segunda-feira, julho 23, 2018

De mãos vazias, mas de coração cheio

      Talvez você não entenda a frase seguinte na primeira lida, vou dizer e depois explico: “que no final Deus me ache de mãos vazias, mas de coração cheio”. Explicando: que eu não acumule nada para mim mesmo, mas que eu dê aos outros, compartilhe com generosidade e sem vaidades, só assim terei um coração pleno, repleto do agradecimentos dos outros, da amizades dos outros, do amor e do respeito dos outros, que receberam de mim o meu melhor sem que eu exigesse deles nada em troca. Temo, contudo, pelos medrosos, tímidos, covardes, que trabalharam muito, que conquistaram bastante, mas só para verem seus estoques abarrotados para que pudessem ser admirados num prazer egoístico e solitário. Esses serão achados de mãos cheias, mas com os corações vazios. Quer um texto bíblico para apoiar está reflexão? Evangelho segundo Mateus, capítulo 25, versos 14 ao 30, desse texto só vou citar aqui os verso 29: “Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância, mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado”. 
      Não estamos falando aqui em bens materiais, não necessariamente só disso, mas em virtudes e sabedoria. Essas não se acumulam em bancos ou  podem ser vistas como riquezas materiais, elas existem nos corações. Assim, o que semeia com bondade, sem ganância, sem inveja e sem orgulho, está sempre doando, sente-se até vazio por isso, porque queria ter mais pra dar e acha que tudo o que deu ainda é pouco. Esse tem as mãos vazias porque tudo o que tem está abençoando os outros, rendendo juros espirituais, esse pensa mais nos outros que em si mesmo. O que trabalha de forma correta com seus talentos, nem sabe tudo o que tem, não se preocupa em contar, porque não usa isso em jogo de poder para se postar sobre os outros. Esse, contudo, sem saber, tem o espírito cheio de galardões, de honra, que não são pagos neste mundo por homens, mas que receberá recompensa no final, pelo Deus justo juiz, que conhece o talento, o trabalho, a bondade, a misericórdia, o coração de cada um.
      Para terminar vou fazer uma aplicação bem prática sobre esse tema, o compartilhamento de conhecimento. Tenho trabalhado ultimamente com estudo e compartilhamento de informações e orientações sobre tecnologia musical, mais que tocar profissionalmente por aí, o que já fiz bastante, tenho escrito e feito vídeos sobre ferramentas para o músico atual, instrumentos musicais em hardware, mas principalmente aplicativos musicais (softwares) para iPad (o tablete da Apple). Já vi muita gente torcendo o nariz para isso, gente talentosa, experiente e trabalhadora, mas que acha que o que sabe deve guardar para eles e não passar pros outros. Esses dizem que isso é vender barato algo que eles obtiveram muito caro. Bem, o que faço não é dar peixe pra ninguém, compartilhar conhecimento não é isso, tenho tentado ensinar a pescar, e que cada um, com essa informação, pesque seu próprio peixe. Fazendo isso não estou criando concorrentes e de alguma diminuindo minhas oportunidades de trabalho, já que outros têm aprendido a fazer o que antes só poucos faziam. 
      Essa visão é equivocada, quando seguramos pra nós o conhecimento, nos isolamos e achando que só nós sabemos, acabamos estacionando e não aprendemos mais nada, além disso, não fazemos amigos. Quando levamos outros ao nosso nível de conhecimento, fazemos não só admiradores, mas amigos, ao mesmo tempo que somos motivados a estudar mais, conhecer mais, para continuarmos tendo um produto de qualidade e exclusivo, pelo menos por um tempo, para negociar. Neste mundo moderno, ninguém deve se achar dono de nada, mas deve aprender e compartilhar, assim outros também aprenderão, compartilharão conosco e todos cresceremos. Se isso é válido no meio profissional e empresarial, principalmente com relação às tecnologias que estão num processo de atualização constante no mundo moderno, vale ainda mais mais para as virtudes espirituais. Assim, a verdade é que hoje todos somos, em todo o tempo, alunos e professores, de mãos sempre vazias, porque estamos sempre trabalhando, estudando, trocando e negociando, mas com os corações cada vez mais cheios de amigos, de gratidão, de virtudes espirituais e eternas, como genuínos homens de bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário