Paguemos nossas dívidas

      “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes pois, o castigo do todo-poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.” Jó 5.17-18 

      Se há disciplina de Deus é porque lesamos o universo de alguma forma e nosso saldo está negativo. Sofrer a disciplina de Deus do jeito certo nada mais é que pagar uma dívida, nivelarmos nossa balança no universo. O texto bíblico inicial nos ensina algo importante, aquele que fere, também cura, assim, soframos do jeito certo a dor da disciplina de Deus, porque não existe disciplina sem dor, então, esperemos o consolo para a dor, também de Deus. Esperar esse consolo de forma correta é o que permite que a disciplina tenha efeito, que paguemos nossa dívida e que saiamos da disciplina como seres humanos melhores. Assim, se está passando por correção do pai, seja humilde e espere, em silêncio, sairá da disciplina alguém melhor que nela entrou. 

Aceitando o sim e o não de Deus

      “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João 15.7

      Não é tão difícil assim entendermos que Deus está dizendo sim ou não para um questionamento nosso, não precisamos ter a experiência espiritual mais sofisticada para ter esse discernimento. Contudo, uns buscam “sofisticações” justamente porque entenderam a resposta de Deus, mas não a aceitaram, assim criam elocubrações para se enganarem. Quando perguntamos algo a Deus, via de regra, a primeira resposta que nos vem à mente é dele, digo isso com convicção de quem prova uma vida de paz e vitória numa jornada consciente com o Senhor por quase cinquenta anos. Aceitar a resposta do jeito certo, em humildade e serenidade, é o que nos faz seres espiritualmente maduros, principalmente se a resposta for um não. 

Se cremos recebemos?

      “Disse Jesus: Tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” Mateus 21.22 

      Tudo que pedimos, crendo, recebemos, mas Deus não nos livra de provas que nos fazem seres humanos moralmente melhores, portanto, espirituais e dignos de vida eterna. Essas provas podem ser constituídas de privações materiais, de injustiça profissional, de desaprovação social, enfim, de humilhações que nos farão depender da glória de Deus, não de homens, aceitando que exaltação no outro mundo se conquista com diminuição neste mundo. Então, nem tudo que pedimos crendo, recebemos? Recebemos, mas na verdade só experimentamos a fé que vem do alto pedindo algo que nos leva para o alto, senão será foco emocional e convicção intelectual, não fé dom de Deus, espiritual na origem, no processo e no objetivo. 

Humilde sempre pede perdão

      “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor.” Atos 3:19

      Desafio maior não é nos mantermos limpos, mas não desistirmos de nos arrepender. Às vezes paramos de vigiar porque nos cansamos de pedir perdão, preferimos achar motivos para errar que sermos humildes e nos arrependermos. O que nos faz presas disso é reincidência em pecar, isso não cansa a Deus, o Senhor nunca se entedia de nos perdoar. Isso prova nosso orgulho, a imagem de corretos que queremos exibir aos outros. Deus pode permitir que nos enfraqueçamos diante de certas tentações, não só para nos prepararmos melhor para vencê-las, mas para mostrar que não adianta nos acharmos auto-suficientes, ainda que para estarmos limpos, precisamos depender dele. Muitas vezes o problema não é o pecado objetivo, mas o orgulho escondido. 

O Senhor consolará Sião

      “Ouvi-me, vós os que seguis a justiça, os que buscais ao Senhor. Olhai para a rocha de onde fostes cortados, e para a caverna do poço de onde fostes cavados. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei. Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia.” Isaías 51.1-3

      Sendo ele só, o chamei e o abençoei, quem não se consola com essa palavra? Quem não se sente às vezes só, ainda que tenha perto cônjuge e filhos que o amam, amigos que o honram, parentes que o respeitam? Solidão acompanhada pode ser pior porque dá dois trabalhos, de administrar a solidão e de não ser deselegante com aqueles que estão perto de nós e que nada podem ter a ver com nosso problema. Mas o Senhor consolará Sião, e creiam, Deus consola os que creem nele e vigiam, que não buscam nos apetites do corpo e na mágoa o consolo, ainda que tudo ao redor diga que não há mais jeito. Deus fará sua solidão como o jardim do Senhor, e quando Deus consola não há solidão nem se estivermos de fato sozinhos. 

Patriota ou cristão?

      “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Timóteo 3.12

      Pode-se ser patriota e cristão? Muitos não só creem poder, como acham que uma coisa implica na outra, ser patriota justamente por ser cristão. Por acreditarem que professam o cristianismo genuíno, e por crerem que esse é verdade acima de todas, o desejam para seu país, assim acham que são melhores patriotas que os outros por desejarem para o Brasil o melhor, sua religião. Vemos isso a partir do quarto século, quando catolicismo torna-se religião oficial, mas não foi isso que viveu Jesus como homem. Ele mostrou a verdade ao indivíduo, mas sabia que política da sociedade não pode ser cristã, antes persegue o cristão verdadeiro, ainda que seja ufanista. Não se pode ser bom cidadão do mundo e bom cidadão do céu ao mesmo tempo. 

Fraco para ser forte

      “Porque quando estou fraco então sou forte.” II Coríntios 12.10 

      Quantas vezes já refletimos no versículo acima, onde de forma íntima Paulo se mostra. Por mais de uma vez falamos aqui sobre a necessidade do ego ser diminuído para o espírito ser fortalecido, para uma visão egocêntrica e solitária do homem ser humilhada e sua vocação maior, ser parte do Altíssimo, ser exaltada. É o único jeito de vencermos a morte inerente na existência encarnada e começarmos a provar vida eterna. Mas o versículo ainda faz com que eu questione até quando Deus terá que permitir que eu fraqueje para ser forte. Alguns pecados não vencemos nesta vida, ainda que devamos confessa-los sempre, reincidências deles provamos para que nosso orgulho seja enfraquecido, então, sejamos humildes, e assim, fortes.

