07/03/20

Vida, movimento, extremos, equilíbrio

      “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.Filipenses 4.11-12

      Morrer em nome de “Deus” é tão equivocado quanto matar em nome do “diabo”, ou o inverso, o mal está nos extremos. Achar que vai perder alguma proteção, algum direito, se faltar a um culto, a uma missa, é tão vício como não conseguir ter satisfação se não encher a cara de cachaça ou o nariz de cocaína. Somos servos de quem dependemos. Ser ateu ou materialista é tão insensato quanto achar que pela fé tudo é possível, seja onde for que coloquemos a fé. Estou falando aqui de extremos, Deus e os “diabos”, contudo, não precisam de harmonia, são o que são e convivem em equilíbrio, quem precisa de harmonia somos nós.
      A harmonia existe no equilíbrio entre extremos, é no balançar do pêndulo uniformemente de um lado para o outro, sem parar, que se acha, em algum momento, o ponto do meio, se o pêndulo parasse num lado não haveria harmonia, assim é preciso que haja movimento para um e outro extremo, para que exista, em algum momento, um equilíbrio. Harmonia é eterna, é lei universal, assim não demonizemos os extremos nem divinizemos o meio, fazem parte dela que existe por si só e é perfeita. Quem precisa aprender a administra-la somos nós, seres humanos, em nossos corpos, em nossas almas, em nossos espíritos.
      Equilíbrio estagnado (morto), eternamente, é impossível, se há vida, há movimento, se há movimento há extremos, e se há extremos num determinado momento se chega a um ponto de equilíbrio. Para existir harmonia é preciso que haja tudo isso. Se todo o universo funciona assim, por que achamos que nós devemos ser diferentes? Se movimento e extremos são sem início, sem fim e inalteráveis, como achar harmonia dentro de nós mesmos em momentos quando não existe equilíbrio? Em Deus, simples assim, o ponto não é como achar harmonia, mas como se achar em Deus.
      O movimento universal interrompe-se quando pousamos nossos seres em Deus? Não, mas nós achamos serenidade ainda assim, independente dos extremos e mesmo do equilíbrio. Estou filosofando demais, cristão, você não está entendendo o que é esse movimento universal? Vou explicar. Quando você se empolga com algo bom, ou quando se deprime com algo ruim, isso é o movimento, quando seu país está numa boa fase econômica ou quando está numa ruim, com gente perdendo empregos e poder aquisitivo, isso é o movimento, em seu psicológico e no mundo material ele impera.
      Contudo, quando você experimenta a presença poderosa o Espírito Santo te dando um consolo e um livramento e quando se sente oprimido por potestades demoníacas, isso também é o movimento universal. Ele ocorre em todos os planos, físico, emocional e espiritual, afeta a tudo e a todos. Em todos os homens, em todas as nações, na história da humanidade, assim como no mundo espiritual de anjos, arcanjos, potestades e príncipes diabólicos, esse movimento acontece, por isso apoiar-se em qualquer um deles é buscar o sofrimento, eles variam conforme o movimento, o constituem, Deus não.
      Como viver em Deus? É simples mas não é fácil, pelo fato de nos deixarmos iludir facilmente pela posições do pêndulo, algumas vezes achamos prazer na extrema direita, outras vezes na extrema esquerda e outras vezes no centro (e eu não estou falando necessariamente de ideologias políticas). Mas tudo isso é ilusão, mesmo o êxtase que sentimos quando participamos de um culto que achamos abençoado, é, e é ilusão porque passa, Deus não passa, ele é eterno. Viver em Deus é não se distrair com nada, nem com o ruim, nem com o bom, nem com o dia, nem com a noite, nem com o ter, nem com o não ter.

