I. Introdução
ORAI
PELOS QUE VOS PERSEGUEM, esse é o tema da reflexão de hoje, vamos começar lendo
Mateus 5.38-42:
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente
por dente. Eu, porém, vos digo: Não
resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita,
oferece-lhe também a outra; e ao que quiser levar-te ao tribunal, e tirar-te a
túnica, deixa que leve também a capa; e, se alguém te obrigar a caminhar mil
passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem
te pedir emprestado.”
Como
introdução ao nosso estudo, chamo a atenção no texto lido para a frase “não resistais ao homem mau”,
identificando que a orientação de Cristo foi para uma situação de conflito,
onde um lado pelo menos se porta como inimigo do outro lado.
Começo
dizendo que esse estudo não tem a visão maniqueísta de identificar os
confrontos humanos, sejam os grandes ou os pequenos, simplesmente como embates
entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Em se tratando de conflitos
sociais corriqueiros, que é o do nosso assunto, isso geralmente não existe. O
que ocorre é que ambos os lados estão errados, principalmente quando ambos acham
que estão certos, já que se estivessem realmente certos, não haveria conflito. Então
entenda-se o conceito de inimigo e vítima como algo relativo, cada lado de um
conflito se sentirá vítima, e terá a tendência de ver o outro como inimigo.
Mas
seja como for, a palavra de Deus nos orienta que não devemos resistir ao mal,
essa resistência só acontece porque achamos que estamos certos, de alguma
maneira. Não resistir é abrir mão dessa certeza, deixar-se ser lesado, entregar
aquilo que nos é pedido, mesmo que achemos que é de maneira injusta. Por quê?
Porque é a única forma de nos livrar do conflito, já que se ambos os lados
insistirem, um em tomar e o outro em não querer entregar, o conflito não
terminará nunca.
Agora
leiamos o restante do texto, Mateus 5.43-48:
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está no céu; porque ele
faz nascer o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos.
Pois, se amardes quem vos ama, que recompensa tereis? Os
publicanos também não fazem o mesmo? E, se cumprimentardes somente os vossos
compatriotas, que fazeis de especial? Os gentios também não fazem o mesmo? Sede,
pois, perfeitos, assim como perfeito é o vosso Pai celestial.”
(Veja
o mistério desse texto: Deus faz nascer o sol sobre maus e bons, significa que
quando você vê alguém como inimigo pode estar impedindo tua própria bênção, já
que aquele que você vê como mal pode estar sendo abençoado por Deus, e
consequentemente, pode ser usado para abençoar você, Deus é sempre imparcial).
Essa
segunda parte do texto responde à primeira: se aquele que se deixou lesar achar
que perdeu algo, Jesus diz que não, ele ganhou, não algo humano ou material,
mas espiritual. Isso não somente equilibra o confronto, mas honra aquele que
agiu de forma espiritual. Como ele ganha? Orando e amando. O estudo a seguir é exatamente
sobre isso.
Antes de começar, entretanto, preciso dizer algo. Tenho aprendido
uma coisa sobre compartilhar a palavra de Deus, só conseguimos tocar as pessoas
com o que falamos, se tivermos sido tocados antes. Por isso, não devemos pregar
para impressionar, para convencer, ou para emocionar, mas pregar impressionados,
convencidos e emocionados. Se agirmos assim, a palavra terá coerência, terá
verdade, e o Espírito Santo fará a sua parte, nos outros, pois já fez em nós,
pregadores, antes.
Portanto, por mais que um pregador, principalmente se ele for um
pastor, um líder, precise de alguma proteção de privacidade, para ser
respeitado, ele não poderá ficar tão distante das pessoas, da realidade, de si
mesmo. O pregador perfeito é aquele que sabe compartilhar suas imperfeições com
sinceridade e com equilíbrio, agindo assim as pessoas terão empatia com ele, e
ele terá cumplicidade com elas, numa abertura onde as lições aprendidas poderão
ser compartilhadas e vividas.
