terça-feira, agosto 12, 2014

Unção (parte 1 de 8)

Compartilharei a partir de hoje, um estudo bíblico em oito partes, sobre unção (a parte final será postada dia 19/08/14). Não, a proposta não é esgotar o assunto, e o texto é mais uma reflexão sobre várias simbologias que a Bíblia cita sobre presença do Espírito Santo, do que um estudo mais técnico sobre o tema. Seja como for, espero que ele abençoe a sua vida.

          Introdução
I.       O brilho que vem do fogo
II.      O perfume que vem do óleo
III.     As águas vivas que fluem do interior
IV.     O mover do vento impetuoso
V.      A brancura das vestes
VI.     As virgens e as lâmpadas com azeite
          Conclusão

____________________________________________________   


Introdução

A palavra unção está em moda. Nos dias de hoje costumamos dizemos bastante que esse pregador, ou este cantor, é bom, ele tem unção, aquele outro é legal, mas não sinto unção quando ele fala ou canta. O que entra na área do sentimento, de ser constatado porque se sente, é subjetivo e relativo, abstrato e pessoal, e sendo assim, difícil de ser definido e não pode ser generalizado, o que um sente difere do que o outro sente. Pode ser uma coisa para uma pessoa, e outra coisa para outra, é variável.
Em se tratando de pregação, o estilo, a profundidade intelectual, ou não, as informações citadas, e mesmo a maneira como ela é falada, o tom, a altura da voz, a fisionomia, o estilo do pregador, podem agradar a um e desagradar a outro. Portanto, dizer que alguém tem unção, baseando-se nesses parâmetros, pode não ser justo, nem verdadeiro. Com a música então, que captura com muito mais capacitação os sentimentos humanos, com sua estética melódica e harmônica, com seus ritmos, muito mais do que com suas letras, essa subjetividade é bem mais forte.
Mas o que é unção? Não podemos negar que muitos artistas e outros profissionais do mundo, tem um tipo de carisma, que prende a atenção, apaixona, seduz, convence, eles tem uma espécie de “unção”, podemos dizer, uma “unção do mundo”. John F. Kennedy tinha um carisma muito forte e tocava a todos com seus discursos, Adolf Hitler também tinha, levou uma nação a pensar que podia conquistar o mundo, os Beatles tinham, Roberto Carlos tem, o ex-presidente Lula tem. Contudo, o carisma é apenas o brilho da maçã, não é a maçã, o seu conteúdo. Carisma e unção são conceitos que se confundem (carisma é palavra de origem grega e significa dom, quem tem carisma portanto é alguém que recebeu um dom especial e não merecido, de acordo com seu uso no Novo Testamento).
Por outro lado, muitos nos púlpitos, palcos, estúdios, produzindo pregações e canções para o público evangélico, também podem usar essa falsa unção, ao invés da verdadeira, e ainda assim tocar de maneira impactante os corações das pessoas.
Vamos refletir, com base na Bíblia, sobre esse assunto: unção, o que é, de onde vem, para onde vai e para que serve, obviamente, estaremos falando também do Espírito Santo, a pessoa da trindade que derrama a verdadeira unção sobre os homens. Quero me ater às figuras que as Sagradas Escrituras usam quando se referindo à unção, metáforas do mais dos poetas, Deus.

I. O brilho que vem do fogo

O primeiro sinal de que um homem tinha uma unção especial, registrado na Bíblia, foi o de Moisés quando desceu do monte Sinai, após ter tido um encontro com Deus. Ele já tinha tido um encontro, mesmo que em parte, no episódio da sarça ardente no monte Horebe, antes de começar a caminhar com Israel pelo deserto, vejamos essas passagens:

Êxodo 3.1-6: “Moisés estava cuidando do rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã, e levou o rebanho para o lado oposto do deserto, chegando ao Horebe, o monte de Deus. E o anjo do SENHOR apareceu-lhe em uma chama de fogo numa sarça. Moisés olhou e viu que a sarça estava em chamas, mas não se consumia. Então disse: Vou me aproximar para ver essa coisa espantosa. Por que a sarça não se consome?
E, vendo o SENHOR que ele se aproximava para ver, chamou-o do meio da sarça: Moisés, Moisés! E ele respondeu: Estou aqui. E Deus prosseguiu: Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos pés, pois o lugar em que estás é terra santa. E disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés escondeu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.”.

Um fogo que queima, mas não consome, porque não é um fogo físico, mas espiritual, a primeira constatação de Moisés. Depois ele insistiu que queria ver a face de Deus, mas o viu somente pelas costas, isso já no monte Sinai, conduzindo o povo pelo deserto:

Êxodo 33.18-23: “Moisés disse ainda: Rogo-te que me mostres tua glória. E o SENHOR lhe respondeu: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te proclamarei o meu nome, o SENHOR; e terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e me compadecerei de quem eu quiser me compadecer.
E disse mais: Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum pode ver a minha face e viver. O SENHOR prosseguiu: Aqui está um lugar próximo de mim; ficarás aqui, sobre a rocha. Quando a minha glória passar, eu te colocarei numa fenda da rocha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu tenha passado. Depois, quando eu tirar a mão, verás as minhas costas; mas não se verá a minha face.”.

Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia”, muito forte isso, muitos não podem entender e nem aceitar isso. Aí reside alguma injustiça de Deus? Quer dizer que mesmo que alguém queira, isso não basta, Deus tem que querer também? É isso, mas quando Deus quer é porque olhou o coração do homem e viu nele verdade, contudo, não ache o homem que pode alguma coisa pelos seus méritos. Finalmente, quando Moisés desceu do monte Sinai, o fogo da presença de Deus resplandecia em seu rosto:

Quando desceu do monte Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, por ter Deus falado com ele. E quando Arão e todos os israelitas olharam para Moisés e viram que a pele do seu rosto resplandecia, tiveram medo de aproximar-se dele.
Então Moisés os chamou, e Arão e todos os líderes da comunidade foram até ele; e Moisés falou com eles. Depois chegaram também todos os israelitas, e ele lhes comunicou tudo o que o SENHOR lhe dissera no monte Sinai. Assim que acabou de falar com eles, Moisés cobriu o rosto com um véu.
Mas, quando ia à presença do SENHOR para falar com ele, Moisés tirava o véu até sair; quando saía, dizia aos israelitas o que lhe havia sido ordenado. Assim, os israelitas viam o rosto de Moisés com a pele resplandecente; e ele recolocava o véu sobre o rosto até entrar outra vez para falar com Deus.” (Êxodo 34.29-35).

Na minha interpretação, Moisés cobria o rosto não para esconder o brilho, mas para que o povo não a visse se esvair, já que o vaso humano é limitado demais para conter eternamente o fogo de Deus, pelo menos enquanto nesse mundo.
O ungido de Deus brilha, um brilho que vai muito além do físico, do material, um brilho espiritual, um brilho remanescente de um encontro íntimo com o fogo da santidade de Deus, um brilho que incomoda os pecadores, os que precisam ser limpos para poderem ver a face do Senhor. O ungido de Deus brilha porque está santificado pela presença de Deus.
Já tivemos uma experiência assim, de encontrar Deus de uma forma, que o brilho de sua santidade ficasse estampado em nós de forma que as pessoas percebessem com seus olhos essa unção?


Nenhum comentário:

Postar um comentário