18/10/25

Justiça e vingança (1/3)

      “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.Romanos 12.19
      “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.” Efésios 4.26
      “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.Tiago 1.19-20
      “E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” Mateus 6.16

      Depois de tentações relacionadas à área sexual, ser tentado por uma ira tal que nos faz querer fazer justiça com as próprias mãos é a prova que a maioria de nós passa. Todos, de alguma maneira, nos sentimos injustiçados, o que nos leva à flertar com a vingança não é querer dar retorno a alguém que fizemos mal, mas a alguém que achamos que nos fez mal. Para querer fazer justiça tem que se achar vítima de injustiça. Três das passagens acima não tiram a legitimidade de sentimento de ira e vingança, mas dizem que pecado há quando materializamos ira e vingança. A quarta passagem não fala disso, mas cita um princípio que é válido para honra e para justiça: quem obtém certas coisas com as próprias mãos não as recebe de Deus.
      Cabe-nos trabalhar, perseverar e conquistar muitas virtudes, santidade, amor, humildade etc, mas justiça só Deus pode fazer. Enganando-se sobre isso é que criam teologias como a católica, da libertação, e mesmo a mais neo-pentecostal, da prosperidade, essas põem o ser humano e neste mundo como ferramentas para obter-se benefícios, que parecem materiais, bens e grana, mas que desconsidera a justiça de Deus que vai além deste mundo. Sempre é preciso deixar claro: deixar Deus fazer justiça não é aceitar violência, intolerância e diferenças sociais passivamente, não, há coisas que podemos e precisamos fazer já. Mas há limites, esses só humildes e tementes a Deus conhecerão e terão forças para acatar com dignidade e em paz.
      Mas às vezes Deus nos usa para cobrar justiça, num sentimento tão forte, estancado por tanto tempo, suportado em tanta injustiça, que um dia o Senhor permite que saia de nós e cumpra sua vontade. Jesus mostrou algo semelhante na passagem do comércio no Templo de Jerusalém, quando um ser humano sábio, sereno, temperado, pacificador, amoroso e com tantas outras virtudes, usou ações físicas enérgicas para demonstrar a vontade de Deus sobre o uso errado de coisas sagradas (João 2.13-17). Mas tenhamos cuidado para usar tal passagem como desculpa para ação impensada, mesmo que seja revolta contra o comércio que há em muitas igrejas hoje, a experiência de Jesus foi exceção, não regra, e foi do filho santíssimo de Deus. 
      As palavras ira e vingança não são adequadas para denominar ações diretas de Deus, passam a ideia de algo descontrolado, agressivo. Deus sempre age com amor, contudo, o universo que Deus criou, e que recebe as injustiças, pode cobrar justiça com o mesmo peso dos danos e assaltos que recebeu. Vemos isso, por exemplo, quando fortes chuvas caem em encostas de montanhas, inundando e levando tudo que está em lugar errado, causando morte e destruição. Não foi uma ira subjetiva do divino que agiu, mas um efeito proporcional a uma causa. É assim também quando homens e espíritos maus lesam de alguma forma seres que andam na luz, os maus sofrerão pelas mãos de seres também maus as consequências de suas injustiças. 

17/10/25

Indivíduos diferentes (5/5)

      “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear. Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.” Isaías 2.2-5

      O mundo caminha para a individualidade, para a independência de diferentes. Não nego que haja um lado ruim nisso, mas sempre há no início das mudanças, até que os excessos sejam equalizados, que se ache equilíbrio. O pior lado da agenda progressista “liberdade para ser indivíduo, diferente e singular”, é a demonização de qualquer referência, assim de valores morais e de Deus. Também pudera, depois de escravizada por séculos, a humanidade ocidental cansou-se do cristianismo oficial, esse por suas vez não se mostrou digno do nome do Cristo que diz professar. Mas vemos um cristianismo equivocado insistindo em fazer escolhas erradas, sendo arrogante, não paciente, sendo trevas, não luz, condenando e não amando. 
      Se o cristianismo infantil e intimidador não soube conduzir uma humanidade temerosa do diabo e do inferno e mal informada cientificamente, que tinha que ocultar experiências espirituais e mesmo científicas em ordens secretas e esotéricas, mais dificuldade tem com uma “esquerda” que se libertou da utopia marxista e agora luta pelos direitos de mulheres, negros, l.g.b.t.q.i.a.p+ e tantos outros de serem o que são. O cristianismo perdeu o bonde e não tem humildade para pedir, por favor, parem que eu quero subir, antes tenta minar os trilhos para impedir que o bonde siga. O bonde da história não pode ser parado, e nos últimos tempos ele virou trem-bala. Mas sempre há tempo de mudar se há o despojamento visto no Cristo. 
      Se a humanidade caminha para a individualidade, a fala deve ser mais abrangente, respeitando o máximo possível, abraçando as diferenças e não obrigando-as a serem aquilo que um grupo acha ser normal e correto, aliás, o conceito de normal hoje é outro. Não é a igreja que deve adentrar o mundo, fazer escravos e trazê-los para dentro dos templos, são os de fato espirituais que devem levar suas luzes às trevas e lá ficarem, transformando trevas em luz. Contudo, triste é o juízo daquele que recebendo uma lanterna para guiar os cegos, transformou-a numa arma para surrar os cegos e condená-los. Na verdade o castigo do que usou mal sua luz é pior do que está procurando pela luz. Como temos usado a luz que recebemos? 
      Seres humanos, pelo menos grande parte deles, precisam subir ao próximo nível espiritual. Sei que como cristãos não estamos acostumados com essas palavras, parece mais entendimento de espiritualistas, mas o próximo nível é isso, como cristãos, pararmos de interpretar a existência só do jeito tradicional. A que nos levou o cristianismo tradicional? Àquilo que podia, e foi muito, temos acesso ao perdão Deus pelo nome de Jesus, assim à paz que nos fortalece para praticarmos virtudes morais e construirmos o céu em nós. Mas há mais, temos direito de nos conectarmos com o Deus Altíssimo pelo Espírito Santo, que pode nos ensinar sobre mistérios espirituais com a palavra de vida eterna. Mas há mais no próximo nível, creiam.

José Osório de Souza, 15/02/2023

16/10/25

Mau, cético, religioso, espiritual (4/5)

      “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” II Pedro 3.10-12

      Há quatro tipos de pessoas: maus, céticos, religiosos e espirituais. As bolhas desses quatro grupos não estão separadas, elas se penetram, às vezes mais de uma vez. Há bons céticos, maus céticos, religiosos maus, religiosos bons, espirituais religiosos, espirituais céticos, dentre outras intercessões. Em cada um dos quatro tipos há graduações diferentes de comprometimentos, cético vai do ateu ao materialista, religioso vai do mais extremista ao mais equilibrado, espiritual vai dos mais raso aos mais profundo, e há maus em todos os grupos, de orgulhoso e indiferente ao ativamente cruel e egoísta. Pessoas de todos os tipos também podem ter envolvimentos com religião estabelecida em níveis diferentes, nem todos são membros assíduos.
      Mas sendo mais específico, usei a classificação acima nos seguintes sentidos: cético não crê em Deus, mau até crê no plano espiritual, mas quer usá-lo para fins egoístas, religiosos são bons, ou pelo menos se acham assim, mas pensam que o bem só pode ser praticado estando eles ligados oficialmente a uma igreja ou religião, já os espirituais são o que muitos chamam de iluminados ou iniciados, têm uma experiência mais profunda com o plano espiritual. As bolhas se interceptam, como dito acima, assim espirituais podem ter origens diferentes, mas o mais comum é chegar-se à espiritualidade a partir, não do ceticismo, mas de alguma religião estabelecida, usando experiência dos outros como base para construir experiência pessoal. 
      O cristianismo não é tão poderoso e manipulado no mundo à toa, carrega o nome de Jesus e esse tem poder em si mesmo. Penso que todos podem seguir suas trajetórias espirituais da maneira que preferirem, mas creio que todos deveriam fazer pelo menos um “estágio” no cristianismo mais puro e próximo ao original possível, conhecendo de fato a vida do Cristo homem e o poder do nome do Cristo espiritual. Isso faria as primeiras curas emocionais nas pessoas e as livraria de muitos perigos que existem em religiões espiritualistas que às vezes abrem as portas do plano espiritual sem muito cuidado. A verdadeira iniciação e a iluminação mais alta só temos pelo Espírito Santo através do nome único de Jesus Cristo! Creio assim.
      Haverá um “final dos tempos”, não do jeito físico, explícito, cinematográfico, que muitos acham que será. Mas creiam, será justo e sério, mais do que muitos estão preparados para ser. A pergunta que faço é: como se portarão, muitos que batem no peito e gritam alto colocando-se como cristãos preparados para o fim, quando virem que as coisas não são como acham que deveriam ser? Inventarão novos enganos para seguirem acreditando no engano inicial? Desistirão da fé e brigarão com Deus? Ou serão humildes o suficiente para admitirem que estavam enganados, e que de fato nunca se prepararam para receber as verdades espirituais mais altas? Cristãos, não sabemos tudo que achamos que sabemos, sejamos humildes. 

