“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus. Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” Mateus 10.32-38
Talvez a pior vaidade que há, é nos acharmos 100% certos sobre algo (refletimos sobre isso em 50% incerto). Muitos cristãos parecem sentirem-se na obrigação de acharem-se totalmente certos sobre suas crenças, convictos que só os que creem como eles irão ao céu, e os outros irão para o inferno. O ponto nem é isso estar certo, ou as pessoas terem direito de crerem no que querem, mesmo em extremismos, o ponto é falta de amor justamente daqueles que se dizem seguidores de Jesus, a maior expressão de amor de Deus à humanidade. Crer em inferno é algo tão sério, que não deveria ser dito de qualquer jeito ou a qualquer um, mas quem crê nisso deveria viver de tal maneira que mostrasse como ama o próximo e quer vê-lo no céu.
Muitos cristãos acham que se não forem extremistas em certas crenças não serão bons cristãos, parece que isso é mais importante para eles que amar ao extremo. Sem fazer juízo de valor de certas crenças, como Jesus agia? Jesus homem não sabia do juízo, de penas e recompensas recebidas na eternidade? Sob o ponto de vista de muitos cristãos, sim. Mas ele jogava isso na cara das pessoas? Ele fechava portas ou as deixava abertas para que o ser humano se arrependesse e mudasse? Repito, isso não é passar a mão na cabeça de pecador, não é usar amor divino como álibi para permanência no pecado! Isso é entender que até o último instante neste mundo há oportunidade, e o que de fato ocorrerá na eternidade só compete ao juiz saber, não a nós.
O raciocínio que leva muitos a serem extremistas é o seguinte: não creio em qualquer coisa, creio num Deus que é o mais elevado em virtudes morais e o mais poderoso do universo, assim o que esse Deus diz é verdade absoluta que não preciso ter medo de viver e dizer. Podemos questionar muitas afirmativas desse raciocínio. Será que de fato entendemos e conhecemos Deus? Nosso conhecimento é recebido de Deus ou de tradições e textos religiosos? Essas tradições e textos são puramente de Deus ou construções humanas? Entendemos as prioridades das virtudes divinas, e relevância de cada uma, compreendemos o amor de Deus? Ainda que saibamos a vontade mais alta de Deus, sabemos o que disso pode ser dito no mundo?
Muitos respondem a esses questionamentos: “você está ponto dúvida na inquestionável vontade de Deus, isso é pecado, é do diabo, leva ao inferno”. Extremistas consideram opositores como extremistas, e respondem a questionamentos desses com extremismos. Essa disposição é tão terrível que encerra diálogos antes de começarem. A extremistas assim faço novos questionamentos: onde essa maneira extrema de interpretar as coisas tem levado tua prática de vida, principalmente na área moral? você tem tido vitória sobre teus pecados mais íntimos? tem encontrado paz e felicidade que permanecem? tem conseguido perdoar e se sentir perdoado? tem feito alianças com gente sábia, ou só com hipócritas falsos moralistas?
Concordo que não é fácil quebrar alianças com gente que nos apoia, que diz que o que acreditamos é certo, que é a melhor maneira de ver as coisas, a verdade. Em si tratando de aprovação religiosa cristã é ainda mais difícil, nela se tem certeza que se vive com Deus, não com o diabo, que se vai para o céu, não para o inferno. Grande parte das pessoas, por não conseguirem se livrar de dependência errada de pais e familiares, e nem é na área financeira, mas na área emocional, projeta essa carência em pastores e igrejas. Contudo, o medo maior de gente assim nem é do diabo, do inferno, do pastor ou de pai e mãe, mas de si mesma, de não ter forças, caso quebre tais alianças de aprovação, para se libertar do que chama de pecado.
Alianças erradas criam falsos amigos e falsos inimigos, e em se tratando de aliança com cristianismo extremista, falsos pecados, assim, falsos medos e falsas culpas. Muitos não estão preparados, dessa forma é melhor continuarem ligados a igrejas e religiões, presos em gaiolas, mas com seu “pecado” sob controle, que livres fora das gaiolas e escravos de medos e culpas. Melhor se acharem 100% certos. Só tenham a humildade de entender que na eternidade, sob a luz mais alta de Deus, toda verdade será revelada. Contudo, não se enganem, os que têm coragem de defender suas crenças, mas só apoiados por homens, a verdade maior é individual, para vivê-la só recebendo a glória de Deus e libertando-se da falsa glória de homens.
José Osório de Souza, 28/02/2023
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