08/10/19

Na paciência purificamos nossas intenções

      “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.Samos 40.1

      Se a bênção chegou não foi porque Deus, enfim, respondeu, Deus respondeu no primeiro momento que você orou a ele pedindo a bênção. Mas a bênção se realizou no plano físico, deixou de ser ordem de Deus e virou realidade no mundo material, porque você enfim estava espiritualmente preparado para recebê-la. Quem atrasa não é Deus em dar, mas nós em nos prepararmos para receber. Ainda que achemos, como o próprio salmista diz no texto inicial, que a nossa insistência apressa Deus, ela faz mais do que isso, a nossa insistência aperfeiçoa nossas intenções, nos esclarece sobre o que estamos pedindo, nos faz refletir profundamente sobre para que estamos querendo algo, à medida que nos ensina sobre paciência.
      Deus aguarda o nosso preparo para materializar a bênção, isso para que a bênção seja realmente bênção e não tropeço, porque mesmo bênção na hora errada não é de Deus e não é bênção. A nossa insistência não muda Deus, mas nós mesmos, assim o fato de que é Deus quem espera por nós e não nós por ele, deve nos levar a adorá-lo mais, já que assim entendemos que ele não é só um pai que mima filhos teimosos, mas um pai responsável que recompensa filhos pacientes. O sábio aprenderá a orar certo, de modo que não pedirá o que não está preparado para ter, clamará a Deus no tempo certo, e se receber depressa saberá que aprendeu a obedecer mais do que simplesmente a crer e pedir. 

07/10/19

Modismo, conhecimento e salvação

      “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.Salmos 19.1-3

"Deus é uno, eterno, criador de todo o universo. E semelhante a uma esfera, sem fim e sem começo. Deus governa este mundo por leis eternas e imutáveis. Você, mortal, não faça muitas investigações sobre a essência e a natureza do Ser eterno, nem sobre as leis pelas quais governa. É uma curiosidade tão inútil como criminosa. E suficiente para você contemplar dia e noite a grandeza de suas obras, sua sabedoria, seu poder e sua bondade. Aproveite-se disso."
“A chave dos grandes mistérios“ (Éliphas Lévi, 1859)

      As pessoas são tão preconceituosas hoje em dia que é só um texto começar com a palavra Deus que elas ignoram, já pensam, “é só Bíblia de crente burro”, muitos desses preconceituosos, que até são atraídos pelo esoterismo, que se vestem como bruxos, digerem arte embruxada, amam Harry Potter, nunca se deram ao trabalho de conhecer de fato a “antiga obra”, a “ciência” das ciências. Esses não sabem que um texto como o inical é de um livro de um dos maiores magos de todos os tempos, Éliphas Lévi foi um mestre da Alta Magia e da Cabala, um ocultista que conhecia Deus mais que muito cristão.
      Pouco da luz é melhor e mais eficiente que muito das trevas, assim cristãos com pouco conhecimento podem gozar da salvação que muito mago de alta ordem não vai gozar. Conhecimento por si só não salva, os diabos conhecem Deus e o universo muito bem, e ainda assim estão condenados ao inferno. O preconceito, todavia, existe dos dois lados, não cristãos acham que Deus, Bíblia e Jesus são coisas de gente ignorante e limitada, cristão, por sua vez, vê a Bíblia como um livro fechado de leis atemporais desprezando por completo a ajuda imprescindível do Espírito Santo para entender a Bíblia e viver o evangelho. 
      Muitos não cristãos se surpreenderiam com a sabedoria superior do cânone bíblico e muitos cristãos se surpreenderiam com quanto conhecimento genuíno existe em textos de outras religiões, como nos Vedas indianos. Sim, Jesus é o ponto, o caminho, a verdade e a vida, e creia, os magos, ocultistas, esotéricos e bruxos verdadeiros, mesmo eles, reconhecem isso, sabem disso, ainda que não queiram a salvação exclusiva de Cristo. O sábio, contudo, esteja no lugar que estiver, no nível que estiver provando de luz ou de trevas, esse mantém mente e coração abertos, prontos a aprender, sem preconceitos.  
      Você pensa que só existe picareta no cristianismo? Existe em todas as religiões, e mesmo no satanismo e na magia “branca”, assim como gente que gosta da moda, e não pratica a essência, fala, se veste, participa socialmente, mas só para ficar bem com os homens, não pela experiência espiritual real. Contudo, a multiforme sabedoria de Deus é revelada em toda a sua criação, no dia e na noite, nos “do dia” e nos “da noite”, e de novo repito, isso nada tem a ver com salvação eterna, conhecer não é salvar-se. O melhor seria vivenciarmos Deus em todas as instâncias, na aparência, no conhecimento intelectual e acima de tudo na espiritualidade que salva, o sábio entende isso. 

06/10/19

A paz de Deus

      “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus. Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á.Mateus 10.32-39

      A paz se conquista, através da guerra, uma guerra que se vence. Acha antagônico começar uma reflexão sobre paz falando em guerra? Pois não é, meditemos um pouco sobre isso. Quem fica parado, ou tenta assumir um posicionamento nulo na vida, quem acha que pode não escolher lado, e pensa que o centro é possível, enfim, quem quer isentar-se de lutar, e deseja se colocar na posição de plateia distante, de espectador, na verdade já escolheu um lado. Que lado? Lado nenhum, e lado nenhum também é um lado, e o pior deles, mas não importa, quem não escolhe lado se coloca como inimigo dos dois lados e terá uma derrota dupla, não ganhará os louros com os vitoriosos, nem terá, ainda que como derrotado, a companhia dos perdedores. Isentar-se de lutar não é ser equilibrado, é ser covarde, é ser morno. 
      Em se tratando de paz espiritual, aquela que transcende esse mundo, o corpo físico, a matéria, é imprescindível que nos engajemos numa batalha para conquistar a paz. Não era para ser assim originalmente no plano de Deus, mas o mesmo livre arbítrio que deu ao ser humano uma potência divina, a liberdade, o colocou numa guerra, uma guerra causada pelos próprios seres humanos, depois que eles escolheram comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus sabia disso de antemão, e eu pessoalmente penso que a humanidade nunca teve opção, não por ela mesma, ela estava fadada desde o início a pecar e se afastar de Deus. Isso sempre esteve no plano do Altíssimo, por mistérios que desconhecemos. 
      Assim a guerra começou, e dois posicionamentos se definiram, de um lado os anjos caídos e os demônios mostrando um caminho, e do outro lado, Deus, mostrando sua vontade primeiramente pela velha aliança mosaica e depois pela nova aliança do evangelho de Jesus. Se há guerra é porque existem dois lados que se antagonizam, mas esses dois lados não são Deus e o diabo, ainda que tenham posicionamentos opostos. Deus e o diabo não estão em guerra, nunca estiveram, o Diabo só tem a liberdade, permitida pelo próprio Deus, de agir a sua maneira e de apresentar isso ao homem. A guerra existe no coração do homem, entre fazer a vontade de Deus ou do Diabo, uma guerra que se extende para toda a humanidade, quando os homens se agrupam, por um motivo ou outro, e lutam por seus egoísmos. 
      Se todos os homens escolhessem obedecer a Deus não haveria injustiça, não haveria egoísmos, e portanto, não haveria guerras. Seja em seu coração ou com os semelhantes, o homem é que faz a guerra, e mesmo os que escolhem obedecer a Deus batalham, lutam para não serem egoístas, nem serem injustos, lutam consigo mesmos e com os outros homens. Mas os que obedecem a Deus não lutam para destruir a si mesmos ou aos outros, lutam para deixarem que Deus apareça, mostre sua vontade, seja glorificado acima deles, lutam para que a vontade de Deus seja feita, a luta do cristão ocorre de um jeito inverso. O cristão verdadeiro luta para perder, não para ganhar, ele só ganha quando perde, parece estranho? Mas não é, e isso também não significa que ser cristão é ser bobo ou covarde, sem opinião, nulo, se fosse assim ele não estaria em guerra. 
      Vencer a própria vaidade, a obsessão por prazeres carnais, os vícios, a ira, a vontade de dar a última palavra, de se vingar, de querer fazer justiça com as próprias mãos é a mais dura das batalhas, e só vence quem tem o Espírito Santo no coração e dá liberdade para que ele aja. Mas o resultado é a paz, uma paz que nada no universo pode dar. Entender e praticar o conhecimento de que só se ganha quando se perde em Deus, é um dos maiores segredos do evangelho, é a essência da obra redentora de Jesus. Só quem luta vence a batalha e ganha a paz, que luta? A luta que cada um de nós faz com nós mesmos, com mais ninguém, o Diabo não é nosso inimigo, muito menos os homens. 
     Alguém poderá argumentar, mas Paulo não ensina em Efésios 6.12 que “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”? Sim, mas essa luta maior, que Daniel também teve quando orava por Israel, é um privilégio que poucos podem ter. Há de se ter um certo quilate como servo de Deus para fazer essa batalha. Primeiro temos que vencer a nossa carne e as tentações menores que o Diabo coloca diante de todos os seres humanos, para tentar derrotar nossas vidas pessoais como indivíduos. 
      Lutar contra potestades na obra de Deus, é outro nível de batalha espiritual, poucos estão de fato preparados para isso (e como tem gente despreparada ou sem ordem de Deus querendo fazer grandes batalhas espirituais). Mas paz pessoal é preciso lutar para ganhá-la, acomodado ou indiferente não conquista paz espiritual que Deus quer dar por Jesus. A vida é uma grande batalha pela paz pessoal, pela tranquilidade íntima, que quando é obtida e mantida dá forças para se conquistar outras coisas nesta existência. Um coração em paz é invencível, por isso o mal tenta antes de tudo, e de todos os jeitos, roubar nossa paz. Nessa batalha até nossas famílias poderão se colocar contra nós, mas vence o que perde, quem se posicionar dando testemunho de Deus ainda que perca o apoio dos homens. 

