02/08/22

Para que viemos ao mundo? (2/92)

      “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela. Vida longa de dias está na sua mão direita; e na esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz. É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm.Provérbios 3.13-18

      Certas coisas não precisam ser ditas, melhor serem mantidas em segredo, entre nós e Deus. Alguns pecados confessados e perdoados são assim, muitos costumam nos condenar pelos restos de nossas vidas por algumas coisas que fizemos, mesmo que tenham sido corretamente resolvidas em Deus. Evangélicos são os que mais cometem esse engano, justamente eles que pregam perdão em Cristo. Mas muitos deles pensam que as pessoas têm que estar prontas depois que entram em igrejas, assim podiam até errar antes de se tornarem membros oficiais dessas, mas depois não mais. Muitos cristãos não entendem que Deus usa muitas coisas e muito tempo para aperfeiçoar os homens, incluindo idas, saídas e voltas a igrejas. 
      Dessa forma, às vezes é melhor deixarmos certos assuntos só entre nós, Deus e pouquíssimos amigos verdadeiros, mais que irmãos oficiais de igrejas, mas gente que realmente nos ama. Mas o ponto aqui é manter em segredo não erros, mas acertos, e não me refiro à qualquer promoção profissional onde se tem algum aumento de salário, e tem gente, incluindo crente, que tem esse pensamento. Muitos não gostam de falar de prosperidade material, acham que isso atrai inveja, que bobagem, ainda que se deva ter sabedoria nesse assunto, inveja é problema de quem inveja. Alcançarmos nossas vitórias deve nos fazer mais humildes, mas não mais medrosos ou desconfiados. Esta reflexão também tem a ver com humildade.
      O título foi “para que viemos ao mundo?”, você já entendeu qual é tua chamada principal nesta vida? Tenho visto gente com chamada clara, não só para viver, mas para divulgar vida com Deus, Bíblia, ou de maneira genérica, alguma religião. Parece que muitos desses começam bem, compartilham verdades recebidas de Deus e as vivem, não há neles hipocrisia nem invenções, mas num determinado momento a coisa fica estranha. As pessoas se acomodam com um nível alcançado, e com o respeito que esse nível confere a elas diante de outras pessoas, então, se acham com capacidade e no direito de falarem mais que o necessário, não só coisas certas na hora errada, mas coisas erradas, fugindo de suas chamadas iniciais. 
      A vaidade, sempre ela, se não derruba no início, derruba no fim, e não duvidem, todos são tentados por ela. Não sei de alguém, que não seja Cristo homem, que não tenha vencido plenamente a vaidade. Se não podemos vencê-la, convêm-nos ficar longe das situações que nos expõem a ela, o que mais nos expõem a ela é vida pública. Somos seres humanos, como tais precisamos de vida social, nossa identidade é construída na sociedade, não no isolamento. Mas retiros espirituais podem ser úteis e orientados por Deus, não só temporários, mas definitivos, a partir de um momento de nossas vidas. Isso não é fugir para o mato e ficar lá, mas focar na busca espiritual mais profunda, melhor anonimato com Deus que fama com homens. 
      Como já dissemos outras vezes aqui, o caminho do justo é definido pelo fim, não pelo início, e se pode começar bem, deveria terminar ainda melhor. Qual o melhor fim para todos nós? É aquele que prioriza o motivo principal de termos vindo a este mundo, conhecimento de Deus. Pelo que tenho aprendido, é mais conveniente buscarmos mais profundamente esse conhecimento de maneira secreta, evitando compartilhá-lo em púlpitos, sejam físicos ou  virtuais. Isso é para quem entende que o melhor que podem ter neste plano físico é espiritualidade, não riquezas e fama. Na intimidade do Senhor há verdade e paz, no aplauso do mundo há falsidade e dor. Felizes os chamados à humildade, acharão provisão e proteção do Altíssimo. 
      Deus nos usa para abençoar os outros, feliz o que perde para dar ao próximo, contudo, ganharmos a nós mesmos sempre é prioridade. Muitos, querendo ser vistos como altruístas, trabalhadores, espirituais, tentam ganhar o mundo e acabam se perdendo. Há os humildemente arrogantes, os sinceramente falsos, os estupidamente sábios, os termos são antagônicos, impossíveis de serem vividos ao mesmo tempo, mas muitos tentam, por vários motivos. Vaidade é o principal, mas ela conduz à incredulidade e ao desvio do plano original de Deus para nós. Muitos um dia entenderam o evangelho, mas sucumbiram à vaidade do mundo, assim tentam o impossível, serem honrados por Deus e pelos seres humanos ao mesmo tempo. 
      O texto bíblico inicial fala sobre sabedoria, uma característica do sábio é apurada percepção de tempo, ele sabe exatamente quando chegar, quando ficar e quando sair. Se o cristianismo exige chegada com fé, se crescermos dentro de igrejas e religiões requer que permaneçamos olhando para Deus não para homens, conhecimento mais profundo do Altíssimo pede retirada de meios sociais. No mundo atual, distanciamento de redes sociais na internet, é algo sábio a ser feito, mas isso só por quem não tem mais a insegurança de querer prevalecer em polêmicas, nem a vaidade de se exibir como vencedor e feliz. A verdade é que hoje nos apresentamos com menos cuidado na internet, que ao vivo, em igreja, trabalho, escola e família. 
      O final do texto me chama a atenção, “todas as suas veredas (são) de paz, é árvore de vida e são bem-aventurados todos os que a retêm”. Paz, vida e felicidade, mas para os que a retêm, assim, se no início é preciso sabedoria, muito mais no fim. É no final de nossas vidas, já com corpos físicos cansados e limitados para novos empreendimentos no mundo, que precisamos avaliar o que somos. Atingimos aquilo para o qual viemos? Cuidado, não use referências de homens, nem de homens religiosos, os homens não sabem aquilo que de fato precisamos vencer para chegarmos melhores no final. Muitos acham que somos perdedores na área financeira, mas não sabem o preço que pagamos para nos tornarmos moralmente limpos.
      Viemos ao mundo para melhorarmos, isso necessariamente não se evidencia em vida religiosa ou em riquezas materiais. Não julguemos ninguém, mas respeitemos todos, se entendemos para que viemos ao mundo e conseguimos viver isso, também administraremos os outros com amor. O que puder fazer, faça, o que não puder, não faça, mas não seja cobrador do próximo. Confie em Deus que sustenta o que não tem quem o auxilie, e que conduz à humildade o que não precisa de ajuda de homens, para que não se exalte por isso. Saiba quando parar de correr atrás de dinheiro, busque mais a Deus, se a vida é incerta, a morte não é. Adquira a sabedoria mais alta, o bem maior que achamos neste mundo e que poderemos levar ao outro. 

