09/02/24

Cover de si mesmo

      “Inclina o meu coração aos teus testemunhos, e não à cobiça. Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho. Confirma a tua palavra ao teu servo, que é dedicado ao teu temor.Salmos 119.36-38

      Banda cover é grupo musical que não trabalha com material original, com composições próprias, mas que executa músicas de outras bandas. Isso não significa que seja formada por músicos menos competentes, ao contrário, muitas bandas cover tocam melhor que bandas autorais. Contudo, as autorais têm duas vantagens, primeiro, elas criam material novo, com identidade pessoal, segundo, essa identidade pode cair no gosto de um nicho de mercado que consome sua música. Isso entrega a bandas autorais fama e grana. Há bandas autorais que encerram carreira quando percebem que se tornaram bandas cover de si mesmas, assim quando não podem mais produzir material original que agrada a um número significativo de fãs preferem parar. 
      Nós, como seres humanos, também podemos ser tanto autorais quanto cover, o ideal é sermos originais, acharmos nossa verdade e não termos medo de mostrá-la. Isso não significa que todos cairemos no gosto da maioria, mas significa que sabemos quem somos e somos felizes sendo. Muitos, contudo, não resistem à vaidade de serem aprovados pelos outros, assim, ainda que tenham vivido originalidade num momento de suas vidas, insistem em manter esse momento, se ele lhes trouxe aprovação de muitos. Contudo, crescer moral e espiritualmente, exige mudança que deve abrir mão de vaidade e de apoio de homens, assim, melhor seguirmos autorais desconhecidos, que cover famosos, ainda que de nós mesmos. 

08/02/24

A difícil tarefa de se manter aluno

      “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.Tiago 1.19

      Não é fácil ouvir, gostamos de falar, ainda que seja só para dentro de nós. Não é fácil mudar de opinião, construímos um entendimento sobre a vida, nós e as pessoas, e nos acomodamos nele, mudamos a interpretação de tudo para se adaptar a esse entendimento. Em vista disso tudo, não é fácil nos colocarmos como alunos, e o mundo atual tem convencido até crianças e jovens que eles podem ensinar os mais velhos, mais que aprender com eles. Mas a verdade é que só cumprimos nossa missão maior neste mundo se nos pormos como alunos, só assim aprendemos sobre o universo, as pessoas, Deus e a existência espiritual eterna. Precisamos dizer todos os dias a nós mesmos, devo ser aluno, não mestre, menor, não superior.  

07/02/24

Paciência com esperança

      “Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem. E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça. Na vossa paciência possuí as vossas almas.Lucas 21.15-19

      Não temos ideia do que Deus faz em nossas vidas enquanto exercemos paciência do jeito certo. Não temos noção das libertações e do crescimento que operam em nós na paciência. Se paciência é necessária é porque algo está para mudar, assim não adianta fazermos mais do mesmo, basta-nos levar as coisas com calma, aguardando a novidade do Senhor. Mas esperar certo também não é nada fazer, é esperar em santidade e com ouvidos e olhos espirituais abertos para os ensinamentos de Deus, isso se faz com o trabalho da fé. Fé dá esperança e essa satisfaz, assim não temos que saciar a ansiedade do momento de espera com apetites do corpo. Tenha paciência com esperança, Deus trabalha por você e em você.

06/02/24

Diálogo resolve tudo?

      “Ouve o conselho, e recebe a correção, para que no fim sejas sábio. Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso.Provérbios 19.20-22

      Diálogo resolve tudo, bem, deveria resolver, eu pelo menos penso assim. Diálogo é ouvir, falar, confrontar o que se pensa com que o outro pensa, e se necessário, mudar de opinião. Mas quem é humilde para mudar de ideia? Por não serem, muitos nem querem conversar. Mas a verdade é que a maioria das pessoas não quer o diálogo, não o profundo e verdadeiro, elas não querem falar sobre si mesmas, e principalmente, não querem mudar de opinião, isso é doído demais. Eu creio em diálogo, ainda que eu também não seja fácil de ser confrontado e mudar de ideia, mas penso que é possível começar a conversar, com calma, com tempo, e se necessário aceitar o ponto de vista do outro como mais correto que o meu. 

05/02/24

O que pode com o que tem

      “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.Colossenses 3.23-24

      Faça o que pode com o que tem nas mãos e o quanto antes. Talvez no futuro, quanto olhar para trás, poderá ver imperfeições, imprecisões, mesmo ilusões no que fez, mas então poderá fazer melhor e deverá fazer. O que importa é que um Deus perfeito e que conhece todos os tempos agora, não te condena pelo que você faz bem intencionado, ainda que de forma imperfeita. Mas Deus avalia o que podemos fazer hoje e não fazemos ou não usando tudo de melhor que somos no presente. Que pai é Deus, quanto amor, quanta paciência, quanta graça, quanta generosidade, ainda que sejamos tão egoístas, vaidosos e covardes, ele nos honra, nos sustenta, nos protege, nos dá paz e esperança. 

04/02/24

Diversidade de existências

      “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.Romanos 8.14-16

      Somos seres especiais e específicos, assim podemos ser ferramentas direcionadas de Deus para sermos instrumentos de construção, não de destruição, nas vidas das pessoas. No processo de aperfeiçoamento Deus nos entrega limites e capacidades para aprendermos a administrar, isso pode nos confrontar tanto com seres humanos deste mundo como com seres espirituais do outro mundo, também com características especiais e específicas. Alguns dizem, “não sei porque, mas não vou com a cara daquela pessoa, parece que o santo não bate”. Substitua o termo “santo” por um termo equivalente da tua crença religiosa e poderá ver verdade nessas palavras, de fato luz não bate com trevas, seja qual o nome que dermos a trevas e à luz. 
      O Espírito Santo discerne a presença de demônios com alguém, esses sentem-se incomodados com a presença ativa do Espírito Santo na vida de alguém. Muitas vezes nem temos consciência, mas sentimos, isso não é razão para julgarmos de algum jeito alguém, mas motivo para vigiarmos em amor e respeito. O mal deve ser tirado, o malvado, amado. Muitos, contudo, não querem o mal retirado, alguns nem admitem sua existência, assim devemos mais ainda ser pacientes com esses. Veja que cada um de nós pode ter sensibilidade maior para discernir certo tipo de demônio, que possui atuação em determinada área. Mas se seres humanos e espirituais malefícios possuem identidades distintas, seres espirituais da luz também têm? 
      Cristãos aprendem que só há um Espírito Santo e que ele é a mesma pessoa de Deus e de Jesus, eis o mistério da santa trindade que ainda que não entendamos bem, aceitamos, pela fé. A verdade sobre Deus Espírito ser um e ser também Deus pai e Deus filho, é um pouco mais complexa, muitos evangélicos podem se escandalizar se souberem dela, como e porque o catolicismo construiu o dogma da santa trindade. Contudo, não podemos negar que há várias passagens no antigo testamento onde Deus usa anjos, incluindo o enigmático “anjo do Senhor”, e outros seres para se comunicar e proteger os homens neste mundo. Também não podemos negar que há dons espirituais diferentes dados a seres humanos diferentes. 

