25/10/25

Terrível é o Santíssimo (3/4)

      “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.Tiago 4.8-10

      Há exemplos na Bíblia de homens que tiveram experiências mais próximas com Deus e temeram e tremeram, abaixo citei alguns. Por que devemos ter medo de Deus? Não é porque ele tenha poder sobre o universo físico, mas porque ele tem virtudes morais elevadas, ama sempre, mas principalmente, é Santíssimo, nele não há mal, só o bem. Algo importante precisa ser dito: coisas espirituais são percebidas por pessoas espirituais, assim, não sentem o impacto da santidade de Deus os meramente religiosos, moralistas, mesmo os que se guardam dos apetites do corpo e das paixões do mundo, esses necessariamente não são os mais espirituais, portanto, mais aptos para perceberem a elevação moral do Altíssimo. 
      Ainda que essas coisas possam ser efeitos de espiritualidade, não são causas dela, porque elas usam como referência conceitos humanos sobre santidade. Deus só é percebido por Deus! Só nos conectamos com Deus pelo seu Santo Espírito. Só tememos a Deus do jeito certo, com temor espiritual, estando perto da presença mais elevada de Deus, onde reside sua santidade mais pura. Deus é santo em sua totalidade, não é só em parte, mas ele está em todos os lugares, para administrar todos, incluindo os que se rebelam contra ele e se colocam em trevas. Assim, nas regiões para onde fogem os impuros, não podemos sentir a santidade mais alta de Deus, se não fosse assim ninguém resistiria, ninguém teria livre arbítrio ainda que para não ser santo.
      Aos que querem e se preparam, as regiões espirituais mais elevadas são acessíveis, e esses, pelo menos no nível espiritual do ser humano dos últimos milênios, sentem o que Isaías, Ezequiel e Daniel sentiram, temor e tremor, físico, mental, emocional, mas influenciados por conexão espiritual do ser humano com uma expressão mais alta de Deus. Não é simples arrepio na espinha, ou medo do desconhecido, digo a céticos que existem mesmo no meio cristão, antes é o fogo que arde e que não queima atingindo nossa essência espiritual, à semelhança da sarça ardente que Moisés testemunhou (Êxodo 3.2). Terrível é o Santíssimo! Quem não sentir isso no mundo, ainda que de forma limitada, mas por livre arbítrio e em amor, sentirá no juízo. 
      Nos humilharmos diante de Deus, o que é? É algo que não pode ser encenado, fingido, e para isso deve ser experiência de duas vias, buscamos a Deus e Deus deixa-se achar. A experiência é interior, de dentro para fora no sentido humano, mas provando ação espiritual de Deus no interior. Deus está em todo lugar, mas comunica-se conosco pelo nosso espírito, que passa a informação à nossa mente e aos nossos sentidos para que entendamos emocional e racionalmente. Ainda que Deus saiba de tudo e não precise de nossa mente e de nossos sentidos para saber o que pensamos e sentimos, precisamos experimentar algo de forma profunda na mente e nos sentidos para impressionarmos nosso espírito e esse comunicar-se com Deus.
      O entendimento sobre nossa comunicação com Deus permite-nos saber que nos humilharmos diante de Deus é provar a santidade de Deus, primeiro espiritualmente e depois em nossos pensamentos e emoções. Isso nos faz temer e tremer de forma profunda e singular. Chorar por si só não é se humilhar, “lágrimas de crocodilo” não quebrantam nosso espírito e não tocam a Deus, da mesma forma que muitos êxtases que o ser humano prova não são espirituais, ainda que sejam em templos e durante cultos. Experiência religiosa não é necessariamente espiritual, experiência espiritual não é necessariamente com o Santo Espírito, mas toda experiência íntima com Deus impressiona nossa mente e nossos sentidos de forma terrível. 

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      “E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Isaías 6.3-5
      “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava.” “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pós em pé, e ouvi o que me falava.” Ezequiel 1.28, 2.1-2
      “Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não tive força alguma. Contudo ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra. E eis que certa mão me tocou, e fez com que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.” Daniel 10.8-10

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