Um
termo muito usado na Bíblia para se referir à unção, é óleo santo, vamos
estudar um pouco sobre ele.
“Então pegarás o óleo da unção e o
ungirás, derramando-o sobre a cabeça.” (Êxodo 29.7).
A
palavra “unção” em hebraico (“mishah” ou “moshah”) é usada para indicar um dom
consagratório, uma porção sacerdotal. Quando utilizada com referência à unção,
a palavra sempre é usada para modificar o termo azeite de oliva. Por vezes a
expressão é ainda qualificada pela adição de outras palavras modificadoras como
santo ou o próprio nome de Deus. O azeite da unção, o óleo santo ou o óleo de
Deus, era feito a partir de uma combinação de azeite de oliva (azeitona) e
especiarias (ervas aromáticas e condimentais), conforme Êxodo 30.22-33:
“O SENHOR disse a Moisés: Reúne as principais
especiarias: quinhentos siclos da mais pura mirra, e a metade disso, duzentos e cinquenta siclos, de canela aromática e de cálamo aromático, quinhentos siclos de cássia, segundo o siclo do santuário, e
um him de azeite de oliva. Farás com
eles um óleo sagrado para as unções, perfume composto segundo a arte de
perfumista. Este será o óleo sagrado para as unções.
Ungirás com ele a tenda da revelação, a arca do testemunho,
a mesa com todos os seus utensílios, o candelabro com os seus
utensílios, o altar de incenso, o altar do holocausto com todos
os seus utensílios e a pia com a sua base. Assim santificarás essas
coisas para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.
Também ungirás Arão e seus filhos, e os santificarás para
me servirem como sacerdotes. E falarás aos israelitas: Este será para mim o
óleo sagrado para as unções, através de todas as vossas gerações.
Não será usado para ungir o corpo de
outro homem; nem fareis
outro, de composição semelhante. Ele é sagrado, e será sagrado para vós. Quem vier a compor um óleo como este, ou
com ele ungir um homem comum, será eliminado do seu povo.”
Vejamos
cada um dos cinco elementos com os quais se fabricava o óleo santo:
1 mirra: goma, resina
aromática;
2 canela: cinamomo odoroso,
um tipo de canela;
3 cálamo: raiz aromática de
uma espécie de caniço dos pântanos;
4 cássia: árvore com flores
amarelas que dá vagens cujas sementes são medicinais e perfumadas;
5 azeite: óleo extraído da
azeitona.
O
vocábulo também identificava a porção dos sacrifícios apresentados a
Deus pelo povo a ser dada aos sacerdotes. Leia desde o versículo 28 para melhor
entendimento, seguem o 35 e o 36 de Levítico 7:
“Esta é a porção sagrada das ofertas
queimadas do SENHOR reservada a Arão e seus filhos, desde o dia em que foram
apresentados para servirem ao SENHOR como sacerdotes; no dia em que os ungiu, o
SENHOR ordenou que os israelitas lhes entregassem essa porção, que é deles para
sempre, através de suas gerações.”.
Eu
penso que toda a criação, a natureza, a flora, a fauna, assim como o corpo do
homem, depois de purificado pelo sangue de Cristo, são simbologias do mundo
espiritual, do céu onde Deus habita e onde habitarão os salvos. Se Deus usou
milhares de anos, ou somente uma semana de sete dias de vinte e quatro horas
para criar o universo material, de um jeito ou de outro, ele o fez à sua
imagem, a partir de sua natureza espiritual, não somente o homem, mas tudo.
Não, não somos mais alguns no universo, somos obras muito especiais do
Altíssimo, ninguém é igual a nós. Portanto, podemos aprender muito sobre a
unção espiritual que seria derramada sobre os servos de Deus através do
Espírito Santo, entendendo os elementos que eram usados para produzir o óleo
santo que ungia o templo, seus objetos e os sacerdotes da antiga aliança.
A
unção espiritual era legitimada, nos tempos do Antigo Testamento, pelo derramar
de um óleo especial, feito de maneira específica e exclusivo para esse fim,
sobre a cabeça do sacerdote. Por que era óleo de oliva perfumado, e não outro
elemento? Com certeza o uso desse tipo de essência perfumada já deveria ser
utilizado por outros povos e para outras finalidades, certamente para marcar
algo diferenciado. Não acontece a mesma coisa conosco, atualmente, quando nos
preparando para uma ocasião especial, depois de nos assearmos devidamente e
pormos uma roupa melhor, usarmos um bom perfume que nos diferencie no meio aos
outros? Mas com os sacerdotes isso era mais que especial, era único, raro,
exclusivo, já que desempenhavam a função de levar diante de Deus a penitência e
a adoração de toda uma nação.