05/10/19

O tempo de Deus

      “Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce.Salmos 90.3-5

      Costumamos dizer, “tudo acontece no tempo de Deus”, ou, “é preciso esperar o tempo de Deus”, mas Deus tem tempo? Se Deus não envelhece nem fica mais novo, então o tempo não altera Deus, não o modifica, ele foi, é e será, e tudo ao mesmo tempo, Deus é atemporal. Quem tem que esperar somos nós, nós sentimos o passar do tempo, temos referências de passado, presente e futuro, mas Deus não, ele existe num eterno presente, Deus é, sempre, sem início e sem fim. 
      O conceito de tempo está relacionado com o pecado, é o pecado que nos dá a ideia e a sensação do passar do tempo. Você já sentiu algo tão forte que dá a impressão que o tempo parou? Seja algo ruim ou bom, mas um instante que parece que não existe mais nada, só o sentimento, transcendendo tudo, é depois, quando a sensação passa, que medimos o tempo e as consequências. Mas ainda que nossa alma e nosso espírito experimentem flashes de eternidade, nosso corpo não para, ele está sempre envelhecendo, e um instante provado por ele não se repetirá jamais. 
      Deus não peca, por isso não tem passado nem futuro, eu penso que mesmo os seres espirituais do mal, anjos e demônios que se rebelaram contra Deus num momento do universo quando esses seres também tiveram livre arbítrio para escolherem obedecer ou não a Deus, penso que esses seres também sentem o passar do tempo, ainda que não tenham corpos físicos. O pecado no tempo cria rancores e nos faz construir realidades sem Deus, é essa realidade que envelhece, tanto homens como diabos e demônios. 
      O Espírito Santo, contudo, enviado para estabelecer o reino de Deus nos corações humanos que voltam para o Senhor através de Jesus, coloca a eternidade atemporal novamente em nossos espíritos. Através do Espírito Santo podemos conhecer Deus e sua referência de tempo, contudo, ainda assim, selados com o Santo Espírito de Deus, muitos insistem em viver o tempo do pecado, não o tempo da restauração messiânica. O tempo do pecado nos escraviza ao que não podemos ter nem ser, pelo menos não no presente.
      O tempo do pecado tenta negar o passado, não aceitá-lo, ou desejar o futuro, obsecar-se por ele, um gera mágoas, o outro, ansiedades, ambos não são o tempo do Espírito Santo. No tempo de Deus esquecemos o mal passado através do perdão de Jesus e nos apossamos das bênçãos futuras, mesmo sem ainda as termos usufruído, mas mais do que isso, no tempo de Deus, passado e futuro não fazem diferença, vivemos um presente em paz. 
      Isso não significa que não procuraremos curar o passado ou buscar um futuro melhor, mas enquanto isso, simplesmente vivemos, em Deus, por Deus, para Deus, o Deus do presente eterno para o qual o tempo não existe. Se entendêssemos, e mais, se vivêssemos o tempo verdadeiro de Deus, adoeceriam menos nossos corpos e almas, e se libertariam mais nossos espíritos, enfim, teríamos uma vida semelhante àquela que Jesus teve encarnado, bem, esse é o objetivo de todo cristão neste mundo. 

04/10/19

A alegria de Deus

      “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol.Eclesiastes 9.7-9

      Os crentes podem ser felizes, mas só os humildes têm alegria. Explicando: pela fé somos felizes, temos perdão, proteção de Deus e a eternidade em paz, contudo, muitos têm uma felicidade teórica e ainda assim não vivenciam a alegria. A alegria é algo mais simples, pode ser até menor, mas ainda que intercalada com a realidade dolorida, pode ser experimentada todos os dias. Como? Em coisas pequenas, corriqueiras e muitas vezes mundanas, e com mundanas me refiro a coisas deste mundo, do plano físico, não coisas ruins ou diabólicas. 
      Alegria existe em aceitar a vida, ser simples nela e ainda assim se achar satisfeito, uma refeição com família e amigos, sentar-se num banco de praça e ver o tempo passar, caminhar sem pressa num parque, olhar a natureza, ler um livro, assistir um filme, ouvir música, viajar. Quem espera demais da vida, se desilude, que quer ser o que não é, se frustra, quem olha demais para si mesmo, se enclausura, quem olha demais para os outros, se perde, quem só olha para a Terra, bate a cabeça e não vê a Lua, quem olha demais paras nuvens fica atordoado e deixa de conhecer as pessoas. 
      A alegria de Deus neste mundo se acha com humildade e o humilde encontra equilíbrio, no equilíbrio ninguém é melhor que ninguém, todos são iguais e Deus é maravilhoso. O equilibrado sabe acordar cedo para trabalhar com o Sol que nasce, mas se guarda por um pouco ao meio-dia do Sol mais forte, sabe diminuir o passo e ainda assim dar seu melhor ao entardecer e pode para e descansar à noite, protegido sobre o chão de Deus, sob o teto do seu trabalho e entre as paredes de filhos e cônjuge. 
      A alegria de Deus prova o ser humano que reconhece sua humanidade, seus tempos, mas que acima de tudo confia em Deus, teme-o e se alegra com ele. Engana-se o que busca espiritualidade exageradamente, como se não tivesse corpo, e pior ainda, que acha que essa é a maior vontade de Deus para sua vida. Deus conhece nossos limites, como bem ensina o livro mais secular da Bíblia, Eclesiastes de Salomão, um livro que se entendêssemos melhor nos equilibraria e nos faria experimentar a alegria de Deus neste mundo. 

03/10/19

A vontade de Deus

      “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Oseias 6.6

      Nos comparamos com os outros tantas vezes, vemos alguém virtuoso, esforçado, trabalhador, assíduo na igreja e brilhante no púlpito e pensamos, “eu queria ser como essa pessoa”. Sim, temos que nos esforçar e muitas vezes estamos fazendo muito menos que poderíamos, mas algumas vezes já estamos fazendo o que precisamos e não sabemos, e ainda assim nos sentimos acusados. 
      Saiba que Deus não está interessado em quantidade, mas em qualidade, não em sacrifícios, mas em obediência, é o que diz o versículo inicial, uma das maiores verdades da Bíblia, que repetirei aqui tantas vezes quanto o Espírito Santo me orientar. Às vezes uma palavra simples e direta que você dá a alguém vale pela dificuldade que você teve de se relacionar com muitas pessoas. 
      Às vezes um gesto discreto e objetivo que você fez para uma pessoa, vale por todo o medo que te distanciou de outras pessoas. Às vezes uma oração que você fez, para alguém que não é de tua família ou de teu círculo de amigos mais próximos, é o clamor que o Senhor precisava ouvir sobre a vida de uma pessoa que não tinha mais ninguém que orasse por ela, que se colocasse diante de Deus por ela em oração. 
      A melhor, maior, mais importante atitude do mundo é a que se faz obedecendo a voz do Espírito Santo, uma atitude que muitos desconhecerão, que muitos nunca saberão e portanto nunca honrarão, mas que obedece a Deus e abençoa a alguém de maneira muito especial. Qual é a vontade de Deus para nossas vidas? Que o obedeçamos, só isso, sua vontade é sempre boa, perfeita e agradável. 

02/10/19

O perdão do Deus

      “Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma. Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.” Salmos 86.3-5

      Nos acostumamos, como cristãos, a pedir perdão a Deus, e sim, Deus nos ouve sempre, mesmo no perdão mais burocrático, digamos assim. Contudo, só entendemos de fato o poder e a necessidade do perdão do Senhor quando nos conscientizamos profundamente, com lágrimas, de um grande erro que cometemos, muitas vezes que machucou intensamente alguém que talvez nem fosse inocente, mas impotente para se defender de nossa atitude. 
      Darei meu testemunho, pessoal, meu arrependimento mais dolorido talvez tenha sido o de ter tratado de um jeito errado alguém que me machucou muito e injustamente. Mas se tal pessoa foi meu agressor, talvez o maior que já tive, por que me arrependi de agredi-lo, eu que fui vítima? Porque hoje sei que tal pessoa não podia ter sido melhor, ela recebeu muito mais agressão que eu, mas eu poderia ter sido melhor com ela, ter sido misericordioso. 
      Mas quem tem forças pra se melhor quando é agredido, principalmente por certas pessoas? Assim, o que me resta agora é me arrepender, diante de Deus, e pedir do Senhor o perdão, ainda que com lágrimas, ainda que diante do homem, um perdão tardio. Para Deus, enquanto vivemos neste mundo, há perdão, e o perdão do Senhor nos cura e nos dá a paz que precisamos para seguir vivos espiritualmente. O perdão do Senhor nos lava a alma, nos encontra e nos conduz, sem ele não há vida. 

01/10/19

O amor do Deus

      “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.12-13

      Ah o amor de Deus, o infinito amor de Deus, que se manifesta em Jesus, sim, em Jesus, e por mais ninguém. Um amor que não se entedia, não se cansa, não desiste, porque não está preso à matéria nem à carne, e elas são coisas distintas, apesar de estarem intrinsecamente ligadas em nós homens a partir do pecado original. Nós somos materiais e também carnais, o Diabo é espiritual e ainda assim é carnal, Deus e os seres espirituais que não se rebelaram são espirituais e não são carnais. 
      O amor de Deus é tão especial porque nasce do lugar mais puro, mais santo, mais espiritual do universo, o coração de Deus, o nosso amor é imperfeito e fraco porque tenta, insistentemente, permanecer num local inapropriado para ele, o nosso coração, e não há nada mais volúvel que nosso coração. Contudo, ainda assim, temos a tendência de comparar nossa experiência de amor com o amor de Deus, nossa experiência tão carnal, e que confundimos com paixão e sexo, portanto, achando que amor é prazer quando é justamente o oposto. 
      Como Jesus mostrou o maior amor do mundo? Sofrendo, sendo injustiçado, sendo desprezado, e morrendo um morte terrível na cruz, isso revela a essência do genuíno amor, devíamos aprender com isso, mas não aprendemos. Assim deveria ser em nossas vidas, quando declaramos à esposa que a amamos devia ser porque nos comprometemos a sofrer por ela, a abrir mão de egoísmos e preguiças para a servirmos com carinho, dando a ela o nosso melhor. 
      Sempre abro parênteses quando falo em sofrer por amor para que ninguém entenda errado, sofrer é bênção quando sofremos com justiça, no caso de casamento, numa relação saudável, equilibrada e nunca doentia que leva muitos a se sacrificarem desmensuradamente por alguém que só quer se aproveitar desse alguém, sem dar nada em troca, fecho parênteses. Mesmo Jesus sofreu sem limites, mas em troca salvou a humanidade, e todos os que aceitam isso o adoram por tal obra redentora tão exclusiva.
      Mas o amor de Deus é diferente do nosso, e como dependemos dele, todos os dias, até o fim de nossa existência aqui e mais, pois na eternidade por Jesus só haverá um amor inefável no qual viveremos, nos moveremos, conheceremos assim como somos conhecidos. Temos muita dificuldade para entender esse amor, e acho que neste mundo não o entenderemos totalmente, ainda que à medida que envelhecemos e amadurecemos entendamos um pouco mais. 
      Como não entendemos o amor de Deus, não entendemos a disciplina de um pai de amor, ainda mais mimados que somos nessas últimas gerações, assim não entendemos a necessidade da dor, do sofrimento, das privações para amadurecermos, não entendemos que deveres precedem aos direitos. Deus, contudo, segue conosco em amor, olhando o Cristo sobre nós que aceitamos como único salvador, e nessa experiência achamos cura, perdão, paz. Louvado seja o Senhor por seu tão grande amor! 

