos entende, mesmo no silêncio, nos conhece nas mínimas coisas, e sabe de fato o que está em nossos corações. O amigo sempre acredita em nós, nos dá uma nova chance e acima de tudo, nos entrega generosamente esperança, um sentimento gostoso, um pensamento firme, que as coisas vão melhorar e que algo bom nos espera no final do corredor. Deus conhece os que confiam nele, assim, renovemos a cada dia a esperança que ele está no controle e nos guarda até o fim. 

        "O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele.Naum 1.7

29/10/18

Oremos pelo Brasil

      Uma eleição presidencial acabou, quem ganhou? Quem ganhou foi Deus, Deus sempre ganha, ganha a vontade soberana do Senhor, que administra o mundo material para todos, respeitando o livre arbítrio de cada um. Quando Lula e o PT ganharam a presidência, por várias vezes, Deus ganhou? Sim! Deus sempre ganha, repito. Lula teve uma oportunidade única, Deus respeitou a vontade do povo brasileiro e deu ao povo, através da democracia, um sistema em que ganha a vontade da maioria, mas para governar para todos, o presidente que o povo queria. Lula foi e é amado, e sempre será, por muitos, contudo, ele e o partido, como outros políticos e outros partidos, se corromperam, esqueceram-se de Deus, e mesmo do povo, pensaram no poder e num poder que permanecesse. 
      Deus dá, Deus tira, a honra que Luiz Inácio Lula da Silva experimentou converteu-se em vergonha. Sim, como sempre acontece com quem coloca sua confiança em homens e não em Deus, criaram um ídolo, e ídolo sempre está certo, mas quem adora ídolo torna-se igual a ele, se Deus é vivo, ídolo é morto, não tem boca, olhos ou ouvidos, e nem pés, quando se move é no andor dos tolos. Idólatra é surdo e cego, assim quando a verdade sobre o ídolo vem à tona, ele a chama de mentira, e quando a mentira sobre Deus é dita, ele a chama de verdade.
      Agora, a um novo homem, Deus dá a oportunidade, também respeitando a vontade da maioria do povo brasileiro. Não vou entrar no mérito de defender ninguém, de dizer que esse é melhor que aquele, mesmo que eu saiba que o marxismo, o comunismo, na prática já se mostrou inviável em várias partes do mundo, e se conquistou e manteve poder foi com violência, genocídios e manipulação das pessoas. Assim, a vitória neste momento foi mais que de um candidato contra outro, mas de princípios cristãos contra ideologias malignas, de uma proposta de administração em verdade e honesta contra uma velha ordem apodrecida pela corrupção e populismo sem Deus.
      Oremos pelo Brasil, pelo povo brasileiro e pelo novo presidente, que ele saiba aproveitar a oportunidade que Deus está dando, não só a um homem, mas aos valores cristãos tradicionais. Sim, esse valores precisam ouvir mais o Espírito Santo e respeitar todas as disposições sexuais, as mulheres, e principalmente os que não escolhem Jesus como salvador. Este mundo é para todos, e é assim que Deus permitirá, até que o tempo do julgamento chegue. Mas quem julga é Deus, não nós, mesmo que sejamos cristãos não temos, neste mundo, mais direito que ninguém. Um presidente é eleito para beneficiar a todos, homens e mulheres, brancos e negros, héteros e homossexuais, não petistas e petistas. Oremos por Jair Messias Bolsonaro, que ele seja humilde para por Deus acima de todos e corajoso para defender o Brasil acima de tudo.

