domingo, setembro 25, 2011

Falso cristianismo, a quem serve?

 Antes de começar o assunto, gostaria de dizer que não estou menosprezando aqui a fé de cada um, também não concordo com qualquer tipo de generalização que diz que por fazer parte dessa religião, seita ou linha do cristianismo, a pessoa está sumariamente ligada ou desligada de Deus. Deus conhece a sinceridade de cada pessoa, e eu acredito que existam filhos de Deus, e quando digo filhos me refiro àqueles que escolheram ser filhos, em muitos lugares e de várias maneiras. Somente no fim dos tempos é que será revelado o destino de cada indivíduo, de acordo com aquilo que cada um fez neste mundo. Gostaria de dizer também que quando uso o termo cristianismo, não me refiro à ética e à moral das pessoas, ao altruísmo praticado honestamente por cada um. Contudo isso não faz dos homens cristãos, já que mesmo os ateus, esotéricos e satanistas assumidos, podem ser bons cidadãos e praticarem amor ao próximo.
        O cristão que tem alguma consciência sobre o que ele é, e sobre o que o mundo pensa a respeito dele, tem algum cuidado em se identificar como alguém que segue a Deus no mundo atual. Existe uma ideia errada muito popular sobre o que é ser cristão. Essa ideia foi ensinada durante centenas de anos pela instituição cristã mais antiga do planeta, aquela que tem seu centro administrativo numa região da Itália, a qual eu me referirei a partir de agora como a grande seita. É claro que os cristãos da linha oficialmente originada na Alemanha, que protestaram contra a seita maior, também colaboram, de algum jeito, para que a ideia errada seja disseminada.

        (Se você estiver estranhando o fato de eu estar usando o termo seita, veja a definição dessa palavra no dicionário Michaelis online:
sei.ta
sf (lat secta) 1 ant Qualquer escola filosófica, cujas doutrinas ou métodos divergiam dos seguidos geralmente. 2 Ramo dissidente de uma igreja estabelecida, e portanto considerado herético. 3 Rel Grupo dentro de uma comunhão religiosa principal, cujos aderentes seguem certos ensinamentos ou práticas especiais. 4 Grupo de pessoas que seguem determinados princípios ou doutrinas, diversas dos geralmente aceitos no respectivo meio. 5 Teoria de algum professor célebre, seguida por muitos prosélitos. 6 pop Bando, facção, partido.