30/09/19

A grande pergunta

      “E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no.Mateus 4.18-20

            Se você ainda não foi respondido pode ser porque não tenha feito ainda a pergunta certa. Quando a pergunta certa é feita o que tem a resposta encontra o questionador. Não é o aluno que busca o mestre, mas o mestre que busca o aluno. Jesus achou e chamou seus apóstolos, não o contrário. Alguns, todavia, continuarão no engano porque buscam mentiras, são abraçados por elas e nelas acham respostas, ainda que falsas. Mas quando a pergunta certa for feita, a melhor delas, um conhecimento superior nos achará. 
      Sabe qual a resposta para essa pergunta? Nenhuma, não no plano atual que existimos, assim ao que fez a grande pergunta convém contentar-se só em tê-la feito, não em ter achado a resposta. Contudo, a maior das perguntas não busca respostas, respostas amarram e encerram, o que quer o maior dos conhecimentos busca justamente o oposto, a liberdade e o infinito. A grande resposta é Deus altíssimo e quando o achamos não queremos entender pois não precisamos, só queremos viver, nele e por ele, a vida plena. 
      Vocês acham que Pedro e André estavam simplesmente cuidando de suas vidas e quando Jesus os chamou eles obedeceram assim, do nada? Não, eles já deviam estar vivendo existências questionadoras há muito tempo, não deviam estar aceitando as religiões tradicionais, a espiritualidade convencional que os sacerdotes de suas religiões ensinavam, já deviam estar sendo confrontados por suas vidas ineficientes para vencerem a carne e serem de fato espirituais. Pedro e André desejavam uma religião verdadeira e de fato divina. 
      Pedro e André já avaliavam teoria e prática e estavam insatisfeitos com a hipocrisia, o chamado de Jesus só respondeu aqueles que já tinham feito a pergunta certa, a grande pergunta sobre a vida e Deus. Assim, esse primeiro encontro foi só final de uma fase, e o início de uma outra, onde desfrutariam da companhia, do ensino, do carinho e da espiritualidade do único e verdadeiro Deus encarnado, Jesus. Não podemos responder as perguntas mais importantes da existência, mas devemos buscá-las, com todo o coração, quando fizermos isso Jesus nos achará. 

29/09/19

Granada desarmada

       “O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida. Acena com os olhos, fala com os pés e faz sinais com os dedos. Há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal; anda semeando contendas. Por isso a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura.Provérbios 6.12-15

     Muitas pessoas vivem como que com uma granada desarmada, sem o pino, segurada na mão. Basta um deslize, um cochilo, e os dedos se abrem e a granada explode. Essa é uma metáfora, mas do quê? De alguns males, alguns problemas, que as pessoas não resolvem e insistem em continuar vivendo com eles, vou citar alguns, mentiras, vícios e negação de perdão. Reflitamos nessas três verdadeiras granadas desarmadas que um dia explodirão e matarão os que as levam, antes que a qualquer outra pessoa. 
      Muita gente é simplesmente viciada na mentira, constrói uma vida, relações afetivas, profissionais e até ministeriais, baseadas na mentira. Muitas vezes nem é a mentira usada para roubar, mas para poupar os outros de uma verdade que a pessoa acaba achando que é muito ruim para ser revelada, que se isso acontecer algo será perdido de maneira irremediável. Quando a mentira é usada assim, um problema inicial se transforma em dois, principalmente se for entre um casal, entre marido e mulher. 
      Ao problema que alguém queria esconder para não machucar o outro, adiciona-se o sentimento do outro se sentir enganado, não digno de confiança para encarar a verdade. Por pior que seja a verdade, compartilhe-a, principalmente com esposa ou esposo, senão no final, quando a granada explodir, e ela sempre explode, além de ter que resolver o problema que estava sendo escondido com a mentira, terá um cônjuge magoado por ter sido enganado, então, aquele ou aquela que poderia ajudar, poderá se distanciar, aí sim, de maneira irreconciliável.
      Vício não é ter um costume ruim de maneira obsessiva e descontrolada, mas é simplesmente ter um costume de maneira obsessiva e descontrolada, sim, estar preso a algo mesmo que a princípio seja algo saudável, também é um vício. Vício é tudo que nos controla sem que tenhamos controle sobre ele, em outras palavras, é tudo que toma um lugar que só Deus pode ter em nossas vidas, e eu disse Deus, não a religião ou busca de qualquer espécie de espiritualidade. Assim religião e busca se espiritualidade também podem se tornar vícios. 
      Seres humanos são seres intrinsecamente viciáveis, todos nós, é o lado ruim de sermos adaptáveis, o que a princípio pode nos causar náuseas, depois se torna objeto de prazer, ainda que nos leve a uma morte mais rápida. Mas vícios morais e mesmo espirituais, ainda que não prejudiquem o corpo, também nos afastam de Deus, criam ídolos e nos tornam seus servos e adoradores. Não adianta inventarmos desculpas, ou tentarmos esconder dos outros, dizendo a nós mesmos que não é algo tão sério assim, que não prejudica ninguém. Um dia essa granada explode, o Espírito Santo se afasta, as pessoas se afastam, e ficamos sozinhos, nós e nossos deuses, nós e nossos vícios. O vício é ciumento e não nos divide com mais ninguém. 
      Se você se diz cristão, convertido, e alguém pede a você perdão, ainda mais se esse alguém também for cristão, conceda-o, imediatamente. Dizer que perdoa mas precisa de um tempo para pensar, principalmente se for algo não tão grave assim, é demoníaco. Contudo, negar perdão, de maneira geral, é uma bomba relógio que explodirá em algum momento nas mãos de quem nega o perdão. Se alguém pede perdão, é porque já se arrependeu, assumiu o erro e portanto está limpo e desculpado, assim se negamos perdão a esse, a culpa volta para nós, não somos mais vítimas, mas agressores. 
      Ainda que num contato direto demos um perdão pela fé, é importante que depois, sozinhos, em oração, verbalizemos esse perdão com todo o sentimento e pensamento, a melhor maneira de sacramentar um perdão é orar abençoando o que nos feriu e nos pediu perdão. Mas orar pelos que nos perseguem, abençoando-os, é benção para quem ora mesmo se os tais perseguidores não tiverem se assumido como tais e solicitado perdão. Repito, não neguemos perdão, senão o mal do outro passa para nós à medida que abrigamos e mantemos mágoa em nossos corações. 

28/09/19

Pelo que você chora?

      “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” 
Romanos 8.26

      “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” 
Efésios 4.30

      “Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 
I Coríntios 6.18-20
 
      “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.”
Gálatas 4.6

      Pelo que choramos, o que nos leva aos prantos de tanto nos machucar? Nada? Alguns nem choram mais, secaram-se as lágrimas, não têm forças mais para subirem do coração e desaguarem nos olhos. Muitos, por terem sido machucados demais, outros por terem machucado muito, alguns por terem sido tão reprimidos com violência e desrespeito aprenderam a segurar o choro desde crianças. Muitas pessoas, contudo, parecem chorar por tudo, mas quem chora por tudo não chora por nada, pois nada é tão importante que merece lágrimas especiais, pra essas o choro tornou-se algo vulgar, para o qual os outros nem ligam mais. O certo é que a maioria de nós chora quando se sente vítima, é vítima dos outros, contudo, o maduro olha para si mesmo, nesse aspecto, e reconhece que o maior agressor é ele mesmo, contra os outros? Sim, mas bastante contra si mesmo. 
      Um choro que agrada a Deus, que nos faz crescer é aquele que experimentamos quando reconhecemos nossos próprios erros, quando nos frustramos com a nossa repetição de pecados, que machucam os outros, nos machucam e ferem o Espírito Santo de Deus que nos habita. Como esse choro é impor, como pode mudar nossas vidas para melhor, sentirmos com todo o coração o quanto somos maus, injustos, invejosos, rancorosos, o quanto somos agressores. Foi dito que sempre que um cristão erra de forma mais contundente ele crucifica Cristo novamente, pois ele volta para uma posição do início de sua conversão, nega a aliança que fez com Deus logo que nasceu novamente, volta atrás com o pacto de arrependimento e deixar o erro. Mas somos assim, todos nós, e Deus é amoroso e fiel com sua promessa, que em Jesus sempre acharíamos perdão e paz. 
      Se você nunca fez isso, ou se fez há muito tempo, na próxima vez que orar e se entristecer com o mal que os outros fazem a você, pense no mal que você faz aos outros (e a si mesmo e ao Espírito Santo), mas pense com profundidade, sinta com todo o coração. Pare, respire fundo e clame por mudanças, não se acostume com seus erros, mude de ideia, volte ao primeiro amor, se fizer isso, com lágrimas, deixará de só ter que confessar todos os dias o mesmos pecado, mas será liberto dele, de uma vez por todas, enquanto vigiar e se colocar no centro da vontade de Deus para sua vida. Se achar que não sabe chorar, saiba que o Espírito Santo sabe, e isso é uma benção libertadora que os que priorizam um cristianismo só intelectual (como se isso fosse possível), que negam os dons espirituais para os dias atuais, os protestantes tradicionais, para ser bem claro, perdem. 
      Emocionalismo demais também não é certo, princípio quando simula espiritualidade ou é só manifestação imatura, mas se buscarmos a Deus com todo o coração seu Espírito nos conduzirá a um quebrantamento verdadeiro, profundo e de fato transformador. Muitos se emocionam com tantos coisas, mas nunca choram pelo mal que eles mesmos fazem, só rápidos para serem vítimas, mas lentos para se assumirem como agressores. Muitos riem enquanto o Espírito Santo chora, e muitos se alegram mesmo em cultos e períodos de música de louvor, enquanto deveriam chorar por si mesmos. Muitos se acostumaram com a prostituição, principalmente essa moderna, virtual, na frente de uma tela de celular ou computador, em segredo, que suja a alma do mesmos jeito é que machuca o Espírito do Senhor. É tempo de choro, e do choro melhor, antes que o mundo entre em seu tempo pior e derradeiro e o arrebatamento ocorra. 

