VI. As virgens e as lâmpadas com azeite
Para
entendermos a importância da unção na vida do cristão, saber que ela não é
opcional, mas obrigatória, para aqueles que querem viver uma vida cristã real,
e que desejam estar com Deus o mais rapidamente possível, não podemos deixar de
refletir sobre essa parábola. Ela usa a simbologia das virgens com as lâmpadas
cheias de azeite, para identificar a igreja ungida, interessante que essa
simbologia reúne três metáforas que já citamos: as vestes brancas (das noivas),
o óleo e o fogo. Nesse caso, o azeite é usado para iluminar, dentro da
lamparina, e não apenas para emanar bom cheiro:
“O reino do céu será semelhante a dez virgens
que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram
insensatas, e cinco, prudentes. Ao pegarem as lâmpadas, as insensatas não
levaram azeite. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas,
juntamente com as lâmpadas.
E, demorando o noivo, todas começaram a cochilar e dormiram. À
meia-noite, porém, ouviu-se um grito: O noivo chegou! Saí ao encontro dele!
Então todas as virgens se levantaram e prepararam suas lâmpadas. E as
insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, pois nossas lâmpadas
estão se apagando. Mas as prudentes responderam: Não; talvez não haja o
suficiente para nós e para vós. Ide, porém, aos que vendem azeite e comprai-o
para vós.
E, assim que elas saíram para comprá-lo, o noivo chegou; as que
estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento, e fechou-se a
porta. Depois também chegaram as outras virgens e disseram: Senhor! Senhor!
Abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo que não vos
conheço. Portanto, vigiai, pois não sabeis nem o dia nem a hora.” (Mateus
25.1-13).
Já
cheguei a ouvir de crentes, e bons crentes, a seguinte frase como resposta à pergunta
se eles tinham certeza de sua salvação, se eles morariam no céu ou se eles
seriam arrebatados: se Deus me achar digno, eu serei salvo, morarei no céu,
serei arrebatado. Um cristão de verdade não deve pensar assim, ele precisa e
tem todo o direito de ter a certeza, de que é salvo, de que morará no céu, de
que será arrebatado. Isso não é arrogância e nem presunção, é privilégio. Não
um convicção insana, mas baseada em testemunhos: primeiro da palavra de Deus,
depois através das vidas de outros irmãos que participam da mesma igreja que
ele, e por último debaixo da unção do Senhor, que nos dá a certeza de quem
somos e para onde iremos.
A
parábola, porém, nos dá alguns alertas:
1. Todas eram virgens
e noivas: todas pareciam ser a igreja de Cristo, a noiva, e talvez todas
fossem, há divergências sobre isso entre os teólogos, mas o que podemos
entender lendo o Novo Testamento é que haverá oportunidade de salvação mesmo
após o arrebatamento. Essa parábola nos parece que se refere ao arrebatamento,
as bodas do Cordeiro, que só terão direito aqueles que partirem na primeira
leva, digamos assim.
Mas
não queira partir depois, o preço que se terá que pagar será muito alto, o
livro de Apocalipse não faz entender que o preço será a própria vida. Pode ser,
ainda, que haja oportunidade de salvação mesmo durante o milênio, contudo os
que morreram em Cristo e foram arrebatados, terão um privilégio especial nesse
período, administrarão a terra junto com Jesus.
Abrindo
um parêntese, lembro que a simbologia de virgens e puras é bastante usada na
Bíblia, e principalmente no Antigo Testamento, para se referir às pessoas que
se mantinham longe dos ídolos. Pureza sexual é usada como analogia à pureza
espiritual, assim adultério e prostituição, se refere àqueles que se sujam com
a adoração de ídolos e entidades espirituais (demônios).
Contudo,
nos dias atuais, a idolatria e a prostituição espiritual, que continua agindo
debaixo da veneração de ídolos em imagens e esculturas, também assume facetas
mais sutis, das quais muitos evangélicos não admitem que participam. A verdade
é uma só: tudo aquilo que ocupa o lugar que é de Deus é idolatria, todos os que
participam disso, estão com as vestes sujas e portanto numa condição de
prostituição espiritual (fecho o parêntese).
2. Todas saíram ao
encontro do noivo: todas eram voluntariosas com a ordem do noivo, obedientes,
portanto não se ache que ativismo, religiosidade, presença nos cultos e nos
ministérios e outros legalismos nos tornam ungidos e merecedores de participar da bodas do
Cordeiro.
3. As prudentes
também cochilaram: por serem prudentes, não significa que eram perfeitas, mesmo
elas se cansaram de esperar, isso, porém, não é desculpa para que não
perseveremos. Ninguém pode dizer com certeza se a falta de vigilância é ou não
condição para que as lâmpadas estejam cheias de azeite.
4. As insensatas
saíram para buscar azeite: foram voluntariosas até o fim, dispostas, mas
loucas, não tiveram a sabedoria para obedecer na hora certa, podiam até ter
feito um cochilo, mas com as lâmpadas cheias de azeite; Loucos fazem e fazem,
mas não têm discernimento, não agem com lucidez, com o equilíbrio do Espírito,
porque não fazem para Jesus, mas para si mesmos, volto a bater nessa tecla (já
falei sobre isso no estudo “Fazer a vontade de Deus”).
Talvez
a lição mais séria e difícil de se aceitar nessa passagem seja: não basta ser
noiva, tem que estar ungida. Aquele que realmente teme a Deus e o obedece
saberá o momento certo de encher sua lâmpada, qual é o momento? Sempre, andando
em vigilância. Não adianta fazer e fazer e não estar ungido. Essa disposição de
vigilância se vive quando se anda num estilo de vida avivado, um estilo de vida
onde a unção está sempre presente em nossas vidas.
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