José Osório de Souza, 15/02/2023

15/10/25

Próximo nível (3/5)

      “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” II Coríntios 3.3

      Exemplos, o ser humano precisou de exemplos manifestados de forma explícita, que por isso transformaram-se em religiões. O ser humano carrega um desejo intrínseco por idolatria, no sentido de construir algo que possa ser visto, celebrado, adorado e obedecido, materialmente. Não fiz juízo de valor das religiosidades e seres humanos na lista de religiões na postagem anterior, assim não separei o que a tradição judaico-cristã alia a Deus daquilo que não alia. O ponto desta reflexão é: será que ainda precisamos de ídolos, ainda que seja da manifestação mais elevada de Deus à humanidade, Jesus Cristo? Tudo que é definido é encarcerado, tudo que vira religião limita a atuação espiritual de Deus, assim é deste mundo, não do outro.
      Além do Cristo houve muitos exemplos manifestados de seres humanos de espiritualidade elevada que a humanidade conheceu e que se transformaram em religiões, visto que a humanidade precisou de “pais” físicos em sua infância espiritual. Mas houve outros homens de calibre espiritual que não ficaram famosos. Jesus, há quase dois mil anos atrás, já anunciava uma espiritualidade diferenciada e discreta, se apareceu para matar a fome da multidão e curar doenças de muitos de forma visível, foi por amor, não para fundar uma religião. O ser humano, contudo, pelo menos pelo cristianismo, não entendeu a lição, retrocedeu no catolicismo e no protestantismo, ainda que conhecendo o exemplo de homem e o poder espiritual de Jesus Cristo.
      Um ministério espiritual desempenhado pelo Espírito de Deus para conduzir espíritos humanos a um reino espiritual, eis as boas novas do Cristo. Pareço citar o termo “espírito” demasiadamente? Mas não, ainda assim grande parte das pessoas não entende a relevância. Um ministério espiritual não precisa de templos ou igrejas, só do espírito humano. Esse ministério não tem o propósito de fortalecer instituições religiosas, de manipular massas, de ser adorado pela aparência material, esse ministério cala a matéria e aperfeiçoa o espírito. Esse ministério precisa de religiões, ainda que seja para desempenhar evangelismo inicial aos que nada sabem sobre Deus? Não, precisa de indivíduos com experiências reais com Deus.
      As pessoas só precisam ser recordadas do que já sabem, que dentro delas há espíritos que anseiam por Deus. Como buscarão mais a Deus? Vendo os frutos práticos de quem já buscou. Esse ministério sente a necessidade de reunião em grupos, de administrar dinheiro e bens para manutenção do lugar da reunião e de necessidades dos reunidos? Sim, mas sem que o ministério em si seja usado para gerar lucro material, o único lucro deve ser a prática de virtudes morais nas vidas dos que compartilham a fé. Isso significa que todos que buscam a Deus devem fazer do mesmo jeito? Não, que cada um procure o jeito que se sente melhor, sem julgar o jeito dos outros. Eis o próximo nível de espiritualidade que o ser humano precisa. 

José Osório de Souza, 15/02/2023

14/10/25

Tantas religiões (2/5)

      “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gálatas 3.8-9

      Abaixo, uma lista com alguns fundadores, criadores e codificadores de tradições religiosas (links individuais em fonte). Selecionei 40, desses, 18 (*) têm base na tradição judaico-cristã. O entendimento de muitos cristãos dessa lista, ainda que não assumido, é um: “22 dessas religiões não são de Deus, 18, são”. Pareço extremista? Mas essa é a realidade que muitos cristãos devem assumir, baseados em suas doutrinas e nos ensinos de seus líderes nos púlpitos de suas igrejas. “Um número enorme de seres humanos, em todo o mundo e ao longo da história, teve em suas religiões ensinos que não os levou ao céu, passados por espíritos malignos enganadores”, se não é isso, então, o que se diz não é o que se crê em muitas igrejas. 
      Uma verdade que muitos cristãos que se consideram donos da verdade maior não aceitam: Deus permite a cada ser humano, em tempos e lugares diferentes, a espiritualidade que cada um pode administrar para estar mais perto dele. No mundo atual existe um número enorme de pessoas que não é cristão, nasceu em outras religiões e morrerá assim. Haja inferno, se o fim desses seres humanos for a condenação só porque nunca puderam ser batizados e doutrinados no evangelho. Por outro lado, um estudo de muitas religiões revelará pontos em comum entre elas, ritos e objetivos parecidos, se Deus a todos chama, por que só alguns responderiam esse chamado por Cristo, não pelos meios que têm em mãos em suas realidades? 
      Muitos dizem: “conheço gente que era infeliz numa religião, foi para a igreja evangélica e a vida mudou”. Se de fato isso é verdade, primeiro, a pessoa era viável para ser evangélica, vivia perto de gente que lhe falou do evangelho e pôde frequentar uma igreja evangélica, isso não acontece com todo mundo no planeta. Segundo, talvez o lugar de Deus para essa pessoa fosse igreja evangélica, não outra religião. Por outro lado há muita gente feliz em outras religiões assim como infeliz em igreja evangélica, o lugar melhor para cada um vivenciar espiritualidade é Deus quem sabe. Mesmo “felicidade” frequentando igreja e tendo religião é algo variável, muitos só querem a vida social de uma comunidade, a doutrina pouco importa. 
      A verdade é que muitos evangélicos, refugiados em suas bolhas, e ainda que socialmente respeitando outros religiosos, não fazem ideia do que acontece dentro de outros cultos religiosos, no máximo têm uma visão distorcida, preconceituosa e pessimista, aliando o que não se encaixa em suas doutrinas ao capeta. A vida não é tão simples assim, aqui e no além, mas ao mesmo tempo é mais simples que muitos acham que é. Para quem ama há luz, assim espera o melhor mesmo sem entender, vê portas abertas mesmo sem saber, enxerga o sincero do bem mesmo atrás das capas de religiosidades diferentes. O humilde e temente a Deus vislumbra de antemão aquilo que muitos só olharão na eternidade, assim é mais feliz e tem paz com todos.

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      Lista com alguns fundadores, criadores e codificadores de tradições religiosas:

      - Antes do ano 500

  • Hinduísmo/Bramanismo (fonte)
  • Abraão, Judaísmo *
  • Amósis I, adoração monoteísta de Amon-Rá
  • Aquenáton, Atonismo 
  • Moisés, Judaísmo *
  • Zoroastro, Zoroastrismo
  • Lao-Tsé, Taoísmo
  • Confúcio, Confucionismo
  • Pitágoras, Pitagorismo
  • Siddhartha Gautama (o Buda), Budismo
  • Platão, realismo platónico
  • Epicuro, Epicurismo 
  • Zenão de Cítio, estoicismo
  • Jesus Cristo, cristianismo *
  • Gnosticismo (fonte) *
  • Maniqueu, maniqueísmo
  • Catolicismo (fonte) * 

      - Medieval e Moderna 

  • Bodhidharma, zen
  • Maomé, islão
  • Martinho Lutero, protestantismo *
  • Henrique VIII de Inglaterra, anglicanismo *
  • João Calvino, calvinismo *
  • John Knox, presbiterianismo *
  • John Smyth, igreja batista *
  • Avvakum, igreja ortodoxa russa *
  • John Wesley, metodismo *
  • Candomblé (fonte
 
     - Após o ano 1800

  • Masaharu Taniguchi, Seicho-no-ie 
  • Allan Kardec, espiritismo moderno *
  • Meishu-Sama, messianismo oriental
  • Joseph Smith Jr., mormonismo *
  • James White, Igreja Adventista do Sétimo Dia *
  • Mary Baker Eddy, ciência cristã *
  • Helena Blavatsky, teosofia 
  • Charles Taze Russell, Testemunhas de Jeová *
  • Aleister Crowley, thelema
  • William Seymour, pentecostalismo *
  • Gerald Gardner, wicca
  • Zélio Fernandino de Moraes, Umbanda 
  • Anton LaVey, satanismo

José Osório de Souza, 15/02/2023

13/10/25

Final dos tempos (1/5)

      “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente. E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.Daniel 12.1-4 

      “E naquele tempo”, em que tempo será esse tempo? Daniel fala de um tempo de angústia como nunca houve. “Livrar-se-á o escrito no livro”, que livro é esse? Haverá uma ressurreição, será no corpo físico e neste mundo ou no espírito e no outro plano? “Os que ensinam a justiça resplandecerão”, mas a Daniel convinha esperar, muita coisa ainda aconteceria no mundo, “o conhecimento se multiplicaria”. Já não evoluiu a ciência, a internet, a sociedade? Acho covarde pôr dúvidas nas crenças de muitos e ficar em cima do muro, assim posiciono-me diante de homens e de Deus: muitos entendem a Bíblia errado, assim recebem ajuda limitada para vencerem o mal e se prepararem para o “final dos tempos”, seja isso o que for. 
      É importante entendermos que o cristianismo espera os últimos tempos desde o início de sua história, Paulo já exortava tessalonicenses a respeito em suas cartas, e mesmo em Atos, a vida comunitária dos primeiros convertidos, mostrava a crença que não valia a pena investir na existência secular. Na verdade sempre que a igreja experimenta alguma espécie de “avivamento” acha que o mundo vai acabar, quem já não teve experiência assim? É o encantamento e a ilusão que a paixão traz, e essa existe mesmo se provamos experiência com base espiritual, contudo, como toda paixão, passa. Então, não nos enganemos nos achando mais merecedores de viver o final dos tempos que achavam outros cristãos em outros tempos.
      “O livro da vida onde estão listados os nomes dos salvos”, bem, esse é um entendimento antigo de um homem antigo, no tempo que poucos sabiam ler e menos ainda escreviam, assim ter o nome registrado num papiro, couro, pedra ou outro material, era um privilégio. Talvez, se muitas profecias fossem recebidas hoje diríamos que os nomes estariam escritos numa mensagem de celular divino. Enfim, o que importa não é a interpretação ao pé da letra, mas o princípio. Eu penso que há algo mais nesse livro, mas a nós não compete entender ou explicar muitas coisas, só fazer o nosso melhor para que de algum jeito tenhamos direito à melhor eternidade com Deus. Isso não se faz na última hora, mas perseverantemente durante uma vida. 
      Quem sabe ou acha que sabe gosta de falar, eu acho que sei por isso escrevo aqui, se sei de fato, a eternidade dirá. Mas me chama a atenção as frases “os que ensinam a justiça resplandecerão” e “o conhecimento se multiplicará”, ambas se relacionam à informação. De fato vivemos um tempo especial para a informação. Internet, redes sociais e celulares comunicam todos com todos em todo o tempo, mas até que ponto o que se compartilha é útil para conduzir à vida eterna? Quem ensina a justiça é iluminado, mas não a justiça de homens ou de religiões, a do Espírito de Deus. Hoje, contudo, ficou mais difícil, no meio de tanta news e fake news, saber o que é justiça, assim, quando muitos falam, mais sábio é calar-se. 