27/09/19

A vida é longa - Precisamos uns dos outros

       “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedoresMateus 6.12

     A vida é longa, assim mudar de opinião se faz necessário, principalmente sobre posicionamentos contra ou de distanciamento que tantas vezes tomamos diante de alguém ou de uma situação que nos magoa. Não temos direito, como seres humanos imperfeitos e injustos, de condenar ninguém para sempre à impossibilidade de se relacionar conosco, a não ser quando todas as medidas foram tomadas e não houve, ainda assim, um entendimento. 
      As pessoas mudam e se são cristãs, convertidas, mudam para melhor, mesmo que demore algum tempo. A presença do Espírito Santo, quando ele de fato está presente nos corações, leva os seres humanos à humildade, a desejarem paz com todos, mas como foi dito, quando ele de fato está presente e é ouvido, já que alguns endurecem tanto o coração que acabam eternizando doenças que teriam cura caso eles ouvissem a voz do Espírito Santo. 
       Mas alguém, que já nasceu de novo de verdade pode resistir à voz de Deus? Eu creio que não, os que parecem resistir para sempre podem nunca de fato terem nascido de novo, ainda que frequentem igrejas e se portem externamente como evangélicos. Nós que conhecemos de fato a misericórdia de Deus, sejamos misericordiosos, o que recebemos de Deus, demos aos homens, e com certeza o perdão que Deus nos deu é muito maior que o que precisamos dar a qualquer um. 
      A vida é longa, mudemos de opinião, permitamos que os outros também mudem, e tenhamos sempre as portas de nossos corações abertas para que uma aliança de amizade exista, ou renasça, se um dia acabou por algum motivo. A vida é longa e precisamos uns dos outros, ninguém se basta, alguém para o qual estejamos talvez fechando uma porta, pode ser justamente a pessoa que Deus quer usar para nos trazer o milagre que tanto estejamos buscando. 

26/09/19

O que você fez hoje?

      Você já se arrependeu hoje?
      Já pediu perdão hoje?
      Já perdoou hoje?
      Há quanto tempo você não muda de opinião?
      Há quando tempo não aprende algo novo?
      Há quanto tempo não se emociona, não se encanta, não se apaixona? 
      Há quanto tempo não faz uma auto-análise?
      Ou só vê os defeitos dos outros?
      Você já orou hoje?
      Já agradeceu a Deus por estar vivo?
      Leu a Bíblia hoje? 
      Você pensou em tua igreja hoje?
      Intercedeu por ela hoje?
      Intercedeu pela família do teu pastor hoje?
      Você clamou por tua família hoje?
      Você amou teu esposo, tua esposa, teus filhos em teu coração?
      Você disse hoje ao teu companheiro ou companheira que ele ou ela é especial pra você?
      Você elogiou alguém hoje?
      Você pensou sobre a volta de Jesus hoje?
      Está preparado para o arrebatamento hoje?
      Está preparado para a morte hoje?
      Está preparado para o pior hoje?
      Está preparado para o melhor hoje?
      O que você fez hoje?
      
      Ou só levantou-se da cama entediado, pensando nas dívidas que tem pra pagar, reclamando do chefe, do salário, do cônjuge, esquecendo-se dos filhos, da igreja, criticando, se defendendo, se justificando, longe de Deus, calando o Espírito Santo, menosprezando o poder do perdão que há em Cristo e se esquecendo de sua chamada espiritual que te predestinou para fazer diferente, ser diferente, melhor, um servo, um filho, um amigo de Deus, todos os dias? 

25/09/19

Não repreenda o insensato

      “Deixai os insensatos e vivei; e andai pelo caminho do entendimento. O que repreende o escarnecedor, toma afronta para si; e o que censura o ímpio recebe a sua mancha. Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.” Provérbios 9.6-9

      Muitas vezes temos a impressão, já que é o mais óbvio, que o certo não precisa de correção, e sim o errado, e isso está correto. Porém, o texto inicial aprofunda-nos nesse ensino, ele diz que devemos corrigir o sábio, naturalmente caso esse esteja errado em algum caminho, e não o escarnecedor. Escarnecer é zombar, zombar é não levar algo a sério, é rir menosprezando algo importante e que deveria ser observado com cuidado, com respeito, não com indiferença. O que despreza um ensinamento de Deus, é insensato, ainda que tente diminuir seu erro “matando o mensageiro”, tirando a legitimidade da mensagem à medida que tira do mensageiro o mérito, esse não será tido como inocente por Deus, e na hora certa terá seu juízo, de algum jeito.
      Na hora certa e por Deus, esse é o ponto, assim é sábio que não percamos tempo com zombador, com escarnecedor, com insensato, repreendê-lo só nos trará inconveniências, nos colocará em indisposição com alguém que pode nos causar problemas, e problemas desnecessários, já que nos colocamos como juízes sobre alguém que não nos foi dada autoridade para nos pormos como tais. Por outro lado, ensinemos o justo, peçamos orientação de Deus para saber quando, onde e a quem ensinar, dessa forma seremos eficazes em fazer a vontade de Deus, acharemos alunos de fato prontos para aprender e depois de tudo isso, faremos amigos, não inimigos. 
      O sábio, ainda que erre, que teime um pouco para escolher o melhor caminho, que precise como todos, depois de escolhas erradas e de dor, aprender a sabedoria, é um justo do Senhor, ele aceitará a exortação e crescerá. O sábio não matará o mensageiro, mas ficará amigo do professor, então não saíamos, muitas vezes de maneira até psicótica, querendo consertar o mundo, nos achando, como cristãos, que podemos e devemos repreender todo mundo. Simplesmente fazer o bem não é totalmente bom, obedecer a Deus é, pois Deus sabe a quem fazer, onde e quando, quanto aos insensatos, deixemos que sigam, não são problemas nossos, sejamos educados com eles, e não ganhemos inimigos desnecessários, mais do que aqueles que normalmente já se colocam assim contra nós.

24/09/19

Quatro verdades: todas por Deus

      "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus." Efésios 2.8

      Outro versículo poderoso, profundo e abrangente da Bíblia, revelado pelo apóstolo-teólogo Paulo, numa simples frase quatro verdades são ensinadas, salvação necessária ao homem, que vem da graça de Deus, adquirida pela fé, e fé que não é humana, mas dom espiritual de Deus.

- Salvação: temos a liberdade para aceitá-la ou não, todavia, não optar por ela implica em separação de Deus; Deus abençoa a todos neste mundo, mas bênçãos espirituais eternas só recebemos pela salvação; o homem precisa ser salvo, isso não é, como muitos dizem, só questão de administrar culpa com psicoterapia, pecado só o sangue de Jesus lava e só limpos estaremos na eternidade com Deus.

- Graça: Deus dá salvação, mais ninguém dá, e só por meio de Jesus Cristo, uma salvação que não nos custa nada; nesta vida materialista como temos dificuldade para entender a graça de Deus, ou queremos pagar preços, ou roubamos, para ter algo que é dos outros, não nosso; Deus dá sem cobrar nenhum preço, algo que ninguém teria condições de pagar, louvado seja o Senhor por isso!

- : a graça de Deus é acessada pela fé, não por sabermos ou sentirmos algo, mas por acreditarmos que podemos falar com Deus e sermos salvos; salvação pela fé foi algo que mudou essencialmente a visão de salvação por obras que o judeu tinha pela velha aliança, por isso tantos textos bíblicos para ensinar a respeito; o conceito da fé é algo que a humanidade teve que esperar milênios para entender.

- Dom: fé é mais que uma convicção emocional e racional humana, ela começa assim, uma iniciativa do homem é necessária, mas isso é só o primeiro passo, os outros passos é Deus quem dá; a fé que salva não pode ser construída pelo homem, por maior que sejam seus esforços e sinceridade, é presente que só Deus pode dar; entender isso é a chave que abre a porta de nossa filiação com o pai.

23/09/19

O Senhor nos recolhe

      “Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá.” Salmos 27.10

      Neste mundo não precisamos de pai, de mãe, de esposa, esposo, de filhos, enfim, de uma família para sermos felizes, ou pelo menos, para sermos menos infelizes, nós precisamos de Deus, isso basta. Não, não entenda errado, família é uma bênção, façamos tudo que está ao nosso alcance para termos e mantermos uma família, país e irmãos e muito mais a nossa própria família, cônjuge e filhos.
      Se você tem um família, louve a Deus por isso, contudo, você, que de alguma forma é sozinho, que não se encaixa nesse padrão social idealizado, que não conhece ou não se relaciona com pai ou mãe, por um motivo ou outro, que é solteiro ou solteira, mesmo já em idade adulta, ou que mesmo casado não pôde ter filhos, não se desespere, busque a Deus, de uma maneira especial, e somente através de Jesus. 
     Deus nos basta para sermos felizes, neste mundo de injustiças e maldades, e sob o livre arbítrio que o próprio Deus dá à humanidade. A vida não é filme, não tem um final feliz ideal, e ninguém é igual a ninguém. Mas o amor de Deus é o mesmo para todos, e ele, mesmo que todos nos decepcionem e nos abandonem, nos guarda, nos abraça, nos recolhe, nós e Deus já somos uma família feliz. 

