21/11/20

52. Permaneçamos no amor de Deus

Espiritualidade Cristã (parte 52/64)

      “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mateus 22.37-40

      “Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.” João 15.9

      “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8.38-39

      Iniciei o estudo “Espiritualidade Cristã” com Mateus 22.37-40, ele tem um assunto em comum com João 15.9, o amor. Mateus resume a velha aliança de Moisés, obrigações do homem para com Deus e com seus semelhantes, o homem deve amá-los, mas João nos fala da maior motivação que Deus tem para buscar o homem, Deus ama o homem. Quer saber o que é a mais elevada espiritualidade, seja no plano físico ou no espiritual? É permanecer no amor de Deus. João resume tudo num único versículo, Deus amou a Jesus, Jesus nos amou e nós devemos ama-lo, quem ama permanece, tem comunhão, obedece, adora, conhece e dá testemunho disso, por amor e em amor. 
      É muito difícil entendermos o amor de Deus, assim como muitos de nós até hoje não entendem a obra de Jesus, estamos presos demais a uma religiosidade de barganhas, que acha que para ter favores de Deus precisa fazer favores a ele em troca, fé por milagres, dízimos por provisão material, assiduidade em cultos por algo que apazigue almas escravizadas a remorsos. O amor de Jesus não exige nada, só pede permissão para nos amar, e quem é amado se sente satisfeito, não corre atrás de vaidades ou de prazeres passageiros. O amor liberta, quem é amado não se sente só e quem ama não se sente vazio, o amor ilumina, abre a porta para o mais alto dos conhecimentos espirituais e nos coloca perto do Altíssimo. 
      O grande desafio que temos na vida é permanecer no amor de Deus, isso quando nós mesmos, os homens, o mundo, os espíritos rebeldes, todos estão sempre tentando nos tirar dessa posição. Estar nessa posição é ser espiritual, espiritualidade não é um lugar para se chegar, mas é uma posição para se estar. Quem pensa que tem que melhorar, caminhar por um longo tempo para agradar a Deus, nunca alcançará seu objetivo, pisamos a mais elevada posição espiritual pela fé, quando nos lavamos com o “sangue” de Cristo o cordeiro de Deus e permitimos que o Espírito Santo nos conheça e se deixe conhecer por nós, numa comunhão que levaremos à eternidade, que permite que nosso espírito volte para quem o criou. 
      Quem prova isso tem a vida transformada, toma da água da vida e nunca mais desejará outro líquido espiritual ou material para satisfazer, não o corpo e a alma, mas o espírito. Quem tem essa experiência já chegou no ponto espiritual mais alto, ainda que caminhe por esse mundo, ainda que mude, não perderá jamais a referência daquele que pode alimentar para sempre o espírito, uma riqueza que bem ou prazer nenhum desse mundo ou do outro pode superar. Esse conheceu o amor de Deus e não abrirá mão dele, antes ficará, até o fim, e não existe lugar melhor para se estar que no amor de Deus, isso é mais que conhecimento espiritual, que milagres físicos, que sinais e mistérios, é a própria pessoa do Altíssimo.
      Os espíritos rebeldes, chamemos-os dos nomes que forem, diabo, Satanás, demônios, anjos caídos, arcanjos caídos, enfim, seres espirituais que nunca escarnaram e que num momento do tempo tiveram autorização de Deus para exercerem livre arbítrio, são seres que não têm direito a nada, só ao inferno. Por isso quiseram fazer com que o homem se afastasse de Deus, para terem legalidade de entrar no lugar que nem Deus pode impedir que entrem, no coração do homem se esse autorizar. Esses seres não têm outro poder senão aquele que os homens delegam a eles, e Deus não pode ir contra o livre arbítrio que ele mesmo deu aos homens, pelo menos até o juízo final, por isso o diabo tem tanto interesse no homem. 
      Esses espíritos rebeldes não querem que o homem fique no amor de Deus, pois isso simplesmente os impedem de terem poder, de ocuparem espaço no mundo. O diabo conquista o mundo não com suas mãos e seus pés, mas com as mãos e os pés dos seres humanos, enquanto esses realizam, fora do amor de Deus, injustiça, egoísmo, intolerância. Contudo, ainda que defendendo os valores morais e espirituais mais altos, o diabo conquista espaço, e essa é sua estratégia final, negando a Deus, sua mais alta posição espiritual, sua onipotência, e principalmente, sua salvação pelo nome de Jesus. Quem nega a Jesus, nega a Deus e de maneira alguma pode provar o verdadeiro amor, sem esse amor espiritualidade é impossível. 
      Por todas as coisas pela quais devemos lutar, a mais importante delas é permanecer no amor Deus, nada falta aos que se colocam nessa posição, assim como ninguém toca os amados de Jesus. E entendamos certo, no amor não existe exigência de sacrifícios, mas só compartilhamento de misericórdia. Um bom casamento é a maior bênção que podemos ter nesse mundo, mas só no amor de Deus podemos ter, administrar e manter isso com equilíbrio e paz. Que percamos tudo, bens e aprovações de homens, mas no amor de Deus sempre estaremos tranquilos, protegidos, vitoriosos, e acima de tudo, preparados para a eternidade melhor de Deus, onde nós e Jesus seremos todos um só no eterno amor do Deus Altíssimo.

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

20/11/20

51. Adoração, porta para espiritualidade

Espiritualidade Cristã (parte 51/64)

      “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” I Coríntios 14.26-33, 39-40

      Por adoração ser tão libertadora e simples é que o “mal” tenta desviar o cristão dela, seja impedindo que ele chegue a ela ou corrompendo-a depois que ele já a provou. Ele impede quando leva cristãos a crerem que liberdade emocional e exposição dela é fraqueza, ele corrompe quando convence muitos que liberdade emocional é o clímax da espiritualidade. Mas o que tem a ver liberdade emocional com adoração e espiritualidade? O ser humano é composto de três partes, o corpo, a alma e o espírito (refletimos sobre isso em “Mapa espiritual cristão”), a alma é composta de um centro intelectual e um centro emocional, ou mente e coração, bem, uma interação com Deus o experimenta nas três áreas, com respeito e equilíbrio. Assim negar uma parte é negar um ser humano completo, é aleijá-lo, é impedir que o ser humano tenha uma experiência completa com o universo, o mundo, as pessoas, Deus e o mundo espiritual. 
      Alguns se sentem mais confortáveis enfatizando o intelecto, essa área humana é mais contida, aparentemente controlada, mais ligada ao material e à ciência, cristãos que enfatizam isso darão preferência a igrejas protestantes mais tradicionais, que focam num estudo teológico de mais qualidade e que buscam entender Deus, o cristianismo e a Bíblia, de um jeito mais racional. Outros, contudo, se sentem mais confortáveis tendo experiências mais sensoriais com Deus, querem sentir e não têm nenhuma vergonha de mostrar isso aos outros, veja que as pessoas procuram aquilo que mais as protege, afirmam aquilo que elas querem ser e escondem o que elas não querem ser. Os emocionais buscarão igrejas pentecostais ou onde existe liberdade maior principalmente para o louvor, depois, para que busquem e provem dons espirituais, manifestação dos dons é quase que o efeito natural de uma adoração emocional livre. 
      Eu creio que todos, quando se convertem e são selados com o Espírito Santo, recebem dons espirituais, todos, mesmo aqueles que nem creem que dons existam, o que acontece, que pode ser no momento da conversão ou anos depois após muita busca, é a conscientização emocional dos dons. É nela que os dons se manifestam, através de línguas estranhas, revelação, visão, ou outras maneiras que o Espírito Santo acha para se manifestar no nosso espírito que depois externa, através de nossa alma e de nosso corpo, para o mundo exterior. Assim, nossas emoções são muito importantes, elas nos dão referências de prazer e de dor, de paz e de tormento, de alegria e de tristeza, e se coisas de homens nos fazem realizados, como não fariam as coisas de Deus, como não mexeria com nossos sentimentos a presença do Espírito Santo de Deus em nós? Além do mais, Deus é vivo e sempre renovado, assim perceptível.
      Contudo, se o mal não consegue nos anular emocionalmente ele tenta liberar nossas emoções de forma descontrolada, assim ele sempre joga com nossos extremos. Por isso muitos acham que espiritualidade é adorar em todo o tempo e sentir êxtases arrebatadores, mas aí é preciso lembrar das outras partes que nos compõem como seres humanos, a razão deve existir para equilibrar a emoção e vice-versa, e nunca uma para anular a outra. Quem consegue ter uma experiência intelectual depois que teve a emocional, amadurece, começa a entender espiritualidade cristã, mas quem estaciona em uma delas, aleija-se, limita-se, impede Deus de trabalhar. Deus é pleno e nos quer plenamente para que entendamos a existência de forma plena, Deus nunca nos chama pela metade, Deus nunca nos vê por partes, ainda que nós tentemos expor só as partes que nos interessam. 
      O versos 39 e 40 de I Coríntios 14 resumem a interação de espírito, emoção e razão, tenhamos liberdade no Espírito, isso é nosso direito, mas com ordem e decência, isso é nosso dever. Eis uma coisa que me faz amar a verdade de Deus entregue pelo evangelho, uma verdade sem igual, os que têm olhos podem ver, os que têm ouvidos podem ouvir e maravilharem-se com a espiritualidade que só há em Cristo. Os que acham que dons não são para os dias de hoje que rasguem da Bíblia as partes que falam a respeito. Mas ninguém se engane, Deus está presente no meio de evangélicos simples, adorando e falando em línguas, presente e se agradando, mas Deus também se agrada com aquele que dedicou anos aprendendo as línguas originais da Bíblia, estudando escatologia, entendendo a religião judaica, esmiuçando a teologia de Paulo em sua apologia à fé. Ainda que nos vejamos em partes, Deus nos ama por inteiros. 

Espiritualidade Cristã
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José Osório de Souza, 30/09/2020.

19/11/20

50. Espiritualidade de graça

Espiritualidade Cristã (parte 50/64)

      “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. I Coríntios 1.18-21

      Muitos não entendem o conhecimento profundo que existe no princípio “pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésio 2.8), muitos acham, e infelizmente baseados em equívocos que os próprios cristãos criam e creem, que isso é um jeito de enfraquecer o homem para que outros homens, em nome de Deus, possam controlá-lo. Aliás, muitos dizem que o cristianismo é a velha ordem mundial, no qual um teocentrismo negacionista impede a humanidade de evoluir cientificamente e socialmente, e isso pode até ser verdade em relação ao falso cristianismo criado por religiosos sem escrúpulos, não em relação ao cristianismo original. A verdade do ensino de Paulo não tem o objetivo de enfraquecer ou subjugar o homem, mas de liberta-lo, abrir seus olhos espirituais para a luz mais alta, num plano onde as referências materiais não funcionam. 
      Entretanto, mesmo os que entendem essa verdade, acabam usando-a para se acomodarem, assim, o que deveria ser o começo acaba sendo o final. Temos uma caminhada a fazer, mas não para receber a verdade, mas para crescer nela, e é isso que dá à existência prazer e sentido. Muitos, contudo, estão mais ocupados em ganhar dinheiro para sobreviverem, e nada de errado tem nisso, não num mundo injusto onde poucos dominam e exploram muitos. “Aprofundar-se na espiritualidade? Não tenho tempo”, dizem, assim querem resultados rápidos, pedir a Deus e receber, agradecerão ao Senhor por isso, mas sem perderem muito tempo. Isso parece dar pouco a um Deus que tanto dá? E é, mas Deus ama os homens, todos eles, mesmo uma maioria que não tem tempo para ser espiritual. Por isso o evangelho é acima de tudo uma prova do amor de Deus pelos homens, homens que pouco tempo têm para Deus. 
      Vou dizer algo que talvez muitos cristãos não aceitem, cristãos com um poder aquisitivo mais alto, que podem ter uma qualidade de vida melhor, e que têm tempo não só para trabalhar, mas também para adquirir cultura: a Bíblia é a versão elementar da verdade mais alta de Deus, enquanto que textos religiosos de outras crenças e óticas metafísicas, são versões avançadas de verdades abaixo da mais alta de Deus. Alguns podem não aceitar isso porque têm tempo e vontade de se aprofundarem na Bíblia, assim tentam descobrir nela conhecimentos que outros não têm, mas estudar com mais afinco um livro de fundamentos não faz o livro mais profundo, mas esse não é o ponto aqui. O ponto é que Deus ama o homem, assim, para salvá-lo, disponibilizou o conhecimento da salvação de um jeito que qualquer homem pudesse entender, sem que tivesse mais tempo ou erudição para se aprofundar nele.
      Por isso certas religiões seduzem os que se acham mais sábios, mais cultos, por isso esses mesmos criticam o cristianismo como uma religião de ignorantes, por isso eruditos se perdem mais facilmente e os simples se salvam com mais facilidade, por isso Paulo diz em I Coríntios 1, “destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes”. A Bíblia pode ser o básico, mas é suficiente, e talvez o possível para a grande maioria de seres humanos do mundo atual, e creiam, em certas coisas o homem não evoluiu muito, ainda é o mesmo de quase dois mil anos atrás, assim a Bíblia ainda é atual. Jesus sempre é atual, isso nunca vai mudar, mas a aplicação do evangelho na moral, nos costumes, na família, na sexualidade, nos direitos políticos, isso precisa mudar, mas só mudará quando o homem se aprofundar em sua espiritualidade, e mais, na espiritualidade mais alta do cristianismo.
      Amor, isso define melhor a Deus que erudição teológica, luz, isso explica melhor o Senhor que conhecimentos ocultos, simplicidade, isso representa mais a sabedoria de Deus que complexos rituais religiosos. Deus é amor, é luz e é simples, para que os simples tenham acesso a ele e tenham paz. Do que vale todo o conhecimento se não há paz no coração? O amor de Deus traz paz, eis o início e o fim da espiritualidade, o resto é trevas, é o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e isso está abaixo dos mais altos lugares celestiais em Cristo. Graças a Deus que nos ama, glória a Deus que se faz homem para que os homens o entendam, se abaixa sem se rebaixar, louvores ao altíssimo, que ainda que esteja lá em cima, nos acha pelo seu Santo Espírito e nos ensina, coisas inefáveis, que não merecemos saber, mas que ele compartilha com filhos do seu amor em Cristo.