(Eu não vejo o apóstolo Paulo se protegendo, ele sempre escancara
o coração, confessa mesmo que fez a obra na fraqueza, confira isso em I
Coríntios 2.1-5. Isso sem falar do rei Davi, se mantivesse uma postura de
profissional de púlpito, que muitos mantém nos dias de hoje, não teria escrito os
Salmos, alguns dos textos mais terapêuticos das sagradas escrituras, leia Salmo
51 e tire suas próprias conclusões).
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II. A percepção do mal
Deus
dá sentidos e inteligência aos homens, a todos eles, isso é indiferente da
cultura, da formação intelectual, do temperamento, da personalidade, ou de
qualquer outra variável do corpo, da mente ou da alma humana. Sendo de Deus, cada
pessoa tem que trabalhar de maneira positiva com aquilo que recebeu. O assunto
principal desse estudo não são os dons espirituais, aqueles recebidos na
conversão, que são manifestação sobrenatural do Espírito Santo nos homens. O
assunto aqui é sensibilidades, aptidões, entendimentos humanos, recebidos no
nascimento ou adquiridos durante a vida, e como administrá-los.
Com
esses sentidos e competências nós analisamos a vida, um ser humano normal e saudável,
que interage com a realidade, com os outros seres humanos, que é produtivo,
trabalha, se casa, estuda, vive em sociedade, sabe observar e chegar a
conclusões originais sobre tudo. Contudo, e isso é inegável e bem humano, nós,
por causa da natureza espiritual original pecaminosa, criticamos mais que
elogiamos, achamos defeitos, mais que qualidades. Muitos desses defeitos que
achamos, principalmente nos outros, são verdadeiros, já que o homem sem Deus
tem mais defeitos que qualidades, isso é fato.
O
que fazemos quando vemos um defeito nos outros? Alguns veem mais defeitos que
os outros, e alguns veem defeitos mesmo que não existem, nesse caso são apenas
invenções de nossas naturezas caídas, que sempre tentam se eximir dos próprios
erros, projetando erros nos outros. Mas isso nem vem ao caso, a questão de se o
que vemos de errado nos outros é verdadeiro ou não, o ponto aqui é: o que
fazemos com essa constatação?
Primeiro temos que entender que as faculdades que temos são dons
de Deus, mesmo que dons físicos e emocionais, não espirituais. Essas faculdades
nos são dadas por Deus para cumprir um objetivo positivo, ajudar a nós mesmos e
às pessoas. Diante desse conhecimento, devemos agir de uma maneira que tal
sensibilidade ou inteligência abençoe os outros, ajude-os a serem pessoas
melhores, a se livrarem do mal.
Bem,
os não cristãos, e mesmo muitos cristãos, equivocadamente, tentam agir de
maneira positiva diante da constatação que fizeram, mas com suas próprias
forças. Daí as psicologias e muitas teologias, sem falar em filosofias e outras
ciências, que tentam mudar o homem, mas sem Deus. O cristão que está no centro
da vontade de Deus vê o problema e pede orientação de Deus sobre como
resolvê-lo. Contudo, algumas barreiras podem existir para impedir esse processo
que parece tão óbvio.