José Osório de Souza, 15/02/2023

12/10/25

Espiritual X Mental

      “Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações recrearam a minha alma.Salmos 94.19

      Temos acesso ao mundo espiritual pela mente, podemos entender a voz do Senhor focando nossos pensamentos. Contudo, enquanto o espiritual não está limitado pela matéria, não se cansa, tem acesso a um Deus perfeito e que ama em todo tempo, o mental é humano, entedia-se, desespera-se, exalta-se, encanta-se, ilude-se. Viver é administrar espiritual e mental com humildade, isso tem propósito de Deus para nos aperfeiçoar moralmente. Muitas vezes, ainda que queiramos de todo o coração acertar certas coisas, receber de Deus uma palavra especial, nossa mente está sobrecarregada, ansiosa, deprimida, assim o próprio Espírito Santo nos diz, “espera, você ainda não está pronto”. Nos conhecer e nos respeitar é preciso. 
      A palavra de Deus sempre nos dá o melhor que podemos receber no momento, pode não ser o máximo de Deus, mas é o máximo nosso. Cabe-nos acatar e não desistir, ainda que com humildade e sem desespero, se hoje não estamos preparados, uma hora estaremos, tenhamos paciência, não com Deus, com nós mesmos. A comunicação espiritual encontra nas mentes humanas restrições intelectuais, emocionais, morais, religiosas, Deus não fala a um adolescente como fala a um adulto com doutorado, nem a um cristão como fala a um muçulmano. Na verdade a palavra de Deus é uma só, mas entendemos diferente conforme nossa mente, por isso lemos o mesmo texto bíblico tantas vezes e sempre achamos ensino renovado.
      É importante não confundirmos as coisas, limitarmos Deus à mente humana, acharmos que porque sabemos tudo que podemos, sabemos tudo que há. Também é importante não limitarmos Deus às emoções, não é porque nos sentimos mal que Deus está “bravo” conosco, também não é porque estamos alegres que Deus se agrada conosco. Enganoso é o coração, a Bíblia se refere aos sentimentos em Jeremias 17.9, emoções são influenciadas pelos pensamentos e esses podem ser confusos, fantasiosos, doentios. Por isso fé é tão importante numa experiência com Deus, ela independe do que se sabe ou se sente, ainda que se verifique isso e se poste com equilíbrio e maturidade. Deus nos fala pela mente, mas a mente não cria Deus. 
      Um dos argumentos dos ateus é esse, Deus e o mundo espiritual são construções humanas, não existem a não ser nas mentes dos homens. De fato as religiões institucionalizadas são construções humanas, mas o Espírito de Deus não é, ainda que cada ser humano entenda o mundo espiritual à sua maneira. Se há vaidade e arrogância, mesmo entendimentos parciais do verdadeiro Deus conduzem a criação de fechados muros, dividem a humanidade, em última instância levam até a guerras. Mas se há amor e humildade, mesmo a limitação da mente humana, leva à construção de portas e pontes, que adicionam à experiência pessoal de um a experiência singular do outro. Jesus entregou-nos isso, a possibilidade do céu aqui, pelo menos dentro de nós. 

11/10/25

Já olhou o mundo espiritual hoje?

      “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados. Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.I Coríntios 12.1-7

      Você já deu uma olhada no plano espiritual hoje? A um cristão tradicional seria melhor perguntar, você já orou hoje? Como já disse aqui antes, orar pode ser bem mais que pedir coisas a Deus e agradecer por coisas recebidas. Contudo, e por achar que oração é só isso, muitos desistem de orar, simplesmente não acham mais graça, mais prazer, mais retorno espiritual em dizer as mesmas coisas sempre do mesmo jeito. Pode haver um lado positivo nessa insatisfação, Deus estar pedindo algo mais profundo na oração. Mas como também já disse aqui, não confunda oração feita de qualquer jeito, ou simples preguiça de orar, com ter ido até onde podia com experiências básicas de oração que estão pedindo experiências avançadas
      Antes éreis guiados aos ídolos mudos, interessante o modo como Paulo começa suas orientações sobre dons espirituais. Infelizmente muitos cristãos hoje, principalmente católicos, mas também muitos protestantes e mesmo pentecostais, continuam, tendo experiência com um Deus mudo. A igreja católica tirou a legitimidade de dons quando começou a existir como tal, não necessariamente quando Constantino conectou estado (império romano) e religião (cristianismo + paganismo). A reforma protestante não mudou isso, e muitos pentecostais hoje também não dão tanta liberdade para exercício de dons. O motivo é prático, fica difícil dar liberdade a qualquer um que se levanta falando em nome de Deus, é algo um tanto subjetivo (e perigoso para os que querem controlar as igrejas). 
      Se o ser humano tem a tendência de assentar-se em extremos, também tem a de trocar liberdade de escolha por obediência cega a leis. Ainda que Jesus tenha entregue a nova aliança de amor, que é de liberdade e do Espírito de Deus, que pretendeu trocar isso pela velha aliança da lei de Moisés, pouco tempo após a ressurreição do Cristo os homens já trocaram a nova aliança por uma nova religião de leis. O antigo testamento de Moisés foi expandido num cânone bíblico protestante de sessenta e seis livros relevando a genuína nova aliança de Jesus. Hoje a bibliolatria manda nas igrejas protestantes, se considera tudo que está escrito no cânone bíblico palavra direta de Deus e registros históricos do chamado povo de Deus. 
      Troca-se algo que pode dar trabalho monitorar, checar, mas que pode conduzir os seres humanos à maturidade espiritual, àquilo que Jesus inaugurou, por leis que nivelam por baixo, que prendem à infantilidade. Enfim, foi isso que a humanidade pôde administrar pela igreja católica por +/- 1.700 anos e por igrejas protestantes por +/- 400 anos. Todavia, o tempo de ordens secretas e ocultistas, esotéricas e espiritualistas, como meios únicos para investigar mundo espiritual, meios demonizados pelo cristianismo da tradição judaico-cristã, acabou. É tempo de buscarmos iluminação em plena luz, sem medo de líderes religiosos, sem preguiça, tendo Jesus como porta e o Espírito Santo como professor. Já olhou o mundo espiritual hoje? 
      Olhar o mundo espiritual é descansar o coração das ansiedades, a mente de expectativas, focar em ver e ouvir o que Deus quer mostrar e falar. Muitas vezes o Espírito só dirá, “fica em paz, tua oração foi ouvida, Deus te abençoa, siga na vigilância por santidade, humildade e amor”. Mas quem persiste com limpeza de alma, pureza de intenções, em fé e discrição, prova do Espírito. Isso não é algo que pode-se definir em fórmula, é experiência que cada um deve esforçar-se por achar a sua, pacientemente checando busca com frutos de vida eterna à luz da verdade. Sim, podemos nos enganar no início, confundir criações mentais com revelações espirituais, mas com trabalho duro eleva-se até o topo do monte e vislumbra-se maravilhas. 

      Não devo dar o peixe, mas tentar ensinar a pescar, cada um com a vara que trabalhou para construir e no pedaço de rio que lhe é permitido…

10/10/25

Estamos ou somos? (5/5)

      “Porventura não esquadrinhará Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração. Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre. Por que escondes a tua face, e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão? Pois a nossa alma está abatida até ao pó; o nosso ventre se apega à terra. Levanta-te em nosso auxílio, e resgata-nos por amor das tuas misericórdias.Salmos 44.21-26

