“Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos. Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade. Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo! Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito.” Eclesiastes 2.14-17
A doutrina do cristianismo protestante tem um entendimento bem simples da existência humana que crê ser a verdade maior. É baseado em textos escritos por homens antigos, que tinham uma percepção antiga de si mesmos como indivíduos, da sociedade, de religião, e portanto limitada em relação à percepção que podemos ter hoje no século XXI. Para muitos cristãos é difícil admitir isso, já que veem a Bíblia como a palavra irrevogável, infalível e eterna de Deus, assim o ser humano muda, a sociedade muda, a ciência evolui e traz provas indubitáveis sobre assuntos como a evolução física do ser humano, mas muitos cristãos insistem em entender a Bíblia ao pé da letra, desprezando contextos históricos e uso de metáforas.
Para muitos cristãos todo ser humano é criado quando nasce neste mundo, corpo e espírito, se um nasce num lar pobre, outro numa casa luxuosa, se um tem que trabalhar ainda criança para levar comida para casa, se outro pode cursar as melhores escolas, entrar numa faculdade federal e fazer pós graduação no exterior, se um terá como referência moral um pai violento e uma mãe irresponsável, se outro será criado com pais amorosos que o levará semanalmente a cultos cristãos, bem, isso tudo é por puro capricho divino. Ninguém nasce em berço de ouro por merecer, em berço de trapos por disciplina, ou em berço de madeira por escolha, o início de nossas vidas no mundo é por acaso, decidido em jogo de dados divino, assim diz o entendimento da doutrina protestante.
Acha que estou exagerando? Mas na prática é isso, e o argumento dado para isso por muitos cristãos é, “Deus sabe o que faz, quem somos nós para criticar o Senhor?”. De fato Deus sabe o que faz e não podemos criticá-lo, mas talvez não seja por fazer as coisas ao acaso, sem regra, sem que faça algum sentido, sem razoabilidade. Não é sábio duvidarmos de um ensino religioso porque as palavras e o raciocínio parecem rasos, as sabedorias mais profundas são expressas em frases curtas com termos simples que podem ser entendidos e praticados tanto pelo ignorante quanto pelo doutor. O que deve nos levar a reavaliar ensinos religiosos são os frutos que eles geram no tempo, se são frutos bons e duradouros ou não são.
Prometi a mim que não faria mais longas reflexões aqui, só compartilharia pequenos textos de conforto evangélico, note que nos últimos tempos isso foi feito. Mas o mesmo Espírito Santo que me levou a buscar de Deus um entendimento melhor sobre espiritualidade e eternidade, novamente me leva a fazer esta reflexão, sobre temas sensíveis da existência humana. Não senti necessidade de reavaliar o cristianismo tradicional por mera curiosidade ou só para deslegitimar algo que não vivia por algum motivo egoísta, ocorre que a fonte secou e eu ainda estava com sede. O Senhor me disse então para cavar mais fundo, fiz isso em oração e comprovei as novidades em frutos em minha vida. Nas próximas cinco postagens segue o que tenho aprendido.
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