        "O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele.Naum 1.7

28/10/18

Deus é bom

       “Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.Salmos 73.1

     Todos os que podem e querem, assim como muitos que precisam, mas não podem, como crianças, doentes e tantos fragelados pela crueldade e egoísmo humanos, provam da bondade de Deus, se não neste mundo, na eternidade. Seja no lugar e tempo que forem, quem coloca limite na experimentação do bondade de Deus, é o homem, não Deus. Os que podem são aqueles com lucidez intelectual suficiente para entenderem a necessidade básica do espírito humano, assim se fizerem a opção de aproximarem-se de Deus, provarão de sua bondade. 
      Os que precisam, e ainda assim não têm condições intelectuais de entenderem a bondade de Deus, como menores, deficientes mentais e tantos neste mundo que sofrem falta de suprimentos básicos para terem uma vida digna, também podem provar a bondade do Senhor. Contudo, muitos, que podem, que entendem, mas não buscam a Deus, preferindo as mentiras do diabo em religiões que cultuam entidades, ídolos, a natureza, os elementos, os astros, esses por mais e melhores obras que fizerem, por mais que forem bons cidadãos, não provarão a bondade de Deus, nem neste mundo, nem no vindouro. 
      E ninguém ache que existe legitimidade em julgar a bondade de Deus baseado no sofrimento que tantos vivenciam neste planeta, a culpa de tal dor é nossa, não do Senhor, existem coisas que nós temos que fazer, que é nossa responsabilidade, não de Deus. Os que sofrem por isso na inocência, terão no céu consolo e honra, contudo, os que fizeram esses sofrerem, serão julgados justamente pelo Senhor. Deus é bom aos que permitem que ele seja bom. Quanto a mim, só tenho que agradecer a Deus, sua bontade tem me guardado por toda a vida, a mim e à minha família. 
      Nada tem faltado, não só de provisão material, mas principalmente de misericórdia, de perdão, de fidelidade, que me dão muito mais que eu mereço. Por isso eu louvo ao Senhor, não escondo dele meu caminho, confesso meu pecado e quebranto meu coração em sua presença. Bom é andar com o bom Deus, que se revela pai amoroso daquele que permite que ele o trate como filho, seja na disciplina, seja na honra. Deus é bom, dá um novo dia após uma noite de angústia, dá esperança durante um deserto de provação, e se revela maravilhosamente bondoso no tempo certo para aqueles que se deixam ser pastoreados por ele, o bom pastor. Deus é bom!

      "O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele." Naum 1.7

27/10/18

Escravos ou servos?

      “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre. E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas.Efésios 6.5-9