      Não é escolha o que muitos são, é característica, parte da essência do ser humano que o acompanhará até o fim neste mundo, e essência de espírito, não de corpo. Não é configuração, usando um termo da informática, onde software pode receber update, até upgrade, mas especificação técnica, fixa, inalterável, de hardware. O que leva muitos conservadores a desacreditarem disso, é acharem que por fé tudo é possível, e que isso, mudar a realidade pela fé, é prova de espiritualidade maior, assim mais digna do céu. Não entendem que espiritualidade maior exige, não mudar certas coisas, mas aceitar e conviver com coisas imutáveis, isso pede humildade. Aceitar do jeito certo é mais difícil que mudar a qualquer custo, e muitos querem cristianismo para mudar, não para aceitar.
      Por exemplo, muitos que nasceram com características físicas masculinas, querem ser tratados como mulheres não por terem escolhido isso, por estarem mulheres, por sentirem-se assim num momento e por poderem sentir-se de outro jeito em outro momento. Não é isso. Muitos nasceram com características físicas masculinas, mas possuem almas com necessidades afetivas, e com efeito, físicas, femininas. Isso não vai mudar! Quando sentiram e assumiram isso ganharam paz e certezas que não tinham, quando ainda lutavam para aceitar o que sempre foram. Isso não significa que existam homens, com características físicas masculinas e com uma alma masculina, que não provem relações homossexuais, mas isso é outra coisa. 
      Faço uma diferenciação aqui que pode ir contra o que a esquerda pensa, tanto quanto com o que pensa a direita. Esse é um exemplo de como a verdade é mais difícil de achar porque requer avaliação de todos os pontos, não ser extremista, mas achar equilíbrio, e principalmente, o melhor de Deus. Para a esquerda a liberdade deve ser total, ainda que a pessoa não seja homossexual, pode ter relação física homossexual se achar que isso lhe dá prazer. Já para a direita a pessoa não pode ter relação homossexual nunca, ainda que seja homoafetiva de alma e sempre, não só por uma escolha física de prazer. Na verdade a diferenciação que faço é definir homoafetivo como identidade da alma, mais que do corpo, corpo só recebe o efeito da alma. 
      Achando-se mais crentes, porque têm mais fé, muitos cristãos estão mais arrogantes e cruéis com quem tem características que não mudarão nem com fé que move montanha. Isso nos leva a concluir que muitos cristãos não entendem a melhor vontade de Deus para suas vidas, o propósito de suas existências aqui, assim como o exemplo que houve na vida do Cristo homem. Sempre cito aqui o termo “melhor vontade de Deus”, porque nada acontece sem ser vontade de Deus, incluindo coisas ruins, mas principalmente coisas não tão boas acontecem porque Deus permite na insistência de crentes sinceros mas imaturos. Já estamos no tempo da história da humanidade de provarmos, não só a vontade de Deus, mas sua melhor vontade.
      Estou ou sou? Antes as pessoas demoravam mais tempo para assumirem que o que sentiam ser não era vontade momentânea, não era pecado, mas suas íntimas essências clamando pelo direito de realizarem-se. Parece que as últimas gerações têm realizado essa assunção com mais facilidade e em menos tempo, é isso que tem escandalizado muito cristão conservador. Experiência ocorre dentro da casa do que durante anos levou filhos a igrejas, doutrinando-os na tradição judaico-cristã, que constata na adolescência dos filhos que Deus não criou só homem e mulher. Triste para tantos, trágico para outros, mas falta de humildade e amor para muitos, que não acham no conservadorismo jeito certo de interagir com a verdade porque nesse conservadorismo não há a verdade perene e irrevogável.  

José Osório de Souza, 9/03/2023

09/10/25

Evangelho progressista? (4/5)

      “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.I Coríntios 13.4-7 

Desculpe-me, se repetir o texto acima torna-se óbvio, até superficial, mas não é, aliás, é o mais importante a sabermos no tema desta reflexão.

      Entende-se como progressista quem pensa o trajeto da humanidade como evolutivo, de mudanças para melhorias em muitas áreas. Já o termo conservador pensa a humanidade como já recebedora de referências corretas e terminais em muitas áreas, assim, bases não precisam ser modificadas. Progressismo de Deus nos torna mais espirituais, não menos, já conservadorismo de homens limita nossa espiritualidade. Parece ser o oposto do que muitos cristãos pensam, mas os que buscam a Deus de todo o coração entendem e aceitam isso. Por outro lado, quem usa progressismo de homens, se perderá mais que o que usa conservadorismo sobre Deus, e não de Deus, assim pode ser mais adequado ser conservador certo que progressista errado.  
      Eu penso que o caminho melhor disponível hoje ao ser humano é o progressista, usando a tradição judaico-cristã como base, como início, não fim. Deus é progressista, não é conservador, ainda que durante muito tempo o mundo o tenha conhecido por meios conservadores. Mas isso é limite dos homens, não de Deus. Uma característica do progressismo: seriedade e respeito com diferenças. Infelizmente muitos conservadores se mostram muitas vezes usando escárnio e chacota com um assunto tão sério como a causa lbgtqia+, só por crerem que a tradição judaico-cristã considera indiscriminadamente todos dessa legenda em situação de pecado, nas mãos do diabo, condenados ao inferno. Por uma lei, amor é desprezado.
      Isso não significa que tudo que está na agenda da esquerda seja o melhor de Deus, assim como não é tudo que está na agenda da direita que não é. Contudo, e infelizmente, para mim que tenho, não só como base a visão teológica da tradição judaico-cristã, tanto que vai achar aqui no “Como o ar que respiro” centenas e centenas de reflexões sobre a Bíblia, mas que também achei nessa base a luz que conduziu-me em libertação, cura e vitória até aqui, hoje a esquerda representa mais o evangelho original de Jesus que a direita. Infelizmente, porque não há nenhuma alegria em mim ao constatar que o cristianismo do mundo chegou ao século XXI como conservadorismo religioso. O Cristo verdadeiro merece mais respeito.
      Talvez o pior pecado do conservadorismo não seja o que ele crê, mas como tenta praticar o que crê, se ainda que crendo em extremismos colocasse isso em prática com amor, com paciência, com respeito, haveria mais tempo a todos. Tempo para os conservadores para constatarem que suas teorias não podem ser praticadas, tempo para os que são tratados por eles, para entenderem que propostas são de Deus e quais são, ainda que de religiosos cristãos, de homens. Mas será que há vida na mentira, há verdade nas trevas, pode-se ter amor, paciência e respeito quando se defende uma agenda que não representa, pelo menos não mais, o melhor de Deus para a humanidade? Creio que não, Deus não fortalece quem não trabalha nele.
      Cristãos, quando vamos aceitar que o que matou Jesus foi o conservadorismo da religião dos judeus, da qual até o Cristo fazia parte? O evangelho era progressista e continua sendo, Lei de Moisés e protocolos no Templo de Jerusalém se tornaram só conservadorismo, como se tornaram o catolicismo e o protestantismo hoje. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13.8). Jesus fica antigo, não velho, o que é novo é vivo e nunca envelhece. Já o que o homem tenta controlar e usar fica velho e morre, porque é guardado na matéria, não no espírito conectado a Deus pelo Espírito Santo. Não se pode conservar o Espírito de Deus em tradições e dogmas, só no coração do ser humano aberto a progredir até o Altíssimo. 

José Osório de Souza, 9/03/2023

08/10/25

Que cristianismo te representa?(3/5)

      “Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces. Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?Salmos 139.1-7

      Muitos, só por dizermos que o cristianismo não nos representa, são levados a concluir que discordamos do cristianismo tradicional porque tivemos, temos ou queremos seguir tendo, vidas em pecado. Extremistas sempre chamam opositores de extremistas (do outro lado), achando-se do lado do bem, de Deus, põem os que discordam deles como do lado do mal, do diabo. Em primeiro lugar todos nós, que vivemos e não nos acovardamos, erramos, quem não admite isso, ou mente ou não viveu. Em segundo lugar a base do evangelho é perdão por Cristo, assim a ninguém podemos julgar, muito menos porque não sabemos se alguém que errou no passado já se consertou com Deus e segue hoje numa vida agradável ao Senhor. 
      Esses dois motivos já são suficientes aos humildes, que se conhecem e de fato conhecem a Deus, para serem misericordiosos e pacientes com todos. (Refleti sobre o tema “O cristianismo que me representa” nos link1 e link2). Contudo, se dizemos que o cristianismo de muitos não nos representa porque é intolerante, por exemplo, com afro-espíritas e lbgtqia+, a resposta é uma, “vocês estão usando um amor errado de Deus como desculpa para aceitar gente em pecado”. Ainda que muitos estivessem em pecado, e muitos afro-espíritas e lbgtqia+ estão em pecado tanto quanto cristãos, não necessariamente pelo fato de serem afro-espíritas e lbgtqia+, como cristãos deveriam agir diferente, abrindo portas, não fechando. 
      Mas quem tem certeza, que se acha um privilegiado sabedor da verdade de Deus, não se dá ao trabalho de ouvir, só quer falar, não muda de opinião e segue medindo todos com sua imprecisa e suja régua. Para esses, pôr em dúvida suas crenças não é exercício, não só de razoabilidade, mas também de vida com Deus, é pecado, que pode entregar-lhes ao outro lado, ao diabo e a um futuro inferno. Assim extremistas não só pensam de um jeito, mas negam-se a refletir sobre o que os que pensam, pelo menos em algumas coisas, diferente deles, não aceitando que em outras coisas os diferentes podem estar mais certos que eles. Quem só aprende consigo, não ensina os outros, subtrai, ao invés de somar, não ama, só faz alianças convenientes.
      Extremista não quer conhecer a verdade do diferente porque possui uma verdade pessoal frágil, aceitar o diferente pode abalar aquilo sobre o qual se construiu muitas vezes uma vida, uma reputação, uma identidade. Quem é homoafetivo, por exemplo, e projetou no cristianismo tradicional a aprovação equivocada que recebeu de pais, seguirá só, sem coragem para fazer aliança afetiva com outro homoafetivo, ou pior, se casará com um heterossexual para agradar a igreja, enganará a todos e será infeliz. Isso é triste? Mas é mais fácil para muitos que buscar a Deus e entender que o fato de terem a sexualidade que têm, não desagrada a Deus, não leva ao inferno, ainda que desagrade uma igreja. Assim muitos seguem hipócritas. 
      Não acredito que um cristianismo errado, ainda que com apoio de denominações protestantes seculares, pastores carismáticos, teólogos famosos, papa, Vaticano, tem vitória sobre pecado. Muitos podem parecer cristãos, mas não são, principalmente se não forem mais cristãos novos, ainda encantados com os primeiros passos da fé. Não pode haver prática de teoria baseada em mentira, e o cristianismo do mundo baseia-se em muita mentira construída pelo catolicismo. Quem exige demais de si, exige demais dos outros, e falta com amor com todos. Santidade é caminho, não destino, é processo, não conclusão, aperfeiçoa-se à medida que vivida. Para viver é preciso progredir, quem conserva-se parado, morre.