22/09/19

Sede santos porque eu sou santo

      Santidade, pelo censo comum é o maior objetivo do cristão, ser santo é o objetivo maior do que segue o evangelho, por quê? Porque é a principal característica de Deus, sua identidade moral, e sendo assim os que dizem segui-lo também buscam ser santos. “Sede santos porque eu sou santo”, está no antigo testamento, Levítico 20.7, e no novo, I Pedro 1.16, filhos devem ser parecidos com o pai. Deus em Cristo, e só por meio dele é possível, nos chama à santidade, não nos enganemos, o cristão genuíno pode viver muito, lutar muito, sofrer muito, se desapontar muito, mas nunca perde seu objetivo maior, ser santo. 
      Não são só os cristãos que buscam santidade, as religiões orientais também buscam, monges hindus passam longos períodos em jejuns e consagrações, e mesmo espíritas e iniciados em magia usam práticas de “separação”, de santificação, para se prepararem para experiências mais íntimas com aquilo que pra eles representa o divino. O significado da palavra santo é separado, separado do comum, do mundo, dos prazeres carnais, dos vícios, dos demônios, da idolatria, santidade para o judeu da velha aliança implicava em obedecer varias regras, no corpo, na alma, no espírito.

      Contudo, podemos correr o risco de achar que santidade em si, nos dá créditos para obter favores de Deus, isso pode nos levar a buscar uma santidade por nós mesmos, e não como uma iniciativa de Deus pelo seu Espírito Santo em nós. Privar-se de coisas, sacrificar o corpo, submeter-se a tarefas duras ou repetitivas, promessas, podem ser só tolas tentativas carnais de se obter santidade, isso não santifica ninguém de verdade, pelo menos não confere uma santificação que de fato agrada a Deus. 
      “Misericórdia quero e não sacrifícios”, esse ensino está também tanto no antigo testamento, Oseias 6.6, quando no novo, Mateus 12.7, e revela a essência da vontade do Senhor para as nossas vidas. Com o tempo os judeus se tornaram meros legalistas e tiveram no farisaísmo o capítulo final de uma aliança envelhecida e que não era mais eficiente para levar o homem para Deus, contudo, evangélicos, se afastarem-se da liberdade do Espírito Santo podem também acabar num inútil legalismo, regras que regulam as aparências, mas que não transformam o coração. 

      Uma das bandeiras que o mundo mais usa (ou pelo menos usava) contra os evangélicos é que ser crente era simplesmente obedecer um grupo de regras, todas negativos de alguma coisa, como por exemplo, “não fumar”, “não beber”, “não falar palavrão”, “não usar roupa indecente”, “não frequentar certos ambientes” etc. Isso até tem uma base bíblica, os mandamentos mosaicos, mas também é interpretação equivocada de quem não teme a Deus e odeia o cristianismo, assim como culpa de cristãos que muitas vezes por serem superficiais acabam achando que ser santo é só dizer não a uma série de coisas. 
      Como já refletimos tantas vezes aqui no “Como o ar que respiro”, um dos maiores erros que cometemos na religião é querer aparentarmos para os outros algo que não somos e que nem precisamos ser, mas que porque se tornou uma tradição religiosa, um dogma, nos achamos na obrigação de seguir. Por quê? Porque isso nos dá a sensação se pertencimento a alguma coisa, nos dá o apoio de um grupo, nos confere identidade social e consequentemente nos faz ser honrados por pares. É preciso coragem e de fato colocar Deus acima de tudo para vencer essa carência social e vício religioso. 

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.28-30), repetirei esse texto muitas vezes, um dos meus prediletos na Bíblia, uma verdade fundamental e profunda, remédio para muitas enfermidades emocionais, físicas e espirituais do homem. Se alguém quer agradar a Deus de verdade, a Deus, não aos homens, pode parar de tentar carregar fardo pesado, jugo injusto, porque isso é que é tentar agradar a homens com leis. Sejamos mansos e humildes, só assim teremos a santidade que tanto agrada ao Senhor. 
      Não desista de ser santo? Isso nem é preciso dizer, não para um convertido verdadeiro, um novo nascido de fato pelo nome de Jesus, esse nem o mundo, nem o tempo, nem o diabo, nem ele mesmo, nada poderá fazê-lo desistir de limpar suas vestes espirituais, de mantê-las alvas à espera do arrebatamento ou de um encontro pela morte com seu santíssimo Deus. Contudo, não se prenda a homens, tradições, religiões ou igrejas, ainda que faça parte de um grupo cristão e seja benção no meio dele. O fardo de Jesus é leve e seu jugo sempre suave, essa santidade é possível, agradável a Deus e libertadora para todos nós. 

21/09/19

Que a família seja empoderada

      É só ligar a TV para ver a realidade, criminalidade, tráfico, crianças nascendo sem estrutura familiar que geram mais viciados que buscam na criminalidade um jeito fácil de ter e usufruir sem que precisem pagar o preço honesto para isso, o que torna o tráfico um negócio mais e mais lucrativo. Isso entrega a sociedade de bandeja para a ideologia anti-cristianismo que apesar de pregar que as escolas e o ensino devem ser melhores e que o indivíduo deve ser empoderado, só quer destruir a família e tirar dela a autoridade moral para criar crianças e jovens. 
      Sim, é claro que a sociedade merece um sistema educacional, principalmente público e gratuito, melhor, assim como a classe de professores precisa de salários mais dignos e de formação e reclagem constante. Mas a família deve ter prioridade sempre, e a tal mídia e outras organizações (ONGs ou não) nunca expressam de fato uma preocupação real com a família. Por quê? Porque o que está por trás dessa bandeira de melhor educação, infelizmente, não é um melhoramento da vida das famílias, mas é tirar das famílias seus direitos, destruindo-as. 
      A tal “esquerda”, que atualmente mudou de discursos, já não é só a pregação marxista de um sistema político comunista como solução para as desigualdades, ela se modernizou, contudo, ainda tem um dos fundamentos vermelhos como base, a destruição da família, filhos traindo os próprios pais pelo bem maior de uma ordem que vai muito além dos estados nacionais. A esquerda abraçou a democracia e o capitalismo, manda nos jornais, nas redes de televisão, na internet, na ONU, e isso não é teoria de conspiração, acredite.

      Eu preciso dizer duas coisas, como cristão que sou, para que esta reflexão não seja mal entendida: em primeiro lugar não penso que no mundo só o cristianismo deve ser usado para construir famílias, as pessoas têm o direito de escolher ter religião, seja qual for, ou mesmo não ter, esse é o livre arbítrio que Deus dá a todo ser humano. A segunda coisa é que por mais que muitos cristãos não aceitem, algo que já falei outras vezes aqui e que sei que me arrisco a perder leitores sempre que reafirmo, é que família não é só um homem e uma mulher como pais mais filhos deles nascidos naturalmente.
      Todavia, precisamos entender que a agenda anti-cristianismo não quer só tolerância com homoafetivos, liberdade para que o conceito familiar seja mais abrangente, apesar dela pregar isso, se fosse isso não seria tão ruim (ou em minha opinião não seria ruim de nenhum jeito). A agenda quer a liberação de todo o tipo de promiscuidade e degeneração sexual, e era isso o que ocorria em Sodoma e Gomorra, e por isso Deus destruiu essas cidades, não pela homoafetividade em si. Como existe extremismos dos dois lados, o cristianismo tradicional condenando todo tipo de manifestação homoafetiva como pecado, e o anti-cristianismo aprovando todo tipo de manifestação, as igrejas perdem e o mundo ganha.
      Enquanto isso, o verdadeiro homoafetivo que nasceu assim e não fez opção só para usufruir qualquer tipo de prazer carnal diferente do seu natural, sofre e muitas vezes só é acolhido por degenerados e doentes, esses sim podem ser mudados pelo evangelho, não os homoafetivos reais. Reafirmando, existe diferença entre homoafetivos verdadeiros e promíscuos que usam práticas homossexuais só por prazer egoísta. A igreja perde a oportunidade de amar, salvar e viver o evangelho, e o diabo ganha adeptos que se consideram sinceramente mais espirituais, mais tolerantes que os cristãos. 

      Cristãos convencionais aceitem isso de uma vez por todas e não fiquem só dizendo que é o fim do mundo e resultado da vitória do pecado e do diabo sobre a humanidade, relacionamentos homoafetivos vieram para ficar, tanto quanto veio a liberação da mulher começando nos direitos civis pelo voto no final do século XIX, e depois na profissão no século XX que deu às mulheres direito para estudar e trabalhar em tantas áreas e lugares quanto os homens. Isso sem falar na extinção de sistemas de escravos que mesmo a Bíblia nunca falou nada contra. 
      O mundo não acabou quando a sociedade começou a criminalizar escravaturas, o pecado e o diabo não dominaram quando a mulher se liberou, e o tecido social não entrará em caos com o casamento de pessoas do mesmo sexo. Aceitem isso! Contudo, cabe aos cristãos buscarem no vivo Espírito Santo de Deus entenderem o que o Senhor pensa de tudo isso, acima do que dizem as tradições religiosas humanas. Acima de tudo cabe aos cristãos empoderarem, para usar um termo da moda, a família. Seja ela qual for? Sim! 
      Por quê? Porque uma aliança familiar duradoura, seja ela qual for, é uma arma contra a promiscuidade, contra a prostituição, e entrega a bebês, crianças e adolescentes um núcleo completo e estável para que cresçam como seres humanos melhores. Isso a escola nunca poderá dar, mesmo que seja a melhor escola do mundo, com a melhor pedagogia, com os professores melhores preparados e remunerados. Seres humanos bem formados não acharão na criminalidade maneiras mais fáceis de serem algo e terem coisas, se isso ocorrer o tráfico perderá mercado e poder. Empoderar a família, só essa prioridade salvará nossa sociedade do caos. 

