“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” Gálatas 6.2
Nem me refiro a amor espiritual puro, mas ao amor humano mesmo, as pessoas o desejam, necessitam dele, mesmo já envelhecidas, e até o fim de suas vidas. As pessoas querem ser amadas, querem que alguém se aproxime delas e se interesse por elas, que perguntem como elas estão, que as ouçam depois, calmamente e com poucas palavras, elas querem ouvidos, afinal a solução dificilmente está em conselhos, em receitas, no que os outros falam. A solução está em Deus e em nós mesmos, ninguém é “burro”, todos, ou a grande maioria que não é insana, sabe o que faz, porque faz e sabe que colhe frutos disso. Assim quando queremos que alguém pergunte como estamos não é para que esse alguém nos responda, mas é para que nos dê a oportunidade de falar, oportunidade de ouvirmos nossos próprias almas, sensíveis, sedentas por desabafarem e serem ouvidas.
Talvez o maior gesto de amor que possamos fazer por alguém seja ouvir, sem a ansiedade ou a vaidade de querer falar e se defender, de se exibir, se explicar, mas só ouvir, em silêncio. Profissionais de psicologia e psiquiatria ganham muito para isso, sem falar de outros, como barmen e garçons, temos necessidade de amor, temos necessidade de falar, temos necessidade de sermos ouvidos, temos necessidade do silêncio alheio e elegante que permite que sejamos, pelos menos num momento, protagonistas de nossas próprias histórias, com direito à plateia e ao aplauso, ainda que medíocres e comuns, como todos nós somos. As pessoas querem ser amadas, mas sexo e cama pouco resolve, não para os mais envelhecidos e sofridos, a esses bastam bons ouvintes, e ser um bom ouvinte talvez seja a maior prova de se ser de fato alguém humilde, cristão, espiritual, amoroso.
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