José Osório de Souza, 9/03/2023

07/10/25

Conheça mais a Deus (2/5)

      “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lucas 11.9-13

      Conhecer mais a Deus não é ter mais vitória sobre o mundo, não, não é o mundo que nos aprisiona, não o mundo fora dos templos. Conhecer mais a Deus é vencer a vaidade, que mantemos por causa de insegurança, que sentimos porque damos mais valor à glória de homens que à glória de Deus. Mas entenda, não é a glória de homens no mundo, essa vaidade vencemos no início de nossas jornadas, mas é a glória de homens dentro de igrejas. Que católico tem coragem de desagradar o papa ou mesmo seu sacerdote local, para conhecer mais a Deus e viver um conhecimento mais profundo? Que crente tem coragem de discordar do que ouviu anos a fio de seu pastor, da liderança de igreja, para ter experiência mais profunda com Deus?
      É preciso discordar de igreja para concordar com Deus? Sim, mas repito, não é necessariamente preciso parar de frequentar igreja por causa disso. Contudo, quem conhece mais de Deus sentirá necessidade de guardar muita coisa para si, assim, se for coerente, não usará púlpito para convencer gente que não está preparada para saber o que o preparado recebeu de Deus. Quem sabe de fato mais não dividirá igreja por isso, e muitos dividem, não por serem mais espirituais, “renovados”, mas só mais vaidosos e inseguros. Caso não tenhamos a coragem, de seguir sem a aprovação de quem não nos considerará mais espirituais e fiéis, seremos só teóricos, hipócritas e falsos moralistas, que não conseguem praticar o que Deus nos pede. 
      Por quê? Porque quem nos fortalece para obedecer a Deus é Deus, não igreja ou irmãos. Não significa que há muitos que passando a vida dentro de igreja, e mesmo conscientes dos defeitos da igreja, não serão bons cristãos e não mostrarão nas obras que vivem o que creem. Mas o ponto é que isso não é para todos. É para você? Tem certeza? Para saber é fácil, veja se tua fé tem dado frutos bons e permanentes, mas cuidado, se não tem dado, verifique com honestidade se tem feito tua parte. Não adianta buscar o avançado quando não se conseguiu praticar nem o básico. Quem está preparado para saber mais chegou numa excelência de vida, mas sente que deve saber e viver mais, e se não fizer isso será só teórico, hipócrita e falso moralista. 
      Por favor, não me entenda errado, não quero “desviar” ninguém, mas o “Como o ar que respiro” não tem a proposta de compartilhar uma palavra direcionada só ao cristão tradicional protestante, evangélico ou pentecostal. Na verdade a palavra aqui é de desafio e para alguns, e não veja nessa delimitação qualquer espécie de arrogância, não me acho melhor que ninguém, nem chamo pessoas que se acham melhores ou para acharem-se. Ocorre que aos 63 anos (este texto foi escrito em 2023) e com 47 anos de convivência com algumas igrejas, nas quais trabalhei com música, oração e palavra, aprendi algumas coisas de Deus. É isso que tento passar aqui, às vezes de forma mais clara, em meio a reflexões diárias de incentivo a caminhar perseverantemente com Deus. 
      Ore mais. Só conhecemos mais a Deus nos relacionando diretamente mais com ele, e o risco que muitos crentes, principalmente os ativos em igrejas, correm, é substituir diálogo direto com Deus por atividades dentro de templos. Você só vai conseguir praticar o que crê, então, crer mais, saber mais e viver mais, se orar mais. Quando andamos conectados ao Senhor o tempo todo sabemos quando devemos falar com Deus e quando temos que nos calar e ouvir sua voz, e creia, Deus fala mistérios e mostra maravilhas para aqueles que buscam sua intimidade. Mas não esqueça a exortação desta reflexão, não precisamos ser só teóricos, hipócritas e falsos moralistas, não se obedecermos a chamada de Deus para nós e o buscarmos mais. 

José Osório de Souza, 8/03/2023

06/10/25

Teoria e prática: confronte (1/5)

      “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.Tiago 1.22-25

      Teoria e prática, hipocrisia e vida, falso moralismo e verdadeira espiritualidade, coisas que precisamos avaliar no cristianismo que experimentamos. Parece fácil, são termos que se opõem, mas é incrível como confundimos essas coisas na religião. Por algum motivo, onde deveria haver mais clareza, há o oposto, confusão. A raiz da confusão é uma coisa, vaidade, damos mais importância àquilo que aparentamos e para homens, que para aquilo que somos e que Deus conhece. Vamos a culto atrás de culto celebrando Deus e suas virtudes, declarando Jesus como salvador, mas conhecemos nossa verdade quando saímos dos templos para o mundo, trevas podem revelar mais sobre nós que o que chamamos ser luz. 
      Até que ponto o que chamamos de luz é luz? Nem é que exista uma encenação proposital, mas dentro dos templos sentimos um encantamento pela utopia, de fato lá nós cremos que somos diferentes, que as paredes da construção represam um pedaço do céu. Pelo menos para muitos, lá não há vícios, adultério, pecado, tudo é louvor e sagração, estamos santos só pelo fato de estarmos lá. Infelizmente, mesmo a utopia não encanta a todos, existem alguns buscando satisfazer apetites físicos e vaidades mesmo dentro de igrejas, nem todos têm nos templos intenções virtuosas. Então saímos para o mundo, temos que trabalhar, estudar, construir profissões, sobreviver fisicamente, assim teoria encantada é confrontada com o mal. 
      Quem somos de verdade, o que experimentamos nos cultos, nos retiros, nos jejuns, nos ensaios do coral, nas e.b.d.s? Ou o estudante e profissional das faculdades e empresas? Muitos de nós têm muita dificuldade para saber, e quando sabem têm dificuldades para assumir. Isso pode criar um doloroso dilema, o conhecimento de verdades pessoais que podemos não querer admitir, nem aos outros, mas para nós mesmos. Sendo “santos” e amorosos somos tidos como espirituais pelos “irmãos”, conhecendo a Bíblia podemos ser aplaudidos nos púlpitos, quando damos palavras agradáveis aos pares. Se não somos ricos ou estudados (ou bonitos), podemos achar na igreja valores na identidade que nos faz sentir especiais. 
      Muitos vão para igrejas para sentirem-se valorizados, como motivo inicial isso é válido, tudo é válido para iniciarmos jornadas com Deus. O que na sociedade era alcoólatra, pela igreja liberta-se do vício, o que era adúltero no mundo, na igreja tem a chance de acertar o casamento, o que era pária, tem aprovação de um grupo e até auxílio para arrumar serviço, num grupo que, pelo menos na teoria, prega que todo pecado é perdoado em Cristo, que passado é esquecido e uma nova existência pode-se iniciar do zero. Também nisso nada há de errado, se não for só teoria. Mas por que com o tempo podemos ver que muita coisa é só teoria, que a vida torna-se hipócrita, que nos tornamos só falsos moralistas, não de fato espirituais no Altíssimo? 
      Diferentemente do que digo muitas vezes, desta vez farei uma apologia às igrejas e religiões cristãs: a culpa não é delas, mas nossa. Igrejas nos levam até onde podem e elas podem o que Deus lhes permite poder. Mesmo com pastores não gananciosos e sinceros do bem, seres humanos, homens e mulheres, que buscam vidas profundas com Deus, igrejas não são construídas no mundo para nos entregar tudo que Deus tem para nós. Quem tem que saber quando parar com igreja e seguir mais com Deus somos nós, e com parar com igreja não me refiro a parar de frequentar igreja. Erramos quando achamos que a voz final de Deus só podemos ouvir em igrejas, de pastores, teólogos, mesmo da interpretação tradicional da Bíblia. 