        Acredito que o termo é adequado, tendo em vista que a instituição citada não baseia sua doutrina apenas no antigo testamento e nos escritos dos apóstolos e contemporâneos. A esses textos foram adicionadas encíclicas e outros documentos pontifícios que atualizam a sua doutrina, acrescentando ensinamentos que não existiam anteriormente. Na verdade tudo é uma questão de se estabelecer uma referência. Em relação ao cristianismo primitivo, a tal instituição pode ser considerada uma seita. Lembro que uma das propostas de Martinho Lutero, era a de retornar a doutrina do cristianismo de sua época o mais próximo possível da doutrina do cristianismo primitivo. Portanto, em relação ao cristianismo primitivo, o protestantismo tem menos chances de ser considerado uma seita).
        A coisa está caminhando de um jeito que se manifestar como cristão verdadeiro parece algo errado, e que não tem qualquer crédito. Foi pouco o tempo que existiu um cristianismo de grandes proporções com a doutrina original de Jesus. No quarto século, quando o cristianismo se tornou a religião oficial, ligada ao estado, a doutrina já estava bem desviada. Talvez a verdade não deva nunca ser "oficial", mas deva caminhar sempre na marginalidade, nas grutas e catacumbas, sob perseguição, talvez...
        Desvio de doutrina ocorre quando o homem quer controlar outros homens, não permitindo mais que o Espírito Santo tenha liberdade para agir na vida das pessoas. Quando o homem quer ter poder, Deus se retira, contudo o homem fica entregue à heresia intelectual e às paixões da carne. O homem, porém, não conseguiu se desvencilhar assim facilmente de tudo o que foi experimentado dentro da doutrina verdadeira. Assim ele criou ídolos, baseados nos ícones da religião original. O falso cristianismo, atualmente, em sua oficial maioria, é isso, uma religião onde se adora ícones e símbolos do cristianismo primitivo, através de ritos e rituais.
        Quando se passa a honrar ícones e símbolos, adora-se a matéria e à criação e deixa-se de reverenciar o Espírito do criador. Isso porque os ícones e símbolos são feitos de madeira, de pedra, de gesso, de plástico, etc. Que ícone é maior do que a cruz com uma suposta escultura de Cristo crucificado? Quem estuda a Bíblia sabe o quanto Deus puniu o povo de Israel por se curvar diante de ídolos. Adoração de ídolos é algo latente na alma humana, se não houver vigilância somos capazes de adorar qualquer coisa, principalmente aquilo que podemos ver e tocar. Após o primeiro século, quando nasceu a grande seita cristã, ídolos de ícones cristãos tomaram o lugar da pessoa de Deus, de seu filho Jesus, e do Santo Espírito.
        Porém a idolatria não parou por aí. Imagens de cristãos célebres e mesmo de anjos, começaram a ser construídas e usadas como objetos de adoração, e pior ainda, essas imagens e as identidades que elas representam, foram capacitadas para serem intermediários entre Deus e os homens. Isso negou decididamente toda a suficiência da obra que Jesus fez no calvário, e agradou efetivamente o inimigo das almas humanas, o mais interessado em roubar do homem a única maneira dele se livrar da condenação eterna.
        Todavia, além do Diabo, esse culto a mortos e a anjos, através ou não de ídolos materiais, serviu a homens que desejavam e desejam controlar outros homens, como eu disse no início. A oportunidade de conhecer um Deus pessoal foi roubada aos poucos por esses líderes, com certeza, líderes econômicos e políticos, antes de serem religiosos. Dando exemplos de como foi sonegado o direito do homem se relacionar com Deus de maneira livre e pessoal, sem se preocupar com cronologia ou relevância, cito o batismo de crianças, que taxa os seres humanos como parte de uma religião que eles ainda nem têm idade para conhecer ou escolher. Cito também a ministração da missa em latim, que impossibilitava ao homem comum o conhecimento da Bíblia, somente os que entendiam tal língua é que sabiam o que estava sendo ministrado. Se bem que a padronização do culto, através de ritos e rituais, dispensa a necessidade de se entender o que esta sendo ministrado, já que se ministra sempre a mesma coisa.
        A reza é outra maneira de se mitificar algo que deveria ser simplesmente um diálogo entre o homem e Deus. Ela tem quase que um poder mágico, parece um feitiço, já que as mesmas palavras são repetidas, vez após vez. Não há nem necessidade de que se esteja sentindo ou entendendo o que está se falando, basta que a reza seja repetida e terá efeito. Repito novamente, não estou dizendo aqui que todos os membros da tal seita usam a reza dessa maneira. Acredito sim, que muita gente sincera obtém favor de Deus através dessas palavras, contudo esse costume está longe de ser a vontade ideal de Deus para os seus filhos.
        Mas penso que a maior sonegação foi a entronização de Maria, mãe humana de Jesus, como alguém capaz de interceder pelos homens, diante de Deus, intercessão essa muitas vezes mais eficaz que a intercessão do próprio Cristo, visto que a mãe pode mais que o filho, conforme eles creem. Isso pode até não acontecer na teoria, mas na prática, para a grande maioria de religiosos leigos e ignorantes de doutrina, é assim que funciona.
