III. As águas vivas que fluem do interior
Agora
sairemos das simbologias do Antigo Testamento, e da experiência temporária que
as pessoas tinham com a unção do Espírito Santo, passaremos aos relatos do Novo
Testamento. Contudo, Jesus também utiliza símbolos, e o primeiro deles parece
usar um elemento oposto ao fogo de Moisés: a água. Vamos ler dois textos do
evangelho de João, primeiro no capítulo 4, versos 7 ao 15:
“Então veio uma samaritana tirar água. E
Jesus lhe disse: Dá-me um pouco de água. Pois seus discípulos tinham ido à
cidade comprar comida. Disse-lhe, então, a mulher samaritana: Como tu, um
judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? Pois os judeus não se
davam bem com os samaritanos.
Jesus lhe respondeu: Se conhecesses o dom de Deus e quem é o que
te diz: Dá-me um pouco de água, tu lhe pedirias e ele te daria água viva.
E a mulher lhe disse: Senhor, tu não tens com que tirar a água, e o poço é
fundo; onde, pois, tens essa água viva? Por acaso és maior que o nosso pai
Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como também seus
filhos e seu gado?
Jesus respondeu: Quem beber desta água voltará a ter sede; mas
quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a
água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida
eterna. E a mulher lhe disse: Senhor, dá-me dessa água, para que eu não
tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirá-la.”.
Agora
no capítulo 7, versos 37 ao 39: “No
último dia da festa, o dia mais importante, Jesus se colocou em pé e exclamou: Se
alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água
viva correrão do interior de quem crê em mim.
Ele disse isso referindo-se ao
Espírito que os que nele cressem haveriam de receber; porque o Espírito ainda não havia sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado.”.
O
nosso assunto é unção de Deus, algo especial. Não, a Bíblia não diz somente que
Jesus mata a maior de nossas sedes, a sede espiritual, que preenche o grande
vazio que todos os homens carregam dentro de si. Não, Cristo nos dá muito mais
que isso, através da presença de seu Espírito Santo. Rios de água viva fluem do
interior daquele que se satisfaz totalmente em Deus, isso é condição de ungido,
daquele que tem não somente para si, mas para os outros. Unção é águas vivas: o
que são águas vivas?
Numa
mina de água, a água brota do interior da terra, sim, depois ela pode ser
represada, naturalmente, e formar riachos e rios. Mas em sua origem ela é viva,
se movimenta e tem a pureza da natureza, potável ou não. O que busca a unção de
Deus deve buscá-la na fonte, depois pode até compartilhá-la com os outros, mas
o ideal é recebê-la em primeira mão diretamente de Deus. Esse é um privilégio
não somente dos pastores, pregadores, profetas, cantores, ou levitas, mas de
todo crente.
Quantas
vezes nos sentimos secos, estorricados, como o chão de terra e areia de um
deserto. Nesse tipo de terreno nada nasce e nada sobrevive, ministérios,
relacionamentos, alegria e esperança morrem. Não é essa a vontade de Deus para
seus filhos, seu plano é que sejamos terras férteis, onde rios de águas vivas
brotem. Nesse terreno a vida abundante de Deus se desenvolve com liberdade e
com qualidade.
Agora,
no Novo Testamento, a unção não é mais algo transitório, um simples reflexo de
Deus no homem, mas a presença real de Deus no ser humano, através do Espírito
Santo. Isso só é possível através de Jesus, tomando-se posse pela fé da
salvação que ele oferece e que nos coloca de novo em santidade, portanto,
viáveis para ter plena comunhão com Deus.
Contudo,
como já dissemos, o vaso humano é limitado, e o é assim por providência divina.
A água do Espírito Santo, por mais excelente que seja, acaba rapidamente, ela
também não pode ser estocada, isso nos lembra uma outra figura usada no Velho
Testamento para alimento providencial de Deus: o maná. Ele não podia ser
consumido depois de um tempo, salvo a exceção do sábado, ele tinha que ser
consumido rapidamente, senão apodrecia.
Assim,
Deus nos ensina a ser dependentes dele durante todo o tempo, se fosse
diferente, com certeza nós, rebeldes como somos, estocaríamos e nunca mais
pediríamos a ele a providência. Unção fresca, água viva, o maná dos céus, isso
não é opção, é necessidade para quem quer se manter espiritualmente avivado.
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