06/03/20

Saber começar e saber terminar

      “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.Eclesiastes 3.1

      Existem vários segredos de felicidade na vida, todos eles, mesmo em áreas diferentes, são eficientes porque conduzem à harmonia. Saber quando começar algo e quando terminar, fazendo cada coisa no momento certo, isso é um dos segredos. Para começar um projeto é preciso ter uma mistura de coisas, competência para se fazer, paixão pelo que vai se fazer, noção da realidade, do onde e de quando fazer. Não basta ter jeito, é preciso sentir prazer em fazer algo, mas não bastam talento e amor, é preciso por os pés no chão e viabilizar o projeto no mundo real, assim atuam juntos coração com racional, prazer com a consciência do trabalho duro. É claro que na maioria das vezes começamos jovens, e jovens não têm certas noções, contudo, com paixão e com trabalho as coisas são realizáveis, ainda que não saibamos bem o que estamos fazendo as coisas acabam se ajeitando e funcionando.
      Saber terminar é saber encerrar um projeto, algo que fez parte do plano maior de Deus para as nossas vidas por anos, mas que mesmo bem sucedido e legitimamente aprovado por Deus, entendemos que tem prazo de validade. Tudo nesta vida tem prazo de validade, compreender isso é alcançar um nível alto de espiritualidade, se isso for aceito com humildade e em paz, não com mágoas ou frustrações. Saber terminar, mais até que saber começar, é compreender a essência de nossa humanidade, de nossa materialidade. Não, encerrar algo não é morrer, o homem nunca morre, mesmo com o desligar do corpo, a vida é eterna, isso se o espírito mantém ao menos uma paixão, não pelas mulheres, pelos homens, pelos filhos, pela arte, pelas viagens, pela comida ou pela bebida, mas a paixão por conhecer a Deus. O que nos faz eternos é mantermos acessa nossa paixão pelo Deus altíssimo.
      Por que é preciso encerrar certas coisas? Porque nosso corpo e nossa alma se cansam, e fracos não retêm mais o melhor da vida, o melhor de Deus. Vejamos os artistas, músicos e escritores, enquanto produzem algo novo encantam as pessoas, carregam uma “unção” que as toca de forma inexplicável, principalmente aqueles da mesma geração que eles. Contudo, ainda que compositores sejam geniais, que criem algo inédito e tocante, num determinado momento de suas carreiras eles começarão a ser repetitivos, assim como as novas gerações poderão não ver neles a magia que as outras gerações viam. Sim, gênios são aqueles que conseguem criar obras eternas, que agradarão a muitos por muito tempo, mas mesmo eles têm fases criativas com início e com fim, isso acontece mesmo com músicos cristãos, cuja arte é ferramenta para palavras eternas, não só para romances humanos.
      Deus não envelhece, nem perde a novidade, mas nós não somos Deus e nem precisamos ser (ao menos não neste mundo). Assim, ninguém se iluda achando que se crer e obedecer a Deus terá para sempre uma unção que tanto faz brilhar nos púlpitos quanto entrega um produto diferenciado nos negócios seculares, não é assim, e não é pelo que depende de Deus, mas pelo que depende de nós, vasos de barro. Unção, que tantos espiritualizam tanto, não é a presença de Deus, mas a maneira como os homens, em seus sentimentos, pensamentos, em seus corpos, nas palavras, gestos e outros sentidos, exteriorizam essa presença, e isso é muito subjetivo. O que fala mais alto e com mais emoção, não é necessariamente o que tem mais unção, mas é o que pode (e eu disse pode) estar manifestando a presença de Deus só à sua maneira, a maneira humana e pessoal, nesse caso, falando mais alto e com mais emoção. 
      Não meçamos unção pela maneira que os homens falam e agem, pelo exterior, muitas vezes uma presença real de Deus é exteriorizada de forma discreta, em voz baixa e mesmo com sentimentos contidos (aparentemente não “pentecostal”). Mas mesmo vivenciando uma comunhão real e profunda com Deus, com o passar dos anos perdemos a vitalidade para expressar isso, assim é preciso sair e dar espaço aos jovens. Isso não se refere só a trabalhos ministeriais do evangelho, mas o filho de Deus acha unção também para levar seu trabalho secular, sua empresa, seus negócios, e muitos já receberam aviso de Deus para fechar as portas e por falta de fé ou por ganância ainda insistem em fazer algo que não está mais funcionando. Os tempos são difíceis, isso é fato, e para todos, mas Deus pode nos sustentar com um projeto novo e que não exija de nós o que podíamos dar quando éramos mais jovens. 
      Saibamos encerrar um projeto, como quem encerra um romance, com um final surpreendente e positivo, que entrega aos leitores uma experiência única e marcante. Outros vão criticar? Vão, mas que eles escrevam suas histórias e que elas sejam úteis nas vidas das pessoas, no final todos os escritores darão satisfação ao maior de todos os escritores, que escreveu nossas vidas no universo, que sempre nos livrou dos dramas intermináveis e que nos surpreendeu com uma virada maravilhosa no trama da existência. Na verdade quem permite que Deus escreva sua vida sabe ler as vidas dos outros com generosidade, esses descobriram a grande lição de nossas histórias, aprenderam com elas e são seres humanos melhores. Esses souberam começar e terminar, não foram indolentes ou covardes, nem irresponsáveis ou insensíveis, mas deixaram no mundo uma história singular e com final feliz. 