03/02/24

Famílias espirituais

      “Queríamos curar Babilônia, porém ela não sarou; deixai-a, e vamo-nos cada um para a sua terra; porque o seu juízo chegou até ao céu, e se elevou até às mais altas nuvens. O Senhor trouxe a nossa justiça à luz; vinde e contemos em Sião a obra do Senhor, nosso Deus.Jeremias 51.9-10

      Deus cria com características únicas a cada ser humano, mas os seres são agrupados por famílias, digamos assim. Você já deve ter sentido que por um motivo que você desconhece algumas pessoas parecem ter algo bom e muito forte em comum com você, da mesma forma outras parecem ter uma oposição inexplicável contra você. Na verdade nos extremos há semelhanças, quem nos toca, seja para o bem, seja para o mal, é parecido conosco. Mas existe um terceiro tipo de pessoa, que nada temos contra elas, mas que por algum motivo parecem estar longe de nós, desconectadas de nós. Deus nos chama para amar a todos, mas neste mundo nossas missões são melhores cumpridas quando estamos perto de gente como nós. 
      Semelhanças não há só entre seres deste mundo, seres espirituais procuram neste plano semelhantes, são os “demônios”, agrupados por desejos maléficos comuns em “famílias”, as potestades e os principados. “Demônios” que buscam prazer nos vícios de bebida alcoólica e drogas ilícitas, buscarão no plano físico seres humanos com tendência a esses vícios. Os que têm “afinidade” com ira e violência buscarão seres humanos propensos a isso, assim é com pornografia, adultério, vícios sexuais etc. Os seres no mundo que praticam essas obras da carne entram em sintonia com “demônios” e os levam consigo por onde vão, por isso muitos se incomodam, não necessariamente com o que somos, mas com o que representamos. 
      Luz espiritual incomoda seres das trevas, esses atormentam as pessoas que os “levam” quando a luz de amigos de Deus se aproxima das pessoas. Muitas vezes irmãos de sangue são nossos maiores opositores, mas são semelhantes a nós, por isso Deus nos coloca perto deles para que aprendamos a amá-los. O que nos conduz à evolução espiritual é a fraqueza, a diferença e a dificuldade, é no fogo que o ouro eleva sua temperatura e solta as impurezas. De pessoas que nos afrontam, mas com as quais não temos relação familiar, é fácil permanecermos longe, mas parentes não tem jeito, temos que conviver com eles e são justamente quem mais nos fazem crescer, ou é isso ou nos rebelamos contra a vontade de Deus para nós. 

02/02/24

Apurando a ferramenta

      “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus CristoFilipenses 1.6

      Respeitando nossos limites e nossas capacidades todos podemos ser úteis e felizes, mas para que haja mais eficiência nisso Deus nos aperfeiçoa. Aquilo que o cristianismo protestante tradicional chama de “conversão” a Cristo não deve ser o fim, mas o início. Entendemos pelo Espírito Santo e por fé que Deus em Jesus nos perdoa, a paz que vem desse perdão maior nos fortalece para iniciarmos nosso caminho espiritual. Como seres especiais e específicos Deus nos aperfeiçoa nesse caminho para sermos ferramentas úteis na grande mecânica do universo. Uma ferramenta espiritual confronta um tipo específico de rebeldia contra Deus, e seu objetivo não é ferir ou matar o rebelde, mas anular a rebeldia. 
      Aquilo que mais nos afronta é o que devemos vencer do jeito certo para que fraqueza torne-se fortaleza. Para amarmos devemos aprender a dor que nos causam quando não nos amam, assim aprendemos a amar, em primeiro lugar, administrando do jeito certo a falta de amor alheio. Uma vez que passemos pela prova seremos usados como ferramenta de libertação e cura para os mesmos que tentaram nos ferir e matar, quem por uma arma foi ameaçado é o que mais sabe como se defender dela. Por que algumas pessoas, com suas palavras e atitudes, nos aborrecem mais que outras pessoas? Porque são parecidas conosco, têm limites e capacidades semelhantes aos nossos, mas elas são origem e fim de nossas missões.  
      Sempre que toco nesse assunto preciso deixar claro que ninguém precisa ter relacionamento tóxico por amor, principalmente em se tratando de relação de namoro e casamento. Mas filhos, pais, irmãos, sogros, cunhados, genros, noras, são parentes com que precisamos conviver, pelo menos educadamente, assim amá-los e orar por eles, ser de alguma forma influência positiva em suas vidas, isso é missão que Deus nos dá. Ferramenta se apura com uso, guardada na gaveta, só para ser exibida de vez em quando a quem só quer ver, não usar, não tem utilidade. Aprendemos a amar amando e amamos vivendo próximos às pessoas, pelo menos no mínimo que Deus orienta, não fugindo delas ou desprezando-as.

01/02/24

Seres com propósitos

      “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação” “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.Efésios 4.4, 7

      Muitas vezes não fazemos ideia do quanto somos seres especiais e específicos. Cada ser humano, que existiu, existe e existirá no universo, tem um propósito exclusivo, nisso ele possui limites e capacidades físicos, emocionais e intelectuais. Nesse mundo, limites e capacidades emocionais e intelectuais são adequados aos limites e capacidades do corpo físico, mas nossas características emocionais e intelectuais vão além deste mundo, são eternas, e serão plenamente liberadas na eternidade, onde não há prisão de matéria e espaço. Limites são não restrições, mas proteções que nos levam a focar nas capacidades para que sejamos felizes e úteis, assim podendo evoluir moralmente e crescer espiritualmente.
      Deus, em seu plano maravilhoso e pouco entendido mesmo pelos que possuem vida de fé e obras, assim fez a cada ser para que todos façam o melhor que possam, servindo os outros em amor e aprendendo dele com humildade. Se não houvesse limites nos acharíamos deuses, não olharíamos para Deus, e seríamos ociosos, não usaríamos nossas capacidades e não cresceríamos. Um não pode se achar menor que o outro, nem o outro deve se achar maior que alguém, mas na humildade todos podem ajudar para aproximarem-se de Deus. Todos chegarão ao mesmo lugar, ainda que em tempos distintos, indiferente dos limites e das capacidades que possuem, olhando para Deus e sabendo que há alguém superior a todos. 
      Ninguém é projeto errado ou com destino incerto, mas isso se olharmos todos sob o ponto de vista moral e consequentemente espiritual e eterno, não material e de acordo com valores deste mundo. Todos devem ser humildes e tementes a Deus, e dessa maneira todos podem amar e serem santos, se cada um buscar a Deus, conhecer sua vontade e fizê-la, achará o propósito de seu projeto, o destino glorioso. Isso é um processo no tempo, não uma experiência instantânea de um momento de conversão religiosa. Nossa referência é Jesus, nosso objetivo, o Altíssimo, nosso mestre, o Santo Espírito, quanto aos outros seres humanos, têm um papel primordial nessa evolução, já que só crescemos servindo-os em amor.

31/01/24

Os sábios vão até o fim

      “E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias. Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.Daniel 12.11-13

      Como eu disse na reflexão de ontem, o objetivo aqui não é um estudo sobre as profecias de Daniel, mas novamente refletiremos sobre algumas coisas que Deus disse ao profeta sobre sua vida presente. Algo importante quando lemos Apocalipse e outros textos é não viajarmos em fantasias surreais, ainda que Deus tenha permitido a Daniel e a João “verem” e registrarem o futuro, na verdade não entenderam o que viam com clareza, assim escreveram conforme a cultura e a experiência religiosa de seu tempo. Se eles não entenderam, nós também não podemos entender, ainda que com mais conhecimento científico e mesmo espiritual, possamos hoje estar mais próximos da interpretação mais lúcida e menos fantasiosa dos antigos. 
      Com facilidade você vai achar na internet material sobre o livro de Daniel, aliando as “semanas” ou “dias” que o profeta cita, a eventos dos últimos tempos, denominados “tribulação”, “pequena tribulação”, dando interpretações diferentes sobre quando será o “arrebatamento”, se antes, se no meio ou se no fim desses eventos. Enfim, escatologia, que pela doutrina protestante tradicional interpreta muita coisa como física e no plano material, neste mundo. Eu, contudo, tenho hoje um posicionamento diferente, creio que muitas coisas ocorrerão só no plano espiritual, e que Deus não precisou e não precisará desobedecer leis materiais e naturais para fazer sua vontade. Não creio em fantasias apocalípticas, ao menos não neste plano.
      Mas mesmo vendo os eventos em lugares e tempos distintos, algo não podemos abrir mão, do preparo moral adequado que temos que ter sempre para sermos confrontados pelo fim. Algumas exortações de Deus a Daniel servem para nós hoje, “bem-aventurado o que espera e chega até” tal e tal dia, “tu, porém, vai até ao fim, porque descansarás e te levantarás na tua herança”. Paciência para ser recompensado no plano espiritual. Indiferente de como interpretamos Apocalipse, salvação se ganha com perseverança, não adianta fazer muito e não chegar ao fim de pé. Se Deus diz descansarás e te levantarás, fala sobre morte e ressurreição, mas não aqui. A herança de Daniel não é terrena, é celestial, assim como será a de todos nós.

