“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Efésios 4.22-24
E se o diabo, no sentido de um ser espiritual que se opõe a todas as virtudes do Altíssimo, eterno em sua maldade, que nunca poderá se arrepender e mudar, não existisse? Não estou dizendo que o mal não existe, mas como cristãos administrariam o mal sem ter um diabo para lançar certas culpas, tê-lo como origem do mal e zelador eterno do inferno. Talvez enfrentássemos nossos “demônios” interiores com mais maturidade, mesmo com mais eficiência, pois teríamos a certeza que se há mal a culpa é unicamente nossa, de mais ninguém. Se por um lado tem um bando de gente teimosa querendo viver desacreditando de Deus e do plano espiritual, tem um outro bando pensando demais no diabo e perdendo a lucidez.
Assim, a pergunta melhor talvez seja: é necessária a existência do diabo da teologia tradicional cristã? Que utilidade boa de fato isso tem? Não queremos retroceder aos tempos do antigo testamento, onde o inimigo era o outro povo e o deus desse povo era inimigo do meu Deus. Penso que o cristianismo precisa tratar Deus e a Bíblia com mais respeito. Procurar pôr em prática suas crenças, mostrando nas obras santidade, amor, tolerância, justiça, paciência, colocando em segundo plano bens e posições materiais, ainda que trabalhando muito e cuidando do planeta Terra, mas deixando que atos falem mais que discursos. Chegamos num momento onde precisa-se de menos fé, igreja e evangelismo e de mais vida.
Muitos podem dizer: “mas vida cristã é fé, igreja e evangelismo”. Mas quais têm sido os frutos disso no cristianismo protestante atual: fé para receber milagres físicos, igreja para inflar contas bancárias e egos, evangelismo para dominar o mundo com uma religião e ser intolerante com as outras? Desculpe-me, mas no meu ponto de vista isso não é a vida que Jesus viveu, assemelha-se mais a um plano diabólico para dominar a Terra, plano que o catolicismo já executou enquanto dizimava muitos nas cruzadas, na inquisição e no negacionismo científico. O “diabo” existe e está fantasiado de “Deus” dentro de templos cristãos, enganando os que querem ser enganados porque perderam a humildade para obedecer a Deus.
Infelizmente o diabo existe e muitos o acharão na eternidade, diabo potencializado por um lado pelos que se identificam como satanistas, e por outro lado, tragicamente, pelos que se denominam crentes fiéis e cristãos sérios. Não quero escandalizar ninguém, mas levanto a possibilidade de não existir um ser maligno eterno, mas que um ser maligno e infinito exista enquanto o ser humano acreditar que existe. A existência espiritual neste mundo é mental, no outro essa existência mental será liberada do corpo físico, o plano espiritual não só se acessa por fé, mas também é gerado e mantido por fé. Fé é energia mental e emocional, acredita-se porque se foca emoção e se visualiza, assim o diabo tem origem e vida na mente humana.
Vencemos o diabo, seja lá o que ele for, com força de vontade, contudo, só somos fortes conectados a Deus. Deus não é uma potência prepotente e vaidosa, criada pela mente carente e ignorante do ser humano, que busca dependentes e adoradores. Deus é espírito, está em todo lugar, mas sua mente está na região espiritual mais elevada de luz moral. Nós somos porções desse espírito, de Deus viemos e para ele voltamos, portanto, só temos paz conectados ao Altíssimo. Se em Deus há luz, há verdade, longe dele há trevas, portanto mentiras, o diabo é pai da mentira. Dizem que a maior mentira do diabo é nos dizer que ele não existe, mas será que não é o contrário, alguém, não o “diabo”, nos fazer crer que há um diabo?
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