      No texto inicial da carta aos Efésios, Paulo, junto de orientações a outras classe sociais, admoesta servos e senhores. Primeiro é importante falar de algo que é claro na Bíblia, mas ainda assim muitos não ligam os pontos. Havia sociedade, nos tempos bíblicos, no antigo testamento, na época de Jesus e na época de Paulo, o sistema de escravatura, não era igual sistema que trazia africanos para o Brasil, e outras partes do mundo, durante o período colonial e imperial, eram coisas tecnicamente diferentes. Grosso modo, eram submetidos à escravidão na antiguidade, aqueles que perdiam guerras, assim eram despojos, usados em vários serviços pela nação vencedera, inclusive atividades bem nobres, vejam o exemplo de Daniel. Já na escravidão de africanos, esse eram considerados inferiores e eram úteis nos trabalhos braçais, principalmente na agricultura. 
      Esse assunto merece um estudo bem mais profundo, de uma forma ou de outra, escravo é alguém que é propriedade de outra pessoa, pode ser comercializado como um animal, ou imóvel ou uma terra. Contudo, o que precisamos entender é que tanto Jesus quanto Paulo, e os outros escritores do novo testamento, nunca se opuseram a essa prática, que hoje consideramos odionda. Ao contrário, Paulo orienta escravos, que a tradução chama convenientemente de servos, a serem bons escravos. Mas Paulo orienta também os senhores, os donos de escravos, a serem bons senhores, a tratar servos sem violência, a parte boa é que espiritualmente, o evangelho não diferencia senhor e servo. Ambos podem ser salvos e diante de Deus são iguais, com os mesmos direitos de redenção por Cristo e proteção de Deus.
      Assim, quem não ainda aceitou, aceite, a Bíblia tem ensinamentos atemporais e gerais? Sim, mas nem tudo o que está na Bíblia e que é ensinado como regra, deve ser obedecido nos dias de hoje. Lembro que as mulheres tinhas poucos direitos a mais que os escravos, nos tempos do novo testamento, e nem Cristo, nem os apóstolos, sem pronunciaram contra isso, ao contrário, Paulo orienta que as mulheres fiquem caladas nos cultos (I Coríntios 14.34-35) e que se submetam aos seus maridos. É isso que o Espírito Santo nos ensina hoje em dia? Não! E talvez daqui a cem anos, se a humanidade existir como a conhecemos nos dias de hoje, o Espírito Santo abrirá nossas mentes e corações para agirmo de forma ainda mais diferente, em relação a alguns temas polêmicos atualmente. 
      Não, isso não é o pecado vencendo, mas é o amor nos ensinando, o amor que ficará quando muitos dons espirituais não mais forem necessários. Assim, se queremos entender todos os ensinamentos maravilhosos da Bíblia, todas as histórias, estórias, personagens e mitos, busquemos ajuda do Espírito Santo, o Espírito é vivo, mas a palavra, mesmo bíblica, sem o Espírito, é inútil podendo conduzir mesmo a heresias e preconceitos. Por que tantos se equivocam e usam a Bíblia como base? Ociosidade, ou, preguiça, intelectual e espiritual, ler e obedecer cegamente é fácil, mas conhecer os mistérios de Deus em oração, requer trabalho, requer consagração, requer coragem para depois viver o que se aprendeu, mesmo não sendo aquilo quemos ociosos vivem.
        Vou fazer agora uma ligação entre esta reflexão e a reflexão de ontem, “Ação de bem” (se não leu, por favor, leia), agir e reagir como cristão tem a ver com entender a diferença entre ser escravo de obrigações e servo de Deus. O que o texto de Paulo nos ensina, mesmo se referindo a um costume social que não existe mais nos dias de hoje e é rejeitado em alto e bom som? O Espírito Santo nos ensina através de Paulo sobre o espírito que devemos fazer as coisas na sociedade, na igreja, na família: “Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens.”. 
      A Bíblia é maravilhosa, se a interpretarmos pela ótica do Espírito Santo que inspirou os homens, não pela ótica dos próprios homens que a escreveram, e que talvez nem tivessem noção da profundidade, e sim, atemporalidade de seus textos. As sociedades mudarão, e nem se engane achando que a sociedade atual é algum suprasumo, ele também mudará e muita coisa pregada hoje como modernidade, como alto nível moral, com tolerância e liberdade, se mostrará, repito, se houver tempo, pouco, limitado, retrógrado. Todavia, a Bíblia será lida daqui a mil anos, e com a interpretação do Espírito Santo, os homens acharão nela sabedoria exclusiva, consolo, salvação e discernimento para viver neste mundo e na eternidade.
      Escravo do homem ou servo de Deus, o que somos? Isso vai definir com qual espírito fazemos as coisas, com estupidez ou com amor, e entendamos que isso é indiferentente de sermos ou não escravos de compromissos, de deveres, mesmo de chefes injustos que nos tratam, mesmo nos dias atuais, como escravos, não como colaboradores. Se a carga está pesada, fale diretamente com Deus, peça para ele por mão no assunto, mas não se indisponha com os homens. O que serve a Deus faz sempre o seu melhor para Deus e espera dele, e somente dele, a honra, o que serve a Deus é livre, mesmo num mundo injusto e que pensa nos acorrentar, “Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.”.