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III. Barreiras que nos impedem de levar o problema a Deus
Na
verdade nós só temos um inimigo real: Satanás, o acusador, o pai da mentira. Efésios
6.12: “pois não é contra pessoas de carne
e sangue que temos de lutar, mas sim contra principados e poderios, contra os
príncipes deste mundo de trevas, contra os exércitos espirituais da maldade nas
regiões celestiais.”. Algumas pessoas podem até se colocar como nossas
inimigas, ou nós podemos ver alguns como nossos inimigos, contudo, isso na
grande maioria das vezes, não é verdade, é apenas um embaraço espiritual,
precisando de uma intercessão com autoridade para ser dissipado. Por ser um
embaraço, algumas coisas podem acontecer para nos impedir de nos posicionar e
obter vitória sobre a situação, eis algumas:
1º “Eu não tenho inimigos”
Em
primeiro lugar podemos achar que inimigo é algo muito forte, principalmente
quando o conflito ocorre entre irmãos, de uma mesma igreja local, e tantas
vezes, entre ministros e líderes. Podemos arrogar que somos espirituais demais,
superiores demais, para termos inimigos. I Coríntios 3.1-7 nos revela que as
dissensões mais significativas ocorrem entre irmãos:
“Irmãos, não vos pude falar como a pessoas
espirituais, mas como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo. O que vos
dei para beber foi leite, e não alimento sólido, pois não podíeis recebê-lo,
nem mesmo agora podeis, porque ainda sois
carnais. Visto que há inveja e discórdias entre vós, por acaso não estais
sendo carnais, vivendo segundo padrões puramente humanos?
Pois, quando alguém diz: Eu sou de Paulo; e outro: Eu sou de
Apolo; não estais agindo segundo padrões puramente humanos? Quem é Apolo? E
quem é Paulo? São apenas servos por meio de quem crestes, conforme o Senhor
concedeu a cada um. Eu plantei; Apolo regou; mas foi Deus quem deu o
crescimento. De modo que, nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas
sim Deus, que dá o crescimento.”
Pensamos
que para ser nosso inimigo tem que ser alguém que realmente declarou-se contra
nós de maneira clara, verbalmente, violentamente, mais ainda, alguém do mundo,
uma pessoa carnal, satânica. Contudo, onde o diabo mais aprisiona as pessoas é
em situações não definidas, confusas, bem, confusão é uma especialidade dele.
Se não há paz, se não há liberdade de ir e vir, de conversar, de olhar, de
estar no mesmo ambiente, existe um mal, e é necessário que se ore contra ele.
É
preciso cuidado para não nos acostumarmos com a situação errada, de forma a
achar que ela é normal. É preciso cuidado para que as trevas não sejam mais
interessantes que a luz. Em alguém em que habita o Espírito Santo de Deus, as
trevas nunca prevalecerão, mesmo que oprimam por algum tempo. Contudo, há
muitos entre nós que são convencidos, mas ainda não se converteram de verdade.
2º “Eu estou certo”
Outra
barreira é acharmos que estar certos num conflito nos exime de ter que tomar a
iniciativa para solucioná-lo, leiamos Mateus 5.23-26:
“Portanto, quando apresentares tua oferta no
altar, se ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa
diante do altar a oferta e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; depois
vem apresentar a oferta. Entra logo em acordo com o teu adversário, enquanto
estás com ele a caminho do tribunal; para que ele não te entregue ao juiz, e o
juiz ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira
nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último centavo.”
Entenda
que estamos fazendo essa reflexão baseados sob o ponto de vista do que está
certo, daquele que não fez nada e ainda assim foi mal entendido e colocado como
inimigo. Portanto, você não foi colocado como o errado, e é aí que muitos
dizem: “mas se eu não fiz nada de errado,
por que sou eu quem tem que orar, que resolver o problema?”.
Porque
a Palavra de Deus manda assim, e não parece mais sensato? Tomar a iniciativa
aquele que está certo, visto que está mais forte, que está na luz, ao invés do
que está errado, que está mais fragilizado? Permanecer irredutível, quando se
acha que está certo, é estar debaixo da lei, contudo, executar misericórdia,
tomar a iniciativa por amor, é para os que provaram a graça de Deus através de
Cristo. Estamos debaixo da lei ou da graça?
