terça-feira, fevereiro 23, 2021

Raiz, tronco ou galhos? (4/9)

      Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade, porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” I Timóteo 2.3-6

      Penso que no momento atual da história da humanidade, a prioridade de Deus seja a salvação do maior número possível de pessoas, não importando muito o nível de conhecimento espiritual que elas tenham, assim basta às religiões cristãs darem o curso básico, que é o que Paulo descreveu no texto inicial. Muitos podem responder a essa afirmação com uma pergunta: mas esse não é o único interesse de Deus sempre, salvar as pessoas, isso não basta? A resposta vai depender da tua fé, e novamente digo aqui, não ande conforme a fé dos outros, muito menos de acordo com a fé desse que vos escreve, mas conforme a tua fé, seremos cobrados pelo que cremos e praticamos, não pelo que os outros creem e praticam. 
      Também preciso deixar claro que com nível mais alto de conhecimento espiritual não quero dizer que os cristãos atuais sejam carnais, não é isso, existem virtudes, transformação de vida, mas ainda que muitos não aceitem, é um evangelho que prepara as pessoas muitos mais para uma vida neste mundo, no plano material, que para a eternidade. Mesmo a visão que muitos cristãos têm da eternidade é rasa, bem aquém da verdade mais alta, a maioria não está preparada para revelações mais profundas, a maioria prefere tronco e galhos à raiz. Contudo, as tradições têm um papel importante na religiosidade, um lado positivo, elas protegem os tolos de si mesmos, entregam uma zona de conforto para os de pouca fé. 
      Com pouca fé não me refiro à fé que não crê que Deus cura enfermidades ou “mova montanhas”, mesmo esse nível de fé pregado por tantos pastores atuais e que tantos crentes acham ser o nível mais alto de espiritualidade é, novamente dizendo, só para ter uma vida próspera neste mundo. Mesmo essa tal grande fé, comparada a que se pode ter para se ter um conhecimento espiritual mais profundo e que prepara o homem para o plano espiritual muito mais que para o fisico, é menor. Mas lembre-se, fé, ainda que exija potências humanas, imaginação mental e convicção emocional de algo que ainda não existe, não é força, é descanso, que permite que o espírito humano se mova no Espírito de Deus.
      Na árvore na qual o cristianismo se transformou, as tradições do tronco e dos galhos protegem os de pouca fé, mas também protegem a verdade mais profunda de cair em mãos despreparadas, ainda que seja inventando histórias como as que contamos para crianças para que elas não saiam debaixo das proteções dos adultos. Crianças não estão preparadas para fazer escolhas, para serem independentes, dessa forma os adultos têm que escolher por elas para que elas vivam na dependência deles, do mesmo jeito as tradições procedem. Mas se o lado bom das tradições é cuidar de cristãos infantis, protegendo-os, proibindo certas coisas e dando outras gratuitamente, o lado negativo é que impedem “crianças” de crescer. 
      Tradições não querem que as pessoas amadureçam, já entenderam há muito que quando isso ocorre as pessoas ficam independentes, assim deixam de alimentar as religiões com bens materiais e veneração. Foi justamente por entenderem isso que homens desviados do cristianismo raiz, criaram as tradições e fortaleceram tronco e galhos. Tradições são acúmulos de velhos conhecimentos humanos, interpretações da verdade, não a verdade pura, por isso são mortas. A Igreja Católica construiu sua tradição em concílios e encíclicas, e dando às palavras de papas o mesmo (ou maior) valor que tem a Bíblia, e mais, adicionando à Bíblia livros que não estão presentes na chamada bíblia hebraica atual (ver item “Composições”). 
      O verdadeiro conhecimento de Deus não precisa ser “tradicionalizado” para adquirir legitimidade, não a legitimidade realmente divina, não precisa de um formato que impressione os homens, de pompa, de liturgia. O Espírito Santo é puro conteúdo que deve ser guardado no espírito do homem, não nas instituições, quem dá forma a Deus neste mundo são os indivíduos, não as igrejas, o homem é o templo do Espírito Santo, não catedrais e outras construções físicas. A palavra do Espírito Santo é viva, e ainda que fique antiga nos registros bíblicos feitos por homens ungidos nele, não envelhece e se renova diretamente por sua atuação, a terceira pessoa da trindade nos corações dos novos nascidos em Cristo. 
      Já as tradições levam as pessoas a serem dependentes delas, não de Deus, elas prendem, não libertam, elas crescem na proporção que Deus diminui, se fecham e mais tradições criam. Não se iludam protestantes e evangélicos, liderando suas instituições também existiram e existem homens que criaram e criam tradições para manterem seus poderes e controlarem os homens, sempre foi assim e sempre será, ainda que Deus se mostre nas tradições pela grande misericórdia que tem por todos os seres humanos. Deus não escraviza ninguém, mas quer que todos sejam livres, só Deus pode nos libertar, dos pecados do corpo, da alma e do espírito, essa libertação está no nome de Jesus e na presença do Espírito Santo. 

Parte 4 de uma reflexão
dividida em 9 partes
José Osório de Souza, 30/10/20

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