01/08/22

Por que somos cristãos? (1/92)

      “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.I Samuel 16.7

      Iniciando hoje, noventa e duas reflexões sobre espiritualidade, santidade, fé, mundo, eternidade, temas que cumprem o objetivo maior da chamada profética do espaço “Como o ar que respiro”. Por que falarmos sempre disso? Talvez a pergunta seja: por que somos cristãos se não for para entendermos e vivermos tudo isso? A não ser que estejamos querendo com o cristianismo só mais uma religião, se for isso fatalmente seremos presas de homens, não livres em Deus, manadas de líderes humanos, não rebanho espiritual de Jesus. O que de fato queremos como cristãos, indo a igrejas, lendo Bíblia, cantando louvores e orando? 
      O cristianismo é lugar bem adequado para quem quer só uma religião, principalmente na católica, com suas pomposas liturgias, com suas catedrais carregadas de história e de tradições, com cultos padronizados por sacramentos e dogmas. Quem não se sente num lugar digno de respeito quando está num templo católico? Parece museu, pede seriedade e austeridade por si só, mesmo que não esteja havendo uma missa. Isso é ruim? Não necessariamente, sou protestante desde os dezesseis anos, hoje tenho sessenta e dois, mas ainda sinto algo religiosamente instigante quando estou numa dessas velhas construções católicas. 
      Tive uma experiência significativa aos dezoito anos, quando fazia faculdade na P.U.C. de Campinas. No intervalo fui até à capela da universidade, uma sala comum, com cadeiras e um altar resumido à frente, me ajoelhei e me pus a orar. Um padre então entrou e me exortou duramente, disse ele, “como você se coloca de costas para o altar?”, intimidado saí do local. Eu estava de joelhos, de frente para uma cadeira, mas de costas para a frente da capela, isso escandalizou o sacerdote. Não  importou a ele o fato de eu estar falando com Deus, mas só o fato de eu ter inflingido algum protocolo, nem quis saber se eu era católico ou não. 
      Seria injusto de minha parte fazer qualquer generalização, dizer que todos os sacerdotes católicos agem assim, nem estou me eximindo de ter desobedecido alguma regra importante para alguém, mas ele poderia ter me perguntado se eu conhecia a regra. Aquilo poderia ser uma oportunidade dele me evangelizar, afinal deve ser mais fácil para alguém que está orando dentro de uma capela querer a Deus que outras pessoas. Mas como eu disse foi uma experiência significativa, revelou uma faceta icônica do cristianismo católico, a importância que ele dá a símbolos, rituais e tradições, mais que ao vivo Espírito Santo do Deus altíssimo. 
      Sei que critico o catolicismo, e também critico o protestantismo, mas critico como instituições, já o ser humano católico ou evangélico, sincero e cheio de fé, não deve ser julgado. Deus ouve todos os que o buscam, estejam onde estiverem, e muito mais em catedrais e templos, que ainda que carregados de tradições e mesmo de doutrinas adicionadas ao puro evangelho, recebem quem ora ou reza em nome do Cristo. Mas isso também não me desobriga de instar sobre a necessidade de experiências espirituais mais diretas e profundas com Deus, e para isso nem é necessário muito do que o cristianismo do mundo exige. 
      Um perigo da religião é nos acomodarmos a ela e acabarmos achando que ela é Deus, usando o exemplo acima, se eu não rezar de frente para o altar estarei pecando. Esse tipo de entendimento já deveria ter ficado claro para todos nós que é errado, baseado nas reações que Cristo homem teve diante dos religiosos judeus do primeiro século, quando exortou sobre a relevância do interior sobre a aparência, do espírito sobre a matéria, do amor sobre protocolos religiosos. Contudo, fazem mais ou menos dois mil anos que Jesus esteve no mundo e religiosos ainda não entenderam o que é a religião que de fato agrada a Deus. 
      Reflitamos um pouco mais, não em como somos vistos como religiosos no mundo, não em como a sociedade nos vê como católicos, batistas, presbiterianos, assembleianos ou outros. Os homens veem o exterior e podemos passar vidas inteiras nos esforçando para exibirmos bons exteriores religiosos para eles, mas o que de fato há em nosso interior só Deus sabe. O que levaremos para a eternidade? Nossos espíritos, o que está dentro de nós, as aparências todas ficarão neste mundo. Que tenhamos coragem de vencer o orgulho e a vaidade de querer mostrar, não ser, e ser para Deus, não para padres, pastores ou outros. 
