sexta-feira, novembro 03, 2023

Resposta certa vem do silêncio (2/2)

      “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram.” Daniel 7.15

      Todos somos dissimulados e orgulhosos, não admitimos tudo que somos e sentimos, assim, não confiemos nos posicionamentos, nas palavras, nos semblantes de muitos que dizem que não precisam de Deus e de religião para terem paz. Todos têm em si espíritos e esses têm sede do grande Espírito, sem saciar essa sede não há paz, ainda que a mente esteja lotada de informação intelectual, da ciência e de todos os seus cuidados. Muitos possuem para cada ensino espiritual que compartilhamos um questionamento, mas não para se aproximarem mais da verdade mais alta, para se distanciarem dela. Muitos não querem Deus pois teriam que assumir humildade que acham que os inferiorizaria diante de pares, puro orgulho.
      Entretanto, mesmo quem crê em Deus, muitas vezes mesmo depois de pôr perdão em ordem pela oração, de receber de Deus e de si mesmo, e de dar aos outros, ainda está sem paz. Esse tenta exercer fé, clamar por necessidades que acha que Deus pode e quer resolver, mas ainda assim não acha consolo. São nesses momentos que a alma deve calar, parar de perguntar e só ouvir. No silêncio do invisível ouvimos o Espírito de Deus nos dizendo pelo que devemos orar, o que temos que pedir, que perguntas podemos fazer. Isso não é um todo-poderoso prepotente tentando forçar sua vontade, mas a luz mais alta nos abraçando em amor e nos pondo como parte de algo maior. Nessa elevada posição há a causa maior e todas as respostas. 
      Daniel sofria por seu povo, pelo cativeiro de Israel, por isso se pôs a buscar a Deus. Muitas vezes Deus permite uma dor, não por ser nosso problema principal, mas para nos levar a buscá-lo, isso é só uma desculpa, que nossas almas facilmente acomodadas a zonas de conforto onde Deus não é buscado, precisam para buscarem o Senhor com mais profundidade. Contudo, nessa busca Daniel recebeu muito mais que respostas para o problema de Israel naquele momento histórico, Deus revelou a seu amigo acontecimentos futuros e sobre toda a humanidade. Por isso ele diz no texto bíblico inicial, “meu espírito foi abatido dentro do corpo e as visões da minha cabeça me perturbaram”, a pergunta que Deus tinha para ele era muito, muito maior. 
      Ah, se conseguíssemos nos desprender de nossos mundinhos, de comer, beber, namorar e pagar boletos, se de fato colocássemos em prática Mateus 6.33-34a, “buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas; não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo”. Se isso acontecesse seríamos levados a servir a Deus em causas muito maiores que as nossas vidas pessoais, então, seríamos cuidado por Deus de forma maravilhosamente natural, ainda que aparentemente milagrosa para muitos. Mas enquanto estivermos ocupados em fazer perguntas mesquinhas, para responder curiosidades infantis, seguiremos insatisfeitos, aquém do melhor do plano de Deus para nossas vidas. 
      A verdade é que falamos demais e vivemos pouco, e muito que fazemos é para nossa própria glória neste mundo e diante dos homens, não é parte da glória de Deus manifestada através de nós e que fará diferença na eternidade. Deus não chama escravos que o adorem de baixo para cima, ainda que o processo de conhecimento de Deus do ser inicie-se assim, com humildade que reconhece um poder maior que tem o melhor para si. Deus quer nos elevar espiritualmente para sermos seus amigos, parte de sua glória, assim sua luz emanará aos outros seres, no plano físico e no espiritual, através de nós. Nessa íntima conexão sabemos as perguntas que devem ser feitas que terão respostas, na tua luz veremos a luz (Salmos 36.9b). 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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