26/10/18

Ação de bem

      “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” Gálatas 6.9-10

      Nem sempre reagimos com benignidade, com a paciência e o amor que devem ser virtudes comuns de um cristão. Algumas coisas não justificam, mas explicam uma reação errada: somos pegos de surpresa, às vezes num momento que não estamos bem, e muitas vezes para reagir a pessoas e situações que já temos alguns preconceitos ruins. Contudo, se não reagimos bem sempre e com todos, precisamos, ao menos, agir de forma correta, principalmente em nossas áreas profissionais, pelo menos na maior parte das vezes. Reagir é responder à iniciativa de outro, agir é tomar a iniciativa para fazer algo, assim, pressupõem-se que temos mais tempo para nos preparar.
      Recentemente precisei usar um serviço médico mais popular, desses gratuítos do governo ou que se paga bem menos que o que pagaríamos num serviço particular de fato. Foi uma experiência triste, mas muito educativa, senti na pele o que a maioria da população brasileira, com menor poder aquisitivo, sofre, fui atendido com total insensibilidade, mesmo, grosseria. Experimentei um profissional agindo de maneira errada, só segui com a consulta porque fazia parte do protocolo de obtenção de remédio na farmácia de alto custo da prefeitura de minha cidade, assim só precisava que o  tal “profissional” preenchesse os papéis, por isso usei um serviço que me custou 5% do valor de uma consulta particular. 
      Na vida, existe mais eficiência, tomar um mau exemplo, não para demonizar o errado, mas para usa-lo como referência para nos acertarmos, e isso não para nos acharmos melhores que o errado, mas refletir se, por exemplo em nosso campo de trabalho, estamos ou não agindo da mesma maneira. Naquela consulta havia de um lado, um homem empoderado por uma profissão já tradicionalmente cheia de poder, a medicina, e no outro lado alguém fragilizado, quem procura um médico, salvo gestantes e acompanhamento pediátrico, sempre está em situação de doente. 
    Se todos os profissionais precisam agir como profissionais, muito mais médicos e outros da área de saúde, por isso estudam muito, uma formação acadêmica longa e cara, e ganham (ou pelo menos ganhavam) mais que a maioria. Assim, um médico que trabalha sem amor, submete os seres humanos a um duplo sofrimento. Psiquiatras e psicólogos devem ter mais cuidado ainda, trabalham com seres humanos com dificuldade muito maior em conviver com sociedade e realidade, enfim... Mas vou tomar a lição pra mim, não jogar pedras nos outros e verificar se meu teto não é de vidro, ser um cristão que age e reage do jeito adequado ao cristianismo.
      Não façamos sofrer ninguém, mesmo o que merece, mas muito mais quem precisa da gente, que vem até nós na falta, mesmo na fraqueza, esses não são só pessoas precisando de auxílio. Se alguém necessita de algo que temos com certa exclusividade, existe uma relação, permitida por Deus, de pastor e ovelha, e isso é algo tremendamente sério e carregado de responsabilidade. O que podemos dar de bom e não damos, será muito mais cobrado de nós que aquilo de ruim que damos numa reação, sonegar o bem de forma pensada, é pior que cometer o mal numa surpresa, quando estamos despreparados. 
      Cuidado, você é muito especial, e por mais que não pense assim, ou que os outros não te vejam assim, Deus deu a você algo muito importante que é exatamente aquilo que alguém mais precisa, talvez, para continuar vivendo. Todos temos uma missão, e vivendo no temor do Senhor, na hora e no lugar certos, nós a cumpriremos, mesmo que seja no último momento de nossas curtas existências. Contudo, não sabemos quando isso acontecerá, asssim vigiemos, com respeito por nós mesmos, mas também respeitando o outro, principalmente aqueles pequeninos de Deus, para que saibamos como tratar a todos, seja na ação, seja na reação.

25/10/18

Só Cristo salva!