      O texto bíblico inicial relata a chamada de Davi, quando seu pai tentou apresentar ao profeta Samuel outros de seus filhos, porque achava que esses agradariam mais, mas Deus disse que escolheria conforme o coração, não pela aparência externa. Muitos se fiam em igrejas pela grandiosidade que elas têm no mundo, sentem-se seguros de estarem agradando a Deus porque, afinal de contas, são membros fiéis de instituições estabelecidas, como a milenar igreja católica, ou mesmo protestantes seculares. Mas mesmo denominações evangélicas e pentecostais mais novas, inspiram confiança em muitos por terem grandiosos templos.
      Grandioso é o engano de muitos, mas é ele que impede tantos de buscarem mais direta e profundamente a Deus. A busca verdadeira requer aprovação só de Deus, não de homens, exigirá consagração e oração solitárias, sem o suporte luxuoso de templos e ministérios. Isso não significa sair de igrejas, de forma alguma, mas significa colocá-las em seus devidos lugares, locais para reuniões sociais e um conhecimento mais exotérico de Deus, bom para crianças e novatos na fé, eis a verdade, e não interpretem isso como algo arrogante. Não é arrogância, é humildade, quem busca mais a Deus não faz propaganda, guarda para si. 
      Será que os outros irmãos de Davi, apresentados orgulhosamente pelo pai a Samuel, suportariam toda a perseguição que Davi recebeu diretamente de Saul, o rei deposto por Deus e que não aceitava isso? Davi teve que viver como pária por algum tempo, até ter a honra de ser entronizado rei de Israel. Quem quer a vaidade de parecer bom religioso para homens não suporta as provas da busca da espiritualidade mais alta, provas para a humildade e a santidade mais puras. Por que somos cristãos? Se somos para Deus nada nos impedirá de sermos, nem nossos egos, nem os homens, nem os demônios, nem o mundo, nem a religião. 

31/07/22

Clamarei ao Deus Altíssimo

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades. Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade.” Salmos 57.1-3

      Orar com sentimento e com convicção mental é fazer um clamor do lugar mais profundo de nós. Isso é vencer em nós outros sentimentos e pensamentos, outros medos e dúvidas, outros prazeres e ódios, outras distrações, outras preocupações. Mas isso também é levar nossa oração para além do quarto, da sala, do templo, do lugar físico onde estamos orando. Mas mais ainda, é elevar nosso clamor acima de seres espirituais, potestades e principados, chegar a Jesus e por ele alcançarmos o Deus santo e Altíssimo.
      Isso não pode ser feito sem o auxílio do Espírito Santo, e muitas vezes estamos tão exaustos física, emocional e intelectualmente, que mal conseguimos balbuciar algumas coisas. Por isso a primeira coisa na oração é estarmos na condição de templo limpo e focado que pode receber a ajuda do Consolador, isso se faz admitindo pecados, tomando posse de perdão e se colocando numa posição de mais sincera humildade. Quando isso acontece nos acalmamos e sentimos brotar palavras espirituais poderosas dentro de nós. 
      No escuro e no silêncio onde não existem distrações, gotas puras e leves de unção se elevarão, serão o que Deus mais quer ouvir de nós, o que mais precisamos dizer, o que conseguimos falar, e bastará para tocar o trono de Deus nas regiões celestes mais altas. Sempre tenho muita satisfação tentando descrever esse processo, é o remédio que nossas almas necessitam para serem renovadas, mas só o compreenderão de fato os que buscarem a Deus de todo o coração e com toda a mente, em santidade e humildade. 
      A frase final do texto bíblico inicial é especial, “Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade“. Ela não diz Deus enviará seu poder de destruição e vingança, termos que os homens do antigo testamento tanto gostam, ela fala de duas virtudes, que sobre nós não revelam fortalezas, mas fraquezas. Quem necessita de misericórdia é quem errou muito, não merece mais atenção ou perdão, assim clama como excessão, que Deus o ouça e não leve em conta seus erros. A misericórdia de Deus muitas vezes é tudo que precisamos. 
      Mas a frase fala também da verdade de Deus, como precisamos da verdade nos tempos atuais, onde a mentira tem cara de textos bíblicos, boca de evangélicos, e se exibe despudoradamente nas redes sociais da internet. Hoje a verdade é arma mais poderosa que espadas e metralhadoras, que socos e chutes, clamemos ao Senhor por ela, para que chova sobre o nosso país. Nossas vidas pessoais necessitam que a verdade de Deus chegue, e cale tantos que se colocam como setas de espíritos das trevas contra os filhos da luz.