20/09/19

Buscai-me e vivei

      “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.” Amos 5.4
      “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” Isaías 40.8

      Busquemos a Deus e vivamos, recebamos dele a palavra, sua palavra é vida e dura para sempre. Sempre que buscamos a Deus com todo o coração e no Espírito Santo, Deus fala conosco, aquele que constrói uma vida de comunhão amiga com o Senhor sabe disso. Por maior que seja a dor, a dificuldade, o erro cometido, e ainda que entre os homens e neste mundo tudo isso tenha consequências duras e difíceis, que teremos que enfrentar de qualquer jeito, ainda assim podemos receber do Senhor uma palavra simples e poderosa. Essa revelação é manifestada em nossa mente, quando oramos, ou mesmo pela boca de outras pessoas, e ela é fantasticamente milagrosa, nos dá paz de imediato, nos dá forças para enfrentar a luta com esperança.
      A palavra do Senhor pode ser achada na Bíblia, e muitas vezes Deus pode usar meios, pessoas, mesmo não dentro de uma igreja ou de um cristão, para nos dar uma palavra que mudará o nosso coração, mas o jeito oficial, digamos assim, do Senhor nos falar é na oração. Não, não precisa ser depois de horas clamando, se tivermos intimidade com Deus e dermos liberdade ao seu Espírito em nossos sentimentos e pensamentos, discerniremos a palavra poderosa de Deus mudando nossa vida. Quando a palavra é de Deus ela é boa e simples, não é algo complicado, e acima de tudo ela se cumpre e permanece para sempre. Creia, seja qual for tua luta, Deus tem uma palavra de vida para te dar que te dará forças para seguir, só busque-o. 

19/09/19

Sejamos nós instrumentos de justiça

      “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartosMateus 5.6

       O universo é justo, a vida é cega, Deus é misericordioso, mas o homem é injusto. Explico: o universo, para todos os homens, cristãos ou não, filhos ou meras criaturas de Deus, de qualquer raça ou classe social, respeita no plano físico, nesta existência material, a lei da causa e efeito, ou em outras palavras, colhe-se o que se planta. Isso, se não a curto prazo, mas no momento certo, se constata, e quem tiver olhos espirituais verá. A vida é cega, não diferencia ninguém, ainda que alguns pareçam ter condições materiais, financeiras, melhores, todos sofrem, todos se sentem insatisfeitos.
      Deus é misericordioso com aqueles que o buscam em Jesus, isso significa que ele nos os trata conforme suas obras, mas pela fé que depositam em Cristo, contudo, essa misericórdia se realiza principalmente (para não ser extremo e dizer somente) nas bênçãos espirituais, na paz pelo perdão, que cura a alma e que dá salvação na eternidade. O homem, todavia, é injusto, todos eles, desde o menor socialmente até o mais poderoso, isso faz com que uma grande maioria sofra faltas, crueldades, desprezo, uma injustiça que protege alguns e que maltrata muitos outros. 
      O versículo inicial, contudo, como toda a parte do sermão das bem-aventuranças da qual ele faz parte, é como óleo na barba do homem de Deus, como água fresca e pura num deserto, como a sombra boa de uma figueira ao meio-dia, consola-nos e cura-nos, nos dá toda a esperança necessária para seguirmos com ânimo. Fome e sede de justiça, termos mais que apropriados, porque é assim mesmo que nos sentimos diante da injustiça, famintos e sedentos de uma ação superior que nos faça justiça. Não é errado ter esse forte desejo, essa necessidade, o que não podemos é querer e fazer justiça com as próprias mãos, isso é vingança e a maior e verdadeira vingança não pertence ao homem, mas sempre a Deus. 
      Todo injustiçado consciente que esperou em Deus, assim como os inconscientes mas inocentes, e existem muitos inocentes no mundo que sofrem sem merecer e sem que ninguém faça nada para ajudá-los (como crianças e seres humanos mal nutridos e flagelados em países em guerra dentre outros), todos esses serão fartos, é promessa de Jesus e eu creio. Assim, quem acha poder fazer e acontecer, onde, quando e o que quer, pensando que nunca será punido, descoberto ou cobrado, a esse o evangelho diz, seu momento vai chegar. Quanto aos injustiçados, esperem em Deus, não percam as esperanças, e nós, que temos alguma potência, sejamos instrumentos de justiça, pois a justiça de Deus neste mundo de homens se faz, em primeiro lugar, com e através de homens senão justos, justificados em Cristo. 

18/09/19

Apesar de nós, Deus nos usa

      “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.II Coríntios 12.9-10

      Deus não nos usa sem problemas, sem defeitos, sem fraquezas. Sim, Deus só pode nos usar sem pecados, mas ainda assim, é apesar de nossos problemas, apesar de nossos defeitos, apesar de nossas fraquezas, que ele nos usa, mesmo com todos os nossos limites. Isso não é para que assumamos uma posição irresponsável de quem acha que Deus deve nos usar, nos honrar, mesmo que não sejamos perfeitos, e assim nos acomodarmos com o pecado. 
      Isso, contudo, é para termos a humildade de aceitar que só somos alguma coisa, só temos alguma honra, por Deus, por causa de seu amor, de sua misericórdia, e que mesmo depois de provar essa graça temos, ainda mais, a obrigação de continuarmos seguindo lutando com todas as nossas forças em Deus para vermos nossos problemas resolvidos, nossos defeitos superados, nossas fraquezas vencidas e nossos pecados perdoados.
      Quem corre maior risco de se esquecer disso são pregadores e pastores, que Deus usa porque precisa usar, porque são seus canais oficiais, digamos assim, de alimento espiritual para o povo, e que por isso experimentam uma presença mais constante da palavra ungida que abençoa as ovelhas. Esses podem com o tempo ou achar que são especiais, melhores que os outros, ou que nunca perderão o privilégio de receber palavras divinas porque elas precisam ser entregues aos homens. 
      A esses, cuidado, sim, Deus trata de maneira diferenciada aqueles que ele separa e que têm posições mais visíveis, que são aqueles que os homens procuram em primeiro lugar para enxergar um bom testemunho como cristão. Esses pregadores pagam um alto preço para cumprirem suas missões, de resignação e sacrifícios. Contudo, como a bênção é grande também será grande a cobrança, e quando a disciplina vem, se for necessária, grande será a vergonha de quem se esquece que só é alguma coisa por causa de Deus. 

17/09/19

O que é orar?

      “Eu e o Pai somos um.João 10.30

      Falar com Deus?
      Pedir coisas ao Senhor?
      Agradecer ao Pai pelas coisas recebidas?
      Orar é colocar-se em sintonia com o Altíssimo.
      Sintonizados podemos viver sincronizados com Deus.
      O versículo inicial parece pequeno demais e não tão adequado para o tema oração?
      Pois não é, aliás as maiores e mais profundas verdades são declaradas assim, em poucas palavras. 

        Radiotransmissão, pensemos em seu funcionamento, tem-se um emissor que transmite áudio numa frequência de onda e receptores que conseguem sintonizar a frequência específica do emissor e receberem o áudio transmitido. Existem muitos emissores, e se não se fizer a recepção da sintonia desejada se receberá o áudio indevido, quem procura ouvir uma rádio gospel, por exemplo, se sintonizar o rádio de maneira errada, pegará uma rádio funk, ou mesmo a rádio gospel, mas com qualidade ruim, cheia de ruídos. Bem, essa é uma metáfora muito boa para entendermos a oração.
       Estarmos sintonizados com Deus é algo que deveríamos estar o tempo todo, não só nos momentos de oração, mas vamos entender melhor o que é essa sintonia. Para se colocar nessa posição espiritual é preciso santidade, confessar e deixar pecados apropriando-se do perdão exclusivo de Cristo. Sintonizar-se é se colocar verdadeiramente como humilde, deixando em primeiro lugar que Deus e depois os outros apareçam antes que nós, é morrer, é abrir mão, é calar a alma antes que declarar longos discursos. Sintonizar-se com Deus é deixar nosso lado espiritual ter prioridade sobre a carne, sobre nosso ego vaidoso. 
       Mas tanto a santidade quanto a humildade têm que ser verbalizadas com convicção na presença de Deus, assim nos sintonizarmos com Deus é algo ativo, voluntário, sincero e corajoso. Enquanto outras religiões e práticas buscam meditação como algo passivo, se deixando levar por “forças espirituais desconhecidas”, uma comunhão mais íntima com Deus implica numa experiência ativa de trabalho e esforço, querendo, buscando e chegando na presença única do único Deus, e de mais ninguém. É claro que só isso não basta, a nossa vontade, por mais sincera que seja, só bate na porta, é Deus quem vê nossa intenção e abre a porta para que possamos entrar. 
      A sintonia de Deus existe numa frequência espiritual altíssima (e por favor entendam que estou usando esse termo de física acústica como uma simbologia), uma frequência acima de nós mesmos, dos nossos medos e problemas, dos homens, dos demônios, dos diabos, dos anjos, só o convertido tem direito a essa sintonia, somente o Espírito pode nos colocar nessa frequência. Nessa posição todo o nosso ser é libertado, corpo, alma, espírito, tudo em nós é posto numa rocha superior, que nos cura, nos enche de paz e de fé. Nessa posição a fé genuína é efeito, não causa, porque todo o processo é de Deus, não do homem, é importante reconhecer isso com convicção. Isso entroniza Deus em nosso homem interior. 
      A magia, o esoterismo, principalmente as religiões orientais (também a Cabala, a ioga ocidental do judeus) entendem esse princípio que o cristianismo não foca ainda que pratique (se focasse poderia dar mais importância à ferramenta que ao objetivo dela, à oração e não a Deus). Contudo, usando esse princípio sem Jesus, magos e místicos conseguem no máximo comunicação, sincronia, com os seres espirituais do mal. Ioga e outras práticas de meditação, que parecem ser só relaxamento para o corpo e o mente, são iniciadores de sintonia com o mundo espiritual, não nos enganemos com elas, o objetivo delas é o diabo, não Deus.
      Sintonizados com Deus podemos conhecer sua vontade e nos colocarmos em sincronia com ela, estarmos harmonizados com Deus. Sincronização é vibrar na mesma frequência, isso nos permite falar o que Deus quer que falemos, andar onde Deus quer que andemos, pensar e sentir o que Deus quer que pensemos e sentimos. Nessa sincronização os milagres acontecem naturalmente, viver se torna um milagre, nada mais é extraordinário mas ordinário, Jesus encarnado vivia sintonizado em Deus e plenamente sincronizado com a vontade do pai. 
      Sincronizados com Deus sabemos o que pedir porque o Espírito Santo nos mostra o que pedir e pedindo certo nós recebemos, assim orar não é mais só pedir qualquer coisa a Deus para trocar com fé e outros créditos acumulados. Orar é saber de Deus o que ele quer nos dar, e isso não se compra ou se merece, só se recebe e se agradece. Sintonizados com Deus se agradece mais que se pede, o Senhor é glorificado, não nossa fé, numa experiência constante de sincronização espiritual com o Altíssimo, numa perfeita harmonia com o pai. 