      “Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. 
      Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado.” 
Hebreus 10.9-18

      No texto inicial, como presente nas epístolas paulinas de maneira geral, o escritor faz a defesa do evangelho como estabelecedor de uma aliança melhor e eterna de Deus com os homens através da obra de Cristo. Depois que Cristo concluiu sua obra não há mais necessidade de sacrifícios de animais para que os homens possam receber perdão, basta a eles que creiam no nome de Jesus. Isso pode ser aplicado também a tantas outras substituições que os homens tentam fazer para a obra de Cristo através das religiões, mesmo nos dias de hoje, substituições que sempre negam um princípio básico da maneira de Deus agir, sua graça. Se tantas coisas Deus dá ao homem de graça, muito mais a salvação, e não é só por generosidade, mas porque não existe outro jeito. O homem não pode, pelas próprias forças, se salvar, se existe evolução espiritual que depende de tempo e trabalho humano, ocorre depois que ele é salvo, não para ser salvo. 
      Algo que choca muitas religiões com relação ao cristianismo, pelo menos em relação ao cristianismo que o protestantismo tentou resgatar, é o conceito da graça de Deus. Como tantas vezes já foi dito, e que define a diferença entre cristianismo e outras religiões, o evangelho é Deus buscando o homem, enquanto as outras religiões são o homem buscando a Deus. Quando o homem se coloca como protagonista sempre quer, de alguma maneira, glória para si, aplauso pelo seu trabalho, por isso a espiritualidade buscada por ele sempre custa preços. Vemos isso no catolicismo, que desviado do cristianismo original, criou ritos, cerimônias e sacramentos. Quando o Espírito Santo falta o homem tenta fazer o trabalho, que simule espiritualidade e alie ao culto alguma sagração, por isso o catolicismo se tornou uma religião pesada e morta, que acaba separando o homem da graça mais pura de Deus.
      Rituais são encenações aos quais são aliados poderes religiosos, onde se procura refazer um acontecimento, através de teatrialização, para reviver a capacitação dada pelo evento original. Por exemplo, quando se encena na Quaresma a “Via Crúcis”, o "Caminho da Cruz" ou “ Via Sacra”, referente ao trajeto percorrido por Jesus carregando a cruz do Pretório ao Calvário, pode ser um rito, se as pessoas crerem que podem obter algo através dessa encenação. Contudo, uma diferença importante do genuíno cristianismo, é que ele não precisa de rituais, o novo testamento não deixou orientação para eles, basta crer na obra final de Jesus. O batismo nas águas e a ceia são mais eventos sociais, testemunhos públicos da fé, momentos para se ter comunhão com os que comungam a mesma crença, eles não possuem qualquer poder espiritual ou concedem qualquer benefício de salvação ou perdão.  
      Quem precisa reviver o passado para achar forças ou motivos para crer é porque não tem no presente algo vivo e capaz que mantenha viva sua fé, sem o Espírito Santo utiliza-se rituais, repletos de pompas e circunstâncias. Rituais impressionam emocionalmente e fortemente as pessoas e fazem com que elas se sintam parte de algo maior e importante. Infelizmente muitas denominações evangélicas atuais, que se desviam do verdadeiro evangelho, têm provado a falta do verdadeiro Espírito e também têm inventado rituais, principalmente baseados na religião israelita do antigo testamento. Isso sempre glorifica mais o homem, que se sacrifica, que cumpre uma “promessa”, que participa fielmente de uma série de vigílias, que jejua por um grande número de dias ou que tem fé suficiente para alcançar uma graça. Mas graça não se compra nem se troca, só se recebe, é de gratuita. 
      Quando Deus busca o homem, a glória é de Deus, mas não porque ele exija isso ou precise disso, é simplesmente porque ele é Deus e Deus sempre merece todo o louvor. O louvor que damos a Deus não exige de nós trabalho, ao contrário, é prazeroso, nada alimenta mais o espírito humano que adorar o Deus altíssimo. Adoração confere ao homem uma intimidade espiritual com um Deus pessoal que muitas religiões não podem dar, não podem dar porque não têm o direito de dar e não têm o direito de dar porque não têm Cristo. É justamente a adoração a porta para experiências espirituais mais profundas, quantos não receberam dons espirituais, tiveram suas primeiras experiências com línguas espirituais estranhas, louvando a Deus com liberdade. Assim, a graça de Deus nos leva a louva-lo, o louvor abre a porta para os dons, e os dons são o início da mais profunda espiritualidade cristã.
      É maravilhoso como Deus nos atrai de um jeito simples, que nos realiza por completos, intelectual, emocional e espiritualmente, de graça por amor e através da fé, sem ritos, sem protocolos mágicos complicados, sem sacrifícios, algo possível a todo ser humano que passou da “idade da inocência”, seja qual for seu nível intelectual, financeiro ou etário. Mesmo que o verdadeiro evangelho nos leve a abrir mãos de vaidades e prazeres, ele o faz do jeito certo, nos respeitando e tirando de nós o nosso melhor, e isso, repito, é como Deus trabalha, não as religiões, incluindo as cristãs. Deus não pede sacrifícios de ninguém, e se parece sacrifícios o é aos que amam mais o mundo e a si mesmos que as virtudes. Se o “diabo” é um senhor cruel e mentiroso, cobra preços altos, faz muitas exigências, e na verdade não dá nada em troca, Deus dá de graça porque Cristo já pagou o preço, com a própria vida, dá muito mais que merecemos ou imaginamos e para sempre.