30/07/22

Você conhece a Deus?

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia. Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam.Salmos 9.9-10

      Algo que dizemos aos materialistas e céticos é que cremos em Deus porque temos experiências reais com ele, nós conhecemos o Senhor e sabemos que ele não desampara os que o buscam. Quem não confia em Deus confiará em outras coisas, e nem estou dizendo que essas outras coisas não sejam legítimas, dignas de confiança, mas não são Deus. Confiar na ciência para cuidar de nossos corpos e mentes, assim como para administrar adequadamente o planeta, é correto. Muitos cristãos deveriam confiar mais na ciência, isso não significa não confiar em Deus, mas temê-lo de forma mais ampla. Deus dá inteligência aos homens para que cuidem de si mesmos e do mundo da melhor maneira possível, glória a Deus por isso.
      Contudo, eu temo pelos materialistas e céticos, vivenciarão um momento em suas vidas que ciência e razão não entregarão solução, então, terão que crer no invisível, no que acham ser impossível, no que pensam ser irracional. Eu disse acham e pensam, porque Deus faz as coisas de maneira racional e inteligente, e ainda que muito do que ele faça achamos hoje estar no campo do não provado pela ciência, um dia poderemos entender que tudo tem causa e efeito, uma lógica, mesmo comprovação pela ciência a princípio materialista. Crer em Deus não é sinal de ignorância, mas de humildade, que admite que não se sabe tudo, não ainda, e que dentro de nós existe um espírito que precisa e anela por um Deus espiritual. 
      Ah, meus queridos amigos e amigas materialistas e céticos, incrédulos de religiões e de Deus, sim, as religiões são imperfeitas e muitos usam religiões da maneira errada, para prender e não para libertar, para fechar e não para abrir. Mas Deus existe, é perfeito e eu conheço seu nome porque já provei, inúmeras vezes, uma ação maravilhosa dele, se tivessem paciência para ouvir saberiam que o Senhor nunca desampara os que o buscam. Não fiquem assim tão sós, materialistas e céticos, por mais que a ciência ajude é só uma ferramenta, fria e vazia. Deus é o que opera todas as ferramentas e ele é vivo e amoroso, admiti-lo como cuidador dos homens, usando a ciência ou não, alimenta nossas almas e nos faz muito felizes. 
      Eu conheço o nome de Deus, poderoso, santo e vivo é esse nome, caminho com Deus racionalmente desde que saí da infância, mas sei que ele cuidou de mim sempre. Fui criado no espiritismo, mas Deus comigo lá estava, depois me converti ao protestantismo, por escolha pessoal, e Deus me acompanhou. Bati muito a cabeça na vida, mas Deus prosseguiu comigo, coloquei à prova muita coisa que a religião me disse, muitas descartei, outras segurei firme, e Deus seguiu fiel comigo, como melhor amigo. Deus só ficou mais iluminado, mas porque eu ouvi sua voz, não a minha, dos homens ou das religiões. Hoje estou curado de muitas doenças, físicas e emocionais, mas mais próximo da santidade e da verdade do Altíssimo Deus. 
      Como se conhece a Deus? Como conhecemos alguém, não é dialogando? Também é assim com o Senhor, tendo papos sinceros com ele, não importando como ou onde estivermos, e sim, pela fé, Deus é, a princípio pelo menos, não perceptível aos sentidos físicos. Mas com o tempo vem intimidade e nela sentimos, ouvimos, vemos, provamos sua ação de maneira inequívoca em nossas vidas. E as religiões? Use-as no melhor sentido, não seja usado por elas, leia a Bíblia, frequente cultos, se puder, faça cursos teológicos, mas a experiência tem que ser pessoal, racional e emocional, não só teórica. O caminho é longo, mas a aventura é fantástica, só melhora se você persistir em conhecer o nome do único e verdadeiro Deus. 

29/07/22

Sede perfeitos!