04/03/20

Gotas

      “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.Deuteronômio 32.2

      Pior que ser destruído por um inimigo é ser ajudado por um desafeto; se tiver oportunidade, não enfatize os defeitos de quem não te gosta, mas separe suas qualidades e exalte-as. 
      Quem muito se explica, nada diz, nem todas as palavras do mundo bastam para aliar sabedoria ao tolo; o sábio fala a verdade com poucas palavras, mesmo o silêncio pode lhe bastar.
      A casa do que teme a Deus é guardada pela paz, as trevas não amedrontam o que tem luz dentro de si; o tolo, ainda que sob muitos holofotes, teme não receber aplausos suficientes.
      Na solidão o sábio acha a verdade, já o tolo, sozinho só encontra tristeza; na multidão o sábio se cala, ouve e espera, o tolo tenta se sobressair com gritos e não ouve nem a si mesmo. 
      Todo dinheiro do mundo não basta para quem tem coração vazio, todo vazio dos mundos não é suficiente para derrotar o justo, a espada do Espírito arma-o para vencer legiões.
      Não há espaço vazio no universo, o que tem olhos espirituais vê tudo e transpassa espíritos corajosamente; os cegos, porém, ficam paralisados de medo ainda que não vejam nada.
      Os que querem a verdade, a encontram, acordam e descobrem que são só alunos iniciados; os que se acham mestres dormem na mentira e sonham que sabem toda a verdade.
      Feliz o que coloca seus pés na rocha que é Jesus, esse não temerá as mentiras, não fugirá da verdade, e ainda que caminhe solitário terá a amizade do pai das luzes, o Deus altíssimo.
      Após a morte há poucas e maravilhosas surpresas para o que busca a luz alta de Deus, mas há muitas e terríveis surpresas para o que se acomodou com as luzes artificiais de homens.
      “Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai, quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 13.43), quanto aos ímpios terão o inferno que trouxeram consigo.

02/03/20

Viver é melhor que falar

      “Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio.” Provérbios 10.19

      Um dia eu vi que mostrar o erro é menos importante que fazer o certo, que praticar é melhor que falar, que a ação privada é mais alta que a crítica prolixa. Um dia eu escolhi viver e parar de comparar, percebi que era melhor fazer a minha parte que exigir que os outros fizessem a deles, entendi que na exigência jogo a responsabilidade para os outros e perco tempo, ao invés de tomá-la para mim e usar melhor o tempo. 
      Não, caminhar assim não é fácil, mas é o melhor, a opção que se apresentou naturalmente para mim nesse momento de minha caminhada, momento para o qual o Espírito Santo me atraiu. Mas eu não tive outra escolha, caso contrário minha vida se tornaria repetitiva e na repetição, mesmo de coisas que um dia nos deram prazer e pelas quais fomos apaixonados, existe tédio e no final sempre um novo sofrimento.
      Contudo, não fiz essa escolha para achar algo novo para me apaixonar, me dar prazer e me livrar de sofrimento, foi justamente para me libertar das paixões e da paz aliada à existência de prazer, seja ele qual for. Não nego com isso meu caminho anterior, assumo cada palavra dele, ele só construiu a escada que me levou a esse degrau superior, degrau que eu não alcançaria sem ter sido e tido tudo o que fui e tive. 
      A mim agora cabe vigilância, mente concentrada que acha iluminação espiritual no Espírito Santo de Deus através de Jesus, nisso conhecerei de fato o que Cristo mostrou quando viveu como homem encarnado. Jesus não só executou a redenção, mas também mostrou como viver como redimido, não pela velha aliança nem pelo que muitos, mesmo na nova aliança, entenderam como é viver como redimido. 
      Se eu quero entender toda a vontade de Deus para minha vida cabe-me estudar a vida de Jesus, suas palavras diretas, suas ações e suas reações, seu dia a dia, suas relações com amigos, com inimigos, com família e com Deus. Em Jesus está tudo o que preciso saber sobre tudo, ele é o verbo de Deus, está desde o início da criação com o pai, e até o fim com o universo, com a humanidade, com os seres espirituais.
      Falar demais é ser eco de ouvir demais, ouvimos várias vozes, a maioria é egoísta, quer liberdade para falar aos outros, assim nos tornamos escravos de vozes do mal, que ainda que disfarçadas de sabedoria, não são de Deus. Quando nos concentramos para ouvir só a voz de Deus vivemos mais eficientemente, essa voz não escraviza, mas liberta, não necessita convencer os outros, mas gera em nós paz silenciosa e eterna.

