domingo, novembro 15, 2020

46. Comunicação espiritual

Espiritualidade Cristã (parte 46/64)

      “Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, Dizendo: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar. E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.Atos 7.31-33

      Muitos termos que usamos quando falamos com Deus são relativos ao plano físico, usados por seres presos em corpos físicos que têm ferramentas materiais para se comunicarem com outros seres físicos, contudo, não representam a verdade espiritual maior. Por exemplo, quando dizemos “Deus não se esqueça de mim”, a verdade é que Deus nunca se esquece de ninguém, quando dizemos “Deus não me abandone”, a verdade é que Deus nunca abandona ninguém, quando dizemos “Deus não se ire comigo“, a verdade é que Deus não se ira. Contudo, por mais inexato que seja, isso é útil para que nos posicionemos emocional e espiritualmente, como seres humanos e limitados que somos, e para Deus, isso de fato nem importa.
      Ninguém precisa ter conhecimentos doutrinários, teológicos e mesmos espirituais minuciosos para falar com o Senhor e ser ouvido por ele, na verdade Deus não se comunica conosco através de nossas palavras, essa são ferramentas e referências físicas, não espirituais. Deus vê o coração, mas mais que o coração emocional (ou físico), o “coração” espiritual, é nesse que reside nossa verdade, nossa mais profunda sinceridade, e é pelo que está nesse lugar íntimo de nosso ser que Deus nos reconhece, nos conhece e nos responde. Esse lugar tem acesso ao Espírito Santo de Deus e por isso sabe e sente a vontade de Deus antes mesmo de raciocínios serem montados em nossas mentes e palavras serem geradas em nossas bocas.
      A comunicação com o mundo espiritual é feita de maneira espiritual, mesmo que nossas almas, que são nossos sentimentos e nossos pensamentos, não consigam, não saibam ou mesmo não queiram realizar essa comunicação de uma maneira mais precisa com Deus. Mas, repito, isso não importa, quando dizemos coisas como “Senhor, por favor, ouça a minha oração”, “Senhor, lembra-te de mim”, “Deus não me julgue conforme meu passado”, podem ser redundâncias espirituais, mas necessárias para que nos posicionemos emocionalmente, sentindo com convicção as coisas de Deus, para então nos colocarmos espiritualmente pela fé em comunhão com Deus em Cristo nos lugares espirituais mais elevados.
      Comunhão com o mundo espiritual necessita de várias camadas de comunicação e cada uma tem um objetivo. Com Deus basta que sintamos, como já disse acima, mas é importante que falemos em espírito, com fé, ainda que sem articular palavras audíveis. Quem tem experiências de visão espiritual, e nessas pode existir a visão de anjos, a doutrina tradicional protestante não nos autoriza a falar com esses seres, e principalmente dar-lhes ordens, quem vê sinta-se feliz por vislumbrar o tanto quanto Deus o protege e agradeça diretamente a Deus por isso. Contudo, não quero deixar aqui regras fixas, temos na Bíblia relatos de homens falando com anjos, se isso for feito sinta antes autorização de Deus.
      Para provar se um ser espiritual é de Deus, no sentido de ter sido enviado por ele para algo bom (já que todos os seres espirituais são criaturas de Deus e só são “vistos” por nós no plano físico se Deus permitir), fale em espírito com Deus, porque os seres espirituais rebeldes não podem ouvir orações feitas assim, eles não são oniscientes. Por outro lado, por essa mesma razão, para expulsar seres espirituais malignos, repreender ou destruir suas obras, é necessário que façamos uma oração audível, não precisa ser aos berros, mas o suficiente para ser ouvida. Contudo, não são só orações assim que são interessantes de serem feitas em voz alta, certos posicionamentos de fé também devem ser dessa forma.
      Quando temos autorização de Deus e entramos numa comunicação espiritual mais profunda e séria, um momento inicial de invocação de Deus, definindo quem é esse Deus, deixa claro para o mundo espiritual, para todos os seres, principados, potestades e outros, que estamos debaixo da aprovação e da proteção do Deus altíssimo. Eu costumo ser bem específico, oro assim: “é com o Deus de Abraão, de Jacó, de Moisés, de Davi, de Daniel, de Elias, dos apóstolos, e no nome de Jesus, que nasceu, viveu, morreu e ressuscitou sem pecado, o único e suficiente salvador e intercessor entre Deus e os homens, que eu falo, é em quem eu confio, e a quem eu adoro, acima de todo o poder neste mundo e no outro”.
      Muitos não têm uma experiência decisiva na presença de Deus porque não se dão ao trabalho de entrarem, do jeito correto, na presença de Deus. Se na presença de homens importantes entramos com respeito, muito mais na presença do todo poderoso, santíssimo e altíssimo. Não precisa estar de terno ou roupa social, mas se puder esteja asseado, com uma roupa limpa, mas acima de tudo, com temor e perdoado de todo pecado. Quem invoca o único e verdadeiro Deus corretamente, acha-o, e é respondido por ele de maneira singular e marcante. Contudo, o que muitos chamam de experiência poderosa de oração, pode ser só o início de uma experiência maior com o mundo espiritual, veremos isso nas próximas reflexões. 

Espiritualidade Cristã
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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