      “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.Mateus 5.48

      Você luta consigo mesmo, ou aceita muitas coisas como características tuas, que não podem e nem devem ser mudadas? Nem me refiro aos pecados nossos de cada dia, relacionados aos prazeres do corpo, mesmo à ira e a certos descontroles emocionais. Eu tenho muitas características ruins, impaciência é uma delas, mas existe uma séria, que me impede na fonte de ser mais útil nas mãos de Deus nas vidas dos outros. Eu sou meio incrédulo sobre a boa vontade das pessoas. 
      Essa minha intransigência é com todos, mas com jovens é pior, sou meio pessimista com eles, acho-os mimados demais, querem respeito, mas não respeitam, querem direitos, mas não deveres. Ainda que eu saiba que de fato as últimas gerações são diferentes da minha, aquém em alguns aspectos, e que é natural os mais velhos não aceitarem certas coisas de mais jovens, Deus tem me chamado para mudar. Amar não é escolha individual, é vocação de todos, Jesus nos chama à perfeição. 
      Deus ama todas as suas criaturas, esse amor é a força motriz dos universos. Ainda que ele fosse a luz moral mais elevada, o todo-poderoso no plano físico, na Terra, no sistema solar, nas galáxias, e fosse a origem, manutenção e destino de todas as virtudes espirituais, harmonizando os universos em justiça, benignidade e paz, se Deus não amasse o ser humano de forma ativa, só respeitaria o livre arbítrio do homem e se manteria distante, pela incompatibilidade moral que há. 
      Mas é seu amor que atrai os seres humanos a seu melhor, que motiva-os a trabalharem e evoluírem, que dá sentido às suas existências, tanto no plano físico quanto no espiritual. Esse amor divino tem duas características básicas: paciência e fé. Deus acredita em nós, que podemos mudar e melhorar, e aguarda pacientemente que queiramos mudar e melhorar. Deus nunca desiste de suas criaturas, de nenhuma delas, seja qual for o grau de maldade ou o nível de bondade delas.
      Quem busca e conhece a Deus compreende seu amor trabalhando com paciência e fé, assim sabe que se não praticar esse amor não terá utilidade para Deus. Na paciência não julgamos ninguém pelo que é, mas pela fé cremos que alguém poderá ser melhor, isso é o mais alto e puro amor. Em minha impaciência e em meu ceticismo tenho sido levado pelo Espírito Santo a não aceitar essas tristes tendências, a mudar para fazer o que é certo, ajudar as pessoas a serem melhores. 
      Mas não é fácil para mim, não é fácil a ninguém, eu tenho que manter viva essa necessidade o tempo todo na mente, não aceitar minhas tendências ruins, ser humilde, ter paciência com as pessoas e fé nelas. Quando acreditamos nós abençoamos, lançamos sobre uma pessoa a luz espiritual de Deus, fortalecendo-a para ser melhor. Já o nosso pessimismo atrai coisa ruim para nós e para os outros, acreditem nisso, não é superstição, além de adoecer nossa mente e nosso corpo. 
      Digo uma coisa, principalmente aos mais velhos, não aceitemos certas tendências nossas, não nos acostumemos com elas, lutemos contra elas até nosso último instante aqui. Nada nos dá o direito de não termos Deus como meta, Jesus como exemplo e o Espírito Santo como professor das virtudes mais altas. “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz, e o Deus de amor e de paz será convosco” (II Coríntios 13.11).

28/07/22

Ouvidos, olhos e boca espirituais

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.I Coríntios 2.14-16

      É difícil falar das coisas sob o ponto de vista espiritual com quem não tem sentidos espirituais. O que os ouvidos espirituais percebem para entenderem as coisas? Em primeiro lugar a Deus. Ser espiritual é em primeiro lugar crer na existência de um Deus que age benignamente com todos e mais com os que confiam nele, na confiança há autorização para ação. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6), não é só ter fé que admite a existência de um Deus, mas confiar que ele é galardoador, isso é, que age de maneira objetiva nas vidas dos homens. 
      Mas é mais que isso, já que muitos até creem em Deus e em sua ação, mas ainda assim, na prática, são materialistas e céticos. Ouvidos espirituais contemplam um Deus próximo, amigo, porque têm intimidade de ouvir o Senhor, constantemente e de maneira íntima. “Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade” (Provérbios 3.32), quando falamos de coisas espirituais com amigos íntimos do Senhor eles entendem com humildade e fé, provam um Deus próximo e sabem, sem arrogante exclusivismo, que os outros também podem provar. Quem não fica feliz quando encontra alguém que é amigo de um amigo seu? 
      Quem tem ouvidos espirituais também tem olhos espirituais, assim entende as coisas espirituais e enxerga como o mundo espiritual funciona. Sabe aquela conversa que temos com amigos próximos, onde nossas frases são completadas por eles? Parece que eles sabem o que pensamos, e entram numa sintonia fina com a gente. Com o Espírito Santo, ainda que estando nós neste mundo e ele no outro, é assim. Na verdade na comunicação espiritual não são necessárias nem palavras, há uma emanação de luz que nos faz entender as coisas, cabe a cada ser humano, de acordo com sua intelectualidade e moralidade, interpretar essa emanação em sensações e raciocínios. 
      Por isso são tão úteis os dons do Espírito, em especial o dom de línguas espirituais “estranhas”, quem tem ouvidos e olhos, também terá boca espiritual. São “estranhas” porque não entendemos racionalmente de imediato, mas entendemos espiritualmente e de imediato já nos consolam. Os que tiverem fé poderão entender o significado, traduzindo em palavras que possam ser compreendidas pelos outros, se você não pode traduzir, busque com boa sinceridade, Deus não nega dons aos que pedem. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11.13).
      O texto bíblico inicial nos dá uma orientação importante, “o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”, dessa forma não perca tempo compartilhando coisas espirituais com quem não tem sentidos para isso, a esses basta nosso testemunho de vida prática de justiça e amor. Além de perder tempo e de se desgastar desnecessariamente, poderá ser mal interpretado, loucos podem ver sãos como loucos. Mas não exageremos, o mais sábio é entender alguns como estrangeiros, que não entendem certo idioma, sem qualquer espécie de arrogância. Saber disso, entretanto, nos dá a segurança que Deus nos entende, e isso basta para termos alimento espiritual e paz.