      “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” João 1.12-13

      Só Cristo salva, verdade simples, tão básico, verdade que entendi aos dezesseis anos, em 1976, quando me converti ao cristianismo. Infelizmente, atualmente, o evangelho pregado por muitos púlpitos não confronta mais, não diz claramente, é preciso que haja salvação, e isso só é experimentado com uma experiência poderosa que muda a vida so ser humano para sempre. Não basta fazer parte de uma igreja, frequentar cultos, se portar externamente como um evangélico, é preciso ser filho de Deus. Ganhar essa filiação é um acontecimento poderoso que ocorre através de duas ações definidas e objetivas: o homem crê e Deus aceita essa fé, verificando nela intermediação correta. 
      Só pode ser através de Jesus, quem o recebe, recebe salvação e nasce novamente, não da vontade de homem ou ser espiritual, mas de Deus. É uma experiência tão singular que o apóstolo João descreve como um novo nascimento, a vida começa novamente, sem que haja necessidade de morte na carne, de reencarnação, o corpo é o mesmo, mas o espírito agora está ungido com o Santo Espírito de Deus. Nisso o homem passa a ver a vida diferente, ter prioridades diferentes, tem a paz que nunca teve é experimenta receber e dar perdão, de graça, com simplicidade, joga fora o pecado e não o leva mais consigo. 
      Quantos enganados em muitas igrejas atualmente, muitos nem salvos são, outros forçados à imaturidade, porque os líderes hereges sabem que cristãos maduros não podem ser manipulados e explorados. Infelizmente, nestes últimos tempos, a maioria que consegue ficar em tantas igrejas ou é constituída de imaturos ou de religiosos, os que realmente crescem, não acham alimento digno nos púlpitos desviados. Mas aos que ainda guardam  alguma lucidez espiritual cabe pregar, com sabedoria e humildade: só Cristo salva, só na salvação há filiação a Deus e só os filhos são de fato cristãos.

24/10/18

No final, permanece o amor

      “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.12-13

      Algo bom que constatamos, depois que o temporal passa, depois que a revolta pela injustiça e pela mentira se acalma, é que no coração do verdadeiro filho de Deus, daquele teme o Senhor e o segue de perto, o que fica é o amor, manifestado de várias maneiras. Nas lembranças só permanecem as coisas boas, os registros ruins são deletadas, a porta do coração torna a se abrir, e um novo dia é vislumbrado, onde se esquece o mal que ocorreu e se acredita que novas e melhores coisas podem acontecer. 
      Infelizmente, relações humanas são ruas de mão dupla, não depende só de um lado, mas o cristão maduro terá esperança, quererá o bem, de quem o decepcionou, orará por ele, e seguirá em paz. No coração do verdadeiro filho de Deus, o amor sempre vence e transborda, sem mágoa, sem rancor, e principalmente, sem vingança, mesmo as mais sutis e persistentes. O que ocorreu de desagradável  simplesmente não é falado mais, e isso é sábio, antes coração e boca se ocupam de abençoar os homens e adorar a Deus.

23/10/18

O perdão mais difícil

      “O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no Senhor prosperará. O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.” Provérbios 28.25-26

      Não pense que o que nos agonia mais nesta vida, é a injustiça que sofremos do outros, o perdão que os outros não nos dão, que isso nos faz sofrer mais que tudo. Mesmo quando outros, aparentemente, estão envolvidos numa questão, o que nos frustra mais não é não ser entendido pelos outros, mas  o fato de termos nos mostrado fracos diante desses. Ficamos frustrados por termos errado na frente dos outros e termos revelado para eles que não somos tão fortes, tão espirituais, tão virtuosos, como queríamos que eles pensassem que somos. O que nos angústia não é o erro em si, mas a nossa vaidade ferida. Erro cometido em segredo, por maior que o achemos, não nos tortura tanto, mesmo que tenha machucado profundamente o Espírito Santo. 
      Somos assim, orgulhosos, nos importando muito com que os outros pensam que com o que Deus sabe, e temos dificuldades de nos perdoar quando o outro vê nossa fraqueza. Deus, para nos quebrantar, para que amadureçamos, para nos curar, pode permitir que passemos vergonha pública para que esse orgulho seja quebrado, e entendamos que o perdão de Deus basta para que tenhamos paz. De posse desse perdão seguimos baseados em Deus, não nos outros e muito menos, e principalmente, em nós mesmos. Abramos mão do orgulho, da aparência, da opinião alheia, e nos escondamos debaixo da cruz, no nome de Jesus, sofrer por ter passado vergonha é vaidade, Deus perdoa, esquece e é muito maior que os homens ou que o nosso ego.

