“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” Mateus 4.1-4
“E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; e quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome. E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.” Lucas 4.1-4
Aos que creem que só soluções extraordinárias são respostas de Deus para problemas, os textos acima são emblemáticos. Na verdade, nesse caso, quem orientou que se solicitasse a Deus um milagre foi o próprio diabo. Havia legitimidade na orientação? Sim, Jesus estava há quarenta dias em jejum, além disso, Jesus sabia que Deus tinha amor e poder para transformar pedras em pães. Mas Jesus, em sua sabedoria mais alta, respondeu com um texto bíblico (Deuteronômio 8.3). Naquela situação específica, a vontade melhor de Deus não era responder com milagre físico, mas levar Jesus a viver a lição melhor. Alimento espiritual é mais importante que o material, ainda que muitas vezes crer em milagre físico possa parecer mais fácil.
A palavra de Deus é vida! Mas será que temos pago o preço para ouvi-la? Orar é bem mais que entregar a Deus relatórios de necessidades e agradecimentos, orar é muito mais que falar, orar é ouvir, não qualquer voz, mental ou espiritual, mas a voz do Santo Espírito. Como em toda relação de amizade, aprender a ouvir a voz de Deus não é algo que ocorre de um dia para o outro, é preciso paciência, obediência, santidade. O segredo do mistério é descansar profundamente a alma, purificando-se com perdões e livrando-se de apegos e expectativas, segredo que religiosos orientais utilizam mais que cristãos. Na serenidade de um coração santo e de uma mente bem intencionada, ouvimos o Senhor. Como alimenta essa voz única, mais que pão.
“Que comam brioche”, é uma frase supostamente atribuída à Maria Antonieta, quando lhe disseram que os pobres não tinham pão para comer. Bem, brioche é mais caro que pão francês, se os pobres não tinham condições de adquirir pão simples, quanto mais outros alimentos. Esta reflexão interpreta os textos bíblicos iniciais sob outro aspecto, e com certeza não é para todos, visto que muitos atualmente mal conseguem ganhar para comprar o pão do dia. Contudo, até que ponto estamos nos matando de trabalho, não para comprar pães, que já saciariam nossa fome, mas para comprar brioche? Ou estendendo a simbologia, não basta um aparelho de TV, uma casa simples, para que gastar tempo para mais? Só para nos ostentarmos?
Quem é autônomo ou empresário, sabe que um dia pode ter muito serviço e outro dia não, não se tem salário fixo, assim é difícil negar trabalho, mesmo quando se está com agenda abarrotada. Contudo, como amigos de Deus, que entendem que a passagem por este mundo não é para acumular bens materiais, mas para aperfeiçoamento moral, temos que saber dizer não. Muitas vezes temos o pão, mas queremos brioche, nesse ponto passamos o limite de sobrevivência digna para o de luxo vaidoso. Isso sobrecarrega-nos, se é além do que precisamos é além do quem podemos suportar, assim pode nos adoecer fisicamente e enfraquecer nosso espírito, já que gastamos o tempo e energia para orar e nos santificar com trabalho secular.
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