30/01/24

Os sábios entenderão

      “Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim destas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.Daniel 12.8-10

      O objetivo deste texto não é fazer um estudo profundo sobre o livro de Daniel, que contém algumas das passagens mais enigmáticas da Bíblia, comparadas só às revelações de João em Apocalipse. Mas podemos aprender algumas coisas refletindo nas reações de Daniel às profecias que recebe, e nas respostas que Deus lhe dá. Daniel era especial, mas também era humano, como nós. Não fazemos ideia de quantas coisas muitas vezes o Senhor pode nos revelar, por estarmos preparados para isso, e às vezes ele mostra coisas bem na nossa cara. Nós até vemos, mas não entendemos do jeito certo por estarmos ocupados com o dia a dia, com coisas menores, que Deus diz em Mateus 6.33 que dá àqueles que buscam em primeiro lugar o seu reino. 
      Primeiro Daniel reclama que algo que lhe foi mostrado e ele não entendeu, a isso Deus responde que não era para ele entender, o entendimento de tal coisa só ocorreria no futuro. Depois o Senhor fala algo sobre o futuro, “muitos serão purificados e provados, mas os ímpios procederão impiamente”, assim não devemos ver o futuro como uma situação extrema, com todos salvos ou todos perdidos, mas semelhante a todos os tempos, certos se acertando e errados errando. Mas Deus diz algo novo, aquilo que Daniel disse não ter entendido, os sábios no futuro entenderão. Em que tempo estamos, será que já é o futuro que Deus disse a Daniel? Se é o futuro, quem somos: ímpios sendo enganados, ou sábios, entendendo realmente as coisas? 
      É difícil ver sabedoria em muitos que se dizem cristãos, quando vemos uma igreja evangélica no Brasil, que nunca foi homogênea como a mídia desinformada diz que é, que se tornou grande a ponto de eleger um presidente, enganada. Primeiro seduzida por pastores gananciosos e sem o amor do Cristo, depois comprada por líderes políticos, que ao mesmo tempo que se dizem conservadores da moral judaico-cristã, defendem machismo, direito à posse de armas, e têm apoio de extremistas de direita, incluindo neo-nazistas e haters de homoafetivos. O pior engano é se achar mais apurado conhecedor da verdade que os outros, pior que a falta de informação é a arrogância, mas ainda pior que isso é crer que Deus apoia esse equívoco. 

29/01/24

Os sábios resplandecerão

      “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.Daniel 12.1-3

      Algumas palavras rápidas sobre o texto acima. Miguel é um arcanjo, entendido como o ser espiritual líder dos seres espirituais que zelam pela nação de Israel. “Um tempo de angústia qual nunca houve”, será que já aconteceu ou acontecerá? Será no plano físico ou no espiritual? Não sabemos, o que importa é que Deus diz “livrar-se-á todo aquele que for achado escrito no livro”. Isso significa que privilegiados estão predestinados? Não, significa que Deus sabe de antemão quem, usando o livre arbítrio, estará numa posição espiritual próxima a ele no futuro. “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão”, o povo judeu, por sua religião, mesmo o da época do Cristo homen, não tinha o conceito da vida além que temos hoje.
      Por isso tanta ênfase, principalmente no novo testamento, sobre ressurreição, que não tem a ver só com o poder de Deus para ressuscitar mortos neste mundo, como tantos evangélicos celebram, e muitos querem viver mais aqui, mas não se preparam para lá. O ensino é que todos os seres humanos serão avaliados, e poderá serão não fisicamente no mundo mediante ressurreição do corpo físico, mas no plano espiritual, creio dessa forma. A vida não acabará ou seguirá sem consequências e cobrança de responsabilidades, mas “uns para vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno”. Daniel antecipa ensino de Jesus, conceito que Israel de seu tempo não tinha com clareza, esse achava que bem e mal se planta e se colhe no mundo.
      “Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento, os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente”, a lição mais importante está no final do texto. Os sábios entendem que a prioridade da existência é espiritual, não material, que o reino de Deus está na vida além morte, não neste mundo, e que o que será valorizado lá são virtudes morais, humildade, santidade, amor, não bens e honras deste mundo. Um brilho ímpar e forte, que Daniel, na interpretação de um homem de seu tempo, diz ser semelhante à luz do Sol e das estrelas, isso não é físico, é espiritual e qualidade espiritual está diretamente relacionada à qualidade moral. Vivamos e ensinemos a justiça para brilharmos perto de Deus. 

28/01/24

Sobre aborto

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.Mateus 16.27

      Em minha opinião fazer aborto, quando a vida da mãe não está em risco, é assassinato! Há exceções? Em caso de estupro, já que fazer uma mulher conviver por nove meses com algo que ela não quis e teve uma origem tão terrível não é humano. Eu não abro mão desse ponto de vista, e se a mulher engravidar e não desejar gerar o filho, bem, penso que ela terá que viver com isso, poderá até dar a criança para adoção, mas de forma alguma se tornar assassina. Não penso assim porque minha religião manda, aliás, não são só cristãos que possuem essa opinião. Mas temos um segundo ponto nesse assunto: o que fazer numa sociedade democrática, que respeita direitos individuais, com quem pensa diferente disso? 
      Não vou falar novamente que cristão deveria se envolver minimamente com política, que políticos dirigem a sociedade, não igrejas cristãs, a sociedade inclui pessoas de outras religiões, sem religiões e que não acham que aborto é assassinato. Mas muitos cristãos acham que políticos devem agir como pastores, e pior, que pastores podem ser políticos, impondo para a sociedade algo que nem Deus impõe, que todos pensem como cristãos. Muitos cristãos lutam contra uma lei que aprove o aborto como se estivessem lutando contra uma imposição feita a eles dentro de igreja. Eu não concordo com aborto, mas se há pessoas que desejam sua legalização ele deve ser legalizado, cada um que faça o que quer com sua vida. 
      O argumento que aborto não é problema moral, mas de saúde, que sua legalização acabaria com clínicas clandestinas, é burro. Se querem melhorar a saúde das mulheres façam campanhas de informação nas escolas para que se evite gravidez indesejada, resolvam o problema na raiz, ao invés de liberarem vida sexual para quem não está preparado para assumir as consequências dela. Patéticas são mulheres maduras, de bom nível financeiro e intelectual, apoiando legalidade do aborto, que maluca irresponsabilidade. Mas se Deus dá livre arbítrio a loucos, quem somos nós para não dar? Como cristãos devemos dar exemplo, orientar jovens e aceitar que o reino de Deus não é aqui, no final cada um responderá por si. 

27/01/24

Loucos desprezam a sabedoria

      “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.Provérbios 1.7

      Muitos dizem que Deus é uma criação humana, materialistas e ateus pensam assim, mas os chamados pelos cristãos de “satanistas” também dizem isso. Algo precisa ficar claro para muitos que acham que no meio dos crentes, e com crente me refiro a quem exerce fé numa divindade espiritual, só há gente ignorante e alienada, nem todo crente alia tradição religiosa a Deus e a Jesus. Assim, ainda que participando de igrejas e sabendo que Deus usa religiões limitadas, muitos de nós crentes, e eu me incluo nesses, sabem que religião e mesmo o cânone bíblico podem ser construções humanas. Mas cremos que Deus existe, que Jesus foi um ser único enviado por esse Deus à humanidade e esses não são criações de mentes fracas e doentes. 
      O cético pode responder a isso com uma pergunta: “como você sabe que o Deus que você diz existir não é criação de sua cabeça?” A resposta é: eu não sei, mas creio, e crendo já tive provas incontestáveis que Deus é bom, existe, se relaciona comigo e me abençoa. Se eu sou maluco por ver as coisas assim, quero morrer maluco, essa maluquice só me faz bem. Ouço “vozes”? Todos ouvem, mas a que sigo só me diz coisas boas, me orienta a ser humilde, paciente, santo, a perdoar, deixa no meu coração uma paz e um prazer que nada deixa, e seguindo essa voz as coisas dão certo para mim, para minha esposa e filhas, para todos que Deus me orienta a orar. Se isso é coisa da minha mente, então tenho uma mente louca, mas feliz.
      Reconhecemos o bom plantio pelos bons frutos colhidos dele, mas muitos podem dizer, “não preciso crer em fantasia religiosa para ser feliz”. Mas será mesmo que alguém consegue ser feliz sem crer em Deus, ainda que através de uma religião construída pelos homens? Será que conseguimos ser limpos moralmente e amorosos, em palavras a obras, só confiando em nós mesmos e na ciência? E mais uma vez deixo claro que nós crentes precisamos ouvir a ciência, muito e mais, mesmo que seja instrumentalizada por céticos, a ciência é bênção de Deus. Mas ela não cura, nem consola o espírito, esse tem sede da eternidade, quer voltar para ela, a melhor eternidade só temos crendo no Deus verdadeiro. Louco é quem não crê em Deus. 

