sexta-feira, abril 26, 2013

Tirando, ensaiando e apresentando uma música

Na ministração musical atual, alguns pontos são comuns nessa última fase da adoração musical nas igrejas brasileiras, bem, nos últimos anos têm acontecido assim, na maneira que usarei como base para o texto a seguir, mas isso poderá mudar. Contudo, visando dar orientações práticas e fundamentais para a preparação e execução da adoração musical, usarei aquilo que tem sido recorrente, na maioria das igrejas (evangélicas e mesmo copiada por outras igrejas cristãs). Alguns pontos são bem iniciais, se você já tiver conhecimento deles, siga em frente.

1º Tirando uma música:

- veja com o líder que versão será usada, uma música pode ter várias, a versão original do CD/DVD, versões ao vivo, etc. Confirme também a tonalidade, às vezes interessa mudar a tonalidade original para facilitar o uso na igreja;

- é muito importante que se tenha um conhecimento de teoria musical, tanto de cifras quanto de figuras rítmicas;

- o conhecimento de notas (altura e não somente duração) pode não ser necessário, quando o instrumento for usado só para execução de acordes de acompanhamento ou fazendo o baixo, porém, quando o arranjo tiver solos é interessante que se conheça leitura musical, não somente os guitarristas, como também outros instrumentistas, os de cordas, sopros, e tecladistas, que geralmente executam esses timbres no sintetizador;

- procure tirar sua parte do arranjo, partiture sua parte, se não tiver condições técnicas para isso, ouça várias vezes até decorar;

- enfatizo que o talento de tirar uma música de ouvido é muito importante e define o músico que tem uma aptidão realmente séria para a música, contudo é de suma importância que se aprenda não só a ler, como a fazer a partitura, isso facilita o aprendizado da música, agiliza, assim como permite que o grupo de instrumentistas toque a mesma coisa.

2º Estrutura da música de adoração:

I. Introdução: um solo simples e marcante é apresentado, essa parte pode ser repetida enquanto o ministro introduz a adoração para a congregação.

II. Estrofe 1ª vez: frequentemente é executada sem marcação rítmica marcante, bateria, contrabaixo, etc, portanto deve ser claro e definido o instrumento de base, piano ou violão/guitarra base.

III. Coro: é onde a mensagem principal da música é compartilhada, um crescimento de harmonia e ritmo ocorre.

IV. Introdução 2ª vez: repetida com mais peso.

V. Estrofe 2ª vez: geralmente a marcação rítmica fica em evidência, com a entrada da bateria e do contrabaixo.

VI. Coro: enfatiza-se ainda mais a música, com guitarra distorcida, cordas e metais.

VII. Ponte: também chamada de parte C (sendo parte A, a estrofe, e parte B, o coro), é o que os americanos chamam de “bridge”, essa parte é tocada, via de regra, somente uma vez, constitui uma maneira de enfatizar mais o coro que virá depois, muitas vezes com a subida da tonalidade.

VIII. Coro: nesta repetição, o coro atinge o ápice da música, pode ser repetido mais de uma vez.

IX. Ministração: essa parte é característica da música evangélica (gospel), é onde se executa um tema simples repetidamente para ser “cama” para a ministração do líder diante da congregação; alguns chama essa ministração de “mantra”, que apesar de ser um termo ligado às religiões orientais, também pode definir um costume que sempre existiu na música israelita, por exemplo, portanto não é necessariamente algo profano (estamos conscientes de que a repetição de temas pode levar as pessoas a um transe hipnótico, contudo quando há sinceridade e foco em Deus eu acredito que essa ferramenta seja perfeitamente útil para que as pessoas obtenham uma comunhão mais próxima a Deus pelo Espírito Santo, isso é um assunto a ser mais conversado...).

X. Coro: essa parte é repetida mais uma vez, mas deve-se ter sabedoria, já que a música, nesse ponto, e se foi usada toda a estrutura citada até aqui, já levou a congregação a uma certa exaustão emocional, portanto pode ser interessante voltar ao coro, mas sem os instrumentos rítmicos (bateria e contrabaixo), somente cantada pelos ministros, deixando a congregação mais à vontade.