Espiritualidade Cristã
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José Osório de Souza, 30/09/2020.

18/11/20

49. Nos lugares celestiais em Cristo

Espiritualidade Cristã (parte 49/64)

      Na 6ª parte desse estudo, “Espiritualidade Cristã”, intitulada, “Para ter o poder de Deus“, já compartilhei o texto de Efésios 1 que cita o termo “lugares celestiais”, vamos refletir um pouco mais nele, apresentado novamente por Paulo no segundo e no sexto capítulo da mesma epístola. Penso que esse termo é extremamente revelador e de suma importância na teologia evangélicas, aliás, parte de um ensino fundamental para o cristianismo presente nos dez versículos iniciais do capítulo dois da carta aos Efésios. 

      “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. 
      Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 
      Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” 
Efésios 2.1-10

      “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” 
Efésios 6.10-13

      O texto de Efésios 2 coloca os seres humanos em posições espirituais diferentes, são essas posições que definem perdição e salvação, inferno e céu, espiritualidade dos seres espirituais rebeldes e espiritualidade mais alta de Deus. Inicialmente os seres humanos estão mortos andando segundo o curso deste mundo que segue o espírito que opera nos filhos da desobediência, isso ensina que todo homem neste mundo precisa de salvação, precisa mudar de posição espiritual, precisa subir. Ainda que essa mudança necessite de escolha, ainda que o ser humano tenha liberdade para fazê-la ou não, se ela não for feita o homem continuará numa posição inferior, e isso independe se ele é ou não um bom cidadão, com bons valores morais, e mesmo se tem alguma experiência com o mundo espiritual ou se é um religioso fiel. O texto dá informações importantes para se entender posição espiritual, e em qual posição tem liberdade para agir qual “espírito”. 
      Deus está no mais elevado lugar celestial e esse lugar só é acessado por Cristo, por isso chamar Deus de o Altíssimo é tão propício, tão significativo, tão preciso, por isso os antigos buscavam Deus em lugares altos, por isso sistemas esotéricos, como a Cabala, colocam Deus na posição mais alta. Quando aprendemos a meditar “olhando” o mundo espiritual, e isso é algo que nem todos sabem (e nem precisam saber), fixamos nossos olhos espirituais na posição mais elevada, já que os seres espirituais, de luz ou de trevas, estão abaixo dessa posição. Demônios estão quase que presos à superfície desse mundo, anjos estão acima, por isso a crença tradicional que o inferno está nas regiões subterrâneas, mas isso não é no plano físico, na Terra, neste mundo, mas no plano espiritual. Veja que um diabo é descrito no texto como o príncipe das potestades do ar, ele também é colocado numa posição acima do chão pois lidera legiões. 
      No capítulo seis de Efésios Paulo torna a usar o termo lugares celestiais, agora posicionando os espíritos malignos, e mais, o apóstolo-teólogo nos revela quem são nossos piores inimigos, que não são a carne e o sangue. Esse ensino, contudo, pode ser mal interpretado quando os cristãos colocam no diabo a culpa por erros que são seus, pode existir uma batalha maior entre seres espirituais rebeldes e seres espirituais da luz, mas ela não é para nos tentar nas coisas corriqueiras do dia a dia. Em nossas lutas diárias somos nós que decidimos se a vitória será dos demônios ou do Espírito Santo e essa luta só acontece dentro de nós. A batalha que Paulo se refere pode ser melhor entendida com a experiência de Daniel (Daniel 10), quando ele lutava em oração por toda uma nação, numa situação dessas, sim, existe algo que vai muito além de nossas vontades e que independe de nossas forças, ainda que conte com nossa fé e consagração.
      Aliás, as pessoas muitas vezes sem importam demais com o diabo quando em grande parte das vezes ele não se importe tanto assim com elas, ainda que ganhe o crédito mesmo quando não está envolvido diretamente. Se fazemos algo em Deus e para Deus a glória é de Deus, mas todo o resto, incluindo coisas que fazemos com boas intenções, para ajudar os homens e sem nenhum ligação com o diabo, é para o diabo, parece extremista mas é isso (como já refletimos em “O diabo é um humanista (III)” e outras reflexões). Se o homem se afasta da luz está nas trevas, não tem meio termo, mas se o diabo ganha créditos sem fazer nada Deus já fez tudo, inclusive pelos que estão longe dele, salvou a humanidade por Cristo Jesus. Se o diabo mente para ser adorado e ter legalidade para se apossar de territórios através do homem, ainda que Deus nada faça ele pode dar tudo porque tudo já fez.
      Algo que precisamos entender é que altura espiritual não tem a ver diretamente com altura física, na verdade os dois planos, espiritual e físico, se sobrepõem em dimensões distintas, contudo, como os espíritos malignos têm legalidade, dada pelo homem, de agirem no mundo, nas coisas dos homens, podemos dizer que eles estão numa posição próxima ao céu físico do planeta Terra, bem abaixo do céu espiritual onde estão os anjos, e todos esses abaixo do trono de Deus, onde está a “consciência” do Altíssimo. Assim podemos abranger um pouco mais o entendimento dos três céus: o céu físico do planeta Terra que sobrepõe o primeiro céu espiritual dos demônios (o mundo, I João 5.19), o segundo céu, o espiritual dos líderes espirituais, onde ocorrem as batalhas espirituais (como a de Daniel 10), e o terceiro, o céu espiritual mais elevado, onde está o trono de Deus (visto por Isaías em Isaías 6).

