domingo, setembro 29, 2019

Granada desarmada

       “O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida. Acena com os olhos, fala com os pés e faz sinais com os dedos. Há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal; anda semeando contendas. Por isso a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura.Provérbios 6.12-15

     Muitas pessoas vivem como que com uma granada desarmada, sem o pino, segurada na mão. Basta um deslize, um cochilo, e os dedos se abrem e a granada explode. Essa é uma metáfora, mas do quê? De alguns males, alguns problemas, que as pessoas não resolvem e insistem em continuar vivendo com eles, vou citar alguns, mentiras, vícios e negação de perdão. Reflitamos nessas três verdadeiras granadas desarmadas que um dia explodirão e matarão os que as levam, antes que a qualquer outra pessoa. 
      Muita gente é simplesmente viciada na mentira, constrói uma vida, relações afetivas, profissionais e até ministeriais, baseadas na mentira. Muitas vezes nem é a mentira usada para roubar, mas para poupar os outros de uma verdade que a pessoa acaba achando que é muito ruim para ser revelada, que se isso acontecer algo será perdido de maneira irremediável. Quando a mentira é usada assim, um problema inicial se transforma em dois, principalmente se for entre um casal, entre marido e mulher. 
      Ao problema que alguém queria esconder para não machucar o outro, adiciona-se o sentimento do outro se sentir enganado, não digno de confiança para encarar a verdade. Por pior que seja a verdade, compartilhe-a, principalmente com esposa ou esposo, senão no final, quando a granada explodir, e ela sempre explode, além de ter que resolver o problema que estava sendo escondido com a mentira, terá um cônjuge magoado por ter sido enganado, então, aquele ou aquela que poderia ajudar, poderá se distanciar, aí sim, de maneira irreconciliável.
      Vício não é ter um costume ruim de maneira obsessiva e descontrolada, mas é simplesmente ter um costume de maneira obsessiva e descontrolada, sim, estar preso a algo mesmo que a princípio seja algo saudável, também é um vício. Vício é tudo que nos controla sem que tenhamos controle sobre ele, em outras palavras, é tudo que toma um lugar que só Deus pode ter em nossas vidas, e eu disse Deus, não a religião ou busca de qualquer espécie de espiritualidade. Assim religião e busca se espiritualidade também podem se tornar vícios. 
      Seres humanos são seres intrinsecamente viciáveis, todos nós, é o lado ruim de sermos adaptáveis, o que a princípio pode nos causar náuseas, depois se torna objeto de prazer, ainda que nos leve a uma morte mais rápida. Mas vícios morais e mesmo espirituais, ainda que não prejudiquem o corpo, também nos afastam de Deus, criam ídolos e nos tornam seus servos e adoradores. Não adianta inventarmos desculpas, ou tentarmos esconder dos outros, dizendo a nós mesmos que não é algo tão sério assim, que não prejudica ninguém. Um dia essa granada explode, o Espírito Santo se afasta, as pessoas se afastam, e ficamos sozinhos, nós e nossos deuses, nós e nossos vícios. O vício é ciumento e não nos divide com mais ninguém. 
      Se você se diz cristão, convertido, e alguém pede a você perdão, ainda mais se esse alguém também for cristão, conceda-o, imediatamente. Dizer que perdoa mas precisa de um tempo para pensar, principalmente se for algo não tão grave assim, é demoníaco. Contudo, negar perdão, de maneira geral, é uma bomba relógio que explodirá em algum momento nas mãos de quem nega o perdão. Se alguém pede perdão, é porque já se arrependeu, assumiu o erro e portanto está limpo e desculpado, assim se negamos perdão a esse, a culpa volta para nós, não somos mais vítimas, mas agressores. 
      Ainda que num contato direto demos um perdão pela fé, é importante que depois, sozinhos, em oração, verbalizemos esse perdão com todo o sentimento e pensamento, a melhor maneira de sacramentar um perdão é orar abençoando o que nos feriu e nos pediu perdão. Mas orar pelos que nos perseguem, abençoando-os, é benção para quem ora mesmo se os tais perseguidores não tiverem se assumido como tais e solicitado perdão. Repito, não neguemos perdão, senão o mal do outro passa para nós à medida que abrigamos e mantemos mágoa em nossos corações. 

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