      Como assim, pecar faz bem? De maneira alguma, mas sofrimento pode trazer benefícios. Sofrer a culpa de cair numa mesma tentação pode ter um propósito, enfraquecer o orgulho. Lembremos que só sofre por culpa os que, ainda que fraquejem, não gostam de pecar, não conseguem sustentar uma paz maior com o prazer do pecado. Essa é outra contradição humana, buscar prazer que sabe-se que pouco depois faz sofrer, mas a frustração que essa contradição gera pode ser o único jeito que Deus tem para que sejamos menos arrogantes e vaidosos. A vida neste mundo é só uma série de provas para que nos preparemos para a vida no outro mundo. Só saberemos o valor do nosso tesouro na eternidade. Importa perder aqui para ganhar lá.

Deus iluminou minhas trevas (5/5)

      “Quem de vocês teme o Senhor e ouve a voz do seu Servo? Aquele que anda em trevas, sem nenhuma luz, confie no nome do Senhor e se firme sobre o seu Deus. Todos vocês que acendem fogo e se armam com flechas incendiárias, andem entre as labaredas do fogo de vocês e entre as flechas que vocês acenderam! De mim lhes sobrevirá isto: vocês se deitarão em tormentos.” Isaías 50.10-11

      Quem teme a Deus segue para o fogo consumidor e se agrada na luz do Altíssimo. Contudo, quem não teme a Deus simula o fogo espiritual verdadeiro, constrói ídolos e confia em falsos deuses, que parecem-se com a labareda divina mais alta, mas são faíscas dos demônios, ilusões de homens. Essas faíscas se apagarão, deixando os que nelas confiaram em trevas e tormentos, mas se ainda assim houver humildade, se houver confiança em Deus, o Senhor iluminará e mostrará o caminho para a vida eterna, aberto a todos. 

      “O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde nem me retraí”, Deus atrai a todos, assim não seja rebelde, nem tímido, tenha fé, santifique-se, seja humilde e obedeça à voz do Espírito Santo que fala a todos. Religião não poderá te ajudar quando você mais precisar, no máximo te dará alguma resignação para aceitar tragédias e mistérios. Deus é muito mais que religião, nos faz entender mais que esse mundo, o homem e sua injustiça, não faz ver a melhor eternidade, e essa é sempre justiça, paz e luz. 

Deus limpou meus olhos (4/5)

      “Perto está o que me justifica. Quem ousará entrar em litígio comigo? Compareçamos juntos diante do juiz! Quem é o meu adversário? Que se aproxime de mim! Eis que o Senhor Deus me ajuda. Quem poderá me condenar? Eis que todos eles envelhecerão como a roupa; a traça os comerá.” Isaías 50.8-9

      Que distância você está de Deus? Você o considera e o respeita, mas o sente bem longe, porque você mesmo se afastou dele, por não aceitar seu plano para a tua vida, por achá-lo pequeno demais, assim vive conforme você acha que é melhor e mais relevante? Longe de Deus os inimigos se aproximam, não para destruírem, mas para arregimentarem semelhantes, que engrossarão suas fileiras, longe de Deus somos “amigos” dos inimigos dos que são amigos a Deus. Essa condição só pode ser mudada por nós mesmos. 

      Perto de Deus os inimigos ficam longe, as trevas não têm conforto na luz, opositores ficam distantes acusando, gritando perjúrios, mentindo e zombando, mas ainda que seus rostos pareçam feras terríveis, seus corpos estão amarrados, não podem tocar os que estão perto do Senhor. Os amigos de Deus ouvem as palavras do Espírito Santo, e que belas palavras são essas, de conforto, de esperança, de vitória, nelas não há acusação alguma, nelas não existe morte, só vida e eterna. Os amigos de Deus veem Deus perto deles.

Deus curou minhas reações (3/5)

      “Ofereci as costas aos que me batiam e o rosto aos que me arrancavam a barba; não escondi o rosto dos que me afrontavam e cuspiam em mim. Porque o Senhor Deus me ajuda. Por isso, não serei humilhado; por isso, fiz o meu rosto como uma pedra e sei que não serei envergonhado.” Isaías 50.6-7

      Sem dor não há amadurecimento, que dor é maior que a daquele que enfrenta o inimigo calado, que aceita as afrontas sem reagir, que dá ao que lhe faz sofrer aquilo que não recebe, o respeito e a honra? Só suporta essa dor aquele que sabe o tamanho do Deus em que confia, aquele que sabe do valor da paz que tem por ter sido perdoado pelo Senhor, aquele que sabe que pode seguir livre porque um Deus de amor retirou dele toda a acusação, todas as culpas, todos os pecados, e não lhe imputa mal algum. 

      Muitos parecem resistentes, mas têm o coração de pedra pois não se humilham diante de Deus, assim têm respostas rápidas para se defenderem e atacarem, mas não têm paz. Os humildes parecem até que não têm argumentos, mas seus rostos estão serenos, mesmo diante de ataque injusto e covarde, pois seus corações estão quebrantados diante do Senhor. Só permanecerá de pé até o final os que se firmam em Deus, quanto aos outros, ainda que pareçam fortes, no final serão confundidos pelos seus maiores medos.