XI. Final: a introdução é repetida, com poucos instrumentos; a permanência prolongada no acorde final funciona como um “amém” a tudo o que a música ministrou, é oportunidade para uma ministração final onde a congregação tem liberdade para expressar o que aprendeu com a adoração musical.

3º Ensaiando a música:
- estabeleça, do início ao fim do ensaio, um clima de culto, de adoração, mesmo na intimidade musical da banda; ore para começar, ore enquanto ensaie, ore para terminar; não adianta querer que de Deus honre no culto quando se agiu com displicência e superficialidade durante todo o resto do tempo;

- é de suma importância que todos os instrumentos toquem a mesma coisa, de preferência igual ao arranjo original do CD/DV; contudo, mesmo que algumas diferenças em relação à gravação original existam, deve-se chegar a um consenso de forma que se toque a mesma coisa;

- tocar a mesma coisa é acertar na harmonia, para isso as cifras devem ser completas, com baixos invertidos, dissonâncias, etc, indicadas na partitura quando devem ser mudadas, através das figuras rítmicas;

- tocar a mesma coisa é sincronizar o andamento e o tempo, bumbo e contrabaixo devem estar falando a mesma coisa; piano, violão/guitarra base, devem arranjar clichês diferentes, mas balanceados; contrapontos, feitos pelos metais, cordas e guitarra solo, não devem confrontar-se entre si, nem atrapalhar a voz (veja mais sobre isso na reflexão Às vezes basta educação: tocando com banda);

- repetindo: tocar igual, de forma sincronizada e respeitosa, pode ser mais importante que tocar exatamente da maneira que a gravação musical está; músico, seja humilde, se a maioria tirou a música de maneira diferente da tua, mesmo que você tenha certeza de que tirou de maneira mais próxima a original, e se depois de dialogar for resolvido por consenso que o arranjo fica melhor se tocado do jeito dos outros, concorde, toque como todos tocam; não faça “braço de ferro” com os outros instrumentistas, a beleza de se tocar em banda está na cumplicidade, na harmonia, no sincronismo, no casamento perfeito, não abra mão disso por nada;

- as vozes, em se tratando de ministração da congregação, não precisam ter um arranjo muito elaborado, isso pode confundir e prejudicar a congregação, o uníssono sempre funciona bem, é melhor que correr riscos; usando arranjo de vozes, entre em acordo com o técnico de som, de maneira que a voz principal, e todo grupo de louvor tem (e deve ter) um líder, com unção, técnica e carisma, levantado por Deus, essa voz é que deve ser realçada, sobre todos, cantores e instrumentos.

4º Apresentando uma música, fazendo a ministração:

- siga o arranjo que foi definido nos ensaios;

- não “invente moda”, siga o arranjo que foi definido nos ensaios, isso é muito importante;

- contudo, qualquer alteração, na estrutura, volume de arranjo, etc, pode ser pedida pelo líder e pelo pastor, portanto, fique muito atento a isso; isso pode ocorrer principalmente na ministração feita depois da pregação da palavra, enquanto o pregador está fazendo o “apelo”, lembre-se que nesse momento a palavra do pregador tem prioridade e liderança, portanto toque e cante de olho no pregador, em suas orientações;

- se um errar todos devem errar com ele, no sentido de não permitir da maneira que for, que um erro técnico roube a unção, se errar, sorria e sorria, a unção sempre deve falar mais alto;

- repetindo: a voz humana, seja do pregador, do líder do grupo e da congregação, deve receber da banda, instrumentos e 2ªs vozes, apoio, de maneira que seja enfatizada, e nunca atrapalhada;

- lembre-se todo o trabalho que você teve até aqui, tirando a música, ensaiando e orando, foi para que a congregação tivesse uma experiência ímpar de adoração, de intimidade com Deus.
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