26/01/24

Doce amargura

      “E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.Apocalipse 10.8-11

      O tempo muda muitas coisas, com o seu passar até nossa amargura fica doce, mas isso se a decantarmos com Deus. Muitos podem não entender, não ainda, mas é filtrando nossos erros e fraquezas que o Senhor tira o melhor de nós. Amargura é necessária, prova que vivemos, quem vive, erra, mas também pode provar, após errar, arrependimento. O perdão não faz com que todas as consequências de nossos erros simplesmente desapareçam, há resto de remorço, de culpa, que mesmo o perdão de Deus não anula, que gera um gosto amargo dentro de nós. É essa amargura que nos lembrará que certas coisas que fizemos nos magoaram e a outros, por não esquecermos, não desejaremos cometer o mesmo erro de novo. 
      Com o tempo aquilo que era amargo adocica-se, nos confere identidade, maturidade, uma boa malícia, mas é mais que isso, é sabedoria. O tempo nos deixa no final meio capengas, ninguém que viveu chega no fim com dois pés, duas mãos, dois olhos, dois ouvidos, temos que perder algo no caminho. Isso não é prejuízo, é medalha de honra, que recebem soldados que participaram de guerras importantes, foram gravemente feridos e sobreviveram. Desconfie de quem diz ter chegado no fim e estar inteiro, quase igual ao que era no início, esse na verdade não viveu, não lutou, não se machucou, não perdeu e também não ganhou e não mudou para melhor. Temos que chegar vivos, mas com cicatrizes de feridas fechadas. 
      Uma doce amargura, contudo, muitos podem conter, mas quem se humilha diante de Deus e o obedece verá todo amargor adocicar-se no final, o Espírito Santo faz isso em nós. Haverá memórias, aquele olhar profundo que sempre procura algo mais nas coisas e nas pessoas, um calar que sabe a resposta, mas não a diz, não para qualquer um, mas haverá vida eterna. Eis o processo da existência, começa doce e ingênua, amarga-se até que as ilusões morram, então fica insuportável, mas lentamente a amargura vai sendo decantada, filtrada, e do pior veneno surge o licor mais doce, puro, raro. A destilaria de Deus é o tempo, mas o trabalho que faz funcionar essa destilaria é a humildade, os humildes serão doces no final. 

25/01/24

É só o carro, o motorista está bem

      “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.17-18

      Quando estamos bem financeiramente, adquirimos veículos novos, de preferência zero quilômetro, e quando passa algum tempo o trocamos por um mais novo, nem dá tempo do carro envelhecer e dar problemas mais sérios de manutenção. Quando a situação está mais difícil, ficamos por anos com o mesmo carro, teremos que gastar com consertos e ainda que em ordem nunca será como novo. Nosso corpo físico é o carro que Deus nos dá para passarmos um tempo no mundo, o motorista dele é nosso espírito. Na juventude, enquanto o corpo se renova, nem nos preocupamos com problemas de saúde, mas por volta dos quarenta anos a renovação cessa, o envelhecimento começa, doenças vêm e podem ser fatais. 
      Quanto ao nosso espírito, esse não envelhece, mas precisa se adequar a um corpo envelhecido e doente, dirigir “carro ruim” eis nosso maior desafio espiritual. Ainda que tomando todos os cuidados que a ciência oferece, é preciso aceitar que a morte é certa, nosso corpo não funcionará perfeitamente para sempre, mas isso não é só aceitar doenças e limitações que nos farão dependentes de muitos remédios. Além do corpo físico, nosso emocional também fica debilitado, assim sofremos tristezas e desânimos que não experimentávamos antes. Se um problema não pode ser resolvido, ele também não deve ser aumentado, e aceitar com humildade e em paz limites é o que não transforma um problema em mais de um. 
      O motorista está bem, e pode estar ainda melhor que quando o carro era novo, se nós envelhecemos amadurecendo em Deus, aceitemos isso. Infelizmente é no final da vida que o universo faz as cobranças mais duras, justamente quando o carro mal consegue ir ao supermercado nos levar às compras semanais. Deus autoriza isso para que ainda neste mundo possamos aprender coisas que não poderemos aprender na eternidade, lá haverá avaliação e recompensa, mas só do que levarmos daqui para lá. Desânimos e tristezas podem ser superados com descanso, um passeio, com uma conversa positiva com quem nos ama, com um bom livro, um bom filme, e é claro com vida de oração e disposição humilde e temente a Deus.

24/01/24

Paz e luz aos idosos

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.II Coríntios 4.16

      Quem tem parentes próximos e queridos idosos, sabe o que é levar boas palavras a eles, de esperança, de ânimo, de paz, principalmente em se tratando de pais, que muitos de nós têm questões não resolvidas, ou não bem resolvidas. Mas quando pais chegam em certa idade, não é mais momento de tentarmos resolver problemas com eles, como mais jovens devemos nos resolver sozinhos e com Deus. Aos idosos precisamos levar palavras de vida, não de morte, de perdão, de amizade, de afeto, nunca de acusação, cobrança ou condenação. Idosos estão no limite de suas forças físicas, e em quase igual instância nas forças emocionais, isso se já não estiverem de fato com  alguma degeneração mental severa. 
      Mas e o espírito, aquela essência humana eterna que resistirá à morte do corpo e que será confrontado com a luz do Altíssimo? Esse não morre e não envelhece, ainda que possa estar enfermo e necessitado de tratamento. Cura para o espírito humano é proximidade de Deus, simples assim, e isso não é necessariamente religião. Muitos passam a vida perto de religião, mas distantes de Deus. Deus emana luz onde há trevas, chama para a vida onde há morte, permite consolo onde há tormento. Deus é força para o desanimado, companhia para o solitário, água fresca e pura para o cansado pelo deserto do mundo dos homens. Aos velhos devemos levar sempre bem, iluminação, serenidade.
      O espírito nunca se cansa, assim pode aprender mesmo no envelhecimento do corpo, e creiam, ele aprende, mesmo que muitas pessoas disfarcem isso ou não admitam. Por isso a melhor oportunidade para as pessoas se aproximarem de Deus é na velhice, cabe aos mais jovens, com paciência e muito respeito, principalmente com os costumes religiosos que muitos passaram a vida mantendo, falar de Deus, mas falar do Deus de amor e do céu, não “outro”. Com o tempo, todos adquirem consciência de quem são e das escolhas erradas que fizeram, assim não adianta falar de juízo e condenação a velhos, mas de oportunidade para escolher o caminho da humildade e de conciliação com a justiça. 