29/02/20

Fé e frutos

      “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Lucas 3.8

      Nossas crenças religiosas deveriam ser fundamentadas em dois únicos princípios: fé e frutos. Se esses dois princípios fossem experimentados em verdade de forma honesta, poderíamos chegar ao melhor e mais profundo conhecimento de Deus, do mundo espiritual e do espírito humano, assim como, como “bônus track”, adquirirmos uma vida harmoniosa e equilibrada com o mundo, com a natureza, com a sociedade, com nossos corpos e almas, enfim, com o plano físico em geral. Contudo, muitos focam demasiadamente no primeiro princípio, esquecendo-se de averiguar o segundo, ou cobram friamente o segundo princípio, sem dar ao primeiro a importância devida.
      Fé, porque ainda não se pode acreditar por se conhecer cientificamente em Deus (e talvez a humanidade nunca chegue a esse ponto), assim é preciso uma fé, a princípio, cega, e eu disse a princípio. Penso que o primeiro passo em relação a Deus é feito com uma fé fisicamente cega, que não vê mas também não sente e nem entende intelectualmente. Através de fé pode-se crer em qualquer coisa, pessoa, morta ou viva, ou entidade espiritual, isso é acima de tudo um direito de todo ser humano que ninguém deve proibir nem desrespeitar. Mas o segundo princípio é frutos, assim a fé ainda que inicialmente cega, deve ser aferida para sabermos onde ela nos levou, se dá frutos, e se são, ou deveriam ser, bons frutos. 
      Só os primeiros passos de uma experiência religiosa são por fé “cega”, porque a partir desses se frutos não forem constatados há de se fazer uma correção na fé, em quem ou no que se acredita ou em como se está crendo, o problema pode estar tanto no objeto da fé quanto no crente. Não coloque a culpa no Deus verdadeiro quando você pediu algo errado ou do jeito errado, também não se considere menos bom por estar, ainda assim, crendo numa mentira. Por outro lado não basta fé sincera e forte no Deus verdadeiro, se o que se espera com essa experiência é algo ilegítimo diante de Deus. Enfim, fé e frutos, um princípio medindo o outro, se tivermos essa honestidade acharemos o melhor no Deus verdadeiro.
      Infelizmente muitos não fazem as medidas desses princípios, o ser humano sempre acha mais confortável acomodar-se numa posição. Em termos de fé, se ela é uma tradição familiar, muitos preferem não desagradar pais, assim insistem em continuar crendo em algo que não os está levando a nada. Essa situação pode ser uma armadilha terrível do mal, pois as pessoas acreditam que ir contra o que os pais acreditam é desobedecer o “deus” de seus pais, assim preferem a hipocrisia e a incoerência que assumirem uma fé diferente daquela da tradição paterna. Mas o que muitos na verdade não entendem é que fé que leva a Deus não é simples convicção mental e emocional, não é força humana.
      A fé que conduz a Deus é graça divina, que deve ser pedida a Deus, e que só depois de recebida pode de fato nos colocar em comunhão, não com tradição religiosa, mas com o Deus verdadeiro. Essa fé dará frutos bons e que permanecem, diferentes de qualquer espécie de fruto que se provou usando energia humana para se acreditar em qualquer outro deus, entidade, homem, coisa ou seja lá o que for. Contudo, esse processo de fé e frutos não para na conversão e nas primeiras coisas que se recebe de Deus. O cristão deve continuar medindo fé e frutos, para prosseguir em sua caminhada, senão a qualquer momento pode ser presa de uma heresia que o congelará num degrau impedindo-o de continuar subindo.
      O texto inicial, dito por João Batista, deixa bem claro que tradição não salva, não basta dizermos que temos esse ou aquele direito porque somos filhos de Abraão, como diziam os judeus, ou porque somos protestantes ou católicos, ou filhos de protestantes ou de católicos, a fé deve ser aprovada por frutos. Ninguém tem posição especial diante de Deus simplesmente por manter uma tradição, é preciso ter uma experiência pessoal com Deus e essa experiência qualquer um pode ter. Essa experiência nos faz provar a verdadeira fé, aquela que é dom de Deus como ensina Paulo (Efésios 2.8), essa nos liga a Deus através de Jesus e permite que produzamos frutos de arrependimento.

28/02/20

Deus ou placebo? A natureza responde

      “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mateus 7.20-21

      Religião, é Deus ou é placebo? Será que isso importa? Mas aí teríamos que admitir que os fins justificam os meios, talvez o que o homem necessite seja só um lugar para colocar sua fé. Você, cristão protestante ou evangélico, se acha melhor? Acha que diferentemente de católicos e outros religiosos você coloca tua fé em algo superior, na verdade, em Deus? Pois nem é preciso um microscópio para aferir tuas crenças, a olho nu podemos verificar que muitos protestantes e evangélicos só seguem seitas, e não o autêntico evangelho de Jesus. Você discorda? Muitos creem porque não conhecem, não conhecem porque não gostam, não gostam porque não conhecem, e não conhecem porque acham que basta crer (não fui redundante, algumas pessoas é que são).
      Não confundamos as coisas, quem é incognoscível é Deus, não as religiões e seus líderes, quem se torna cada vez maior e mais profundo é Deus, não os homens, assim alegar que é preciso crer nas tradições, nas doutrinas, nos pastores e padres, sem fazer crítica, é um grande equívoco. Contudo, à medida que evoluímos no conhecimento de Deus, tudo o mais se torna menor, e aí, sim, podemos até fazer parte de religiões, de denominações e de igrejas, mas para abençoar as pessoas, não esperando que tudo isso tenha algo de fato excelente para nos guiar. Quem vive e adquire humildade compara teoria com prática e não se afasta de Deus, mas passa a não dar tanta importância a homens, aprende a diferenciar placebo psicológico de Deus, enquanto se fortalece ainda mais no altíssimo e se maravilha com sua verdade. Após essa palavra introdutória, vamos agora à reflexão.

      “Ouvi a palavra do Senhor, vós filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus. Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro. Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.” “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” Oseias 4.1-3,6

      A um país como o Brasil, onde existe uma quantia enorme de religiosos protestantes e evangélicos (se não for a maioria, ainda que a mídia e pesquisas oficiais digam que não), cristãos que acham que elegeram (enfim) um presidente que lhes é “simpático”, onde templos se enchem com música, onde ser crente virou moda e ninguém mais tem vergonha de se admitir como tal, a esse país fazemos uma pergunta: de fato temos na prática vidas de reais filhos de Deus? (E digo filhos no sentido doutrinário protestante-evangélico, onde se torna filho só o realmente convertido a Cristo). 
      A violência e a criminalidade aumentam dia a dia, os sistemas públicos de saúde, ensino, segurança e infra-estrutura básica de água, esgoto e energia, estão em estado lastimável. Zilhões de reais foram e são roubados sendo que poucos respondem judicialmente por isso, e em todas as esferas, não só na federal, mas nas estaduais e principalmente nas municipais. Não, a realidade do Brasil não mostra um país de maioria cristã (e é maior se juntarmos aos protestantes-evangélicos os católicos), mas revela um povo que está sofrendo o pesar da mão de Deu, pesar que se evidencia na natureza.
      Não, Deus não vai descer do céu e mostrar sua vontade (não ao menos por enquanto?), mas as chuvas fortes corroem as encostas montanhosos, destroem encanamentos e invadem as cidades, as matas são queimadas, o ar é poluído, e o homem, que por egoísmo e ganância usou suas riquezas para prazer e ostentação pessoal, colhe a “vingança” das forças naturais da Terra que nunca esquece o mal que lhe é feito. Se o apocalipse ocorrerá será por meio da natureza, ela sim pode fazer desse mundo um inferno, até que depois de milhares de anos se recupere e faça de novo da Terra um paraíso.
      O que as pessoas querem, Deus ou só um placebo no qual elas creem e acham satisfação? Bem, placebos podem até consolar a alma, e até curar o corpo, pois colocam em ação leis universais e poderosas, mas eles não são o Pai dos Espíritos. Como tais, não oferecem o que só Jesus dá, um contato direto com o Deus santíssimo e altíssimo que permite conhecimento e experiência diferenciados, superiores, que de fato conduzem o ser humano não só a uma vida satisfatória no plano físico, em harmonia com a natureza e com a sociedade, mas a uma eternidade em paz com o melhor de Deus. 

27/02/20

“Não li e não gostei”??

     “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.Mateus 7.1-2

      O evangelho que liberta o espírito e abre a alma não tem feito esse efeito em muitos cristãos, que acham que por crerem numa verdade maior têm o direito de julgar muitas coisas sem que se darem ao trabalho de conhecerem essas coisas. Esse é só mais um dos maus efeitos de uma interpretação legalista da Bíblia. Esse julgamento se faz principalmente com as outras religiões, muitos evangélicos, e principalmente pastores e pregadores, dizem sobre textos espiritualistas que não são bíblicos, “são coisas do diabo, nem devem ser consideradas”. Principalmente os líderes, deveriam dar-se ao trabalho de conhecer um pouco mais sobre textos budistas, muçulmanos, ocultistas, e mesmo sobre livros considerados apócrifos pelos protestantes. 
      Muitos, se forem honestos e se esforçarem um pouco, surpreenderiam-se com a sabedoria que textos como o Baghavad Gita ou os livros de H. P. Blavastky possuem, e eu não estou dizendo aqui que isso é de Deus e que aquilo é do diabo, mas só que deveríamos ser maia livres e abertos, virtudes que o evangelho pode dar àqueles que realmente o vivem. Muitos evangélicos afirmam, “mas eu posso julgar religiões e textos porque possuo a verdade, enquanto que os outros possuem mentiras” (que arrogância sem noção e muito comum). Bem, do que é melhor se exige mais, e não menos, do que experimenta a verdade de Deus se exige amor, paciência, sabedoria e respeito, e não ao contrário, se é que de fato vivem tudo isso. 
      Se nós evangélicos julgamos os outros sem conhecer mais profundamente, demonizando e maldizendo, que direito temos nós de reclamar quando os outros dizem que somos tapados, extremistas, ignorantes, quando nos julgam injustamente? O igual não pode julgar o igual, é preciso ter uma referência mais alta para ter uma visão melhor e poder analizar com justiça, só Deus tem essa visão de tudo e todos, mais ninguém. Mas o que julga mal se coloca no máximo no mesmo nível de quem julga, assim “evangélicos” que demonizam sem conhecer se colocam no nível de demônios acusadores. A verdade é que ninguém deveria fazer qualquer julgamento, com relação à religião diferente da sua, e muito menos os cristãos.
      O que está num nível espiritual mais elevado não tem o direito de excluir, mas o dever de agregar, não tem o direito de julgar mal, mas o dever de respeitar, não tem o direito de falar, mas o dever de ouvir. Agregar, respeitar e ouvir é melhor que excluir, julgar mal e falar. Não estou dizendo que devemos sair lendo textos sagrados de outras religiões, isso não é para todos, a Bíblia deve ter prioridade para a maioria, conhecê-la e vivê-la, e muitos não têm tempo nem para isso. Mas aqueles que têm tempo e são chamados (por Deus e não por mera curiosidade) conheçam mais outras religiões e ensinem isso aos outros. Isso fará a eternidade melhor (menos surpreendente), assim como poderemos viver mais dela ainda aqui.
      A verdade revela, mas a mentira pode revelar ainda mais, pois ela revela, nas entrelinhas, aquilo que se quer esconder, e o que se quer esconder é verdade mais profunda sobre as coisas. Uma frase ficou famosa na mídia, “não li e não gostei”, como alguém pode dizer que não gosta de algo que não conheça? Tratando-se de espiritualidade esse assunto vai bem além do que aquilo que muitos cristãos entendem, lendo de maneira superficial a Bíblia. Mas esses na verdade não estão prontos para muitas verdades, é melhor que permaneçam na ignorância, Deus, em sua graça, os ama e cuida deles mesmo assim. O mundo, todavia, seria muito melhor se fizéssemos mais que o mínimo para receber o favor do altíssimo. 
      Jesus, ele é o mais importante, ele é imprescindível, ele é único, e não só como um exemplo de prática e mestre da melhor forma de se viver em comunhão com Deus, com nós mesmos e com as pessoas, mas como o salvador singular e suficiente. Se há necessidade de um salvador é porque existem pessoas que precisam ser salvas, e essa é a mensagem da Bíblia, na velha e temporária aliança mosáica, mas principalmente na nova e eterna aliança do evangelho. Essa é a relevância que muitas religiões, ainda que respeitem e compartilhem os ensinos de Cristo, não mostram, Jesus salva e com ele temos acesso direto ao altíssimo, santo, verdadeiro e único Deus. Nenhum outro texto sagrado, além da Bíblia, revela isso!

26/02/20

Problemas que vêm e que não se vão, por quê?

       “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva seródia que rega a terra.” Oseias 6.3
 
     Todos nós já vimos pessoas que possuem problemas que nunca se resolvem, talvez eu e você sejamos uma delas. Por que isso ocorre? Podemos listar três motivos. O primeiro é que ainda que a pessoa esteja sofrendo, ou exagerando o sofrimento, pensando que vive um dilema insolúvel, o problema na verdade é passageiro, logo será resolvido, ela louvará a Deus e será feliz. O segundo motivo pode ser porque a pessoa definidamente não está dando ouvidos à voz de Deus, que está mostrando a solução mas a pessoa não quer obedecer. O terceiro motivo pode ser porque só com um problema sem solução a pessoa consegue andar no caminho estreito da vontade de Deus para ela, se determinado problema for resolvido de forma definitiva a pessoa simplesmente se perderá e se afastará do melhor caminho para sua vida.
      Reflitamos mais no terceiro motivo, bem, nele o problema não é um problema, mas o tal “espinho na carne”, descrito por Paulo em II Coríntios 12 e tantas vezes já citado aqui neste espaço. Sim, Deus não resolve certos problemas não porque não possa, mas porque nós não podemos conviver com eles solucionados, assim, ou aprendemos a viver com certos limites ou alcancemos um nível de humildade mais alto que nos possibilite certas liberdades sem que nos percamos na vida. Sim, libertações, soluções de problemas nos deixam mais livres, mas será que podemos conviver com a liberdade, somos espirituais o suficiente para isso? A maioria de nós não é, eu não sou, eu admito, por isso tenho problemas insolúveis, suas existência me fazem depender mais de Deus. Nesse ponto da reflexão é importante que nos façamos uma pergunta: qual é nosso maior objetivo de vida? Ter problemas resolvidos ou conhecer a Deus?
      Muitos só buscam religiões, igrejas, vida “espiritual”, “Deus”, para terem problemas resolvidos, e na maior parte das vezes, problemas materiais. Muitos querem emprego, casamento, dinheiro no bolso, mas não conhecimento íntimo do altíssimo. Isso está certo, está errado, é o melhor, o pior? Nem farei juízo de valor, cada um que faça suas escolhas, só saiba que essa vida é curta, a eternidade no espírito (que é eterna), cobrará de nós as melhores escolhas. O verdadeiramente espiritual, contudo, não se preocupa com recompensas, com soluções, antes age corretamente, se esforça e faz seu melhor, mas só para adorar a Deus. Para ele problemas de verdade não existem, apenas oportunidades de conhecer mais a Deus para depois poder louva-lo pela sua maravilhosa providência. 
      O ponto é que o sim de Deus nos permite um crescimento na fé, mas um não nos permite um crescimento maior ainda, muitos, infelizmente, acham que só alcançam o máximo quando recebem um sim, e que se receberem um não é prova de que precisam, não aceitar uma realidade em humildade, mas de mais fé. Todavia, quando Deus diz não, nem a maior fé do mundo pode mudar isso, isso não é razão pra desistir, mas motivo para alcançar um novo nível de intimidade com o Senhor. Sim, alguns problemas não se resolvem porque não são para serem resolvidos, mas para que cresçamos, deixemos de ser filhos infantis e mimados e então confiemos mais em Deus, em humildade e fidelidade. Se eu ou você ainda não entendemos isso, é melhor entendermos e aceitarmos o quanto antes, senão nossas vidas ficarão empacadas numa infelicidade que na insistência pode nos levar mesmo a negar o evangelho. 

25/02/20

Não tenha medo de recomeçar

      “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.Isaías 59.1-2

      A vida se vive vivendo, nessa experiência muitas vezes erramos, fazemos escolhas ruins, contudo, ter a humildade de pedir perdão, a Deus, às pessoas e a nós mesmos, e então seguir em frente, é condição importante de quem quer aprender com seus erros e acertar. Em alguns casos, todavia, cometemos erros grandes, que nos levam a quebrar alianças com grupos sociais, com família, com igrejas, erros que poderão nos estigmatizar para sempre diante de muitas pessoas. Erros assim, maiores que deveriam ser, têm consequências, algumas bem duras, com as quis teremos que conviver para sempre, e algumas pessoas, mesmo dentro de igrejas cristãs, não nos perdoarão, sim, por incrível que pareça, aqueles que mais pregam perdão são os que mais podem nega-lo a nós. 
      Mas ainda assim não culpemos as pessoas, algumas simplesmente têm limites, antes reconheçamos que se isso aconteceu foi porque nós pisamos muito na bola, não podemos mudar as pessoas, nem precisamos, não daremos satisfação a Deus por elas, mas podemos mudar a nós mesmos e isso basta. Assim, se esse for teu caso, se cometeu um erro muito significativo, assuma o erro, em primeiro lugar diante de si mesmo e depois diante de Deus, perdoe-se e tome posse do perdão do Senhor, mas esteja consciente das consequências e não fuja delas. Contudo, em algumas circunstâncias, quando o copo de leite já foi derramado de maneira irremediável, o melhor a se fazer é nos afastarmos do grupo social em que vivemos, mesmo da igreja, e algumas vezes até da cidade em que moramos.
      Precisamos nos dar ao direito de recomeçar, de construir uma nova vida em outro lugar, não guardemos mágoa dos que não nos perdoaram, mas nos afastemos deles. Para isso muitas vezes teremos que abrir mãos de direitos que tínhamos, de posições sociais que tínhamos, de importâncias que gozávamos e que algumas vezes nunca mais teremos de volta. Alguns, não querendo abrir mão de honra, preferem mentir para a sociedade, para a igreja, ou então, ainda que assumam o pecado, teimam em permanecer perto de algumas pessoas, isso pode só dificultar um restabelecimento, a retomada de uma nova vida. Contudo, afastar-se pode ser a melhor solução, assim se você está passando por uma situação ou se conhece alguém que está, tome essa decisão ou aconselhe alguém a decidir assim. 
      Interessante como muitas vezes somos cheios de coragem para errar, mas medrosos para acertar. Em tantos anos seguindo a Jesus já vi muita hipocrisia dentro de igrejas, principalmente com aqueles que cometem o erro taxado de adultério, vi irmãos e pastores, antes, próximos, se afastarem, condenando o caído para sempre no pecado e nada fazendo para recupera-lo. Muitas vezes reconciliação com os excônjuge é inviável, sim, a vontade ideal da doutrina baseada na Bíblia é um casamento e para sempre, mas a realidade é bem mais complicada. Assim, precisamos aprender a andar com as pessoas em amor, parar de acreditar em mágicas, ainda que chamemos de milagres, e entender que crescer como cristão é processo que leva tempo, toda uma vida, ninguém condene ninguém a um inferno eterno.
      Contudo, vai um conselho, tome cuidado com julgamento precipitado, com preconceito, o tempo é senhor, a experiência amarga que alguém teve hoje amanhã pode ser a tua, “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia“ (I Coríntios 10.12). Mas a verdade é que a vida é longa, não condenemos  alguém ou a nós mesmos, nem antes do tempo e nem depois, sempre há tempo para recomeçar. Se o erro foi no casamento, você fez tudo o que podia para restabelecê-lo e não conseguiu, recomece, usando a experiência ruim como aprendizado. Se o erro foi na área profissional, às vezes é até o caso de fazer uma nova faculdade, de mudar de área, e seja qual for o erro, pode ser o caso de mudar de ares, de cidade, de estado, às vezes até de país, isso pode nos dar a chance, não de fugir de nós mesmos, mas de nos encontrarmos com o nosso melhor.