3º Vemos a questão somente com os olhos carnais
Seja
negando o problema, ou achando que se está certo no conflito, de uma forma ou
de outra, por causa de nossas fraquezas, inseguranças e vaidades, tomamos a questão como pessoal. Isso
principalmente, porque na maioria das vezes só vemos o problema do outro quando
ele nos atinge diretamente, enquanto está prejudicando um terceiro, nós não nos
importamos muito. Isso sim seria mostrar muito mais a misericórdia de Deus,
orar por um conflito de terceiros, que nada tem a ver conosco, mas que nos
colocamos como intercessor por amor, para que haja paz.
Aí,
contudo, entra a mão de Deus, ela permite que algo nos toque, nos incomode,
justamente para que nós possamos ser bênção na vida de outra pessoa. Só
entendemos o quanto alguém é invejoso, quando ele inveja a nós. Só entendemos o
quanto alguém é irado, quando ele nos odeia. Só entendemos o quanto alguém é
arrogante, quando ele nos despreza. Repito, a sensibilidade de perceber a
inveja, o ódio e a arrogância é relativa, cada um sente num extensão.
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IV. Aspectos poderosos da intercessão pelo inimigo
Então
eu compartilho com você uma palavra de revelação: quanto maior a sensibilidade, maior a responsabilidade, não para tomar
o mal de alguém como pessoal, mas para levar o mal diante de Deus e interceder
pela pessoa.
Num
processo de intercessão que começa então, se feito com persistência, diante de
Deus, com liberdade do Espírito Santo, nós podemos discernir se o que sentimos
é verdade ou é invenção do nosso coração. Se for invenção, quem precisa de
cura, somos nós, e não a outra pessoa.
Com
frequência usamos o que os psicólogos chamam de projeção, aliamos ao outro,
aquilo que existe em nós. Então vemos inveja no outro, quando somos nós os
invejosos, enxergamos ira no outro, quando somos nós que odiamos, sentimos
desprezo do outro, quando somos nós os arrogantes.
Todavia,
se na oração que continua, após haver perdão em todo a sua profundidade, da
nossa parte, ainda continuarmos sentindo o mal no outro, então devemos nos
colocar como intercessores da vida do outro. A sensibilidade que Deus nos deu,
a inteligência de ver o mal, não é para que nos achemos perseguidos,
descriminados, destruídos de alguma forma. Mas é para que nos coloquemos, com
coragem como intercessores pela vida daquele que está preso ao mal, seja da
inveja, da ira, da arrogância, ou de outro qualquer.
Nessa
mudança de visão existem várias bênçãos, citadas na Bíblia e até usadas pela
psicologia e outras religiões e filosofias. Mas na verdade, os princípios não são
da ciência, das religiões ou do diabo, o princípio é de Jesus, mesmo que usados
inescrupulosamente por outros. Eis os princípios:
1º Energia positiva e negativa
“Não
sejas sábio a teus próprios olhos; teme o SENHOR e desvia-te do mal. Isso te
trará saúde ao corpo e vigor aos ossos.”
“O
coração tranquilo é a vida do corpo; a inveja, porém, apodrece os ossos.”
(Provérbios 3.7-8 e 14.30).
Utilizado
muito pela nova era e pelo esoterismo, contudo, interpretando isso de uma
maneira bíblica, já que não me refiro aqui a nenhuma espécie de energia de
anjos caídos, do universo ou da natureza, ou de entidades espirituais do mal, mas
me refiro a uma convicção física e emocional que todos os seres humanos têm.
Essa convicção, essa energia, essa força, que pode ser usada de uma maneira ou
de outra, não é a fé, mas a força que transporta a fé.
É
importante que entendamos que muitos chamam de fé, essa energia, por isso dizem
que não importa no que se crê, desde que se creia. Mas isso que eles se
referem, não é a fé salvadora, aquela que é dom de Deus, é simplesmente essa
força vital inerente a todo ser humano. Só essa força não é suficiente para
salvar ninguém, não na outra vida, contudo ela é importante, principalmente
para revitalizar nosso corpo e nossa alma nesse mundo, tanto que muita gente a
usa de maneira positiva.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus;
não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.” (Efésios 2.8-9).