José Osório de Souza, 8/03/2023

05/10/25

Aprendamos a descansar

      “Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia. Descansa no Senhor, e espera neleSalmos 37.3-7a

      Qual a maior dificuldade que temos para viver bem? Depende do que consideramos viver bem. Todos precisam trabalhar, assim como todos têm que obedecer certas regras sociais para serem civilizados. Contudo, ter muita atividade pode ser para muitos viver bem, não porque precisam de mais dinheiro, mas porque precisam se sentir úteis. Assim, viver bem pode estar ligado a sentir-se útil. Basicamente isso está correto, se nossa utilidade for equilibrada, levando em conta áreas física, emocional e moral do ser humano, assim como se formos úteis para nós sem prejudicar os outros. Contudo, percebo em mim, o que também existe em muitos, certa obsessão por estar em constante atividade, resumindo, não sabemos descansar. 
      Repito: nos dias de hoje muitos precisam trabalhar e muito para terem o mínimo, sintoma das atuais injustiças do mundo. Mas descansar é preciso, não só para recuperar forças físicas, como para manter o emocional sadio. Não é só nosso organismo físico que pede descanso. Nosso espírito, que ouve a voz de Deus ainda que não ouçamos, ainda que nem acreditemos que Deus exista, também nos orienta o descanso. O motivo principal é um: na eternidade não teremos trabalho físico para fazer, não haverá corpos para serem mantidos, assim estar em sintonia com a luz do Altíssimo é o que nos fará úteis. Viver no mundo e na carne é agregar ao espírito valores morais, assim espirituais, esse é nosso propósito principal aqui. 
      Por não conseguirem estar em paz sem estarem fazendo algo, e sem serem vistos por outros enquanto fazem algo, assim querendo receber glória de homens, é que muitos, ainda que tenham conquistando alguns bens e confortos materiais, sofrem de certas maneiras na velhice. Próximos à morte, pernas e braços, olhos, boca e ouvidos, param, mas pior, a mente pode parar, dessa forma coração bate, pulmões respiram, cérebro recebe oxigênio, outros órgãos funcionam, mas a pessoa fica presa a uma cama. Quem não aprendeu a descansar, não administrará bem o momento que nada mais pode fazer, senão esperar, e mais, ficará mais tempo neste mundo para aprender, ainda que em condição debilitada, tirando o descanso dos outros. 
      No momento em que escrevo (2023), aos sessenta e três anos, desempenho a função que melhor conheço e mais gosto de fazer, sou pianista profissional, toco num piano de meia-cauda, repertório de boa música, em ambiente excelente, com remuneração justa, levei a vida para poder fazer aquilo no qual sou mais útil. É trabalho cansativo, todo trabalho é, se não fosse não seria trabalho, sentado direto tocando. Mas o cansaço é mais mental, tocar o estilo jazz song exige criar em tempo real sobre melodia e harmonia performances de músicas sofisticadas, como jazz standard e bossa nova. Quando encerro a semana estou exausto, mas é aí que começa minha prova espiritual atual mais relevante, descansar a cabeça para me restabelecer. 
      Uns podem achar que descansar é fácil, outros sabem que não é. Em primeiro lugar é preciso aceitar limites, que já se está fazendo o que se pode e que deve sentir-se em paz por isso, não cobrado a fazer mais. Muitos querendo fazer o dobro que podem acabam não fazendo nem a metade. O que fazemos quando nada estamos fazendo? Enchemos a cara de cerveja, vinho, uísque, cachaça? Consumimos pornografia? Comemos até passarmos mal? Nos entediamos e nos entupimos de remédios para dormir muito? A resposta é uma: alimente intelecto e espírito. Leia bons livros, veja bons filmes, caminhe e exercite o corpo, mas antes de tudo, ore, aprenda a descansar em Deus, acesse a aprovação de Deus e segure-a firme pela fé. 

Assista vídeos meus ao piano no link
José Osório de Souza, 1/03/2023

04/10/25

Saibamos quem somos

      “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.Salmos 139.23-24

      “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou. Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam. Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios. A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção.” Salmos 3.5-8 

      Somos duas realidades, a mental e a física. Contudo, ainda que em nossas cabeças passem muitos pensamentos, que nos levem a sentir emoções fortes, nem todo esse mundo mental transforma-se em ações e palavras, em interações com o plano físico e as pessoas. Ainda assim, nosso mundo mental pode ser bem poderoso, dessa forma nos enganar, fazer-nos crer que somos quem não somos. (Isso pode gerar até problemas psiquiátricos, que podem precisar de medicação e acompanhamento médico). Mas devemos parar, nos analizar, deixarmos claro para Deus, para nós e para “demônios” quem queremos ser, e permitirmos que o Espírito de Deus nos pacifique e nos fortaleça para sermos nosso melhor. 
      Ainda que a luta com nossas mentes seja dura, se queremos obedecer a Deus somos seres do bem, muitas vezes vencendo mais que entregando os pontos. Deus sabe disso e isso é o que mais importa, precisamos achar essa verdade e segurá-la. Persistir na luta de nos controlarmos é importante, até o fim, mas orar equalizando-nos com o Espírito Santo é o que nos dá paz, consolo, forças, na certeza que não estamos sozinhos na luta. Acredite, um dia você acordará e verá que tem não só a realidade física santa, mas tem uma mente apaziguada, e muitas lutas Deus não nos dá vitória só por oração, é preciso insistirmos em deixar claro quem queremos ser, para que de fato sejamos. Quem luta, um dia tem vitória! 
      Mundo mental versus mundo real, luta que pode ser especialmente difícil para alguns, para mim, pelo menos, é. Tanto que muitas vezes confundo o que penso e sinto com o que de fato acontece, repetindo isso pode requerer ajuda médica e remédio. Eu tenho achado vitória pela ajuda da ciência séria, sim, confesso, mas minha vitória maior tem sido descansar em Deus em períodos de encontros verdadeiros, profundos e diários com Deus. Tenho achado vitória fazendo o contrário que minha mente pede, calando-me, tenho achado no silêncio as palavras de consolo do Espírito Santo. Penso que algumas coisas não são ruins em si, mas são só habilidades ou sensibilidades, que usando-nos do jeito errado nos fazem mal.
      Quem tem atividade mental excessiva pode se tornar um escritor, ou exercer atividade que exija trabalho intelectual, como programar computadores ou ensinar história, que pede um conhecimento macro da trajetória da humanidade. Já quem naturalmente pensa menos pode exercer trabalhos mais físicos, e não estou fazendo juízo de valor, muitos não pensam muito porque usam de maneira mais direta percepções artísticas, sem cansar demais a cabeça (e por favor, não estou generalizando nada). Mas voltando ao ponto, pensar demais, e podemos fazer isso ainda que não queiramos, pode levar a ver inimigos ou a sentir inimigos reais de maneira potencializada, nesse caso é preciso discernir isso e buscar cura. 
      Tomo um certo cuidado para falar de certas coisas aqui, assim como tenho cuidado para compartilhar muitas lutas pessoais, há muito preconceito por aí, assim como julgamento equivocado, baseado em rancor e inveja, não em amor e lucidez. Mas senti de compartilhar nesta reflexão algo sobre “mundo mental versus mundo real”, há muito mais gente com dificuldades nessa área que as pessoas admitem, e muitos lutam sozinhos e do jeito errado. O jeito certo e ver o ser humano como um todo, parte física e mental que necessita de ajuda científica, parte moral e espiritual que precisa do auxílio divino, e parte social que pede atenção das pessoas. Com equilíbrio e humildade há cura para todos, creio assim. 
      Mais fracos são justamente os mais fortes, mais incompreendidos pelos homens são os cuidados por Deus de forma carinhosa, maiores lutas entregam vitórias mais excelentes. Isso não é teoria, é experiência pessoal. Quem “ouve” ataque maléfico em demasia é porque tem mais sensibilidade espiritual, assim se for rebelde e endurecido colherá muita vergonha, derrota e dor, mais que os outros. Contudo, se lutar do jeito certo, com ajuda da ciência, no que lhe compete, de amigos e de Deus, terá vitória neste mundo e intimidade espiritual de forma diferenciada. Mais fracos são os que têm mais espaço espiritual para serem mais preenchidos pelo Espírito de Deus, desde que não encham tal espaço com outras coisas.

03/10/25

Fantasia ou revelação? (3/3)

      “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso” I Coríntios 3.16-21

      O meio cristão tradicional pode ser de tal forma extremista, que quando propomos certas soluções, como sendo de Deus, muitos já dizem que somos hereges, instrumentos do diabo, apoiando pecado e carnalidade. Ainda assim farei uma pergunta: até que ponto igreja tem feito bem a você? Nem estou dizendo que tua religião seja má, pode haver muita gente feliz e bem resolvida em tua igreja. O problema pode não ser a religião, o cristianismo do mundo, mas a forma como nós interagimos com isso, aquilo que buscamos saciar na religião e no cristianismo. O que isso tem a ver com espiritualidade e loucura? Igrejas podem nos levar mais à doença que à cura, enlouquecer-nos, ao invés de realmente nos esclarecer e curar.
      Filhos criados com violências e exigências, sem elogio e com muita crítica, buscarão no que ouvem em igrejas as mesmas obrigações, assim como tentar respondê-las com os mesmos equívocos, obediência a legalismos morais extremados. Crianças orientadas como crianças é menos prejudicial que adultos ensinados como crianças. Por isso o cristianismo, do mundo desde que oficializado como religião pelo catolicismo, e ainda que que tenha sido “simplificado” pelo protestantismo, fez menos mal à humanidade por muitos séculos que faz hoje. Um ser humano atual, mais informado cientificamente e com mais justiça social, precisa ser respeitado como adulto pronto para as verdades espirituais mais profundas e maduras.
      No Brasil, num momento que políticos de direita se levantam como defensores de moralidade, família e sexualidade de acordo com a tradição judaico-cristã, muitos enlouquecem. É difícil ir contra referências extremas e tradicionais, achar um meio termo, achar o amor de Deus, achar a sanidade, quando uma voz que defende aquilo que o cristianismo foi por tanto tempo grita alto. Nessa zona de conforto, que nega o modo de agir de Deus na história da humanidade, Deus que nunca é conservador, mas que funciona evoluindo tudo lentamente por milhões de anos, instalaram-se mais hospícios para doentes mentais que hospitais para enfermos morais. Nisso, espiritualidade é esquecida, a loucura de Deus é trocada pela doidice do homem. 
      Muitos doentes mentais (não todos!) são sensitivos espirituais que não administram corretamente dons espirituais, outro ponto de vista pessoal. Administrar certo não é querer saciar curiosidades espirituais ou crer a todo o custo para ter bens materiais, é melhorar moralmente, buscar santidade, amor e humildade, e buscar isso em Deus, não na obediência cega a leis religiosas. Não se pode adquirir vida buscando forças na morte, e muitas religiões pregam morte da carne, mas não conduzem à vida eterna que existe na viva voz do Espírito Santo. Muitos não querem seres humanos livres pelo Espírito de Deus, gente assim não pode ser mantida em templos, manipulada e explorada. A loucura de muitos interessa mais a pilantras que a malucos reais. 
      Isso leva a algumas conclusões. O que faz uma pessoa lúcida não é o conhecimento, seja intelectual, científico, espiritual ou religioso. Lucidez é fruto de espírito humilde, que pratica pureza moral e amor ilimitado. Quem busca em ciência ou fora dela, com fé ou sem ela, satisfação de desejos egoístas, não conseguirá ser lúcido, será presa fácil da loucura. Se já tiver propensão para algum transtorno, se já tiver sensibilidade espiritual, será mais vítima do mal, aí já não fará diferença se é a mente fantasiando demônios ou se são espíritos malignos atormentando a mente. A cura está em acatar orientação de médico sério, usar medicação correta, e também, em ser humilde, santo e amoroso em Deus e para Deus, não para homens. 