24/02/20

Em Babilônia, orai por sua paz

      “E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29.7

      O texto inicial não fala historicamente da melhor situação para o povo de Israel, relata a orientação que Deus deu a seu povo no antigo testamento para uma experiência de cativeiro, cativeiro que não teria como o povo sair antes que setenta anos tivessem passado (leia todo o capítulo para maior entendimento). A Bíblia, contudo, sob a ótica do Espírito Santo e com algum entendimento de texto e histórico mais lúcido, pode nos ensinar várias coisas e sob diversas camadas de interpretações. 
      Aplicando o texto para nossas vidas, não vendo Babilônia como volta a uma vida de pecado (a metáfora “volta ao Egito” e mais adequada para isso, Babilônia pode se aplicar melhor a um período de disciplina), mas entendendo que ainda que sejamos filhos de Deus, neste mundo nunca teremos uma vida perfeita, mesmo não estando em períodos de disciplina, a vida ideal só existirá na eternidade, podemos aprender com a passagem que certas coisas aqui não vão mudar, coisas, por exemplo, como a política. Assim, o melhor que temos a fazer é aceitar certas situações e pessoas e orar, não por mudanças radicais, mas para que dentro do sistema mundano as coisas não prejudiquem tanto o povo de Deus. 

      “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.II Pedro 3.13-14

      O povo de Deus precisa entender a tênue linha que separa uma vida de fé e de confiança num Deus que pode tudo e que a todos governa, com a vontade de Deus de usar esse mundo, diabos e demônios, para dar às pessoas oportunidades de escolherem viver com Deus, ainda que por “70 anos” (é isso não é um período cronológico real mas uma metáfora, um mistério) Babilônia e seu rei dominem, de alguma maneira, sobre o povo de Deus. Muitos achando-se espirituais são na verdade imaturos e rebeldes, que querem mudar “em nome de Deus” algo que Deus não vai mudar por enquanto, não pelo menos em “70 anos de cativeiro”. 
      A verdade, que até se reforça na história real de Israel e que entrega uma metáfora muita mais realista e reveladora, já que até o fim da história relatada na Bíblia, Israel (ou a tribo restante de Judá) nunca teve novamente o tempo de glória que teve no tempo de Davi e Salomão, é que o povo de Deus debaixo da nova aliança de Cristo neste mundo nunca deixará de viver numa Babilônia, nossa Canaã real é na eternidade, é espiritual. Quem ora, por exemplo, para que o Brasil se torne uma Canaã perde tempo. O que podemos fazer é seguir a orientação dada no livro de Jeremias, isso enquanto aguardamos novos céus e nova terra prometidos na segunda carta de Pedro.