O
livro Cântico dos Cânticos, que narra o romance de uma mulher para com seu
amado, nos dá a mais poética das comparações entre a Igreja e Cristo. Jesus, o
sacerdote eterno tem o melhor cheiro, sua voz, seu olhar, sua presença deixa
uma fragrância maravilhosa na alma daqueles que o buscam com santidade:
Capítulo
1, verso 3: “Suave é a fragrância dos
teus perfumes; teu nome é como o perfume que se derrama. Por isso, as jovens te
amam.”. Capitulo 3, verso 6: “O que
vem subindo do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de incenso
e de todo tipo de aromas das especiarias dos mercadores?”.
Afável,
acessível e agradável, no cheiro e no toque, assim era o óleo perfumado, o óleo
da unção, assim deveria ser o sacerdote ungido, assim é Jesus, o sumo
sacerdote, “Rei Ungido”, tradução da palavra messias, vocábulo aramaico (“mashíach”),
um dos títulos dados a Cristo (vocábulo com a mesma tradução do grego (“khristós”):
“André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois
que ouviram João falar e seguiram Jesus. O primeiro que ele encontrou foi
Simão, seu irmão; e disse-lhe: Achamos o Messias (que significa Cristo). E o
levou a Jesus. Este fixou nele o olhar e disse: Tu és Simão, filho de João; serás
chamado Cefas (que significa Pedro).” (João 1.40-42).
O
sacerdote recebia uma unção especial de óleo santo, lembro-me agora de nossos
pastores, nossos sacerdotes atuais. Quantas vezes eles são desrespeitados,
menosprezados, quando isso é feito, a unção de Deus que eles possuem também é
tratada de modo leviano. Pecar contra pastores ungidos e legítimos é pecar
contra o Espírito Santo, é pecar contra Deus.
Contudo,
o Novo Testamento vai além, todos os convertidos são chamados de sacerdotes
reais em I Pedro 2.9:
“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que
anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa
luz.”.
Não
são todos que recebem a unção de Deus, no Velho Testamento eram somente os
sacerdotes. Contudo, o nova e eterna aliança em Cristo nos ensina que todos os
salvos são sacerdotes, indiferentemente das chamadas ministeriais, dos dons,
das aptidões e funções que possuem dentro de uma igreja local. Usamos o termo
levita para identificar aqueles que têm cargos especiais dentro da igreja,
contudo, no rigor doutrinário bíblico, atualmente, no reino de Deus
estabelecido por Jesus, todos os salvos são levitas, portanto todos somos
sacerdotes e todos temos direito à
unção.
Muitas
vezes é mais fácil compreender uma coisa não pela sua composição, mas pelas
consequências que tal coisa provoca. O óleo deixava aquilo que era ungido com
um cheiro bom e diferente, assim como com uma aparência brilhante. Tudo isso
nos remete à santidade, cheiro bom e aparência repleta de brilho só tem aquele
que se lava, que está limpo. Eis aí a primeira, e talvez principal,
consequência daquele que tem unção: ele está santo.
Todavia
o óleo nos exorta sobre uma outra característica da unção: exclusividade. Já
que somente os salvos podem ser ungidos, essa é a característica é fundamental
para o salvo que deseja ser usado por Deus de maneira eficaz. Criaturas de
Deus, religiosos, pessoas comuns ou celebridades, podem ter outra coisa, mas
não é unção, não a unção de Deus. Mesmo convertidos, se não buscarem e quiserem
também não serão ungidos, mesmo possuindo os talentos humanos mais maravilhosos
do mundo.
Nós
devemos ter cuidado para não sermos enganados pelos ungidos falsos. Como saber
se alguém está ungido por Deus? Já respondemos essa pergunta: em primeiro lugar
porque nele há santidade, há a limpeza, o bom perfume, o brilho daquele que
recebe a unção genuína de Altíssimo. Em segundo lugar por nele há poder de Deus
atuando e dando frutos, falaremos sobre a seguir.
Fica
aqui, contudo, um alerta: a unção não poderia ser feita com outro óleo e muito
menos o óleo santo poderia ser usado para outro fim. Precisamos sentir no fundo
de nossas almas o temor de Deus para respeitar essa unção: servir no templo sem
ela, falsificá-la ou usá-la para fins diferentes, representava risco de vida.
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