23/01/24

Fé vence água e fogo

      “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.Isaías 43.1-2

      O capítulo quarenta e três de Isaías é conhecido, um daqueles textos que amamos ouvir quando estamos numa grande luta, onde nosso emocional acha-se fragilizado e confuso. Há as promessas de Deus, se ele chamou, ele protege, somos queridos por Deus, essa é a parte que gostamos de ouvir. Mas também há duas situações extremas descritas pelo Espírito Santo, que podem exigir de nós mais que nos consolarmos com palavras positivas. Podem ser interpretadas ao pé da letra, principalmente para o homem do tempo de Isaías, mas podemos entender metaforicamente, nesse caso a passagem ganha mais atemporalidade e relevância. Nem água e nem fogo prejudicarão o Israel de Deus, assim diz Isaías.
      Água, o primeiro elemento, não fere necessariamente o lado de fora do corpo físico, mas pode penetrar o interior do ser humano e rapidamente matá-lo por afogamento, ainda que não deixe marcas externas no corpo. Outro elemento, o fogo, lesa rápida e severamente, e ainda que só o lado de fora do corpo, causa sofrimento mesmo que não se aprofunde e não leve à morte, quem sobrevive a ele fica marcado pelo resto da vida. No mundo podemos passar por dores assim, ambas são terríveis, tanto água como fogo podem ser símbolos de lutas emocionais que nos fazem perder o chão, dominam o ambiente, roubam-nos referências e certezas, nos invadem. Só pela fé superamos a morte e a dor por água e por fogo.
      Como ter fé se falta-nos ar para respirar e permanecermos vivos? Como mantermos a confiança em Deus se algo leva dor a todo o nosso ser, enfraquecendo-nos e marcando-nos? Pela fé. O que é fé? É ver o invisível, ouvir o intocável, acreditar no que ainda não aconteceu. Essa fé vem de dentro para fora, assim não baseia-se no que nossas emoções percebem, mas numa convicção que não precisa ter explicação ou embasamento intelectual, só foco no Altíssimo, esperando em paz, independente de qualquer coisa. Por que fé é tão exigida de nós por Deus? Porque não sabemos de tudo e não temos poder sobre tudo, assim fé leva-nos ver a existência além da matéria e de nós, mas como vida espiritual e eterna.

22/01/24

Estreito é o caminho

      “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.Mateus 7.13-14

      Estreito é o caminho que conduz ao Altíssimo e fica mais estreito à medida que andamos nele. Contudo, o caminho e a maneira como Deus estreita um caminho varia de pessoa para pessoa, não são coisas iguais para todos. Como Deus tem estreitado teu caminho? Você tem aceitado isso em paz? Ou o caminho até estreitou-se num momento, mas depois você não gostou do modo como Deus fazia as coisas e voltou para um caminho mais confortável para você? Podemos experimentar caminhos largos de várias maneiras, nos apetites do corpo, na imoralidade, mas também nas lúcidas orientações da ciência e mesmo em religião. Esses caminhos podem até parecer bons, mas de um jeito ou de outro não conduzem ao melhor de Deus. 
      Ninguém se engane achando que sendo fiel a uma religião, principalmente se for cristã, estará no estreito caminho da salvação. Ainda que Deus use as religiões, o estreitamento do caminho sempre pede de nós um relacionamento pessoal, íntimo e direto com ele. Andar num caminho largo não é perder-se em devassidões, sensualidades e vícios, não necessariamente, é simplesmente dizer não a uma nova prova de Deus, e seremos provados até nosso último instante neste mundo. Para uns o estreitamento que Deus permite pode ser ter que trabalhar mais, para outros ter que viver materialmente com menos, ainda que trabalhando mais, para outros pode ser enfrentar uma enfermidade, física ou psicológica, sem cura.  
      Para outros pode ser o isolamento, onde não se tem mais aprovação e companhia de pares. Por que é diferente? Porque uns precisam aprender a priorizar virtudes morais e conexão espiritual com Deus ainda que mais pobres, outros ainda que sem os holofotes dos palcos, outros sem a pujança que lhes fazia célebres no meio dos homens. Enfim, o Senhor diminui a força e a glória do homem para que esse dependa da força de Deus e dê glórias só a ele. Os arrogantes inventarão desculpas para permanecerem num caminho mais confortável, afinal, não querem abrir mão de tudo que adquiriram diante de homens. Já os humildes sofrerão com o estreitamento do caminho, mas se submeterão à vontade de Deus e acharão paz.

21/01/24

Tempo de Deus

      “Deus fez tudo formoso no seu devido tempo. Também pôs a eternidade no coração do ser humano, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim.Nova Almeida Atualizada 
      “Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.N.V.I.
  Eclesiastes 3.11

      Estejamos contentes enquanto Deus estiver nos usando, e quando não nos usar mais, sejamos humildes para aceitar isso em paz e santidade. Primeiro vencemos o cansaço do corpo, a dureza do mundo e o egoísmo do homem para conquistar o que Deus tem para nós, depois aceitamos os limites do corpo, a ilusão do mundo e a injustiça do homem para aprendermos a ser felizes pelo que somos, não pelo que temos. Deus respeita o nosso tempo, assim devemos respeitar o dele, nos dá coisas não tão úteis, digamos assim, quando somos infantis demais para pedir coisas realmente úteis. Mas nós precisamos aceitar o não que nos dá, quando nos nega algo por saber que já estamos crescidos o suficiente para aceitar isso.
      Os primeiros onze versículos de Eclesiastes 3 são dos mais conhecidos da Bíblia, resumindo eles dizem “Deus fez tudo formoso no seu devido tempo”, mas o versículo acima diz algo especial sobre esse ensino. “Pôs a eternidade no coração do ser humano, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim”, eis o paradoxo que define nossa existência no mundo e que no impulsiona a aprender a lição principal que estamos aqui para aprender. Nosso espírito diz uma coisa, mas nossa mente, limitada pelo nosso corpo, diz outra, ainda assim tentamos conciliar espírito e corpo. Muitos preferem negar o grito da eternidade em seus corações, tentam viver dando ouvidos só a suas mentes e a seus corpos. 
      “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21b), não é fácil dizer isso e ficar em paz, só os que veem a existência além da matéria, do visível e da morte conseguem, esses aceitam a eternidade que lhes habita e confiam em Deus. O melhor tempo de Deus para nós neste mundo é quando ele, enfim, pode nos falar de forma clara, além da religião, além da ciência, além do que sabemos, lutamos para saber e temos tanto orgulho em saber. Que esse tempo nos encontre humildes o suficiente para recebermos a verdade maior sobre nossas vidas em paz. Infelizmente muitos, arrogando estarem prontos para a eternidade por causa de suas obras, sofrem no final quando são confrontados com a verdade. 

20/01/24

Cuidado com os “amigos de Jó”

      “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: "Convertam-se a mim de todo o coração; com jejuns, com choro e com pranto. Rasguem o coração, e não as suas roupas." Convertam-se ao Senhor, seu Deus, porque ele é bondoso e compassivo, tardio em irar-se e grande em misericórdia, e muda de ideia quanto ao mal que havia anunciado.Joel 2.12-13

      “Eliú disse ainda: "Você acha que é justo dizer: ‘A minha justiça é maior do que a de Deus’? Porque você diz: ‘De que me serviria ela? Que proveito tenho, se eu não pecar?’ Eu darei a resposta a você e aos seus amigos também. Olhe para o céu e veja; contemple as altas nuvens acima de você." "Se você peca, que mal causa a Deus? Se as suas transgressões se multiplicam, que prejuízo isso poderia trazer a ele? Se você é justo, o que está dando a ele ou o que ele recebe da sua mão? A sua impiedade só pode fazer mal ao homem; e a sua justiça só pode dar proveito ao filho do homem."Jó 35.1-8