27/07/22

A humildade confronta a todos!

      “O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra.Salmos 147.6

      Em algum momento de nossas vidas todos nós seremos confrontados pela humildade, depende até quando nosso orgulho resiste. Se nos quebrantarmos antes, ainda teremos saúde física e emocional para reagirmos corretamente, senão, poderemos sofrer justamente quando estivermos mais debilitados no corpo e na mente. A demora também nos fará manter reputações inadequadas por mais tempo, assim, será mais difícil testemunharmos para os outros o que somos de melhor, as pessoas são convencidas pelo tempo. 
      Muitos são bem hábeis em se esconder, fazem de tudo para não serem humildes, acham que isso é ser menor e que ser menor lhes humilham diante dos homens. O orgulhoso se acha valoroso pelo que tem e aparenta exterior e materialmente, não pelo que é em seu interior e moralmente. Ao humilde não importa o que os homens veem ou pensam dele, e mesmo se tiver ou perder algo, não fará diferença, seu coração está em Deus, “o Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21b).
      O orgulho não está em ser proeminente na sociedade por algum motivo, seja por ter bens materiais, ou por ter talentos intelectuais ou artísticos. Da mesma maneira a humildade não está em ser religioso e altruísta. Alguns nascem para serem ricos, terem empresas, darem empregos a muitas pessoas, e ainda que sejam orgulhosos, não é o fato de perderem tudo isso que os faz mais humildes. Outros nascem para serem religiosos, buscarem espiritualidade, mas não é o fato dos homens verem isso neles que os faz humildes. 
      Paz é conhecer a própria vocação, aceitar que ela é vontade de Deus e que só cumprindo-a se pode ser verdadeiro. Ocorre que muitos confundem vocações, não as conhecem ou não as aceitam porque não têm humildade, assim vivem vidas em conflito. Poderão até, se tiverem vocação para religiosidade, serem religiosos, ainda que paralelo a isso construam prosperidade material, e nisso não há problema. Contudo, por serem uma coisa desejando ser outra, se perderem os bens materiais não acharão na religiosidade paz.
      A humildade faz sofrer o orgulhoso que resiste em tirar a máscara da mentira, só as trevas conhecem a face real do arrogante. O humilde mostra seu rosto à luz do dia, pode não agradar a todos, pode estar molhado de lágrimas e marcado pelo sofrimento, mas é a verdade sobre si mesmo e ele é feliz nela. Na fraqueza do humilde há força do Senhor, na altivez do arrogante há o medo de quem não se humilha diante de Deus. No final o tempo é generoso com o humilde, mas com o orgulhoso é cobrador impiedoso. 
      Ninguém se engane, a humildade um dia entra, e após ter batido por anos na porta, pedindo entrada educada, poderá quebrar a porta e entrar à força. Não é Deus querendo humilhar alguém, Deus não faz isso, é a verdade se impondo, só a verdade traz paz e conduz à vida eterna. A mentira, ainda que se tenha colhido honra por anos, mantém algo que não existe, um espírito exaltado, o espírito quer Deus e a Deus só se chega com humildade. Nos quebrantemos a tempo de sermos felizes e fazermos felizes ainda neste mundo.