        Contudo, a criação de mitos, não se limitou somente a cristãos célebres, ou mesmo não tão célebres, e a anjos (quando digo anjos lembro que eles identificam como santos também anjos e arcanjos, como Miguel e Gabriel, e não somente homens como José, João e Francisco, etc). O celibato, imposto pela grande seita aos seus sacerdotes, dentre outros muitos objetivos, passa para as pessoas a ideia que o sexo é algo errado, e que aqueles que servem a Deus não podem usufruir dele. Não estou ignorando o fato de Jesus ter sido um celibatário, e do apóstolo Paulo ter orientado aqueles que desejassem servir no ministério da Igreja que permanecessem abstinentes. Contudo, o celibato dos sacerdotes assim como toda a privação que membros de ordens religiosas precisam ter, criam o conceito de super-homens e de super-mulheres, que devem ser assim para servir e agradar a Deus.
        O cristão leigo se sente, dessa forma, sempre aquém da vontade de Deus, cheio de culpas, fraco, tornando-se ainda mais dependente dos ritos e rituais para se sentir ligado a Deus. Além disso, Deus parece estar sempre muito distante deles, perto somente dos santos especiais e sacerdotes. É sonegada, do cristão comum, qualquer possibilidade de um contato individual com seu Senhor. O cristão passa a ser somente uma unidade sem identidade e impotente no meio da comunidade da tal dita “santa” e universal igreja. A principal característica do falso cristianismo é que ele não liberta, não muda realmente as pessoas, mas escraviza ainda mais. Portanto vê-se constantemente esse tipo de cristão trocando de religião. Todavia é impossível a um cristão verdadeiro, que provou a conversão, voltar-se para outras religiões.
        Então cá estou eu, no século vinte e um, um homem normal, bem normal, com minhas fraquezas, com minha história, na vida conjugal, profissional, etc. Não sou celibatário e não sou religioso, no sentido de participar com austeridade de rituais, ao contrário, eu abomino ter que fazer as coisas simplesmente por obrigação, sempre do mesmo jeito ou porque meus pais fazem assim. Eu também não faço uso de ícones e símbolos religiosos. Esse eu, ser humano, digo na internet, através de um blog gratuito, que qualquer um pode ter acesso, que sigo a Deus, que caminho com Jesus. Os cientificistas, aqueles pseudoateus, vão dizer que sou louco, os modernos epicuristas vão dizer que sou tolo, rejeitando o que a vida tem de melhor.
        Mas os religiosos, principalmente os chamados cristãos da grande seita, vão dizer que sou mentiroso, insolente, que “quem sou eu para me achar um seguidor de Jesus? Com a vida errada que levei ou que levo?”. Não duvide disso que estou falando, nem ache que é exagero, mesmo que eles não falem, os que não caminham com Deus pensam sim, daqueles que caminham, que somos no mínimo atrevidos por nos acharmos santos e convictos de que iremos morar no céu na eternidade. No fundo pensam que somos malucos, quando dizemos que falamos com Deus e que experimentamos milagres.
        Mas os tais falsos cristãos, que seguem ordenanças que Deus nunca mandou que seguíssemos, que se escondem atrás dos erros dos outros, ficaram cegos, desaprenderam a acreditar no perdão eficaz que disponibiliza graça e misericórdia todas as manhãs, através do grande amor de Deus. Esses cristãos se esqueceram da simplicidade do evangelho, deram mais importância ao fato de pertencerem a uma poderosa instituição humana, ao invés de terem uma experiência pessoal com Deus.
        A quem serve o falso cristianismo? Aos poderes deste mundo, ao homem inescrupuloso e egoísta, que busca poder, que nada tem a ver com o Deus verdadeiro, e que glorifica em última instância o inimigo. Todavia o cristianismo prostituído só tem espaço porque o homem comum permite, quando busca uma igreja apenas para se esconder do pecado e de seu remorso. Infelizmente isso é usado como desculpa por muitos para a generalização de que todo o cristianismo está em decadência. Isso, porém, não pode intimidar os cristãos genuínos em sua missão de compartilhar a salvação do evangelho, já que o mais importante é testemunhar através de vida, de ações, antes que de palavra e de discursos teológicos. Testemunho genuíno somente o cristianismo verdadeiro pode dar.

        “Depois disso vi outro anjo que descia do céu. Tinha grande autoridade, e a terra foi iluminada por seu esplendor. E ele bradou com voz poderosa: "Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela se tornou habitação de demônios e antro de todo espírito imundo antro de toda ave impura e detestável, pois todas as nações beberam do vinho da fúria da sua prostituição. Os reis da terra se prostituíram com ela; à custa do seu luxo excessivo os negociantes da terra se enriqueceram”. Então ouvi outra voz do céu que dizia: "Saiam dela, vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam! Pois os pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou dos seus crimes.””, Apocalipse 18:1-5 (leia o capítulo 18 inteiro para melhor entendimento).  

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