      Temos que ter certo cuidado ao ler o livro de Jó, boa parte dele são discursos de amigos que tratam a causa de Jó incorretamente. Eu sou seletivo para usar textos de Jó como palavra bíblica inicial aqui, podem não ser bem entendidos. Esse livro, que é um dos mais importantes e atemporais textos da Bíblia, possivelmente relatando, pelas mãos de Moisés, a história de um dos personagens mais antigos do cânone, talvez contemporâneo ou anterior a Abraão, deve ser lido por inteiro para compreendermos sua lição principal. As palavras dos amigos de Jó, ainda que citando Deus e entendimentos sobre o caráter e ações de Deus, não possuem um viés correto, mas isso fazia parte da provação de Jó autorizada pelo próprio Deus. 
      Algo que nos prova muito como cristãos é sermos atacados com a própria Bíblia, Jesus foi tentado assim por Satanás. Se não tivermos confiança maior em Deus poderemos nos perder da fé, principalmente se já estivermos em situação extrema de perdas materiais e afetivas como estava Jó. Jó não perdeu o temor a Deus quando lhe foram tirados bens e afetos, mas seus falsos amigos queriam tirar-lhe isso. No texto acima, Eliú parece defender Deus e atacar Jó, pessoas assim parecem conhecer Deus e a nós, mas não aproximam os seres humanos de Deus, os afastam dele. “Amigos de Jó” são arrogantes, não abrem portas por amor, trancam portas pela hipocrisia, como se ninguém fosse digno de passar por elas, só eles.
      Não que Jó estivesse certo, tanto que o Senhor o estava tratando, mas o Deus do evangelho não fala pelas vozes de falsos religiosos, essas só têm um propósito, fazer-nos desistir da fé. São vozes perigosas pois não negam Deus, nem muitas de suas virtudes, mas negam a iniciativa constante e eterna de amor do Senhor. “Deus é bom, mas se você errar não terá mais direito à sua bênção”, assim fala um “amigo de Jó”, que pode tanto ser humano como espírito. Isso não é verdade! Ao humilde, Deus acha, ainda que discipline e lhe permita privações, sempre dá consolo e esperança para que aguarde o tempo de honra com dignidade. Jó aprendeu mais sobre Deus e sobre si no final, após suportar sua prova e não dar ouvidos a falsos amigos.

19/01/24

Santidade, arma de Deus

      “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza.Tiago 4.7-9

      Quando oramos a Deus, precisando e pedindo dele uma ação ativa e mais combativa, contra algum perigo ou algum mal que tememos e que pode estar atacando nossas vidas, podemos ter a percepção mental e emocional que Deus vence atacando e usando, ainda que espirituais, armas, que ferem e matam. Sim, podemos ter esse entendimento, afinal somos imperfeitos e Deus em seu amor perfeito nos atende ainda assim, mas na verdade, espiritualmente não é bem isso que acontece. A arma que Deus usa no plano espiritual é sua santidade, quando pedimos sua proteção ele emana sobre nós sua luz, essa é uma expansão do caráter perfeitamente santo do Altíssimo, cercados por essa luz estamos protegidos do mal. 
      Isso ocorre porque o mal é a negação da santidade do Senhor na qual reside todo o bem, bem e mal não podem ocupar o mesmo “espaço”, no mal há trevas porque não há o melhor de Deus, luz e trevas são mutuamente exclusivas. Dessa forma Deus não destrói os seres que estão fazendo o mal, mas os expulsa de um lugar para outro, Deus nunca destrói nenhum ser, mas pode reprimir suas ações. Podemos dizer que ele aniquila o mal, as trevas, de um determinado lugar, o lugar onde estão aqueles que confiam nele e clamam a ele por proteção e paz, começando pelo interior desses. Nós também temos essa arma, santos somos fortes e intocáveis pelo mal, as trevas fogem de nós pois não acham dentro de nós simpatia e aprovação. 
      Duas potências divinas movem o universo, o amor atrai os humildes, a santidade repele os arrogantes. Nisso se cria dois espaços, luz e trevas, ou céu e inferno, nisso somos vencedores por Cristo em Deus, ou derrotados pela ação santa e amorosa do Espírito Santo, dos anjos e de outos seres espirituais de luz do Altíssimo. Infelizmente muitos, mal educados pelo catolicismo, têm uma ideia errada de santidade, mais aparente que interior, mais para ser exibida aos homens que para nos aproximar de Deus. Por isso, para muitos, santidade lembra mais morte que vida, contemplação que trabalho. Libertemo-nos de preconceitos e tradições, e provemos o poder da santidade de Deus, só nela há iluminação, liberdade e vitória.

18/01/24

Paz apesar de nós

      “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.Hebreus 10.22-23

      Já refleti sobre alguns aspectos deste tema, mas sinto que há mais a dizer. Nossa conversão ao evangelho não nos transforma instantaneamente, Deus não muda nossa essência num passe de mágica. O novo nascimento em Cristo, que o evangelho cita, ou a conversão, que protestantes valorizam ainda mais que católicos, e até que pentecostais, é um momento no tempo onde adquirimos uma nova consciência, principalmente porque pode ser o instante em que nos abrimos para o Espírito Santo. Assim, sentimos a seriedade de nossa condição de pecador longe de Deus, entendemos a exclusividade e a eficiência do perdão por Jesus, e com efeito experimentamos uma paz diferente de tudo que havíamos sentido até então.  
      Essa experiência não é definitiva, mas só a inauguração de um novo estado de consciência, que só pode ser mantido com trabalho, não só pela fé que inaugurou essa condição. A vivência com Deus é uma experiência espiritual gradativa, que sempre pedirá de nós fé, mas o que transforma moralmente nossa vida objetiva no mundo e entre os homens são perseverantes obras. O ponto que gostaria de enfatizar nesta reflexão tem a ver, não com ações, com sentimentos, é não entendendo isso que muitos desanimam e até desistem de serem amigos de Deus. Isso tem a ver com nossa missão principal neste mundo, com a prova mais difícil e mais importante que temos que vencer para termos direito a uma eternidade em paz.
      Ainda que nos arrependamos muitas vezes e depois consigamos viver por um bom tempo sem cometer os pecados mais graves do início de nossas jornadas, a sombra de todo o mal que fizemos, e mesmo de alguns males até piores que nunca fizemos, mas que sabemos que podemos fazer, essa sombra nos atormentará e até o fim de nossas vidas. Nos enganamos quando achamos que podemos nos livrar de certas dores, mas o desafio que Deus nos faz, é retermos paz, humildade e amor apesar disso. O próprio Deus não pode nos libertar dessa sombra, se o fizesse não conseguiríamos ser aprovados na prova que nos permite passar e que só acabará quando morrermos neste mundo, assim devemos perseverar até o final.

17/01/24

Aos justos nasce luz nas trevas

      “Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo. O homem bom se compadece, e empresta; disporá as suas coisas com juízo; porque nunca será abalado; o justo estará em memória eterna. Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor.” Salmos 112.4-7 

      Uma coisa é viver o tempo todo em trevas, outra coisa é passar por momentos de trevas. Mesmo o que vive em trevas experimenta momentos de luz, Deus ama a todos e a todos atrai a si. Mas o que persiste em viver na luz pode vivenciar momentos de trevas, e para esse as trevas podem parecer mais medonhas, visto ele não estar acostumado, pelo menos não mais, com elas. Trevas é falta de visão, portanto confusão e perdição, quem está nelas não sabe quem é, quem os outros são, de onde veio, onde está e para onde vai. Não significa que muitos que andam em trevas estejam experimentando vidas derrotadas, presas a vícios e sem objetivos, ao contrário, muitos desses têm até mais propósitos e prosperidade que os que estão na luz. 
      Trevas são mantidas no espírito, dominando a essência do ser humano, depois afeta sua moralidade, externando em suas associações afetivas e por último em seus negócios materiais. Em trevas não sabemos de onde viemos, portanto não assumimos erros passados, não sabemos onde estamos, o que nos faz dominadores ou dominados, não sabemos para onde vamos, confiamos e batalhamos por ilusões. Por causa de tudo isso não nos conhecemos, assim como não avaliamos os outros com verdade nem gostamos deles com sensatez. Trevas é fuga de Deus, no qual há toda a luz, é inferno interior, impede-nos de sermos humildes, pacificadores e amorosos. Trevas é morte, ainda que estejamos gozando honras e prazeres neste mundo. 
      Filhos da luz também experimentam momentos de trevas, e quando isso ocorre devemos ser crentes e rápidos, para não sermos presas do mal (I Pedro 5.8). Como essa situação confunde-nos não podemos nos fiar em nossos sentimentos, mas racionalmente aprumarmos nossa fé e fazermos uma oração de posse de vitória diante de Deus. O principal é sabermos que Deus não muda, nem suas promessas, assim se o chão parece inseguro é nosso coração que sente insegurança, não é Deus que mudou ou nos esqueceu. Fiquemos em paz, ao justo luz sempre nasce nas trevas, se formos humildes e tementes a Deus nossos olhos tornarão a se abrir, poderemos prosseguir no caminho para o Altíssimo, foi só um sonho escuro, a realidade é iluminada. 