      “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.” João 17.20-24

      A posição espiritual melhor, mais alta, está no nível mais elevado dos lugares celestiais onde está o melhor do Deus verdadeiro, que é sua “essência“, sua “consciência”. Deus não está só nesse lugar, ele está em todos os lugares, ele tudo contém ainda que nada o contenha, até no inferno Deus está. Contudo, a “essência” de Deus, sua “consciência”, e estou usando esses termos por falta de termos mais apropriados, termos melhores que na verdade não existem no plano físico visto que nos referimos a conceitos espirituais do mais alto plano, que seja, essa posição onde está o melhor de Deus é a vocação de todo ser humano, de toda alma vivente, de toda criatura que foi colocada neste mundo com o sopro de Deus vivo. O homem é posto no mundo e seu destino é retornar a Deus, contudo, só Jesus pode devolver o homem a essa posição, mais nada e nem ninguém. Cristo está nas regiões celestiais mais altas esperando os que nele crerem. 
      A posição espiritual mais alta, contudo, não é conquistada com trabalho e com tempo, por isso o homem poderia reencarnar eternamente e ainda assim viveria um contínuo inferno, mesmo que se tornasse um homem de bem e bem fizesse a todos “sem ver a quem“. Essa posição não é o final de uma longa e exaustiva jornada, mas é um posicionamento feito num instante de fé, a posse intelectual e emocional de uma promessa, promessa da palavra de Deus, essa palavra diz: em Cristo Jesus sois novas criaturas. A novidade não está numa nova religião e em nada de exterior, mas na colocação do espírito humano em comunhão direta com o Deus altíssimo. É importante entender que a fé que é a chave para a porta que é Jesus não é força humana, mas dom de Deus, o homem pode querer, deve querer, mas só receberá fé para se posicionar se Deus der a ele. Fé é dom de Deus, ensino fundamental de Paulo (Efésios 2.8).
      Esse reposicionamento espiritual é algo que muda profundamente o ser humano, ele ressuscita o morto, morto não no corpo, mas no espírito, por isso essa nova vida vence a morte do corpo, anula o inferno e coloca o ser nos lugares celestiais em Cristo (Efésios 2.6) e que posição é essa, meus queridos. Nela os diabos e outros seres espirituais rebeldes não tocam, é o abrigo onde o salmista se colocava para se proteger de todo o mal e achar consolo de toda injustiça. Essa posição tem uma luz espiritual tão forte que os demônios temem olhar, e os homens que não amam a Deus sentem, mesmo sem terem consciência do que é, nos homens que amam Deus, ainda que esses últimos sejam humanos e limitados. Nesse lugar não há necessidade de milagres pois nele tudo que o ser necessita, de material e espiritual, está, naturalmente para os que estão em plena comunhão espiritual com o Deus altíssimo pelo Espírito Santo. 
      Por isso, ainda que o cristianismo seja tão mal tratado, mal falado, mal vivido, mal interpretado, possui um poder sem igual, uma autoridade singular, ele tem Cristo, e isso basta. Mesmo com heresias, com fé na fé, com dizimolatria, com busca de prosperidade material mais do que de virtudes morais, com tanta imaturidade, hipocrisia e superficialidade, aliados ao cristianismo em quase dois mil anos de história, se há o nome de Jesus, há salvação. Isso é algo que a religião mais sincera, que os espiritismos mais caridosos e altruístas, que os esoterismos mais profundos e legítimos, não têm e nunca terão. Os doces frutos do Espírito Santo sempre trarão a vida eterna, que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não pode trazer, por mais sofisticado e exótico que seja. Podemos provar os frutos do Espírito porque um Deus altíssimo, mas acessível, nos ama e nos salva, eis o segredo da mais alta espiritualidade.
     Jesus deixou muito claro, “onde eu estiver, também eles estejam comigo”, assim os que creem nele têm direito à mesma posição espiritual que ele tinha antes de encarnar e continuou tendo depois que subiu ao céu ressuscitado. Isso nos dá plena certeza que não há necessidade de mais nenhum “trabalho” ou “tempo” para que sejamos restaurados ao nível espiritual mais alto, aquele que o homem tinha antes da queda no Éden. A obra de restauração de Cristo é completa e livra completamente do inferno, seja ele o que for e quanto durar, essa é a verdade espiritual que os espíritos rebeldes tentam esconder, ainda que entreguem ao homem um vasto e profundo conhecimento espiritual. Em Jesus somos perfeitos num passo de fé, vivamos, então, como dignos dessa tão excelsa vocação. Qual a marca dos que são um em Cristo como Cristo é um em Deus? O amor, em paz o homem pode amar e esse é o fruto da mais elevada espiritualidade.

Espiritualidade Cristã
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

17/11/20

48. Espiritualidade e meditação

Espiritualidade Cristã (parte 48/64)

      “E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” II Coríntios 3.15-18

      Algo importante para muitas religiões, quando se trata de alcançar espiritualidade, está ligado à oração. Os católicos usam o termo rezar e os protestantes o termo orar, para se referirem a pedidos de coisas e agradecimentos por coisas recebidas a Deus, contudo, de maneira geral, os cristãos não estão acostumados com o termo meditar. Na verdade, a maioria dos evangélicos não utilizam um dos grandes privilégios de terem o Espírito Santo dentro deles, ouvirem a voz de Deus ensinando. Dizem que aprendem coisas novas ouvindo pregadores ou estudando a Bíblia, mas quando se trata de oração é mais para pedir, agradecer e quando muito, ouvir alguma profecia ou revelação mais imediata.
      Religiosos orientais dão muita ênfase à meditação, para eles falar com o divino é mais que o pedir e agradecer dos cristãos, é um estilo de vida que sintoniza o humano com o espiritual. Eles conhecem o poder dessa experiência, mais que os cristãos, ainda que não a usem exclusivamente para terem comunhão com o Deus altíssimo, e aqui não vai uma crítica, apenas uma constatação. Diferente dos evangélicos que oram pouco e querem resultados rápidos, hinduístas e budistas passam a vida meditando, não para terem prosperidade na terra, mas para serem espiritualmente melhores, preparando-se para o outro plano, como efeito acham também melhores condições de saúde no corpo, por isso ioga é tão popular.
      O lado ruim da meditação oriental é difundido justamente por causa de seu lado bom, como parece ser só uma disciplina para o corpo, exercícios de respiração e postura, regime alimentar, esconde o lado sombrio que é levar as pessoas a se comunicarem com entidades espirituais, e não com Deus. É claro que muitos, que são seduzidos só pelo modismo exótico de uma ioga de butique, não sabem disso, e mesmo muitos iogues que vendem esse tipo de meditação são tão falsos ou rasos quanto são muitos pastores e padres dentro do cristianismo. Os verdadeiros mestres de religiões orientais assim como de esoterismos de maneira geral, sabem o que fazem e com quem compartilham suas experiências e conhecimentos.
      A melhor definição para meditação pode ser concentrar-se no silêncio de Deus, assim é calar as ansiedades iniciais de pedidos e clamores, mesmo a necessidade final de adoração e gratidão, e só ouvir. O quê? A voz de Deus ensinando pelo Espírito Santo. Isso pode não ser fácil para muitos, que ou “emocionalizam” ou racionalizam demais suas comunicações com Deus. O fato é que uma grande maioria de cristãos não entende com profundidade as coisas espirituais, principalmente sob a ótica do evangelho que se realiza através do Espírito Santo. Mesmo os carismáticos, que têm experiências com os dons espirituais, chegam só na porta dos mistérios, não entram e reconhecem tudo o que Deus tem para mostrar. 
      Meditar é mais que falar com Deus, é contemplá-lo sem véu, privilégio que nem os israelitas tinham (e têm) seguindo a religião de Moisés, privilégio que temos só e plenamente em Cristo. Em Jesus estamos numa posição espiritual especial, exclusiva e alta, que nos coloca em comunhão diretamente com o Deus altíssimo. Quem estabelece essa comunicação, a partir do momento que somos salvos em Cristo, é o Espírito Santo, esse só veio e ficou ao plano físico depois que Cristo cumpriu sua obra de redenção humana. Contudo, repito, muitos, mesmo na nova aliança, vivem como se estivessem na velha aliança, cobrem o rosto com o véu da tradição quando poderiam ter uma experiência mais profunda com Deus. 
      Se através da oração podemos ser cheios, transbordados, batizados com as águas do Espírito Santo, meditar nos permite flutuar e sermos levados por essas águas para o alto, as águas encherão o “lugar”, mas nós não nos afogaremos, subiremos. Não é só um experiência emocional, apesar de sentirmos uma unção poderosa, e é exatamente por ser tão prazeirosa que muitos param aí, querem sentir o gozo espiritual e mais nada. Mas há mais, e os que quiserem verão e ouvirão, pela fé, e entenderão com as mentes iluminadas como nunca antes, toda a maravilha do mundo espiritual debaixo da cobertura que desce por Cristo diretamente do Deus altíssimo sobre aquele que se permitiu levar pelas águas do Espírito.

