domingo, abril 16, 2023

Ferramentas da conexão (2/2)

      “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8.16

      Tem um ensino, que recebi logo no início de minha jornada cristã, demônios só ouvem o que dizemos em voz alta, assim a oração que fazemos mentalmente eles não podem saber. Há um mistério espiritual genuíno nesse ensino, mas um pouco mais amplo que muitos evangélicos acham. Isso pode explicar porque protocolos mágicos e ocultistas (que muitos chamam simplesmente de “satânicos”) são estabelecidos sobre três bases: convicção emocional, imaginação e evocação. Convicção emocional é fé, mas que no caso de comunicação com espíritos baixos, pode utilizar um foco imoral para energizar o ritual, pondo na mesma vibe evocador e evocado, por isso o uso de sacerdotisas meretrizes, por exemplo, em certos rituais. 
      Imaginação é importante porque contato com o mundo espiritual é definido pela mente, imaginar não é só inventar artisticamente algo, é dar limites e características para o que queremos nos comunicar no outro lado. Quem imagina um Satanás com pés e rabo de bode, chifres e vermelho, poderá se comunicar com um ser assim. Existe de fato um ser assim? Os seres, do mundo espiritual, principalmente os que não forem anjos de luz e servos de Deus, podem assumir aparências diversas, conforme querem enganar os que querem ser enganados. Evocação é dizer em voz alta quem e para que se quer chamar um ser espiritual. Em poucas palavras, “demônios” precisam ser chamados de forma específica e por muita vontade humana. 
      Serei sincero, não creio, diferentemente do que ensina a tradição judaica-cristã, que muitas coisas sejam impossíveis, falsas ou até proibidas, são só perigosas e complexas, por isso a regra é: não faça. Por isso Jesus e o Santo Espírito são os meios seguros de nos colocarmos em comunhão com o Deus Altíssimo, e quanto mais pura for essa busca, mais eficiente será. Por isso, também, uso de rezas fixas (um jeito cristão de fazer evocações mágicas do bem, digamos assim), de imaginações materiais, como de figuras e imagens de intermediários humanos falecidos, ainda que esses tenham sido servos de Deus (os santos católicos), não facilitam, complicam, ainda que Deus ouça a todos e o faça pela intenção, pelo conteúdo, mais que pela forma. 
      Protocolos mágicos impregnam o homem em todas as áreas, emocional, racional, por palavras, ações e movimentos, para estabelecer contato com “outros espíritos”, mas isso na verdade é uma proteção de Deus. Isso exige uma autorização explícita e convicta do ser humano para que tais “espíritos” se manifestem, já pensou se fosse fácil e simples? Haveria endemoniado saindo pelo ladrão. Já o contato com o Santo Espírito de Deus, esse, sim, é simples e fácil, basta fé e humildade, depois vêm santidade, amor e paz, efeitos únicos e maravilhosos da comunhão com a luz mais alta. O Senhor responde a todos, em qualquer hora ou lugar, ainda que seja para informar, “para esse assunto deve se preparar mais e aguardar”. 
      Tenho aprendido que mesmo falando diretamente com Deus, que conhece tudo e não tem limites, algumas vezes sinto de não fazer uma oração em voz alta, mas só mentalmente. É o Espírito Santo me orientando fazer uma chamada privada, digamos assim, para me proteger de ouvintes indesejados. Você pode perceber isso quando, ao começar a pensar sobre algo para dizer na próxima frase da oração, sentir um temor maior, uma voz dizendo, “cuidado, esse assunto é sério, não revele-o a todos”. Só tenho orado mentalmente, ultimamente, e quando em público, evito certos assuntos. Experiência com o Espírito de Deus só adquirimos andando com o Senhor, e como tenho dito aqui, aprendendo mais a ouvir que a falar. 
      À medida que amadurecemos percebemos as nuanças que existem na comunicação espiritual, no que podemos falar, o que podemos perguntar, em como Deus responde, nas sugestões que espíritos malignos colocam em nossas mentes, seja diretamente, seja através das palavras das pessoas. Deus nos chama para amadurecer, entretanto, não aceitando isso, muitos acham que Deus não fala-lhes mais, quando na verdade não fala mais de maneira infantil, mas os chama para um diálogo mais maduro. Assim como a comunicação que podíamos fazer quando crianças com as pessoas fica mais sofisticada à medida que crescemos, quando podemos entender muitas coisas mesmo no silêncio, só pelo olhar das pessoas, assim é espiritualmente. 
      Evangélicos, não são todos, seria injusto generalizar, mas muitos, ainda que se considerem donos da verdade e com mais direito ao céu que outros, que sejam assíduos em cultos em igrejas por décadas, são crianças espirituais, por isso são tão facilmente manipulados por homens. Dialogar com Deus é uma experiência maravilhosa, a única coisa que nos fortalece para praticarmos a vontade do Senhor, mas esse diálogo espiritual é algo gradativo, que nos põe cada vez mais na intimidade de Deus. Até onde você foi nessa experiência? Amadureceu ou é apenas uma criança, pedindo coisas materiais e agradecendo pelas que recebeu, sem de fato ter aulas avançadas com o professor Espírito Santo através de Cristo Jesus? 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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