      “Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” João 2.24-25

22/10/18

Confiar em Deus

      “O Senhor te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te proteja. Envie-te socorro do seu santuário, e te sustenha de Sião. Lembre-se de todas as tuas ofertas, e aceite os teus holocaustos. Conceda-te conforme o desejo do teu coração, e cumpra todo o teu desígnio. Nós nos alegraremos pela tua salvação, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões; satisfaça o Senhor todas as tuas petições. 
      Agora sei que o Senhor salva o seu ungido; ele lhe responderá lá do seu santo céu, com a força salvadora da sua destra. Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus. Uns encurvam-se e caem, mas nós nos erguemos e ficamos de pé. Salva-nos, Senhor; ouça-nos o Rei quando clamarmos.” 
Salmos 20

      (O Salmo 20 é uma promessa de bênção, se você realmente confia em Deus, tome-o pra você, mas o que é confiar em Deus?) Confiar em Deus é abrir mão de aparências, de retornos imediatos, de reconhecimento humano, de “carros” e “cavalos”. 
      Abrir mão de aparência é não dar atenção àquilo que as pessoas veem em você, interpretam de você através do exterior, não daquilo que você é de fato em seu coração, a verdade sobre você que Deus conhece e aprova. Abrir mão de retornos imediatos é não perder a paz por ter sido injustiçado por uma casualidade, por um engano que parece verdade para aqueles que realmente não andam na luz, aqueles que se fortalecem na mentira que dizem a si mesmos e aos outros, antes é confiar que o tempo, do qual Deus é Senhor, descobre de todas as coisas o manto de trevas e revela quem de fato teme a Deus. Abrir mão do reconhecimento humano é não dar importância àquilo que a maioria pensa, mas é dispensar fama humana para receber do Senhor dos senhores a honra, seja neste mundo ou na eternidade, não importa, quem confia em Deus não se baseia no tempo.
      Cuidado, se dizemos que confiamos em Deus, mas apoiamos nossa segurança nos homens, se achamos forças e entendimento nas rodas, físicas ou virtuais, de “amigos”, se elegemos inimigos em comum para não admitirmos para nós mesmos que alguns nos desagradam simplesmente por dizerem uma verdade que nos tira de nossas zonas de conforto. Se isso acontece não estamos confiando em Deus, mas nas aparências, nos retornos imediatos e no reconhecimento humano.
      Confiar em Deus, verdadeiramente, tem um preço alto, abrir mão de vaidades e conhecer de fato a nós mesmos, só o Senhor nos conduz no caminho estreito da luz e da justiça, e só nesse caminho há paz, cura e vitória. Confiar em Deus não é fazer as coisas do nosso jeito e depois usar a fé como álibi para dizer que o Senhor é conosco. Mesmo que isso pareça nos dar segurança no presente, em algum momento do futuro veremos que estamos amarrados e sozinhos, sem todos aqueles falsos e cruéis que nos apoiaram na mentira, os “carros” e os “cavalos”. Confie em Deus agora, e pague o preço por isso, o preço de abrir mão, na verdade, não dos outros, mas de nós mesmos, a atenção dos outros nunca satisfaz um coração que não confia em Deus.

21/10/18

Na fraqueza eu te conheço e te adoro, oh Deus!

