“E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” Mateus 24.11-13
Nascemos com certos valores morais, são esses, não nossas capacidades intelectuais e características físicas, que definem nosso nível de espiritualidade. Nossa criação familiar, nossa formação educacional, nossas experiências em sociedade, não mudam esses valores, dão a eles forma, mas não mudam seu conteúdo na essência. Quando adquirimos maturidade física e emocional nos tornamos adultos capazes de exercer livre arbítrio e prontos para sermos responsabilizados, com recompensa ou punição, pelas consequências de nossas escolhas. Passamos a viver no mundo, e se tivermos o mínimo de autonomia, a buscar independência financeira e realização pessoal, através de atividades profissionais e afetivas.
Estudamos, trabalhamos e nos casamos, como nos reunimos em grupos para compartilharmos esporte, arte, religião, lazer, nisso tudo nossos valores morais iniciais são confrontados, no mínimo para serem mantidos, mas muito mais para serem abrangidos. Contudo, nunca mudamos de fato aquilo que somos desde o nascimento, adições positivas podemos pegar e segurar, mas com muito trabalho, como anexos externos, não como componentes integrados ao nosso interior. Toda novidade que assimilamos pode ser perdida de um instante para outro, anos de perseverante empenho para nos livrarmos de vícios, vaidades e egoísmos, podem ser jogados no lixo se não nos mantermos segurando os novos valores até o fim.
Não nascemos só com necessidades de novos aprendizados, nascemos também com valores instalados, esses são o auxílio que o universo nos dá para cumprirmos nossa missão neste mundo. Contudo, manter as qualidades não constitui trabalho digno da honra maior, isso é só uma obrigação, o esforço que será recompensado é superarmos defeitos e limites. Infelizmente muitos chegam no final de suas jornadas no mundo exaltando suas qualidades, trabalho que exigiu algum esforço, mas que não constitui sua missão. Isso não torna o ser humano mais santo, mais amoroso e mais humilde, ao contrário, torna-o mais orgulhoso e dependente de honra do mundo, dos outros seres humanos, da matéria, do próprio ego.
Encarnados, pela fé, nossos sentidos físicos podem ser impressionados de alguma forma pelo plano espiritual, seja por espíritos malignos (demônios), por espíritos de luz (anjos), por Deus (o Espírito Santo). Mas a experiência espiritual no mundo material sempre é imperfeita, temos noção só de esboços, delimitados por nossas construções pessoais de religião e espiritualidade. Mas não confundamos ferramentas com o que elas podem acessar, as ferramentas variam, assim suas efetividades para executar tarefas, alguns usam as mãos, outros pás e outros escavadoras para fazer buracos, mas todos vasculham a terra a procura de alguma pepita de ouro. No final cada um acha a quantia de ouro que pode administrar.