26/07/22

Saiba, mas não diga a ninguém

      “Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro. Porque cada qual levará a sua própria carga.Gálatas 6.3-5

      Na madrugada do dia primeiro de novembro de 2021, aos setenta e sete anos, morreu o pianista Nelson Freire, considerado um dos maiores pianistas do mundo. O pianista e maestro João Carlos Martins disse sobre Nelson Freire, “ele sabia do seu valor, mas não contava a ninguém”. Numa entrevista, o próprio Freire, ainda que fosse um exímio intérprete da música, disse que como pianista não se achava maior que a música. Eis duas citações poderosas de humildade, Jesus deu exemplo assim, veio em nome do pai, para glorificá-lo, nunca se colocou acima dele, ou mais importante que ele.
      Você até pode saber de seu valor, e nisso não há arrogância, mas lucidez, não confundamos ausência de auto-conhecimento com humildade, e conhecer e negar pode ser só falsa humildade. Contudo, se for humilde, saberá, terá segurança disso, mas não vai verbalizar isso com facilidade ou para qualquer um, a não ser para Deus, e mesmo assim com um coração quebrantado e grato, sem fazer exigências por causa disso. O que nos confere humildade é a referência que usamos para nos medir, se usamos os homens, poderemos nos enganar, subestimando os outros e superestimando-nos. 
      Jesus é a melhor e mais alta referência, quem se mira nele sempre saberá que pode melhorar, e mesmo que atinja um bom nível, será para servir mais, amar mais, glorificar mais a Deus, não ao próprio ego, como Jesus homem fez. Saber o que se é, principalmente quando se conseguiu chegar num ponto onde se consegue praticar as virtudes de maneira mais constante, nos deixa felizes, já que sabemos que estamos fazendo nossa parte e isso agrada a Deus. Essa satisfação não é para menosprezarmos os outros, mas para respeitá-los, já que sabemos o preço que pagamos para sermos o que somos.
      O peixe morre pela boca, assim pode ser complicado falarmos de nós mesmos, ainda que não tenhamos intenção arrogante, as pessoas podem nos interpretar mal. Aos parecidos comigo, que amam explicar tudo, tenham cuidado, é mais sábio controlarmos nossa vontade de falar, principalmente de nós mesmos, isso pode não ser fácil, mas é necessário. Deus é bom, entende nossas idiossincrasias, nos ama e nos respeita, se precisamos de algo, ele nos dá, basta que confiemos e esperemos nele. Estejamos satisfeitos o suficiente em Deus, para não ficarmos implorando honra das pessoas e do jeito errado.

25/07/22

Livrai o aflito dos ímpios

      “Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.Salmos 82.3-4

      Como podemos obedecer as orientações do texto bíblico inicial? Como cristãos, o que temos feito para livrar o pobre e o necessitado das mãos dos ímpios? A primeira coisa que vem às nossas cabeças com essas palavras é que devemos fazer caridade, e no momento atual que o Brasil vive, com tantos desempregados, ajudar as pessoas com comida, roupa e abrigo, é uma urgência. Até que ponto evangélicos fazem isso? 
      Vemos católicos, espíritas e outros religiosos prestando auxílio material para os pobres e necessitados, mas o evangélico, em uma grande parte, parece que acha mais importante livrar o ser humano do inferno e do diabo, que da fome e da pobreza neste mundo. Assim, muitos acham que ajudam convidando para cultos, para que lá se convertam à sua religião, será que isso basta? Até que ponto isso é o mais importante?
      Livramos os aflitos dos ímpios de várias formas, e novamente digo aos evangélicos, podemos fazer isso fora de templos e não desempenhando necessariamente atividades religiosas. Quando damos bom testemunho em nossas vidas, no emprego, nos estudos, entre os familiares, estamos mostrando na prática um estilo de vida vencedor, e nesse caso não necessariamente por exibirmos prosperidade material.
      Algo que constantemente peço a Deus pelas minhas filhas, é que se tornem boas cidadãs, para serem pessoas honestas, justas, pacíficas, boas profissionais, influências do bem. Isso significa pagarem impostos, não usarem qualquer espécie de serviço ilícito, não lesarem de forma alguma empresas privadas ou públicas. Elas vão enriquecer financeiramente assim? Talvez, mas mostrarão uma vida moralmente correta.
      Alguns evangélicos não têm medo de pregar o evangelho, mas também não têm receio de piratearem internet e TV a cabo, por exemplo. Dar testemunho de justiça e honestidade é iluminar a sociedade, mostrar Deus por obras, não por palavras. Quem vive nessa luz tem o cuidado de Deus neste mundo, para ter uma vida material digna, e no outro mundo, um espírito harmonizado com Deus na melhor eternidade.
      Mas além de ajudar as pessoas materialmente e de praticar uma vida moral correta, uma maneira poderosa de livrar o pobre e necessitado é pela oração. Meus queridos, as pessoas precisam muito de nossas orações, não como rezas frias, ou com fé irracional, mas como reflexo da luz mais alta de Deus em seus espíritos. Muitos até estão bem materialmente, são até bons religiosos, mas possuem existências agoniadas. 
      Para muitos não adianta conversa, argumentos não vão convencê-los, principalmente se forem velhos, assim precisam de uma interferência espiritual poderosa em suas vidas. Para fazermos isso precisamos estar preparados, santos e crentes, e se for a vontade de Deus fazermos um clamor diferenciado, nos sentiremos direcionados para isso. Preparados e direcionados, oremos com pura convicção e com forte emoção. 
      Na oração você pode usar palavras, Deus abençoe, liberte, cure, resgate, mas a intenção emocional e espiritual, mesmo sem palavras, é mais importante que o som das palavras ou frases racionalizadas. Em tua mente conecte Deus à pessoa, visualize a luz de Deus sobre a pessoa, sobre o corpo, a mente, as emoções dela. Isso não é só imaginação, há nisso um forte envio de unção, muitos cristãos não entendem isso. 
      Ainda que tenhamos sincera intenção, se não houver forte vontade nossa oração pouco valor terá, assim, algumas vezes é melhor não orarmos que o fazermos desmotivados, só por obrigação. Orar não é só verbalizar um pedido, como quando solicitamos ao gerente do banco um empréstimo, deve haver profundo e sincero envolvimento mental e sentimental de nossa parte, para estabelecer a conexão espiritual. 
      Sei que muitos evangélicos não veem oração assim, mas não estou dizendo algo fora da Bíblia, quem tem experiência com dons espirituais entende o que digo. Sem unção, ainda que com intenção sincera, tentaremos desempenhar trabalho espiritual com forças humanas, sem unção a oração será cansativa para quem ora e ineficiente para abençoar por quem se ora. Sem unção a oração não livrará o aflito dos ímpios. 