      Já refleti inúmeras vezes aqui, e tornarei ao assunto muitas outras vezes, com certeza, porque essa é uma das verdades fundamentais do evangelho: a profundidade e a extensão do quanto conhecemos e amamos a Deus estão diretamente relacionadas com o quanto assumimos nossas fraquezas e entendemos que fracos necessitamos mais do que nunca de andar próximos de Deus. Tenho pena dos que se acham fortes, suficientes e cheios de conhecimento, esses não provam do carinho exclusivo que existe no seio do Senhor. Posicionar-se como fraco, não é viver em pecado, mas saber que se vence o pecado somente por Deus.
      Eu podia citar aqui e estudar minuciosamente vários textos principalmente do apósotlo-teólogo Paulo, como II Coríntios 12.7-10, mas vou apenas deixar meu testemunho de vida, minha realidade, de um homem que agradece ao Senhor por tudo o que consegue realizar de bom, de construtivo, seja na área profissional ou na social, por quê? Porque sei que se Deus não tiver misericórdia de mim, e me conceder, não só saúde física, o que no meu caso já é de vital importância, mas também ânimo, vontade, inclinação, inspiração, esperança para sair da cama e enfrentar o dia, eu nada, absolutamente nada sou.
      Assim, meu coração é grato, não como escolha, mas como obrigação, e entenda certo, no meu caso, o termo obrigação. Não é um dever frio, como que fazendo por ser obrigado, sem sentir nada por isso, não, é a obrigação de coração, de alma, com todo o sentimento e pensamento, de adorar a Deus por me permitir mais um instante de vida para ser útil de alguma maneira neste mundo, no meio cristão, é principalmente, em minha família, com minha esposa, filhas é mãe, e ai de mim se não agradecer ao Senhor por tudo o que sou e tenho sempre.
      Não posso deixar de louvar a Deus em nenhum momento, e cada porção de trabalho que eu realizo, o faço porque Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou por mim, me amando antes que eu o amasse, sendo fiel, mesmo quando eu não sou, me dando um final de vida realizado com a mulher que eu sempre precisei e com os frutos de honra dupla nas vidas de milhas filhas, bênção que eu não mereço. Deus é bom, louvem-no todos os povos, Deus é rocha, imutável, eterno, vivo e maravilhoso, rendam-lhe glórias todos os seres espirituais nas alturas, esperem em ti os homens realmente humildes e simples de coração. Deus e só Deus coloca os que o buscam em lugares altos e iluminados, onde não falta água, pão e paz.

20/10/18

Uma questão de ponto de vista

      "O servo do homem de Deus levantou-se bem cedo pela manhã e, quando saía, viu que uma tropa com cavalos e carros de guerra havia cercado a cidade. Então ele exclamou: "Ah, meu senhor! O que faremos? " O profeta respondeu: "Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles". E Eliseu orou: "Senhor, abre os olhos dele para que veja". Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu. Quando os arameus desceram na direção de Eliseu, ele orou ao Senhor: "Fere estes homens de cegueira". Então ele os feriu de cegueira, conforme Eliseu havia pedido." II Reis 6.15-18

