sexta-feira, novembro 20, 2020

51. Adoração, porta para espiritualidade

Espiritualidade Cristã (parte 51/64)

      “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” I Coríntios 14.26-33, 39-40

      Por adoração ser tão libertadora e simples é que o “mal” tenta desviar o cristão dela, seja impedindo que ele chegue a ela ou corrompendo-a depois que ele já a provou. Ele impede quando leva cristãos a crerem que liberdade emocional e exposição dela é fraqueza, ele corrompe quando convence muitos que liberdade emocional é o clímax da espiritualidade. Mas o que tem a ver liberdade emocional com adoração e espiritualidade? O ser humano é composto de três partes, o corpo, a alma e o espírito (refletimos sobre isso em “Mapa espiritual cristão”), a alma é composta de um centro intelectual e um centro emocional, ou mente e coração, bem, uma interação com Deus o experimenta nas três áreas, com respeito e equilíbrio. Assim negar uma parte é negar um ser humano completo, é aleijá-lo, é impedir que o ser humano tenha uma experiência completa com o universo, o mundo, as pessoas, Deus e o mundo espiritual. 
      Alguns se sentem mais confortáveis enfatizando o intelecto, essa área humana é mais contida, aparentemente controlada, mais ligada ao material e à ciência, cristãos que enfatizam isso darão preferência a igrejas protestantes mais tradicionais, que focam num estudo teológico de mais qualidade e que buscam entender Deus, o cristianismo e a Bíblia, de um jeito mais racional. Outros, contudo, se sentem mais confortáveis tendo experiências mais sensoriais com Deus, querem sentir e não têm nenhuma vergonha de mostrar isso aos outros, veja que as pessoas procuram aquilo que mais as protege, afirmam aquilo que elas querem ser e escondem o que elas não querem ser. Os emocionais buscarão igrejas pentecostais ou onde existe liberdade maior principalmente para o louvor, depois, para que busquem e provem dons espirituais, manifestação dos dons é quase que o efeito natural de uma adoração emocional livre. 
      Eu creio que todos, quando se convertem e são selados com o Espírito Santo, recebem dons espirituais, todos, mesmo aqueles que nem creem que dons existam, o que acontece, que pode ser no momento da conversão ou anos depois após muita busca, é a conscientização emocional dos dons. É nela que os dons se manifestam, através de línguas estranhas, revelação, visão, ou outras maneiras que o Espírito Santo acha para se manifestar no nosso espírito que depois externa, através de nossa alma e de nosso corpo, para o mundo exterior. Assim, nossas emoções são muito importantes, elas nos dão referências de prazer e de dor, de paz e de tormento, de alegria e de tristeza, e se coisas de homens nos fazem realizados, como não fariam as coisas de Deus, como não mexeria com nossos sentimentos a presença do Espírito Santo de Deus em nós? Além do mais, Deus é vivo e sempre renovado, assim perceptível.
      Contudo, se o mal não consegue nos anular emocionalmente ele tenta liberar nossas emoções de forma descontrolada, assim ele sempre joga com nossos extremos. Por isso muitos acham que espiritualidade é adorar em todo o tempo e sentir êxtases arrebatadores, mas aí é preciso lembrar das outras partes que nos compõem como seres humanos, a razão deve existir para equilibrar a emoção e vice-versa, e nunca uma para anular a outra. Quem consegue ter uma experiência intelectual depois que teve a emocional, amadurece, começa a entender espiritualidade cristã, mas quem estaciona em uma delas, aleija-se, limita-se, impede Deus de trabalhar. Deus é pleno e nos quer plenamente para que entendamos a existência de forma plena, Deus nunca nos chama pela metade, Deus nunca nos vê por partes, ainda que nós tentemos expor só as partes que nos interessam. 
      O versos 39 e 40 de I Coríntios 14 resumem a interação de espírito, emoção e razão, tenhamos liberdade no Espírito, isso é nosso direito, mas com ordem e decência, isso é nosso dever. Eis uma coisa que me faz amar a verdade de Deus entregue pelo evangelho, uma verdade sem igual, os que têm olhos podem ver, os que têm ouvidos podem ouvir e maravilharem-se com a espiritualidade que só há em Cristo. Os que acham que dons não são para os dias de hoje que rasguem da Bíblia as partes que falam a respeito. Mas ninguém se engane, Deus está presente no meio de evangélicos simples, adorando e falando em línguas, presente e se agradando, mas Deus também se agrada com aquele que dedicou anos aprendendo as línguas originais da Bíblia, estudando escatologia, entendendo a religião judaica, esmiuçando a teologia de Paulo em sua apologia à fé. Ainda que nos vejamos em partes, Deus nos ama por inteiros. 

Espiritualidade Cristã
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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