      “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!Salmos 19.14

      “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.Salmos 119.99

      Muitas religiões não cristãs atraem tantos porque entregam o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e quem tiver caráter, insistência e equilíbrio achará verdades, não se enganem. Mas são verdades que salvam? Não. O pior é que por serem verdades espirituais profundas podem prender as pessoas à mentira final com muito eficiência que vícios da carne. Qual é a mentira final? Negar a Jesus, como o único meio de chegarmos diretamente a Deus na mais elevada posição espiritual, acima de todos os seres espirituais, que muitos contactam através de meditação profunda. Enquanto isso muitas igrejas evangélicas “vendem” Jesus, sim, Jesus é pregado como único e suficiente salvador, mas junto de muita ilusão.
      Certas coisas, contudo, não podem ser ensinadas, principalmente comunhão espiritual mais profunda, e como tudo na experiência espiritual depende de fé, e nesse caso, não para salvar, esse é só o primeiro degrau, mas para entender tantas coisas dos universos, coisas que a ciência não explica. Mas isso não é para aqueles com uma enorme curiosidade e nem mesmo para os que creem, é para os que Deus permite. Deus permite que conheça os mistérios aquele que ele sabe que não usará isso para se envaidecer diante de homens, e muitos menos para a própria perdição, mas só para adora-lo. Eu creio que Moisés, Salomão, Daniel, João o evangelista, Paulo e outros sabiam muito mais que o que relataram na Bíblia.
      Se sabiam, por que guardaram só para para eles? Para não escandalizarem ninguém, e muitos homens não assumem o dever de conhecerem as coisas de forma mais profunda, simplesmente por preguiça, mas se acham no direito de ficarem escandalizados com o que, os que se deram ao trabalho de conhecer, sabem. Contudo, um conselho, depois de orar, tente meditar, no Espírito, isso vai exigir de você fé e consagração, mas com a boca cheia de louvores que sobem de um coração limpo, e com a mente em paz e sintonizada em Deus, preste atenção ao silêncio do altíssimo, se de fato você desejar com todo o teu ser, e se após isso Deus permitir, poderá ter as respostas que você sempre quis e ninguém nunca te deu. 
      “O Senhor é Espírito e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”, se as pessoas entendessem esse ensino achariam a realização maior do ser na comunhão espiritual e não seriam presas fáceis de tantas coisas bobas e ruins da carne, a grande ilusão que cria em nós medo de tudo e nos impede de amar, amar que é o ápice da espiritualidade. Sei que muitos materialistas e ateus se escandalizarão com isso, mas o mundo e os homens são a ilusão, Deus é que é a realidade. Isso não significa que devemos viver nesse plano de forma irresponsável e sem objetivos, ao contrário, quem conhece a Deus sabe que a existência corpórea é um privilégio que deve ser bem aproveitado e que definirá toda a nossa eternidade espiritual. 
      Mas lembre-se, cada um tem uma chamada específica de Deus, assim não tente saber o que Deus não quer revelar, pelo menos a você. Se Deus disser isso não é para você saber, aceite com humildade e em paz, se fizer isso amadurecerá, aceitar limites pode nos fazer crescer mais que agir como criança mimada que acha que tem direito de ter tudo o que quer. Quando Deus fecha uma porta ele abre outra, como diz o ditado, mas na verdade há uma porta certa para cada um de nós, basta que batamos nela e não na errada. Alguns passam a vida batendo em portas erradas, assim estão sempre infelizes e frustrados, e nunca recebem de Deus aquilo que ele de fato quer dar a eles, porque querem as coisas erradas. 
      Meditar pode nos levar a novas portas, que sempre estiveram lá, mas que nós nunca nos demos ao trabalho de bater nelas. Se for o tempo certo e a vontade de Deus, procure ir além de orar só para pedir coisas e depois para agradecer por tê-las recebido, isso é uma bênção, mas Deus tem muito mais que isso através do Espírito Santo. Não vou insistir mais nesse assunto, aliás, acho que já fui longe demais e muitos não entendem de fato do que se trata, contudo, penso que é importante falar sobre isso dentro de um estudo que trata de espiritualidade. Por que ser espiritual? Para aprender com o Espírito Santo, e meditar é sair dos primeiros ensinos da oração e se aproximar mais da luz do Deus altíssimo. 

Espiritualidade Cristã
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José Osório de Souza, 30/09/2020.