Quando
sentimos inveja, ódio e desprezo, usamos essa força contra nós, por isso
ficamos doentes, perdemos a resistência natural do organismo contra gripe,
resfriado e outras enfermidades, sem falar das doenças psiquiátricas, como
depressão, fobias, psicoses, etc. Quando oramos a Deus, além de usar essa força
vital para conduzir a nossa fé espiritual para que o Senhor aja e cure a pessoa
pela qual oramos, nós também estamos usando toda essa força vital de uma
maneira positiva, e não somente nosso espírito, mas nosso corpo e nossa alma
são curados. Veja que tudo isso pode acontecer, antes mesmo que a pessoa pela
qual estamos orando, seja efetivamente curada.
Compartilho
com você outra palavra de revelação: a oração que você fizer pelo mal do outro libertará em primeiro lugar
você mesmo. Veja o exemplo de Jó, em 42.10: “E depois que Jó intercedeu pelos seus amigos, o SENHOR o livrou e lhe
deu o dobro do que possuía antes.”. (Entenda como “amigos”, falsos amigos,
que acusaram Jó, culparam-no pelo mal que estava vivendo). Tudo aquilo de ruim
que você sentiu do outro, que te incomodou tanto, te aprisionou, te
enfraqueceu, sairá de você, à medida que você orar por ele. A sua libertação
ocorrerá quando você se esquecer de si mesmo e desejar, de todo o coração, a
libertação do outro.
2º O coração do Evangelho: abençoar os que nos perseguem
Ordem
presente no texto inicial e aqui repetido por Paulo em Romanos 12.14: “Abençoai os que vos perseguem; abençoai, e
não amaldiçoeis.”.
Só
isso bastaria para que mudássemos de opinião diante de alguém que nos faz mal, que
nos incomoda, contudo, muitas vezes ficamos tão enfraquecidos pelo
posicionamento negativo do outro, que nos anulamos. Isso encontra espaço em
nós, quando já temos um histórico longo de nos diminuir, de nos fazer de pobres
coitados, de injustiçados. Se naturalmente nos sentimos assim, quando alguém se
coloca contra a gente, nós então assumimos de vez uma atitude de perseguidos e
de vítimas, enquanto colocamos o outro, como o perseguidor e o inimigo. Isso
pode virar uma enfermidade psiquiátrica muito séria.
Atualmente,
muita palavra antibíblica, de pregadores que precisam dizer aquilo que agrada
as pessoas, para que possa ter retorno financeiro e fama, tem usado com
frequência, essa mentira nos púlpitos. Muitos pregadores têm manipulado os mais
fragilizados, que são incentivados a continuar numa disposição de vítimas, e a
de colocar os outros, como inimigos. Assim esses não são curados de seus males,
e não podem ser usados por Deus como intercessores daqueles, que pelo menos em
suas mentes, se colocam como inimigos. Um povo sem cura, preso às doenças
afetivas, tem se mantido fraco, ao invés de provar a libertação que o Espírito
Santo de Deus pode dar.
Com
uma heresia o diabo tem mantido muitos escravizados e enganados. Por quê?
Porque é mais fácil orar para que o inimigo seja destruído, algo que deveríamos
fazer somente como os espírito imundos, e não com seres humanos, do que orar
para que as pessoas sejam curadas. Isso é uma visão do antigo testamento usada
de maneira errônea atualmente nos púlpitos. Israel tinha inimigos nas nações,
nos homens, nos reis. No evangelho, contudo, como já foi dito, nosso inimigo é
o diabo, e as pessoas, todas elas, todas mesmo, precisam de Jesus e podem ser
salvas, mesmo que no último instante de suas vidas.
