Os
protestantes de maneira geral, evangélicos, tradicionais, pentecostais,
neopentecostais, seja lá qual for a denominação que se dê, gostam de criticar
os católicos romanos, arrogantemente se acham no direito de se sentir melhor
que eles. A maioria dos evangélicos não conhece fatos e história, se fosse
assim não idolatrariam nomes famosos do seu meio, os fundadores, os
avivalistas, os evangelistas, como Lutero, Calvino, Spurgeon, os Wesley, Billy
Graham, Paul Yonggi Cho e Benny Hinn, entre muitos. Aliás, a idolatria, que
tantos evangélicos veem nos católicos, também existe nos meios protestantes, idolatria
de líderes, de visões, de doutrinas, mesmo de Deus, sim pode-ser idolatrar uma
concepção de Deus, muito parecida com Deus e Jesus, mas que não é nem Deus, nem
seu filho. A idolatria é sempre uma forma de projeção da vaidade humana já que
se venera uma ótica humana da divindade, portanto uma visão egoísta e
equivocada, e não a verdade.
Outra
coisa que criticamos nos católicos é a maneira como eles tratam seus templos. Bem,
é preciso lembrar que na doutrina romanista, a cerimônia católica da eucaristia,
cerimônia da morte e ressurreição de Cristo (um dos sete sacramentos), funciona
como um ritual dotado de poderes. Para os católicos, Cristo está presente de
forma real na hóstia, portanto a ceia não é somente uma lembrança. A frente interna
das capelas e catedrais também adquire função de altar, no sentido de que algo
está sendo sacrificado lá. Por isso o respeito que os romanistas têm pelo
templo e pelo altar, fazendo o sinal da cruz, quando passam em frente ao
templo, evitando dar as costas para o altar, e assim por diante. (Lembro que
essa é uma visão pagã da religião.)
No
cristianismo puro e primitivo proposto pelo protestantismo, um cristianismo com bases
exclusivamente bíblicas, isso não é feito e muito menos necessário. A Bíblia
ensina que o sacrifício de Jesus foi feito uma vez por todas, isso não precisa
ser ritualizado periodicamente. Por outro lado a frente interna da nave do
templo é apenas um lugar onde deve ter a visibilidade do púlpito e dos levitas
musicais, um local com qualidades acústicas e visuais, para que o louvor seja
ministrado, e principalmente, a palavra seja pregada. Como numa sinagoga judaica,
a exposição da palavra escrita, é o centro do culto, pelo menos deveria ser. A
ceia evangélica é apenas um “fazei isto em memória de mim” (I Coríntios 11),
uma lembrança de que o filho de Deus se fez carne, sem pecado entregou-se por
toda humanidade e depois ressuscitou.
Todavia,
e este é o ponto desta reflexão, por não delegar aos ritos e lugares qualquer capacidade
divina, caímos no extremo de faltar com o respeito para com o culto. Seguindo a
visão do novo testamento, o altar onde Deus deve habitar é o coração do homem. Sendo
assim, em todo lugar, templo ou não, em que o cristão estiver, deve haver santidade
no cristão, já que Deus está com ele no altar de seu coração. Um desses lugares
é a frente do templo, do auditório que é usado para que os cristãos se reúnam,
orem, adorem e estudem a Bíblia. Sem fazer idolatria nenhuma e sem delegar ao
lugar qualquer espécie de poder, o cristão precisa respeitar o local do culto. E
diga-se de passagem, um local separado para o ajuntamento e comunhão com Deus
sempre tem uma presença especial do Espírito Santo, nós sentimos isso quando
entramos num templo de uma igreja local séria, santa e ungida por Deus.
Para
terminar gostaria de deixar uma orientação aos músicos levitas: sem idolatria,
sem ritualismos, mas com respeito, em primeiro lugar pelas coisas de Deus e
depois pela situação social que representa um culto, é conveniente que tenhamos
cuidado com o som que produzimos. Levitas músicos procurem chegar antes no
templo, antes mesmo que os outros participantes do culto cheguem, de modo que
os instrumentos, microfones e outros equipamentos sejam afinados e ajustados de
forma a não atrapalhar a reunião. Procurem, músicos levitas, estar prontos
quando os primeiros participantes estiverem chegando, de maneira que vocês possam
com seus instrumentos e vozes dar um suporte de culto, de oração, de adoração aos
demais cristãos. Um prelúdio musical num volume baixo através da execução de
uma música tranquila cria o ambiente perfeito para as pessoas se prepararem
para o culto.
Começo
de culto não é momento de ensaio, mas já é culto. Tantos chegam cansados, estressados,
agitados pelo dia a dia, um som adequado abençoa as pessoas. Bem, se começo de
culto não é momento para ajustar equipamentos, para ensaios, muito menos é momento
para isso durante o culto, antes e mesmo durante a palavra. Aproveite cada
instante do culto, músico levita, para buscar a Deus, ouvir a Deus, e como
ministradores, para permitir que os outros busquem e ouçam a Deus, isso não é
ritualismo, catolicismo, isso é respeito, é temor a Deus.
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