      “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.João 10.27-30

16/09/19

Ao anjo da igreja em Filadélfia

      “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome. Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra. Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.Apocalipse 3.8-11

      A carta ao anjo da igreja em Filadélfia que está no livro Apocalipse de João o evangelista, é um dos meus textos bíblicos favoritos, parece escrita direta e especificamente para mim. A identidade dessa igreja é bem definida, ela tem pouca força mas é paciente e fiel, isso significa que ela não fez grandes obras em sua existência, não foi famosa entre os homens, mas ainda assim fez tudo o que pôde para obedecer a Deus. Ainda que uma igreja menos famosa, ela foi perseguida, os tais da “sinagoga de Satanás”, e isso identifica homens não “do mundo”, mas religiosos, de igrejas, que arrogam terem alguma autoridade espiritual, mas não têm, esses de alguma forma humilharam a igreja da cidade de Filadélfia.
      Assim, ainda que com pouca força a igreja cumpriu seu propósito e confrontou os maus, foi usada por Deus, pagando o preço do desprezo dos maus, por isso Deus disse que vingaria a causa da igreja, por isso Deus disse que aqueles que desprezaram servos seus obedientes seriam disciplinados por ele. O mais maravilhoso da honra do Senhor é que apesar de acharmos muitas vezes que ela está atrasada, ela vem no tempo certo, quando mais precisamos dela, no caso da igreja de Filadélfia, num momento terrível e derradeiro que afligiria o mundo. 
      O conselho final de Deus é simples, “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”, em outras palavras, não façamos mais, nem menos, apenas o que podemos e que Deus nos manda, e às vezes é até necessário parar de fazer e esperar, esse bom senso livra-nos na pior hora. O que é de fato o “anjo”, a “igreja”, “Filadélfia”, os estudiosos levantam varias interpretações. O anjo pode ser um anjo mesmo, pode ser o pastor, o líder da igreja. Já a igreja pode ser uma igreja da cidade de Filadélfia da época em que João escreveu Apocalipse, pode ser uma fase da história da humanidade (interpretando as sete igrejas como sete momentos da humanidade) e pode ser também algo mais subjetivo, pessoas, de todas as épocas, diferentes, com chamadas diferentes de Deus, com maturidades espirituais distintas. 
      Enfim, eu penso que é tudo isso ao mesmo tempo e mais, assim eu posso me ver como sendo a igreja de Filadélfia e tomar as orientações que Deus dá a ela para mim, essa interpretação é uma das bênçãos da Bíblia, tomar um texto bíblico como orientações pessoais, indiferente do contexto histórico ou profético. Lendo a Bíblia com os olhos do Espírito Santo recebemos todo o alimento que precisamos de uma coletânea de livros que ainda que escritos por muitos que só conheciam o tempo em que viviam, que não tinham, em muitos casos, nenhuma pretensão profética (ainda que não seja o caso de Apocalipse, o texto mais profético de todos), podem falar a homens e mulheres de todos os tempos. A Bíblia foi, é e sempre será o livro mais importante de todos.

15/09/19

Ignoto Deo

      “E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição.
      E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos, pois, saber o que vem a ser isto (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade). E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: 
      Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: “Ao Deus desconhecido”. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” 
Atos 17.16-25

      Em meio a tanta idolatria de Atenas, pois os gregos e romanos tinham deuses para tudo, tanto adoravam figuras míticas (deuses puros), como semi-deuses (filhos e filhas de deuses com humanos), como homens, líderes políticos também podiam ter estátuas construídas para serem adorados, em meio a esse panteão Paulo viu um altar erigido a um “deus desconhecido”. No receio de terem se esquecido de oferecer veneração a algum poder, construíram um altar genérico, digamos assim, para que uma deidade possivelmente desconhecida também fosse honrada, para o “incognoscível”.
      Deus desconhecido (“Ignoto Deo” em latim, ou “Agnostos Theos”, do grego Ἄγνωστος Θεός), Paulo em sua inteligência verdadeiramente ungida reconheceu no desconhecido o verdadeiro Deus, o Deus que ele e todos nós podemos conhecer através de Jesus Cristo. Contudo, pergunto, que Deus servimos e adoramos atualmente, será que nós conhecemos de fato o Deus verdadeiro e único? Muitos crentes se levantarão dizendo, “nós não adoramos ídolos, mas o Deus verdadeiro”, muitos arrogando serem melhores que os cristãos católicos, outros também até se achando mais puros que os pentecostais, por serem protestantes racionais e conhecedores da melhor doutrina bíblica.
      Deus existe, é superior a tudo e a todos, é eterno, antes e depois de todas as coisas, mas o homem é limitado, principalmente para conhecer Deus, assim o ser humano se relaciona e adora Deus de acordo com ideias e emoções que ele tem do que seja Deus. Deus é um ancião de barbas e cabelos brancos? Bem, essa era a ideia que muitos faziam de alguém masculino, antigo e sábio em algum momento da história, mas se Deus é eterno ele não envelhece, por outro lado não se prende à sexualidade humana. Uma idealização melhor é a de um ser humano maduro, mas não envelhecido, e ao mesmo tempo nem homem, nem mulher, ainda que tenha a virilidade masculina e a sensibilidade feminina, e isso usando referências ainda estereotipadas e preconceituosas (fora de moda atualmente).
      Por isso Jesus é tão especial, mais que um profeta ou criador de religião, fisicamente Cristo quando no auge de seu ministério messiânico, se pensarmos bem, é o que mais se aproxima de um Deus antropomorfizado, um homem de trinta e poucos anos, física, emocional, intelectual e sexualmente equilibrado, sadio, liberto de qualquer espécie de vícios. Não só se aproxima, Jesus é Deus. Essa visão de Deus é eterna, Deus era assim quando criou a Terra e o homem, quando se relacionou com Abraão, com Moisés ou com Davi, e continuou sendo assim para João o evangelista quando lhe entregou as revelações de Apocalipse, depois de morrer encarnado e ressuscitar. 
      Contudo, encarnados, Abraão, Moisés, Davi ou João, como eu e você, não tiveram acesso total ao mundo espiritual, suas experiências com Deus foram interpretadas por suas mentes e sentimentos humanos. Mesmo tendo ajuda do consolador e professor Espírito Santo, que dá ao homem um acesso exclusivo ao Deus verdadeiro, através da salvação do nome de Jesus, vemos o Deus que conseguimos ver, com as formas e qualidades, mesmo que superiores, humanas. Na verdade, para a grande maioria das pessoas, na prática Deus é só um homem com super poderes, que faz o impossível para os seres humanos. 
      De alguma maneira temos a tendência de criar ídolos, mesmo que com as características do Deus da Bíblia (ainda que só em nossas cabeças sem nunca ser construído em imagens de gesso, madeira ou outro material), e se não tivermos cuidado acharemos que esses ídolos são de fato Deus. Por que isso? Porque é mais fácil, é uma zona de conforto, e isso ocorre sempre que achamos que as coisas estão boas como estão, quando nos acomodamos em cima do muro e nos satisfazemos em sermos mornos, nem quentes, nem frios. Por isso importa muito que cada um de nós tenha experiências pessoais com Deus, não “comprando” simplesmente as ideias sobre Deus que outros compartilham nos púlpitos, temos que provar com o próprio coração o Deus desconhecido, sim, desconhecido. 
      O Deus verdadeiro sempre será desconhecido, ainda que pela sua misericórdia ele deixe-se ser conhecido por nós o suficiente para que sejamos salvos. Isso é ruim? Não, é maravilhoso, somos desafiados pelo divino misterioso, é a natureza humana, e Deus nos conduz numa desafiadora aventura de conhece-lo, mais e mais a cada dia. Mas isso é para aqueles que seguem de fato a Jesus, que ouvem o Espírito Santo, não religiões ou líderes religiosos, num caminho muitas vezes solitário e mal entendido pelos homens. O que dá sentido à vida é justamente isso, já que tudo na vida pode passar ou se findar, as paixões, os prazeres, as alianças humanas, mas conhecer a Deus nunca acaba e sempre enche o nosso coração de esperança e satisfação.