24/07/22

Não sou digno, mas creio

      “E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz. 
      E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou.” 
Mateus 8.5-13

      Um centurião era uma pessoa importante na sociedade do século I, era oficial na hierarquia das forças militares romanas. Ele se importar com um criado paralítico e violentamente atormentado (seria por transtorno mental, possessão demoníaca?) já demonstrava seu caracter diferenciado. Mas ele procurou Jesus e foi aí que demonstrou algo ainda mais importante, fé, e não uma fé qualquer, uma fé inteligente. Jesus, como em outras oportunidades, conhecia o coração do homem, identificou um pedido legítimo e prontamente se dispôs, eu irei e lhe darei saúde. Em outras oportunidades Jesus não foi tão imediato. 
      O centurião, então, demonstrou sua espiritualidade objetiva respondendo, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Em outras palavras, não sou digno, mas creio. Que honestidade maravilhosa, surpreendeu até o Cristo. Ele não se sentia digno, e nós, somos dignos em algum momento de que Deus nos atenda? Nunca. Mas se querem mesmo saber, o centurião era digno, ele tinha as virtudes iniciais que Deus pede de nós, humildade e fé. Ele sabia quem era, assim como sabia quem Jesus era, isso é fé inteligente. Eu sou pecador, mas a ti, Jesus, basta uma palavra. 
      A palavra que Jesus então dá, é reveladora, nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Desculpe-me, mas não posso deixar de me lembrar com essa palavra, do posicionamento que muitos cristãos têm, achando-se mais dignos do céu e condenando outros ao inferno. A exortação do Cristo é muito séria, muitos virão do oriente e do ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus, e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores. Jesus diz que ainda que sejam israelitas fiéis à sua religião, cederão lugar a não israelitas, que talvez nunca tenham ouvido falar da lei de Moisés, isso por causa da fé. 
      Isso tem que nos fazer pensar em algumas coisas. À fé do centurião a resposta foi ainda mais fantástica, Jesus nem precisou estar presente para que o pedido fosse atendido, pois é, um oficial romano, que talvez muitos judeus vissem como inimigo, como opressor, como do diabo, esse recebeu atenção diferenciada de Jesus porque creu. Não penso que pode-se só acreditar sem praticar, quem crê tem comunhão e em comunhão vive-se de maneira agradável para aquele em quem crê. O centurião devia ter uma vida correta, mesmo dentro de sua cultura, de sua religião, de sua profissão. Jesus sabia disso e por isso o abençoou. 
      A principal barreira que a fé ultrapassa é a de não acreditarmos em nós mesmos, por isso nos acharmos indignos de sermos atendidos por Deus. O centurião sabia que era indigno de Jesus, mas sua fé no amor e no poder de Jesus era maior até que a culpa que carregava por ser alguém indigno, e quem se acha indigno se acha porque tem consciência do próprio pecado e do quanto desagrada a Deus. Isso é fé inteligente, que não pede algo enorme achando que basta crer para receber, sem se ater à qualidade moral da própria vida e ao fato de Deus requerer essa qualidade. Fé inteligente sincroniza-se com a relevância das obras. 
      O centurião não admitia, era humilde demais para isso, mas era mais digno que sabia, e é assim mesmo que tem que ser com quem teme a Deus. Esse deve saber que sempre estamos em falta com o Altíssimo, mas não para ficarmos nos culpando e sofrendo em autocomiseração, mas para crermos e dependermos mais ainda de Deus. Fé inteligente faz isso, finca nossos pés firmes no chão da realidade, principalmente da nossa realidade moral, mas posiciona o espírito lá no alto, para conhecer a Deus. Quem assim vive não age como criança mimada que quer tudo e sempre, mas sabe pedir, e quando o faz é prontamente atendido.