16/11/20

47. Já perguntou a Deus?

Espiritualidade Cristã (parte 47/64)

      “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” Filipenses 4.6-7
   
      O cristão aprende algo na conversão, bem à porta para a nova vida, e experimenta uma coisa que não tinha provado antes, aprende que Jesus perdoa e experimenta paz, uma paz diferente de tudo que ele conhecia até então. Contudo, com o tempo ele acaba complicando de novo a vida, perdendo a simplicidade dos primeiros passos com Jesus, dessa forma começa a sentir um desconforto e se acostuma com ele, não vai atrás para saber porque está sem paz. Isso não significa que ele perdeu a salvação, salvação quando é genuína não se perde, mas algo que pode começar pequeno, como só uma pequena brecha, pode se alargar e ser entrada para males e pecados maiores, tudo porque ele se esqueceu que Jesus sempre pode nos dar paz. Você tem paz, de verdade? Ou nem tem tempo para pensar nisso, só vai vivendo? Cuidando, paz é uma palavra pequena, um sentimento parecido com água, aquela que é pura e fresca, mas inodora e insípida, quando a temos não damos valor a ela, mas se ela faltar, tudo fica ruim. 
      É interessante como o ser humano tem a tendência de complicar a vida, assim muitas vezes ele se prontifica e consegue fazer um monte de coisas, menos o mais importante, menos aquilo que de fato vai resolver o problema. É assim com o amor, por exemplo, para de fato não amar uma pessoa compra-se presentes caros para ela, faz-se todo tipo de sacrifícios, ou então, no outro extremo, acha-se desculpas para não amar, desmerecendo a pessoa, dizendo que é lá quem é ruim, que não quer e não merece nosso amor, assim não se perdoa e não se ama. Amor, eis outra palavra pequena, um sentimento tão popular, ouvimos sobre ele o tempo todo nas músicas tocadas no rádio, na TV, na internet, e que na verdade é a única maneira de se anular o ódio, entregar perdão e se obter paz. Ah a paz, tê-la é estar num barco seguro, sob um mar calmo, mas com o vento certo para nos levar à terra mais firme, ainda assim como tentamos substituí-la por comida, bebida, sexo, e mesmo religiosidade. Só Jesus dá paz verdadeira! 
      Deus é vivo e inteligente para nos administrar! É vivo assim conhece nosso dia a dia, nosso coração, nossa mente, nossos problemas, nossas verdades e nossas mentiras, e como somos caras de pau para mentir, e se Deus sabe disso, então, ele é muito, muito misericordioso. Como um ser onipotente poderia amar seres tão dissimulados como nós? Nos fazemos de vítimas quando somos agressores disfarçados, nos fazemos de santos quando temos vícios secretos, mas o pior é que muitas vezes achamos que podemos enganar a Deus, isso se nem nossos espíritos conseguimos ludibriar, já que são eles que ficam torturados dentro de nós e afogam nossas almas num deserto sem paz. Deus é inteligente, não nos engana e tem o remédio certo para a doença verdadeira que está nos roubando a paz, dessa forma não pedirá de nós mais que o que podemos dar, e de maneira alguma aprovará que sigamos sem paz, ele sabe que isso é um grande risco. Sem paz estamos cegos e surdos, inviáveis para o mundo e muito mais para a espiritualidade.
      A principal armadilha para a falta de uma pequena paz, que se originou de um pecado ou problema pequeno, é que pode ser a porta para a ausência de uma grande paz, que existirá quando os pequenos pecados ou problemas não forem resolvidos. Quando nos acostumamos com a falta de paz, ainda que pequena, nos acostumamos com um pequeno problema não resolvido ou com um pequeno pecado não perdoado, essa situação pode nos levar ao seguinte raciocínio, “se já estou sem paz por que não ultrapassar essa outra barreira, por que não pecar mais ou criar mais problemas? já está ruim mesmo...”. Um pequeno erro se torna um grande erro só porque estamos infelizes, isso porque, como o pecado e um problema, paz não tem tamanho. Falta de paz é manter algo suspenso, é tentar ficar em cima do muro, é viver com uma coceira que não pode ser coçada. O que nos leva a essa situação? Acharmos que um problema não tem solução ou um pecado não tem libertação, e isso  não significa que tudo na vida é solucionável, não é isso. 
      A solução para o pecado é o perdão de Cristo, sempre, por mais que ele seja reincidente, mesmo que tenhamos que pedir perdão setenta vezes sete, e isso é uma metáfora para um número infinito. Nunca, nunca se canse de pedir perdão e de buscar um desejo profundo de não pecar mais, nunca! A solução para os problemas da vida não é uma solução, mas a entrega dos problemas nas mãos de Deus, ainda que não tenhamos nenhuma noção da solução. A solução pode ser, “aprenda a viver com o problema sem perder a paz”! O principal é obedecer o ensino de Paulo em Filipenses 4.6-7, deixemos Deus ciente do nosso problema e agradeçamos por isso. Como deixamos Deus ciente? Falando com Deus. Mas Deus já não sabe de tudo, por que temos que falar com ele? Ele sabe, mas nós não sabemos, quando falamos com Deus, com convicção, com sentimento, com seriedade e em detalhes, nós entendemos de fato, emocional e mentalmente, nosso problema, e conhecimento é poder de cura. 
      Meus queridos e minhas queridas, se entendêssemos de fato como funcionam as coisas espirituais, como é e o que é nos posicionarmos nas regiões espirituais mais elevadas, onde, em Cristo, temos acesso ao perdão, à cura, ao consolo, e à paz. Sim, nem precisaríamos dizer muita coisa, bastaria uma meditação focada, mas enquanto estivermos tão envolvidos com o mundo, com os prazeres da carne, com iras e invejas, com mágoas e inseguranças, temos que orar mais, e muito, para estabelecermos a comunhão com o Deus Altíssimo que no dá paz. Quantas questões, para as perdemos tempo inventando explicações, buscando argumentações, crenças dos outros, teorias de conspiração, tradições humanas, enfim, tantas mentiras nas quais cremos porque não vamos até Deus e simplesmente perguntamos a ele o que ele pensa a respeito. Sim, em primeiro lugar precisamos orar para receber perdão e solução de Deus para vivermos em paz, mas existe bem mais que isso em no Altíssimo, existem respostas para tudo. 
      Temos paz quando oramos a Deus, conhecemos sua vontade e a fazemos! Contudo, nem tudo é o que parece, muitas vezes a paz não dependerá só de um pedido de perdão, assim como não será resultado de fazermos um enorme sacrifício, e novamente nós temos dificuldade para entendermos isso porque não entendemos como funcionam as coisas realmente espirituais. Deus é amor, eis uma das maiores verdades, tão grande que no céu não precisaremos de nenhum outro dom além dele, lá não teremos as fraquezas da carne, nem a tentação dos espíritos rebeldes, nem os limites do corpo físico, assim um Deus de amor abraçará todos os espíritos que morreram em Cristo. Mas esse amor começa a ser construído aqui no mundo, assim algo que nos rouba a paz com frequência é não estarmos vivendo em amor. Para buscar perdão pelos pecados do dia a dia não precisamos de muita iluminação, sentimos culpa e vergonha e sabemos quando isso é preciso, contudo, como temos dificuldades em amar. 
      Com tantos anos andando com Deus, como ainda me surpreendo, em como ando sem paz, muitas vezes, simplesmente por não estar obedecendo a Deus, e isso é algo arriscado. Algumas vezes tudo o que Deus pode estar pedindo de você é que ore por alguém, alguém que você sabe que nem te dá tanta importância, que não te trata do jeito que você queria que te tratasse, mas ainda assim Deus está dizendo, “interceda por essa pessoa, por amor, sem querer nada em troca”. Pense a respeito, você se surpreenderá ao ver como que uma angústia que sentia há tanto tempo, e que nem sabia o porquê, pode ser retirada de sua alma porque você demonstrou amor, fazendo uma oração que ninguém precisa e vai saber que você fez, mas que era importante que você fizesse para que alguém alcançasse paz. Muitas vezes alguém que não faz nenhuma questão de nos dar a paz, tem em nós a única pessoa que realmente pode ajudá-la, quanta paz achamos quando obedecemos a voz de Deus em amor, isso é espiritualidade cristã! 