3º Visão espiritual
Devemos
orar pelos que nos perseguem porque essa é a visão espiritual da realidade. Eu
disse no início desse estudo que falaria sobre aptidões físicas, emocionais,
elas existem e não podemos nos livrar delas, contudo elas precisam ser
submetidas ao Espírito de Deus. Leiamos I Coríntios 2.14-16:
“O homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, pois lhe são absurdas; e não pode entendê-las, pois se
compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas as
coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém. Pois, quem
jamais conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.”
Por
isso temos que olhar, ouvir, falar e viver como Cristo. Para que nossas
sensibilidades e inteligências sejam úteis, elas precisam ser interpretadas
pelos dons do Espírito Santo. Os dons do Espírito Santo são a inteligência
espiritual do homem, são o cérebro do homem espiritual que existe em cada um
que se converteu. É ele que habitará a eternidade, visto que toda a carne, e
não me refiro à matéria, mas às tendências do mal que residem em nós, será
aniquilada, não habitará o céu. Por isso na eternidade não teremos mais esse
conflito constante que habita nosso coração, entre o bem e o mal, entre o certo
e o errado, entre o querer o certo, e muitas vezes, fazer o errado.
Quando
se tem uma conversão completa, se experimenta a nova natureza de maneira muito
forte e imediata, com batismo do Espírito Santo, com libertação de vícios e
fraquezas, com uma capacitação muito grande para ser santo e testemunhar.
Enfim, numa conversão genuína, se nasce AVIVADO.
Contudo, e aí Deus sabe os motivos, alguns têm uma conversão mais lenta, num
processo que demora tempo. O batismo no Espírito Santo às vezes ocorre muitos
anos depois do batismo nas águas. Enfim, a desintoxicação da carne,
principalmente em nossa mente e em nossas emoções, demora pra acontecer.
Precisamos
de um processo de espiritualização do nosso homem interior, onde abrimos mão de
qualquer noção de religiosidade que tínhamos. Isso se dá na mente, no
conhecimento, através do estudo bíblico, mas também nos nossos sentimentos, através
da oração, e na maneira como agimos e reagimos, na prática. Tudo isso para que
submetamos nossas sensibilidades e inteligências naturais aos dons do Espírito
Santo, tudo isso para que aprendamos a usar nossa visão espiritual.
O
propósito desse estudo é mudar justamente isso, nossa visão. Ao invés de nos
colocarmos como vítimas, nos pormos como intercessores, ao invés de vermos, o
outro como inimigo, vê-lo como alguém que precisa de nossa oração.
Isso
não é opcional, Deus pode estar permitindo que você se sinta tão incomodado com
a inveja, com o ódio e com a arrogância de alguém porque você é o único que
pode lutar, diante de Deus, pela vida dessa pessoa, para que ela seja curada de
uma grande ferida emocional.
A
mudança de ótica, ou quando priorizamos a ótica espiritual, sobre a carnal,
transforma o mal em bem, não só do outro, mas o nosso. Então, revestidos de
amor, poderemos transformar a inveja, o ódio e a arrogância do outro em paz e
cura. Mudando de ótica seremos instrumentos proativos de bênção, ao invés de
vivermos passivamente como vítimas da inveja, do ódio ou da arrogância.
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V. Três coisas necessárias para submeter a ótica carnal à
espiritual
Para
mudar sua ótica você precisa de três coisas orientadas por Paulo a Timóteo em
II Timóteo 1.6-7:
“Por essa razão, lembro-te de que despertes o
dom de Deus que há em ti mediante a imposição das minhas mãos. Porque Deus não
nos deu espírito de covardia, mas de poder,
de amor e de moderação.”
1ª Poder – leiamos Lucas
4.17-21:
“Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías;
ele o abriu e achou o lugar em que estava escrito: Espírito do Senhor está
sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o
livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhares de todos na sinagoga
estavam fixos nele. Então ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta
passagem da Escritura que acabais de ouvir.”