16/01/24

Obedeça e fortaleça-se

      “Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.Salmos 31.24

      Há força na obediência a Deus, não porque os homens entendam ou aprovem o que fazemos, mas porque Deus manda e nós obedecemos. Se ele orienta, ele nos entende e nos aprova, indiferente do que os homens pensam, e isso é suficiente para estarmos em paz e felizes. Dessa forma prossigamos persistentemente em obedecer a Deus, fazendo aquilo que ele pede de nós, nesse trabalho somos fortalecidos, consolados e supridos. O que Deus pede de nós é tão honrado e digno quanto o que ele pede de qualquer outro ser, ainda que muitos não compreendam, aceitem isso e façam coisas diferentes, assim nos sintamos satisfeitos, não por estarmos fazendo algo, mas por estarmos fazendo o que Deus pede de nós.
      Obedecer é exercitar força da vontade, muitas vezes contra muitos obstáculos, incluindo uma tristeza inerente em todo ser humano, que se descontrolada conduz à depressão e outras enfermidades. É certo que algumas vezes temos que ter mais força de vontade para cessar uma atividade que para desempenha-la, mas quando temos que fazer uma coisa ou outra só descobrimos buscando a Deus com todo o coração, senão poderemos nos enganar e aos outros dizendo que somos esforçados quando só somos rebeldes. A rebeldia conduz a enfermidades mais que a ociosidade, já que uma ultrapassa limites e a outra deve ser ultrapassada para que conquistemos nossos limites. Força de vontade é perseverar principalmente na busca a Deus. 
      O mal trabalha nos extremos, pode destruir levando a fazer demais, como amarrar conduzindo a fazer menos. Muitas vezes paralizações emocionais se instalam porque estamos exaustos por estarmos represando negativismo e incredulidade em nós, estamos fazendo e muito, mas a coisa errada. A palavra de Deus sempre é de paz, luz e amor, se há pecado ela entrega perdão, se há porta fechada, descortina o impossível para nós, mostrando que Deus pode abrir outra porta. Recebe essa palavra quem crê em Deus mais que em si, nos homens e no que vê. Insista em buscar a Deus, em abençoar quem te persegue, em clamar por uma vida material e afetiva digna, e em confiar que o Senhor tem sempre o melhor para você. 

15/01/24

Os fracos movem a humanidade

      “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.II Coríntios 12.10

      Muitos criticam o sistema de inclusão no ensino, muitos defendem a meritocracia, muitos celebram os vitoriosos e saudáveis, mas menosprezam perdedores e doentes. A verdade é que na sociedade atual a regra é vencer quem teve mais condições para isso, em se tratando de vida material, condições estão relacionadas com vida profissional, essa a bons estudos e esses a meios de pagá-los. Conclusão: vencedores ainda são, com maior probabilidade, os mais ricos. Mas serão esses também os mais evoluídos espiritualmente? O mundo, seu desenvolvimento científico e suas revoluções sociais, não são movidos pela glória dos fortes, mas pela necessidade de respeito com os fracos, se não amamos, não evoluímos, ainda que ricos materialmente.
      Se chegássemos num ponto, aqui no plano material, onde não houvesse mais diferenças, pobreza, doenças, falta de alimentação, de natureza para haver uma vida sadia no planeta, o ser humano pararia de se desenvolver, viveria só para gozar prazeres, então, a estética moral e espiritual seria relegada de vez. O ser humano não está preparado para uma vida perfeita neste mundo, simplesmente porque não está preparado para ter uma vida iluminada no outro, por enquanto temos que evoluir em direção a Deus, e o que move essa evolução são nossas fraquezas. Essa evolução muitas vezes é levada à frente pelo esforço dos próprios fragilizados, não dos fortes. Negar os fracos, ao invés de fortalecê-los, é negar a principal razão de existir. 
      A escravidão de africanos foi mão de obra que desenvolveu a economia de muitos países, oprimindo seres humanos, mas mais que evolução econômica, é o clamor por igualdade e direitos de descendentes de africanos que gera evolução social. A diabólica eugenia nazista, levada por Hitler na Alemanha, pretendia “purificar” o povo alemão achando que isso era evoluir. Mas antes dos judeus, tentaram exterminar ciganos e outros, tentaram exterminar até doentes mentais e deficientes, achando que “fracos prejudicavam a sociedade”. Só há crescimento no amor, o melhor amor é praticado com diferentes e necessitados, se não houver fraqueza a ser superada e em Deus, não haverá necessidade de respeito e o ser humano não será incentivado a amar. 

14/01/24

Coragem para aprender e ensinar

      “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.Lucas 4.18-19

      É preciso coragem para enfrentar as consequências das escolhas erradas que fizemos. Coragem e humildade, afinal muitas vezes construímos toda uma vida sobre escolhas ruins, inventamos desculpas para termos feito o que fizemos, não admitimos para ninguém que erramos, pois não admitimos para nós mesmos. Deus sempre nos chama à luz, mas ele também sempre respeita nossa vontade, e nós podemos construir fortes muralhas mentais que nos protegem da verdade e nos mantêm na mentira. A verdade pode nos colocar numa fragilidade que não queremos enfrentar, porque equivocadamente achamos que temos que enfrentar sozinhos, sem Deus. Desistimos de Deus e achamos que ele também desistiu de nós. 
      Mas sábio é o que acha a tempo coragem para enfrentar no presente o que podem ser causas erradas, assim evitando efeitos ruins no futuro. Só na luz de Deus temos essa clareza, mas só ficamos nessa luz com humildade. O tempo sempre tenta nos ensinar, e o humilde ainda que tenha feito escolhas ruins, aprende com os frutos dessas e passa a andar com cuidado, escolhendo certo. Contudo, ter coragem para enfrentar escolhas erradas é ter amor e humildade também para ajudar os outros, primeiro nossos cônjuges e filhos, e depois parentes próximos e amigos. Ainda que tenhamos que respeitar o tempo das pessoas, temos que ter coragem para lutar por elas, isso é mais que agradar a Deus andando na luz, é conduzir os outros à luz. 
      Todos temos uma chamada, indiferente de nossas profissões seculares e de nossos ministérios em igrejas, a chamada de professor, o verdadeiro mestre o é dando exemplo em obras, não só em palavras. O verdadeiro mestre aprendeu com os próprios erros, assim deseja evitar que os que ama cometam os mesmos erros e colham frutos ruins. Se não ensinamos por amor e em humildade não somos mestres, somos só hipócritas tentando prevalecer sobre os outros por vaidade e insegurança, muitas vezes falando aos outros, mas tentando convencer a nós mesmos sobre algo que não vivemos. Que não sejamos corajosos para a crítica e para a arrogância, e negligentes para escolhermos certo e ajudar os outros a fazerem o mesmo.