“Espiritualidade Cristã”
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José Osório de Souza, 30/09/2020.

15/11/20

46. Comunicação espiritual

Espiritualidade Cristã (parte 46/64)

      “Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, Dizendo: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar. E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.Atos 7.31-33

      Muitos termos que usamos quando falamos com Deus são relativos ao plano físico, usados por seres presos em corpos físicos que têm ferramentas materiais para se comunicarem com outros seres físicos, contudo, não representam a verdade espiritual maior. Por exemplo, quando dizemos “Deus não se esqueça de mim”, a verdade é que Deus nunca se esquece de ninguém, quando dizemos “Deus não me abandone”, a verdade é que Deus nunca abandona ninguém, quando dizemos “Deus não se ire comigo“, a verdade é que Deus não se ira. Contudo, por mais inexato que seja, isso é útil para que nos posicionemos emocional e espiritualmente, como seres humanos e limitados que somos, e para Deus, isso de fato nem importa.
      Ninguém precisa ter conhecimentos doutrinários, teológicos e mesmos espirituais minuciosos para falar com o Senhor e ser ouvido por ele, na verdade Deus não se comunica conosco através de nossas palavras, essa são ferramentas e referências físicas, não espirituais. Deus vê o coração, mas mais que o coração emocional (ou físico), o “coração” espiritual, é nesse que reside nossa verdade, nossa mais profunda sinceridade, e é pelo que está nesse lugar íntimo de nosso ser que Deus nos reconhece, nos conhece e nos responde. Esse lugar tem acesso ao Espírito Santo de Deus e por isso sabe e sente a vontade de Deus antes mesmo de raciocínios serem montados em nossas mentes e palavras serem geradas em nossas bocas.
      A comunicação com o mundo espiritual é feita de maneira espiritual, mesmo que nossas almas, que são nossos sentimentos e nossos pensamentos, não consigam, não saibam ou mesmo não queiram realizar essa comunicação de uma maneira mais precisa com Deus. Mas, repito, isso não importa, quando dizemos coisas como “Senhor, por favor, ouça a minha oração”, “Senhor, lembra-te de mim”, “Deus não me julgue conforme meu passado”, podem ser redundâncias espirituais, mas necessárias para que nos posicionemos emocionalmente, sentindo com convicção as coisas de Deus, para então nos colocarmos espiritualmente pela fé em comunhão com Deus em Cristo nos lugares espirituais mais elevados.
      Comunhão com o mundo espiritual necessita de várias camadas de comunicação e cada uma tem um objetivo. Com Deus basta que sintamos, como já disse acima, mas é importante que falemos em espírito, com fé, ainda que sem articular palavras audíveis. Quem tem experiências de visão espiritual, e nessas pode existir a visão de anjos, a doutrina tradicional protestante não nos autoriza a falar com esses seres, e principalmente dar-lhes ordens, quem vê sinta-se feliz por vislumbrar o tanto quanto Deus o protege e agradeça diretamente a Deus por isso. Contudo, não quero deixar aqui regras fixas, temos na Bíblia relatos de homens falando com anjos, se isso for feito sinta antes autorização de Deus.
      Para provar se um ser espiritual é de Deus, no sentido de ter sido enviado por ele para algo bom (já que todos os seres espirituais são criaturas de Deus e só são “vistos” por nós no plano físico se Deus permitir), fale em espírito com Deus, porque os seres espirituais rebeldes não podem ouvir orações feitas assim, eles não são oniscientes. Por outro lado, por essa mesma razão, para expulsar seres espirituais malignos, repreender ou destruir suas obras, é necessário que façamos uma oração audível, não precisa ser aos berros, mas o suficiente para ser ouvida. Contudo, não são só orações assim que são interessantes de serem feitas em voz alta, certos posicionamentos de fé também devem ser dessa forma.
      Quando temos autorização de Deus e entramos numa comunicação espiritual mais profunda e séria, um momento inicial de invocação de Deus, definindo quem é esse Deus, deixa claro para o mundo espiritual, para todos os seres, principados, potestades e outros, que estamos debaixo da aprovação e da proteção do Deus altíssimo. Eu costumo ser bem específico, oro assim: “é com o Deus de Abraão, de Jacó, de Moisés, de Davi, de Daniel, de Elias, dos apóstolos, e no nome de Jesus, que nasceu, viveu, morreu e ressuscitou sem pecado, o único e suficiente salvador e intercessor entre Deus e os homens, que eu falo, é em quem eu confio, e a quem eu adoro, acima de todo o poder neste mundo e no outro”.
      Muitos não têm uma experiência decisiva na presença de Deus porque não se dão ao trabalho de entrarem, do jeito correto, na presença de Deus. Se na presença de homens importantes entramos com respeito, muito mais na presença do todo poderoso, santíssimo e altíssimo. Não precisa estar de terno ou roupa social, mas se puder esteja asseado, com uma roupa limpa, mas acima de tudo, com temor e perdoado de todo pecado. Quem invoca o único e verdadeiro Deus corretamente, acha-o, e é respondido por ele de maneira singular e marcante. Contudo, o que muitos chamam de experiência poderosa de oração, pode ser só o início de uma experiência maior com o mundo espiritual, veremos isso nas próximas reflexões. 

Espiritualidade Cristã
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José Osório de Souza, 30/09/2020.