É
preciso coragem para deixar de se sentir vítima do mal do outro e se colocar
como libertador do mal que aflige a todos nós. É preciso coragem em Cristo para
se por de pé, com a autoridade que Jesus nos deu pelo seu sangue, pelo seu
nome. Autoridade para curar, não apenas, males físicos, mas emocionais e
espirituais, não apenas cegos no corpo, pois esses sabem que são cegos. Os
piores cegos são os espirituais, esses não sabem que são cegos.
2ª Amor – leiamos I Pedro 4.7-10:
“Mas já está próximo o fim de todas as
coisas; portanto, tende bom senso e estai alertas em oração. Antes de tudo, tende profundo amor uns para com os outros,
porque o amor cobre um grande número de pecados. Sede hospitaleiros uns
para com os outros, sem vos queixar. Servi uns aos outros conforme o dom que
cada um recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus.”
Um
amor que vê, não o que a pessoa é, mas o que ela pode vir a se tornar, mediante
o poder e a misericórdia de Deus, esse é o amor que precisamos ter. Aquele que
se esquece de si mesmo e pensa no outro, que liberta pois não prende as pessoas
aos seus erros, mas tem esperança que ela mude. Essa ótica nos amadurece, nos
faz pai e pastor.
Não
pense que pai é somente aquele que tem filhos físicos, Deus nos chama para sermos
pais espirituais de pessoas que as vezes são apenas crianças, precisando de um colo.
Não pense que pastor é somente o pastor da igreja, você pode ser usado como
pastor de um grupo pequeno, participantes de um ministério, de uma reunião de
estudo bíblico ou de oração, em sua empresa, em sua rua, em sua casa.
3ª Moderação – Gálatas 6.1-5
“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum
pecado, vós, que sois espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espírito de
humildade. E cuida de ti mesmo, para que não sejas tentado também.
Levai os fardos uns dos outros e assim estareis cumprindo a lei de
Cristo. Pois, se alguém pensa ser importante, não sendo nada, engana a si
mesmo.
Mas cada um avalie seu próprio procedimento e, então, terá motivo
para orgulho somente em si mesmo e não nos outros; porque cada um carregará o
seu próprio fardo.”
Esse
é o sentimento que enche o coração, e não o ego, é o equilíbrio, necessário
para não enlouquecermos. O louco é extremista, ou ele vê todos como inimigos,
ou vê todos como amantes, ou odeia tudo, ou está apaixonado por todo mundo. É
preciso moderação para administrar as sensibilidades e inteligências de nossa
carne através das armas espirituais. É preciso moderação para não se ver como a
pior das criaturas, nem a melhor, a mais humilhada, nem a mais importante, e
assim ser humilde com os próprias erros e misericordioso com os dos outros.
A
cruz de Cristo é o elemento nivelador de nossas consciências (confira isso em
Isaías 53), ela nos revela que vítima só existiu uma, Jesus, todo o resto, todos
os homens, somos agressores, que levaram Jesus à morte. Ninguém é melhor que
ninguém, nenhum pecado é pior que o outro, todos nos separam de Deus, e todos
precisam do perdão que há somente em Jesus.
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VI. Conclusão
Orai
pelos que vos perseguem, algo tão simples, mas que às vezes complicamos tanto
para viver. Compartilhei essa palavra porque eu a tenho vivido, e de maneira
bem impactante. Demorei para entender que a sensibilidade que Deus me dava não
era para me enfraquecer ou me por em confronto com as pessoas, mas era para que
eu orasse por elas. Sim, nossas maiores fraquezas nada mais são que nossas
maiores fortalezas, quando usadas da maneira certa, para a glória de Deus,
através do poder do Espírito Santo, para a cura das pessoas. Portanto, ore
mais, e amargue menos, abençoe, e não despreze, dê lugar ao Espírito Santo, e não
a autocomiseração, entronize Deus em seu coração, e deixe que o ego se esvazie,
mais e mais.