terça-feira, outubro 26, 2021

Daniel militou certo (26/31)

      “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei. 
      E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias; E o chefe dos eunucos lhes pós outros nomes, a saber: a Daniel pós o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego. E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.” 
Daniel 1.3-9

      Daniel foi o homem certo, ainda que num lugar errado, mas que sempre achava o tempo certo para militar não por ele, e mais até que por seu povo, mas por Deus. Daniel pode representar o arquétipo da militância mais coerente do cristão com o momento histórico atual, por ele entendemos que certas coisas no mundo externo não vão mudar, e nem precisam, não mais, o que deve ser transformado é o homem interior do ser humano. Daniel era acima de tudo um servo de Deus, não de militâncias, e se quisesse militar teria razões bem fortes para isso, por seu povo que estava sendo escravizado. Mas ele mantinha os olhos onde Deus queria que ele os mantivesse naquele momento, no futuro, por isso não sofria mais que o necessário, não lutava em guerras inúteis e era cuidado por Deus de forma especial. Segue texto extraído da reflexão “Três justos” aqui do blog, que avalia três personagens bíblicos em tempos internos diferentes.
      “Daniel era um escravo de luxo, digamos assim... nas sociedades clássicas, grega, romana, e nos tempos bíblicos, os escravos eram espólio de guerra, isso é, os perdedores nas mãos dos vencedores num embate, ou aqueles que se endividavam e não podiam mais pagar suas dívidas. Assim, eles não tinham certos direitos sociais, de ir e vir, de participação política, mas podiam desempenhar atividades em várias áreas profissionais, incluindo algumas bem nobres. Esse era o caso de Daniel, era escravo na corte do rei Nabucodonosor, rei da Babilônia, que havia vencido Judá em batalha e levado seu povo em cativeiro... (Vemos pelo texto inicial) que Daniel era um jovem especial que seria usado em tarefas especiais, que seria tratado de forma especial, mas que ainda assim era um escravo... Daniel estava numa situação ruim que não mudaria, seu cativeiro e de seu povo.  
      Ele seria provado várias vezes, seja com privilégios, seja com privações, seja com honras, seja com calúnias, para que não ficasse confortável com a situação de escravo de luxo e continuasse fiel a Deus. Daniel foi fiel, mas outro adjetivo que o define é sensível.... Sensível suficiente para desvendar mistérios espirituais, só João o evangelista recebeu de Deus (e registrou) mais revelações que Daniel, não só sobre seu povo, mas como sobre todo o mundo e para tempos futuros. Foi através de sua sensibilidade espiritual que Daniel foi ganhando a confiança da monarquia babilônica e conquistando posições políticas importantes. Com Daniel aprendemos que às vezes, o homem que Deus quer que sejamos, é alguém que mantenha-se fiel, vivo e sensível mesmo numa situação que temos certeza que não mudará para melhor a curto prazo, aliás, eis outra característica de Daniel, visão espiritual longa, por isso Deus revelou a ele tantos mistérios sobre o futuro.
      Militâncias por não ao racismo, ao trabalho infantil e ao feminicídio, pelos diretos da mulher e respeito às diversas expressões de sexualidade e às religiões, são legítimas, são causas do presente e de todos, mas é importante que entendamos o que Deus quer exatamente de nós como indivíduos, que pode não ser o geral que a maioria está fazendo. O que segue a Jesus deve enxergar a relevância de ser exceção, não regra, deve ser feliz em uma vocação pessoal, e deve entender quem é seu Senhor, Deus, não os homens. Mas não é fácil ser exceção, alguns até gostariam de ser, mas só se percebem assim por terem visões distorcidas de si mesmos e da realidade, causadas por doenças emocionais não curadas. Existe muito doente mental em igrejas evangélicas, pregando e profetizando, que na verdade precisariam de tratamento psiquiátrico, não de púlpitos. 
      Outros preferem ser regra, para fazerem parte de algo grande que lhes dê objetivo de vida e contrabalanceie seus recalques, mas tanto os que se acham especiais do jeito errado quanto os que querem ser regra por medo, precisam buscar a Deus e entender melhor suas chamadas, senão serão só manipuláveis por seus equívocos e por agendas alheias. Não pense que isso diminui seus “itinerários”, Deus tem tudo em suas mãos e de tudo sabe, algo que pode começar pequeno e desconhecido hoje pode se tornar no futuro algo importante no plano maior do Altíssimo, que abençoará mais que um indivíduo, mas muitos. Se formos fiéis e sensíveis, como foi Daniel, poderemos ter essa experiência, Daniel não devia saber que as orações, que fazia por si e pelo seu povo, conteriam, na resposta de Deus, profecias para o futuro da humanidade.

Está é a 26ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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