      Leia versículos 8 ao 23 do capítulo 6 de II Reis, para saber os detalhes sobre o episódio narrado, vou dar um resumo sobre este corte da história. 
      A Síria se colocou em guerra contra Israel, mas o profeta Eliseu avisava o rei de Israel sobre quais lugares o exército inimigo estaria para que o rei de Israel se guardasse de estar neles, por isso o rei da Síria desagradou-se e mandou prender o profeta. O servo do profeta acordou numa manhã, viu o exército sírio e ficou com medo, então, Eliseu o acalmou dizendo que eram mais os que estavam com eles que os do exército inimigo. O exército da Síria então desceu do monte para pegar o profeta, mas se para seu servo Eliseu pediu a Deus que fossem abertos seus olhos espirituais, para os homens do exército sírio o profeta pediu que ficassem fisicamente cegos. Cegos, o profeta os guiou até o meio de Samaria, lá ele tornou a pedir a Deus que seus olhos fossem abertos, contudo, ele orientou o rei de Israel que não ferisse os homens, antes os alimentasse e os despedisse em paz. Por isso o rei da Síria não entrou mais em Israel, esse é o relato até o versículo 23.
      Vamos ao entendimento da lição espiritual e atemporal desse belo texto, que fala sobre pontos de vista, sobre visão física e espiritual, ótica de quem confia em Deus e de quem segue sozinho tentando aprisionar e calar profeta.Vejo quatro tipos de pessoas na passagem, em primeiro lugar o profeta Eliseu, homem espiritual e maduro, que vê além do que veem os olhos físicos, que evoluiu além do plano material, que de fato anda com Deus. Em segundo lugar tem o servo do profeta, um crente sincero, com uma visão física lúcida, mas ainda imaduro, caminha com Deus, mas via aparência física, não contemplava o mundo espiritual. Esse ainda precisava ser guiado, ensinado, o lado bom dele é que ele se colocava como aluno e confiava em seu mestre, o profeta. 
      Tem também o rei de Israel, apesar de estar numa posição importante diante do povo de Deu, era um homem imaturo espiritualmente, violento, precisava acatar o profeta, para não piorar a situação de guerra. Por último temos os exércitos inimigos do rei da Síria, fisicamente os mais poderosos e em mais quantidade, mas cegos sob todos os aspectos, físico e espiritual. Esses homens se achavam no controle, mas acabavam sendo guiados por outros e escapavam do pior pela bondade dos outros. Por não terem nenhuma vivência com Deus, por serem cegos espirituais, acabavam se equivocando em tudo, batendo cabeças e chegando a lugar nenhum. Por uma palavra de fé de um verdadeiro homem de Deus, todas as suas capacidades caiam por terra. 
      Agora, apliquemos o texto às nossa vidas, vamos entender o que o Espírito Santo tem para nos ensinar, façamos perguntas diretas a nós mesmos. Que tipo de pessoa eu sou? Até onde vai minha visão? É espiritual, é material? É religiosa, é política? Deus me guia ou sou guiado por outros, manipulado, mesmo sem saber? Qual é o meu ponto de vista principal da vida? Tenho coragem de ir contra a maioria para estar ao lado de Deus?
      Em Cristo, Deus nos chama para ter os olhos de Jesus encarnado, para olhar tudo com os olhos de Jesus. Ver uma mulher honrada em uma prostituta, ver um salvo no seio eterno de Deus em um criminoso condenado à crucificação, ver um apóstolo fundador de igrejas em um pescador bruto e impulsivo, ver um amoroso pai de família onde havia um jovem transtornado e perdido (esse último sou eu). Em Cristo Deus nos chama para ter os olhos do Espírito Santo, ver esperança, vitória, honra e portas abertas, onde parece haver morte, derrota, injustiça e oportunidades perdidas. Ver uma nova chance, um perdão renovador, um novo dia, um milagre, os anjos do Senhor nos cercando e nos protegendo, a alegria de um sonho que se torna real, o encanto de algo que parecia passado tornando-se presente. Ver que o evangelho não é teoria ou simples religião, mas algo poderoso que sempre é capaz de mudar nossas vidas para melhor.
      Muito pastor age como o rei de Israel, debaixo da disciplina de Deus pela afronta do rei da Síria, e alguns, na arrogância, nem dão ouvidos ao profeta e por isso sempre estão nos lugares errados, próximos aos ataques inimigos e humilhados por eles. Muitos “cristãos” vivem como o exército do rei da Síria, se fortalecem como “maria vai com as outras”, escondendo-se no meio da multidão buscando dela aprovação e honra, covardes para se colocarem ao lado de Deus, não pagando o preço da solidão e da injustiça, e no final das contas, sendo apenas cegos conduzidos por outros e dependentes da misericórdia alheia para não serem destruídos. Pouquíssimos Eliseus temos nos dias atuais, e os que existem são expulsos dos ministérios e nunca têm posição proeminente nas igrejas, só serão ouvidos quando a situação chegar a um estado crítico, momento que eu penso estar próximo.
      Quanto a mim, me coloco como o servo do profeta, estou pronto a prender, quero servir com o que tenho nas mãos, me esforço acordando cedo, mas ainda assim, em minha imaturidade, temo o exército inimigo não vendo que os que estão comigo são em muito maior número que os que estão contra mim, que o Senhor tenha misericórdia de todos nós.