02/10/25

Terapia ou fé? (2/3)

      Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.” João 16.12-15

      Orientação a quem quer ajudar enfermos mentais, não tentar substituir uma obsessão por outra, que no ponto de vista do que ajuda, e que muitas vezes não está preparado para isso, não é outra obsessão. Por isso a ciência, ainda que atéia muitas vezes, é mais indicada para ajudar doentes mentais, ela não tentará substituir superstição por superstição, vício por vício, sendo claro, alucinação mental por certas crenças religiosas. Na verdade quem tem problemas mentais deveria “dar um tempo” com suas crenças religiosas até estar tratado mentalmente. Sei que é difícil dizer isso a quem tem fé em Deus como fundamento de vida, não vou negar a fé, nem tirar o direito de crer de alguém, mas às vezes é melhor ouvir antes a ciência.
      Outra orientação é, que assim como temos que ter muito cuidado com os pastores que escolhemos, que muitas vezes usam nossas inseguranças, nossas carências e nossos medos para nos controlar, querendo trocar nossa fé e nosso dinheiro por anulação de remorso e esperança de prosperidade material, temos que tomar também muito cuidado com médicos e psicólogos. Sábio é ouvir mais de uma opinião e levar alguém conosco, pelo menos nas primeiras consultas, para avaliar os diagnósticos e propostas para tratamento. Como saber se a “voz” que se ouve é mental ou é espiritual? Como saber se é boa ou é má? Como saber se é só eco de pensamentos, que deve ser confrontado com referências sadias e não ser obedecido cegamente?
      Além de lares transtornados, que são a base mais séria para muitos problemas afetivos, psicológicos, mentais e sociais, há outros ambientes e grupos sociais, que se não levam pessoas, com baixa autoestima e carentes de aprovação humana, a adoecerem, podem simplesmente substituir aquilo que as pessoas acostumaram-se a chamar de normalidade. Eu creio que todo ser humano que tem uma intenção sincera do bem, por mais que esteja perdido, confuso, doente, sem boas referências de normalidade e sem forças para se libertar do anormal, um dia achará a cura e será curado. Também penso que todos, de alguma maneira, possuem transtornos mentais, ocorre que muitos escondem isso mais e por mais tempo que os outros. 
      Uma experiência pessoal: vozes como efeito de feridas e limites mentais são negativas, depreciativas, destrutivas, e que em última instância, quando somos vencidos por elas, crendo que elas representam a realidade, ou uma realidade que precisa ser respondida, podem nos incentivar à violência, até a nível extremo. Obviamente há muita gente ouvindo voz interior, achando que é voz de Deus, e que não manda que violências objetivas sejam realizadas, mas tais vozes fantasiam coisas agradáveis ao doente, que satisfazem desejos que possui, como casamentos, compra de bens etc. Loucura tem várias faces, lucidez, só uma, fantasia pode até começar boa, mas acaba mal, lucidez é benigna ainda que doa aceitá-la no início.
      O Espírito Santo, na vocação mais alta que somos chamados de acordo com o evangelho de Jesus, sempre nos chama à pacificação, ao amor, à misericórdia, ao perdão. Nunca há na voz do Espírito Santo de Deus incentivo à qualquer espécie de conflito, de vingança, de violência, de destruição, ainda que seja contra seres humanos injustos, egoístas e cruéis, ou espíritos malignos. A revelação do Espírito Santo nunca é para condenar, para humilhar, é sempre palavra de consolo, e ainda que conduza à humildade o faz com serenidade, protegendo o ser humano, não expondo-o à vergonha. Cuidado com palavras que se dizem de Deus, mas não são, a voz do Espírito de Deus é sempre mansa e simples, ainda que poderosa e profunda. 

01/10/25

Louco ou espiritual? (1/3)

      “A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido.” Provérbios 11.25

      Todos que exercem fé e que estão lúcidos devem ocupar-se no tema que refletirei nesta e nas próximas duas postagens. Tratarei mais profundamente nas postagens (livro) "Doença ou espiritualidade?". Uma linha tênue separa loucura de espiritualidade, já que funcionam no mesmo mecanismo mental, precisamos ter ciência disso.

      O que muitos experimentam, são dons espirituais, percepção de visões e vozes do plano extra-material, ou é só doença mental, transtornos, como esquizofrenia? Assunto delicado, trata da parte mais íntima do ser, seu discernimento da realidade. Ateus precisam ser claros sobre o assunto, se Deus e o plano espiritual não existem, se são só construções da mente humana, dizer que se ouve a voz de Deus ou de espíritos é doença que deve ser tratada. Crentes no plano espiritual, contudo, admitem a comunicação com Deus e espíritos, ainda que muitas vezes de forma extrema, sem crítica. A verdade é que as duas coisas existem e há pessoas que provam ambas, ainda que as confundam em suas mentes. Confusão pode ser pior que ceticismo. 
      O que segue é meu ponto de vista, esteja à vontade para concordar ou não. (Lembro que não sou profissional da área, se você tiver problemas ou conhecer alguém que os tenha, relacionados aos assuntos aqui tratado, procure um médico, psiquiatra, neurologista, psicólogo ou outro especialista). Certas doenças mentais, sejam desde o nascimento, sejam por causa de um nascimento dificultoso, por acidente, por algum descontrole físico ou químico, após sofrimento de algum trauma ou violência, enfim, doenças tiram o ser humano do seu “normal”, assim prejudicam sua interação com a realidade e com a sociedade. O cérebro não é como outro órgão, cujo problema pode ser diagnosticado, pode funcionar mal ainda que fisicamente pareça bem.
      As tais “vozes” que muitas dizem ouvir, na verdade todos ouvem, são dificuldades com medos e anseios, que temos em relação às pessoas. Ocorre que tais “vozes” podem ser prejudiciais quando passamos a acatá-las, a dar-lhes importância, mais que à realidade, assim sofrermos exageradamente pelo que elas dizem. Podemos imaginar muitas coisas, mas não deixar que tais fantasias saiam de nossas mentes e nos comandem é capacidade que os que são encaixados como normais têm. Muitos usam fantasias mentais como ferramentas artísticas, para escrever, compor, desenhar, dançar, resolvendo devaneios mentais como expressões estéticas. Mas mesmo esses devem discernir entre arte e realidade, entre mundo mental e físico. 
      O ser humano, contudo, não é linear, é multi-dimensional, isso porque tem um cérebro diferenciado, o homo sapiens domina o planeta por causa disso, se esse domínio, ainda que use a ciência, é sábio ou não, é outro assunto. Em sua complexidade, percepções que levam a ações objetivas, razão, criatividade artística, transtornos mentais e dons espirituais, se misturam, influenciam-se, interseccionam-se, controlam e são controlados. Cabe àquilo que cada um de nós sente e entende como eu, fazer escolhas, permitir o que pode agir, falar e sentir. Ao mesmo tempo, cabe também ao eu interagir com as outras pessoas, afinal temos que sair da casa de nossos pais para estudar, trabalhar, compartilhar visões do mundo, formar famílias e igrejas. 
      Achar lucidez é ouvir todas as vozes, não negá-las, mas confrontá-las com referências de bem, de paz, de saúde, e fazer a melhor escolha. Muitas vezes teremos que procurar ajuda fora de nós, ouvir o que as pessoas pensam, e pessoas dignas de serem ouvidas, para checarmos o que se passa em nossas mentes. Algo, contudo, que muitos doentes têm dificuldades de achar, é referência, podem ter sido criados ou estarem vivendo em grupos sociais tão doentes, que referência de sanidade também está distorcida. Quem se acha normal, lúcido, deve se preocupar com o bem e a saúde dos outros, e ainda que com muito cuidado e respeito, ajudar os que nem sabem que precisam de ajuda, porque nunca lhes disseram que eram doentes.

30/09/25

Temos saudades de Deus

      “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?Salmos 42.1-2

      Nosso espírito tem saudades de Deus! "Mas como assim? Se somos criados ao nascermos neste mundo, só conheceremos a Deus mais profundamente após a morte, não o conhecemos antes, assim não podemos ter saudades do que não conhecemos, não é?" Esses questionamentos à afirmação inicial refletem o posicionamento da doutrina protestante tradicional, contudo, quem nunca se sentiu um peixe fora d’água, como se não fizesse parte deste mundo, como se tudo aqui fosse um sonho, que um dia despertaremos para a realidade, uma realidade da qual sempre fizemos parte? Nossos espíritos são muito mais antigos, foram criados antes da fundação do mundo, por isso ansiamos voltar ao plano espiritual, onde seremos um com o pai. A vida é espiritual antes de ser material. 

