quarta-feira, setembro 07, 2011

Nada de belo há no evangelho, aparentemente

Isaías 53, vou refletir um pouco sobre esse texto. “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.”, versículo 1 ao 3.
      Quem assistiu o filme “A paixão de Cristo” de Mel Gibson, apesar da película ser uma versão exagerada, mesmo para os padrões hollywoodianos, pode ter uma ideia de quanto sofria um homem crucificado durante o domínio do império romano no primeiro século. Não era uma coisa bonita de se ver, e com Jesus a coisa foi pior ainda, já que havia por trás de seu castigo todo o clima de inveja e de ódio das autoridades religiosas e políticas do povo judeu. Foi exatamente isso que o profeta Isaías antecipou em suas profecias, mais de setecentos anos antes.
      A obra redentora de Jesus não apresentou o evangelho como algo atraente, com a figura do redentor como alguém célebre, importante, que mostrasse, principalmente aos judeus, Cristo como alguém interessante de ser seguido. É assim até hoje, principalmente nos tempos atuais onde se fala tanto de valorizar a autoestima, de acreditar em si mesmo, de encantar os homens com triunfalismo e positivismo. O evangelho genuíno vai na contramão disso tudo.
      Se nós pretendemos seguir a Jesus, andar como ele andou, não podemos desejar que o mundo nos entenda, nos ache atraentes, concorde com nossa maneira de viver. Ao contrário, se a cultura do mundo está aprovando o cristão, esse cristão precisa rever, e urgentemente, a maneira como ele vive. Atualmente existe muito cristianismo de boutique, que prega só aquilo que parece “cool”, que está na moda, que na verdade agrada muito mais à nova era, e tudo aquilo que ela representa, do que ao evangelho verdadeiro. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”, Romanos 12:2.
      Continuando com Isaías 53, vejamos o versículo 4 ao 6: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.”.
      Não julguemos os judeus ou os romanos que crucificaram Jesus, eles eram representantes nossos, eram nossos procuradores legais. Cada um de nós crucificou a Jesus, quando pecou, peca e pecará, contra Deus, contra nós mesmos, contra os outros homens. Mas o mais terrível é que esse Jesus que nós desprezamos, açoitamos, humilhamos, enquanto sofria tudo isso, estava fazendo uma coisa: salvando-nos. Quer dizer, nós zombamos de alguém que estava trabalhando por nós, sofrendo por nós.
      “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.”, Isaías 53:7-9.
      Nada de belo havia na aparência externa do evangelho, e ainda não há, porque a obra do evangelho é operada no interior do coração humano. Enquanto o homem está sendo penalizado, sofrendo falta, sendo renegado a um nível desprezível, é aí que seu coração está sendo tratado por Deus, quebrado, moído, para então ser refeito, renovado, reconstruído à imagem e semelhança de seu Senhor.
      Porém, somente os que seguem a Deus de coração é que experimentam crescimento espiritual através de provação. O simples fato da pessoa estar sofrendo não faz dela alguém que está sendo provada por Deus. Mas seja como for, os triunfalistas e positivistas não pensam assim, se a aparência do homem é ruim, se ele não tem um bom salário, uma boa casa, um bom carro, então ele é um pária, um perdedor, algo errado ele deve estar fazendo ou  deve ter feito.
      “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.”, Isaías 53:10-12.
      O sofrimento que tem a aprovação de Deus, que tem sua legitimidade como provação do Senhor, esse leva o homem a uma grandiosa vitória no final. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”, II Coríntios 4:17. Mas cuidado, repito, não use o sofrimento como vanglória, achando que o passar por ele pode comprar algum favor de Deus. Na verdade o único sofrimento que comprou algo de Deus, foi o sofrimento de Cristo, adquiriu a salvação para todos os homens.

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