14/09/19

Dogma - discuta o indiscutível

      “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” João 15.12-16


dogma [substantivo masculino]

1. Teologia - ponto fundamental de uma doutrina religiosa, apresentado como certo e indiscutível. "d. da santíssima trindade"

2. Por extensão - qualquer doutrina (filosófica, política etc.) de caráter indiscutível.


      Sou uma pessoa por princípio anti-dogma, e isso não tem a ver com religião, com minha religião, com o cristianismo, esses, aliás, grosso modo são bem apegados a dogmas. Por quê? Simples, não creio que nada seja indiscutível, que, principalmente em se tratando do cristianismo, tudo tem que ser aceitado como correto e pronto. Não, eu creio num Deus verdadeiro que revela verdades inexoráveis, contudo, e esse é o motivo porque eu não aceito nada como dogma, o ser humano não entende as coisas assim facilmente. Sim, com o universo espiritual nos relacionamos pela fé, isso é imprescindível, isso é o início, mas o conhecimento continua e é aí que Deus chama amigos para uma conversa mais íntima. Os amigos desejam um aprofundamento no conhecimento do divino e podem, muitas coisas, saberem mais que os que simplesmente aceitam coisas como dogmas. 

      Quando pomos certas coisas como discutíveis não duvidamos de Deus, mas dos homens, e principalmente de nós mesmos, que temos uma tendência preguiçosa ao dogma, a aceitar as coisas sem discutir só porque é mais fácil. Não é a verdade de Deus que é discutível, mas aquilo que o ser humano entende, pelo menos a princípio, como sendo a verdade de Deus. Mas podem argumentar, principalmente no meio católico regido por dogmas, que aquilo que é definido como dogma já foi muito discutido, pensado, refletido, para que se chegasse à conclusão que é um dogma, e isso por gente muita mais entendida de Bíblia, cristianismo e teologia que os leigos. Sim, e por isso mesmo que ainda assim algo não deve ser aceito como dogma e deve ser discutido, não com homens, mas entre nós e o Espírito Santo. 

      Muitos não estão preparados para o assunto levantado nesta reflexão, na verdade poucos, ainda que na prática muitos não sigam radicalmente dogmas. Não seguem mas acham que eles são verdades indiscutíveis e se remoem em remorsos por não poderem praticá-los. Quem estabelece dogmas o faz com intenções ruins, isso é fato, o dogma não é um abrigo, uma proteção, mas uma cela, uma prisão, os carcereiros são os líderes que estabeleceram os dogmas, e deixando bem claro, isso nada tem a ver com a pessoa de Deus. Discutir um dogma, repito, não é discutir com Deus, mas com aquilo que homens disseram sobre religião e Deus, é assumir que nenhum homem, por maior que seja sua posição hierárquica numa igreja ou conhecimento teológico, é dono da verdade, ainda que seja um dogma estabelecido há séculos.

      Se você é novo convertido converse com seu pastor a respeito, peça dele orientação, compartilhe tuas dúvidas e confie em sua liderança. Estou sendo antagônico em relação ao que estou refletindo aqui? Não, mas até que alguém cresça no evangelho a ponto de andar com as próprias pernas e comer carne e não mais só beber leite (espiritual), deve-se confiar no líder. Se o líder estiver conduzindo de alguma maneira o neófilo equivocadamente, a responsabilidade será do líder, não minha ou de qualquer um que ensine, seja em púlpitos físicos ou virtuais, algo que leve alguém a se perder. Longe de mim confundir um dos pequeninos que se aproximam de Jesus buscando vida, perdão e cura. Contudo, se você já tem um tempo de caminhada com o Senhor considere este texto discuntindo-o tanto quanto esse mesmo texto diz que  todos os dogmas devem ser discutidos.


      Não encontro texto mais claro relacionado a esta reflexão, que nos oriente a discutir dogmas com Deus, que o de João 15 (texto inicial), na verdade discutir dogmas era o que Jesus fazia com os apóstolos, os homens mais próximos de Cristo, seus amigos mais íntimos. Se com as multidões e muitos discípulos Jesus encarnado falava através de parábolas, de simbologias (Mateus 13.10-17), com os amigos Cristo falava às claras, decifrava as profecias, e duvidava dos dogmas dos religiosos judeus da época. Duvidava porque muitos princípios ensinados como verdades absolutas eram superficiais ou apenas legalismos externos para manipular os leigos e empoderar líderes. Dogma é coisa de homem, assim nunca terá a eficiência ou profundidade de um genuíno ensinamento de Deus. Seguem alguns exemplos sobre a superficialidade e o legalismo dos dogmas.

      Superficiais: adultério, por exemplo, que para a lei era o ato em si, para o evangelho não era só ter relacionamento sexual com alguém que tivesse aliança de casamento com outra pessoa, ou ter esse relacionamento tendo aliança com outra pessoa, o simples fato de se desejar e consumar o ato no coração, na mente, já é adultério. Eu disse consumar porque muitas vezes não podemos escapar do primeiro pensamento, mas podemos fugir do segundo que na insistência consuma o ato ainda que seja só em pensamentos e sentimentos (Mateus 5.28). Legalismos: a lei dizia que não se devia trabalhar aos sábados, contudo, para o evangelho isso não poderia ser motivo para não se ajudar um necessitado nesse dia. O amor é superior à lei, é o sábado para o homem, não o contrário (Marcos 2.27).

      A mentira, que é o maior argumento de quem cria e mantém dogmas, é dizer que sem dogmas as pessoas podem se perder, se desviar da doutrina. Quem tem o Espírito Santo nunca se perde, se a igreja católica baseou sua religião em dogmas foi ou porque tinham medo, os líderes, que o Espírito Santo mostrasse às pessoas que sua religião, essa sim, tinha se desviado da verdade de Deus, ou porque muitos de seus seguidores, desviados porque na verdade nunca tinham se convertido, precisavam de algo para obedecer que não a verdade única de Deus, verdade que só é revelada aos verdadeiros convertidos que possuem o Espírito Santo. As pessoas não precisam de dogmas, elas precisam do Espírito Santo, Deus é Espírito e onde há o Espírito há liberdade (II Coríntios 3.17), e o Espírito nunca usa a liberdade para a liberalidade na carne, mas para conhecer mais e mais a Deus.

      Mas não se escusem os evangélicos alegando que dogma é exclusividade de católicos, não é mesmo, aliás a tendência natural da heresia é aproximar as religiões protestantes e evangélicas (e muito mais as pentecostais) do catolicismo, criando essas seus dogmas com as mesmas finalidades dos líderes católicos em séculos de existência oficial. Dogma é ferramenta de poder, é arma, repito, para prender, não para libertar. Mas será que a grande maioria das pessoas está preparada para a liberdade, será que ela quer liberdade? A triste verdade é que não, não está preparada, não quer e nem se interessa em saber o que é. A grande maioria quer ser criada em gaiola, ainda que de ouro, onde a liberdade é restrita mas se tem uma ideia consoladora de abrigo e fazer parte de um grupo. A maioria das pessoas nunca conhece liberdade espiritual em vida, passa a existência trocando de gaiola e ainda que se deixe a gaiola com a porta aberta não voará para fora. 


      Sobre os dogmas se constróem superstições, presos não veem a verdade, fantasiam mentiras, superstições são efeitos dos dogmas. Sobre as superstições se constróem os ídolos, ídolos são as sombras das formas, não representam os reais conteúdos, são só farsas, são as causas que se buscam para as mentiras. Sobre os ídolos se constróem novos dogmas, as novas causas têm novos efeitos, que na verdade não têm nada de novo, a cobra engole seu próprio rabo para se mostrar ardilosamente maior do que é, infinita, mas é menor, como toda mentira, tem um fim em si mesma, enganar e manipular. Muitos religiosos, católicos, evangélicos, outros, não fazem ideia do quanto são controlados pela “cobra que engole o próprio rabo”, pelo “diabo”, pelo mal, ainda que digam só desejarem o bem. O mal não é a negação do bem, mas a negação de Deus, mas só entende isso quem busca a Deus, não os homens, não as religiões, não os dogmas. 

      O ser humano é algo especial, na Terra, no universo, em seu corpo físico, em sua alma, em seu espírito, mas só ele tem o poder de libertar a si mesmo, de querer e conhecer Deus, seu único criador que pode também se tornar seu pai, caso ele escolha isso. O mais profundo do homem busca na verdade a Deus, nada mais pode satisfazê-lo, mas para isso o ser humano tem que se desvencilhar das ilusões. Todo prazer passageiro, que precisa ser realiamentado com frequência, é ilusão, seja material, emocional, intelectual ou espiritual. Ilusão é vicio, não é prazer, pois é o exagero que nunca satisfaz, o verdadeiro prazer é único e eficiente, para sempre. Para crescer tem-se que ultrapassar a dor, ser livre não é vivenciar um prazer ilimitado do sim, mas superar a dor do não e poder escolher, antes de ser escolhido, por ninguém a não ser pelo Deus verdadeiro. 

      A dor da solidão é a maior das dores, ninguém está isento dela, por isso o dogma é tão sedutor, dá a sensação de pertencimento, de sermos protegidos por algo maior que outros escolheram por nós, mas isso é só um vício, uma cela. É preciso estar só para se querer, procurar, descobrir e manter-se na presença de Deus, onde não há dogma, ainda que resida a mais alta das santidades, a mais clara das luzes, a mais prazerosa das liberdades, o único lugar onde nos sentimos plenamente e eternamente realizados. Quem está na presença de Deus dá frutos e frutos que permanecem, se dizemos ser religiosos fiéis mas nossa realidade de vida não está funcionando, estamos vivendo uma mentira, nos enganando. Dogmas não libertam, não dão frutos, só matam e escravizam, se alguém lucra com isso são os outros, que nos dogmatizam, não nós. 

      Textos bíblicos interpretados pelo Espírito Santo são perfeitos e o final do texto inicial nos dá o critério para avaliarmos nossas vidas e sabermos se estamos seguindo a Deus ou só tentando, ainda que inutilmente, obedecer dogmas, “não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”, até vou desconsiderar o final do versículo, “a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda”, não por não ser verdade, de forma alguma, mas por ser usado erroneamente por muitos atualmente que querem obedecer só para receber algo em troca (veja na reflexão da última 5ª feira a respeito). Dogmas não funcionam, só alimentam superstições e ídolos, levarão nossas vidas para uma sala pequena, escura e fechada. Busquemos a Deus e sejamos livres para dizer não ao pecado, aos homens, às religiões e seus dogmas.