29/09/25

Chove em nós, Espírito

      “Ele dá a chuva sobre a terra, e envia águas sobre os campos.Jó 5.10 

      Seca-se a alma sem Deus, não que Deus deixe de existir, contudo temos que experimentar o Sol, que também é de Deus, mas que nos faz sofrer, assim motivando-nos a trabalhar. A providência divina achou sábio sermos participantes de maneira ativa da bênção de Deus, por isso cabe-nos sentir o Sol, preparar a terra e disponibiliza-la, para que a água do Espírito caia e vivifique a alma. Alegra-se o espírito conectado ao Espírito de Deus, vê luz nas trevas, esperança na morte, alegria num mundo cético e confuso. Chove em nós, Espírito Santo, somos carentes da tua palavra, palavra direta, simples, mas renovadora, palavra da verdade, de mistério revelado, que sacia nossa sede do eterno, que mata nossa saudade do Altíssimo pai. Tenho saudades do futuro.

28/09/25

Por que queremos saber?

      “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.II Timóteo 4.3-5

      O que queremos saber, com intenção certa, sabemos (refiro-me aqui à revelação espiritual). A intenção certa é sermos seres humanos mais santos, amorosos e humildes, essa intenção move o Espírito de Deus em nossa direção para nos preparar e revelar o que queremos saber. Quem não tem intenção certa, que quer saber por curiosidade egoísta, por vaidade, por puro prazer ou para ter domínio sobre homens e seres espirituais, não tocará o coração de Deus. Mal intencionado, ainda que seja cristão ou espiritualista, achará que os primeiros enganos, obstáculos naturais para quem quer saber mais, são a verdade final. Esse não terá o favor de Deus, será enganado por muitos e enganará outros, usando até a Bíblia para embasar os enganos, que não farão dele alguém melhor. 

27/09/25

E.T.s e O.V.N.I.s

      “E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.Lucas 21.11

      Há uma probabilidade matemática de haver vida inteligente em outros planetas, esse é um ponto de vista científico. A Bíblia não fala objetivamente do assunto, e durante muito tempo a tradição judaico-cristã acreditou que a Terra era o centro do universo, e o ser humano, uma criação singular e superior de Deus. Darei minha opinião pessoal: se há vida inteligente em outro lugar do universo, creio que a providência divina não permite que chegue à Terra. Mas eis novamente um antagonismo presente no ser humano: quem crê demais em fantasias e teorias conspiratórias, crê menos que poderia em Deus. Quem busca satisfação em mistério e polêmica, foge de maravilhosas verdades espirituais, que Deus revela a quem está preparado. 

26/09/25

Qual nossa leitura das coisas?

      “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.João 17.14-17

      Ação ou discurso é uma coisa, mas quem vê ou ouve pode interpretar diferentemente o que alguém acha estar fazendo ou falando. Fazemos leituras diferentes da vida, baseadas em subjetividades, não na verdade objetiva, aceitar isso já é andar parte do caminho para chegar à verdade. Contudo, acharmos que nossa leitura é a verdade nos prende ao engano de leituras limitadas que todos os seres, não sendo Deus, fazem de tudo. Uma coisa é certa, quem lê o errado como certo, lerá o certo como errado, que vê num “diabo” a Deus, verá em Deus um “diabo”. Como temos lido as ideologias políticas no Brasil? Quem temos visto como de Deus e do diabo? Só o fato de elegermos quem quer que seja como de um ou de outro neste mundo já é engano, Deus não é deste mundo, isso é objetivo. 

25/09/25

O que realmente importa

      “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.Romanos 8.31-33 

      Se Deus nos perdoa e nos dá paz, quando perdemos a paz com as palavras de alguém, colocamos esse alguém como maior que Deus. Já percebeu a quantos seres menores, e menores não por serem menores já que para Deus todos são importantes, mas menores por dizerem coisas inúteis e se colocarem como ferramentas de maldição, não de bênção, já percebeu a quantos desses damos em nossos corações mais importância que a Deus? O problema não é o tamanho do inimigo fora de nós, mas o tamanho de Deus dentro de nós. Acima, outro texto bíblico sobre o real propósito de Deus com todos os seres humanos. Deus quer nos dar tudo que precisamos para sermos felizes, isso começa com perdão e paz, valorizemos isso mais que as mentiras e as acusações dos homens. 

24/09/25

Deus agrada-se com você

      “Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém. O Senhor afastou os teus juízos, exterminou o teu inimigo; o Senhor, o rei de Israel, está no meio de ti; tu não verás mais mal algum. Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus, o poderoso, está no meio de ti, ele salvará; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.Sofonias 3.14-17

      Com tantos textos na Bíblia sobre condenação e vingança, é bom ler textos como o acima, dizendo que Deus agrada-se com a gente. Diferente do que muitos apologistas da Bíblia acham, que defendermos um Deus que não condena para sempre é sermos coniventes com o pecado, citarmos textos como o acima mostra o propósito constante e imutável de Deus. O Senhor sempre chama à felicidade, sempre dá novas chances, quem cobra as consequências de nossos erros é o universo, que funciona com mecanismos de justiça, de causa e efeito, de plantar e colher. Indiferente a isso, Deus nos disponibiliza perdão e a paz que advém disso, para, que ainda pagando dívidas, tenhamos forças para nos aperfeiçoarmos e seguirmos bem.

23/09/25

Calma, está tudo bem

      “Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.Salmos 37.11

      Até a paz, experimentada do jeito errado, converte-se em angústia. Paz pode ser sentida, mas não encarcerada, ela vem e vai. Na verdade muitas vezes não é paz que sentimos, só um efeito dela nos sentidos de nossos corpos mortais. A paz maior não é propriedade de indivíduos, é virtude que emana de Deus e expande-se no universo, para experimentá-la devemos estar conectados a Deus. Nessa experiência inspiramos perdão de Deus que nos limpa, e expiramos perdão aos homens que nos mantém limpos, sendo algo de fora para dentro não pode ser retido, só respirado. “Calma, está tudo bem”, que paz sentimos quando o Espírito Santo nos fala assim, ele diz isso sempre que nos pomos serenos e crentes para ouvi-lo. 

22/09/25

Silêncio

      “Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.Lamentações 3.25-26

      Quando tudo já tiver sido dito, quando tudo já tiver sido ouvido, quando tudo já tiver sido feito, e ainda assim nada houver mudado, é tempo de silenciar a alma. Ainda que o corpo deva seguir trabalhando neste mundo, que obrigações e responsabilidades devam ser respeitadas, há momentos que não nos resta nada mais que silenciar o espírito e aguardar. Aguardar o quê? Não sabemos, não precisamos saber, não devemos querer saber, qualquer expectativa gera apego que aumenta a dor. Certa dor só se acalma com profundo silêncio interior. É neste silêncio único que morrem ilusões, cobranças, vaidades, egoísmos, iras, vinganças, invejas, e morrem não por serem combatidas diretamente, mas porque matamos o que mantém tudo isso vivo, nosso ego. 

21/09/25

Maduro não é solitário (7/7)

      “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus. E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.I João 4.15-18

      O maduro nunca está só! Primeiro porque o maduro é humilde, assim sempre acha amigos, é abraçado por muitos, experimenta amor. Segundo porque o maduro quer ser espiritual para ser parte de Deus, não só para ter apoio religioso para suas inseguranças e álibi para seu falso moralismo, assim tem companhia espiritual de Deus e de exércitos de seres de luz. Uma definição para “satanás”: ser maduro sozinho. Parece algo bom demais para o diabo? Pois não é, e por não entenderem isso é que muitos seguem o mal, achando que estão fazendo o bem. Deus não é um ser distante e prepotente cobrando seres neste mundo, nós é que possuímos partes espirituais de um Deus santo e amoroso, com o qual teremos uma interação plena um dia. 

20/09/25

Ser glorificado em Deus (6/7)

      “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.I João 3.1-3

      Se maturidade nos afasta da perfeição, já que quanto mais maduros mais nos entendemos imperfeitos, ser perfeito é utopia? Para referências materiais, do homem neste mundo, mesmo científicas, pode ser, mas o plano espiritual é diferente. Deus nos atrai a ele, isso indiferente de crermos nele ou não, ou se respondemos ou não certo a essa atração. Aproximarmo-nos de Deus nos torna mais imperfeitos, porque mais próximos da luz mais alta, vemos melhor nossas imperfeições. Mas também confere-nos mais respeito com quem é o que tanto queremos ser. A proximidade dos bons ao Bom, gera uma transformação interior nos bons, de diminuição do ego e do desejo de glória de homens, para fazer parte de Deus e ser glorificado, não só por ele, mas nele, eis um mistério da maturidade.

19/09/25

Acuidade para ver o perfeito (5/7)

      “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.Filipenses 3.13-14

      Maturidade não é perfeição! O pior e mais danoso tipo de imaturo é o que se acha maduro. Mas nisso existe mais que falsa humildade, já que a pessoa pode fazer um grande esforço para mostrar que é maduro e humilde, assim convencer e mesmo ser útil a muitos. Imaturo, contudo, nunca é útil a si mesmo. Por isso tantos procuram religiões, para serem melhores, para se livrarem de remorsos, mas isso não os conduz necessariamente à maturidade. Já foi dito que se estamos neste mundo é por não sermos perfeitos, por precisarmos de alguma maneira de “infernos”, é assim, para a grande maioria de seres humanos que passou, passa e passará pela Terra. Ser maduro é conhecer que cada vez que melhora, mais longe está da perfeição.