sábado, setembro 24, 2011

Respostas prontas

        Quando escrevo, consigo verbalizar rapidamente, sem pensar muito. Me sinto mesmo como um aparelho de rádio, basta sintonizar a frequência certa que eu posso ouvir as palavras. Ao escrever, eu simplesmente anoto aquilo que o rádio está pegando. Contudo, quando estou me relacionando com as pessoas, tenho dificuldade para dar as melhores respostas, assim à queima roupa, como uma reação imediata. Geralmente não falo nada e se falo, me sinto mal depois, achando que deveria ter respondido de outra maneira.
        Não tenho respostas prontas, não fico pensando antes num assunto, em uma determinada pessoa, na maneira que ela age, para ter uma frase preparada caso precise usar. É claro que as respostas que a gente mais gosta de ter dizem respeito àquelas questões que nos incomodam, que nos fazem mal.
        Por outro lado, depois que o confronto é estabelecido, que alguém me diz algo que me importunou, que fez com que eu me sentisse agredido de alguma maneira, o ocorrido não sai da minha cabeça. Aí então eu chego a algumas conclusões e obtenho uma boa resposta. Todavia, dificilmente eu poderei usar essa resposta. Confrontos nunca se repetem exatamente da mesma maneira, e as pessoas, ao contrário de mim, parecem que sempre têm uma nova resposta, que outra vez me incomodará.
        A conclusão que estou chegando é que não é para se ter mesmo uma resposta pronta, respostas que agridem de alguma maneira as pessoas, como reação a um ataque. Quem tem respostas prontas parece que vive sempre armado, pronto para uma guerra, esperando sempre dos outros o pior e não o melhor. Gente assim vive o tempo todo desconfiada, com um pé atrás. Sinto muito, mas eu me nego a viver assim.
        Na possibilidade de eu ter respostas, quero que elas sejam para compartilhar coisas boas, para acalmar a situação, para ajudar, e não para estabelecer um combate. Para as questões agressivas, maliciosas, onde se vê o outro como um opositor e não como um amigo, para essas eu prefiro não responder nada mesmo, me calar.
        Porém, mesmo que eu não responda, meu coração quase sempre fica em brasa, quando alguém me agride e eu não consigo dar o troco a altura. Jesus sabia ficar em silêncio, viveu antes de falar, orou antes de se incomodar, esperou antes de se apressar com palavras tolas. Eu queria ser como ele, penso que isso é que é ter um coração simples.

         “Acusado pelos chefes dos sacerdotes e pelos líderes religiosos, ele nada respondeu.”, Mateus 27:12, Mas Jesus não respondeu nada, e Pilatos ficou impressionado.”, Marcos 15:5.

Nenhum comentário:

Postar um comentário