domingo, fevereiro 11, 2018

Extremismos e Extremistas

      Religiões ou partidos políticos extremistas, são apenas ferramentas, não se realizam em si mesmos, a não ser como ideologias teóricas. Essas ideologias precisam de homens extremistas para existirem objetivamente, e daí cometerem toda espécie de intolerância, estupidez e violência. 
      Homens extremistas o são na essência, buscam ferramentas extremistas porque não conhecem outra linguagem e serão extremistas, mesmo que eruditos, inteligentes e talentosos, em tudo. Tanto faz o lado político que escolham, direita ou esquerda, a religião ou a aversão a ela, a fé ou o ateísmo, tanto faz a bandeira, o assunto, a área.
      Convertidos, extremistas, mesmo em religião, não se tornam melhores cristãos por serem extremistas, depois que se convertem podem levar a obsessão para o evangelho. Após serem libertos dos pecados mais básicos, precisarão ainda de um tempo de amadurecimento para se livrarem do extremismo e provarem a simplicidade do evangelho genuíno.
      Extremismo só se cura com auto conhecimento e com assunção humilde da humanidade inerente a todos nós. Aceitar os próprios limites, reconhecer os próprios erros e ver-se com integridade, é interpretar os outros, o mundo a realidade exterior com lucidez e com misericórdia. 
      Tolerância começa tendo-a com nós mesmos, quem não se tolera, será intolerante com os outros. Quem não se tolera tentará se enganar, ver em si mesmo algo tolerante, alguém melhor, portanto exigirá de si mesmo mais do que pode e precisa ser. A mesma atitude intolerante terá com os outros, com a leitura de sociedade, de política, de religião, dentre outros temas, mas especialmente esses dois. 
      Grandes facínoras comunistas ou fascistas, assim como muitos, não todos, fundadores de religiões e líderes religiosos, são homens que não tiveram a humildade para se conhecerem e se aceitarem. Assim usam ideologias extremistas para compensarem um desequilíbrio pessoal. Tentam controlar o mundo, os países, as congregações, porque não conseguiram controlar a si próprios. 
      Quantos genocídios, quantas heresias, quanto terrorismo, quanta mentira, quanta vergonha não existiriam se homens se conhecessem e se aceitassem. Assim muitos seguem não só enganando, mas principalmente se deixando enganar, por políticos e pastores, principalmente, por acharem no extremismo de uma ótica egocêntrica, egoísta e mentirosa, a verdade.
      Extremismo é sempre mentiroso, farsante, transforma ladrões e homicidas em ídolos, que mesmo julgados como tais, serão vistos como mártires por outros extremistas. Por quê? Porque extremistas não aceitam que digno de obediência, de reverência, de confiança irrestrita, incondicional e eterna, só Deus. Só na luz de Deus podemos nos conhecer, nos assumir, nos perdoar e seguir equilibrados, respeitando tudo, sem necessidade de usar extremismos.
      Uma palavra final aos cristãos: muito cuidado! O meio das igrejas cristãs sempre foi fértil para criação de extremismos, mesmo que em sua grande maioria, sem violência. Sim, infelizmente o mundo atual tem sofrido principalmente com extremistas do mundo e de religião originalmente árabes, um extremismo violento, desumano e homicida.
      Uma característica fundamental do extremista é que ele tem a necessidade obsessiva de fazer discípulos, e é aí que o cristão pode confundir as coisas. No afã de obedecer a chamada missionária, pode querer convencer os outros sem sabedoria. Mas uma coisa é compartilhar algo de bom que se experimentou com aqueles que ama para que eles também tenham a boa experiência. Outra coisa é compensar uma insegurança tentando convencer os outros porque na verdade queremos é convencer a nós mesmos, que talvez não sejamos convertidos, mas convencidos (ou nem isso).
      Nós, evangélicos e protestantes, tenhamos cuidado, que em nome da posse da verdade e do serviço do Senhor do universo, que são verdades, não troquemos o Espírito Santo de amor, paz e justiça, por só mais um mero e humano extremismo. Lembro o velho e verdadeiro ditado: Jesus não precisa de advogado, mas nos dá o doce privilégio de sermos suas testemunhas. Não queiramos convencer ninguém, mesmo porque o evangelho não é um produto nosso que precisamos vender a qualquer custo. Vivamos de forma simples e autêntica e Cristo fará a obra.

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