13/01/24

Gotas no oceano

       “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.” João 17.22

     Uma gota se torna o oceano quando entramos em íntima comunhão com Deus, o oceano se torna uma gota quando Deus nos toca e se compartilha conosco. Quando um facho de luz muito forte, ainda que pequeno, se expõe a uma luz com a mesma intensidade, mas que ilumina um local muito extenso, não se discerne mais a pequena luz da maior, tudo é uma única claridade. Quando um instrumento toca na mesma afinação de toda uma orquestra, o instrumento se torna orquestra, mas toda a orquestra pode baixar seu volume e acompanhar um instrumento solo, e se todos estiverem no mesmo tom não haverá diferença entre instrumentos que acompanham e instrumento solo, só haverá uma completa e harmoniosa orquestra. 
      Água, luz, som, três ambientes distintos, mas que belas metáforas da comunhão do ser com Deus. Deve haver humildade na gota para se adequar e se unir ao oceano de forma que não se discerna mais o que é gota e o que é oceano, mas muito mais humildade no oceano para permitir que uma pequena gota compartilhe sua identidade, sua substância, sua grandiosa presença. Sim, Deus, o todo-poderoso, é humilde, se não fosse não amaria o ser humano, tão inferior a ele em virtude e conhecimento, e o atrairia para ser parte sua. Mas quem estranha uma vela acesa debaixo do Sol a pino? É tudo luz, toda a verdade está revelada, nada precisa estar escondido, não há vergonha ou escândalo, se conhece como se é conhecido. 
      Mas a terceira simbologia completa o mistério, ainda que um violino afinado pareça desaparecer no meio da massa sonora sinfônica, a sonoridade, ímpar, exclusiva de um instrumento, faz diferença, não é só mais um, confere mais beleza e riqueza ao todo. No amor Deus adiciona e nisso ele próprio fica maior e melhor, sim, Deus precisa de nós, simples seres humanos, imperfeitos e mortais, através de nós, outros podem ser iluminados e aperfeiçoados. Uma gota limpa e salgada faz diferença num oceano, uma vela acesa faz diferença sob o sol, um instrumento afinado faz diferença numa orquestra, cada um é igualmente importante para Deus, por isso ele se emana em Jesus e pelo Santo Espírito para conectar-se a nós. 

12/01/24

Iniciativas

      “Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.I João 4.9

      Uma verdade básica que temos que entender sobre Deus e sua conexão com os seres humanos: a primeira iniciativa é sempre dele. O amor de Deus nos atrai e isso move o universo, depois cabe-nos responder sim a essa iniciativa e tomarmos a iniciativa de nos ligarmos a ele. Deus manifesta seu amor aceitando nossa iniciativa ainda que seja imperfeita, digamos, não tão bem intencionada, infantil, recebe-nos e emana sua luz sobre nós. Nisso temos perdão, temos paz, temos forças, temos proteção e começamos a ter conhecimento das verdades espirituais. Eu disse começamos, pois a subida de cada nível espiritual, e o caminho para o Altíssimo, têm vários níveis, pedem de nós uma nova escolha consciente e responsável. 
      O termo iniciativa, se entendido corretamente, pode impactar conceitos que muitos cristãos têm sobre sua religião e Deus, que os levam a ser passivos, contemplativos, idolatrando fé e relegando a um nível mais baixo o objeto da fé e as obras. Catedrais católicas passam-nos um ambiente sepulcral, avesso a obras e iniciativas para a vida, convida-nos à morte, e ainda que se diga que é a morte dos apetites do corpo, da carne, acaba anulando a água viva do Espírito Santo. Pouco vale a fé se ela não mover-nos para tomarmos a iniciativa para amar, e não só em palavras, mas em perdão dos opositores e em caridade para os pobres e fracos. Estar em Deus é estar vivo, e vivos somos conduzidos a tomar iniciativas de bem e de justiça. 
      Não é fácil tomar uma iniciativa, tanto para crer num Deus invisível, como para amar um ser humano desconfiado, amargurado, orgulhoso, egoísta. Mas nada manifesta mais nossa eterna essência espiritual que agirmos por fé, sem provas, sem recompensas aparentes, só porque algo dentro de nós diz que é o certo a fazer. Que iniciativas temos tomado? Para julgar, gerar polêmica, jogar na cara das pessoas seus erros? Ou para perdoar, pacificar e ver o lado bom em tudo e em todos? A mais difícil iniciativa Jesus tomou, enfrentou ignorância, maldade, hipocrisia, andou entre os homens sendo paz e amor, sem nada pedir em troca, sabendo que sua iniciativa não seria entendida e que lhe levaria à uma morte solitária e terrível. 

11/01/24

Fazer, mas do jeito certo

      “E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.” Lucas 21.1-4

      Todos viemos a este mundo com uma missão, um objetivo que ao mesmo tempo nos faz úteis e nos aperfeiçoa. A grande maioria de nós cumpre nas ações essa missão, pudera, muitos de nós não tem outra escolha, se não fizermos aquilo que nascemos para fazer, morremos. Mas isso basta para que o propósito de Deus dê essa missão por cumprida? Não, não basta fazer, temos que fazer do jeito certo, esse jeito não só nos fará mais úteis para os outros, já que mesmo fazendo do jeito errado podemos até certo ponto ser úteis, mas mais que isso, o jeito certo nos aperfeiçoará tudo o que podemos nos aperfeiçoar neste mundo. Ser aperfeiçoado é viver o exemplo do Cristo na medida do nosso possível. 
      Fazendo, mas do jeito errado, muitos transformam bênção em maldição, muitos usam capacidades e talentos que tiveram facilidade para desenvolver e que possuem desde o nascimento para que pudessem ser úteis e se aperfeiçoarem, para fins errados, para prevalecerem sobre as pessoas e as dominarem. Muitos pensam ser produtivos e até estar agradando a Deus, mas estão sendo mordomos cruéis e egoístas, servindo só a si mesmos, as suas vaidades e as suas carências mal resolvidas. Não, não basta fazer e muito, Deus até pode usar isso para beneficiar outras pessoas, Deus é inteligente, econômico, pontual, nada desperdiça, tudo usa para um bom objetivo, todas as coisas lhes são úteis e a tempo.
      Mas o que é feito sem amor, sem humildade e sem paz, não abençoa quem faz, não conduz ao crescimento espiritual. A bênção não está na quantidade, mas na qualidade, como na oferta da viúva, parecia pouco, mas era tudo que ela podia dar e dado com intenção certa. Era oferta de sacrifício, mas por amor a Deus, com humildade e sem cobrar retorno, e em paz, não para se exibir ou confrontar alguém. Nosso trabalho deve louvar a Deus e servir os outros, não glorificar e servir a nós mesmos. “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis” (Colossenses 3.23-24). 

10/01/24

Não confiemos em falsas certezas

      “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo; se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre.” Jeremias 7.4-7

      Com que facilidade muitas vezes, acostumados com o cristianismo e como nossa relação com Deus como com uma mera religião, pecamos a voltamos a nos considerar agradáveis a Deus, como se nada houvesse ocorrido. Sim, até fazemos uso dos protocolos cristãos, pedimos perdão, prometemos que não cometeremos mais o mesmo erro, e achamos que está tudo certo porque temos uma reputação cristã, vamos a cultos, conhecemos a Bíblia, cremos em Jesus como salvador. Mas será que isso basta? No texto bíblico inicial Deus levanta Jeremias para exortar Israel sobre isso, o povo se fiava no Templo e na Lei, recebidos diretamente de Deus, assim começou a perder a noção que desagradava a Deus.
      Nos desviamos de Deus dentro da religião quando achamos que pecado é só o descontrole dos apetites do corpo e a perda de autocontrole que nos leva, por exemplo, à ira, assim somos rápidos para confessar esses desacertos e nos esquecemos do mais importante. Esses pecados, que nos tentam todos os dias, não são os que mais nos afastam de Deus, e são só consequências de estarmos fracos, justamente por estarmos cometendo outros pecados, esses, sim, os mais sérios. Assim limpamos o corpo, porque os pecados menos importantes ocorrem nele, mas não limpamos o espírito. É o espírito que não exerce misericórdia, que não pratica caridade, que não faz justiça, eis a verdade que Israel não queria aceitar. 
      Ninguém, com o mínimo de consciência, entra num templo para participar de um culto com o coração pesado por certos erros. Israel também entrava no Templo, oferecia sacrifícios e ouvia a Lei achando-se limpo, mas eles não estavam limpos. Eles cometiam certos pecados, não se arrependiam desses pecados, permaneciam neles, e não se davam mais nem conta disso, tal o estado de cauterização de mente em que estavam. O pecado que desconsideravam era a razão de existir de religiões que de fato levam ao Deus verdadeiro, servir ao próximo, e principalmente ao mais necessitado. Tenhamos cuidado com certezas falsas, que nos fazem achar que estamos agradando a Deus quando não estamos.