domingo, setembro 04, 2011

Amar é deixar pra lá

Tem pessoas, que não sei bem porque, conseguem nos tirar do sério. Elas conseguem dizer ou agir de uma maneira que nos deixam bem bravos. Por mais que lutemos, que nos preparemos para enfrentar seus ataques, parece que elas têm o dom de atingir exatamente o alvo. Um pouquinho que elas fazem, talvez seja simplesmente a questão delas existirem, nos deixa extremamente irados.
      O sábio Caio Fábio diz que o que nos deixa assim nervosos, não é o que os outros fazem para nos deixar nervosos, mas aquilo que existe em nós que permite que se enerve. Então, usando os termos do pastor filósofo, a moléstia não existe porque os outros nos molestam, não é devido à capacidade dos outros, mas por causa daquilo que há em nós para ser molestados, devido a nossa fraqueza (Tiago 1:13-14).
      "Tudo bem, eu entendi, mas como faço então para anular aquilo que há em mim que me deixa tão vulnerável para me irritar com certas pessoas?"
      O confronto entre os seres humanos é parecido com jogo de pingue-pongue. Uma pessoa lança um ataque, a outra pessoa, que não gostou de ser atacada, cria uma agressão e a devolve, na mesma ou em uma maior proporção, então assim, e só assim, ela se sentirá em vantagem. A pessoa que iniciou o jogo, por sua vez, sentindo-se atacada, devolve outra agressão, igual ou maior, para então se sentir em vantagem.
      Isso pode durar muito tempo, só vai parar quando um dos lados não se sentir agredido, deixar o ataque passar, então não precisará responder. A outra pessoa por sua vez, como não vai receber um ataque, achará que venceu o jogo e não irá, pelo menos por algum tempo, devolver um novo ataque. Conclusão: vence quem deixar o outro achar que foi ele quem venceu, vence quem perde, bem, isso é a cara do evangelho. Dessa forma o jogo de pingue-pongue se transforma num jogo de queimada, isso é, tem-se que desviar da bola para ganhar. Bom, pelo menos em parte, a comparação serve.
      Agora a questão é a seguinte, como não responder ao ataque, como deixar a bola passar e não se sentir incomodado com isso, de forma a encerrar o jogo, deixando com o outro a sensação de vitória? Como perder para ganhar? A resposta é simples, amor, parece uma resposta boba, simplória? Mas não é não.
      Você já teve a experiência de saber que está fazendo tudo certo, já orou, já perdoou, já pediu perdão, já deixou bem claro para todos que você quer acertar, não quer brigar, não quer odiar o sujeito nem se sentir incomodado com ele. Todavia, mesmo assim, o sujeito continua incomodando, e muito. Isso acontece porque você se comprometeu a fazer tudo para resolver o problema, menos uma coisa, amar a pessoa.
      “Aí não”, nós, dizemos, “aí é pedir demais, já perdoei, já me humilhei, mas gostar dela não". Ninguém disse que você tem que conviver com a pessoa, mas amá-la, sim, sabe por quê? Porque esse é o único jeito de você não odiá-la. O ódio extremo só é curado com uma coisa, amor ao extremo, e esse amor somente o Espírito Santo pode nos dar.
      Você não tem que fazer tudo para então perceber que ainda assim você não teve vitória, que a questão ainda te incomoda, ame, no Espírito, como tua primeira opção. Como disse acima, você não tem que conviver com a pessoa, não precisamos ser amigos de todo mundo, nem Deus nos pede isso. Mas amar sim, precisamos amar a todos, contudo, vá pelo caminho mais fácil, aceite isso, em primeiro lugar, queira isso, quebre o orgulho, e depois peça ajuda ao Espírito Santo de Deus.
      O amor nos torna leves e transparentes, de forma que a ira chega até nós mas não fica, nós não a retemos, mas a deixamos passar, para longe. Dessa forma o ódio não bate em nós, ou não rebate, não encontra em nós uma resistência. A resistência, por sua vez, é aumentada quando lutamos sem amor, para não fazer algo. Desse jeito, quanto mais lutamos para não se irar, mais propensos a devolver a ira, ficamos.
      Sem resistência, a ira passa reto, de forma que não volta para a outra pessoa. Só o amor pode quebrar a resistência, deixar a ira passar. Ficará em nós um desejo de responder, sim, mas não com ódio, com amor, pois conseguiremos enxergar a pessoa livre do ódio que ela nos parecia ter. Ela se apresentará para nós, não mais como o inimigo grandioso que achávamos que era, mas como um ser humano igual a nós, que só precisa de amor.

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