sábado, junho 05, 2021

Onde estão nossos inimigos? (1/8)

      “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor.Cantares  2.15

      Século XXI, os computadores diminuíram de tamanho, baixaram de preço, estão presentes em aparelhos domésticos, TVs, telefones, carros, que ligados a uma rede mundial de comunicação muito rápida colocam o planeta numa relação íntima, pessoal e em tempo real. Hoje todos os seres humanos podem ser produtores e espectadores, música e outras artes, indiferentemente se as pessoas têm ou não talentos e experiências especiais nisso, são compartilhadas por qualquer um, tendo como protagonista ele mesmo. 
      O mundo moderno trouxe um novo conceito de deidades, de super heróis, de celebridades, todos têm direito a tudo sempre, para ser e ter basta querer, desde que se possua um pequeno aparelho na mão, o espírito foi substituído por um celular, que tem o poder de unir, desunir, trazer e levar, transformando solidão em festa, tristeza em prazer, vazio em qualquer coisa. Eis uma faceta do tempo em que vivemos, está disponível para todo mundo? Não, ainda existe necessidade do básico para muitos e desrespeito com grande parte da população.
      Guerras seculares persistem, extremismos religiosos ganham adeptos, em ideologias distintas, a união global possível se antagoniza a conflitos que antes nem existiam, a liberdade que as rodovias virtuais permitem só armam o ser humano de mais ferramentas para prender e matar, não só os corpos, mas ideias e reputações. O que sempre existiu mas estava escondido em famílias, cidades e países, agora é revelado em mensagens no Twitter, em imagens no Instagram e em vídeos no Youtube, a “porcaria” não foi inventada, só veio à tona.
      Como uma metáfora dessa nova realidade, um vírus, microscópico e que estava escondido como tantas pessoas na mediocridade de seus lares, antes de poderem se manifestar no Whatsapp, conquista mais espaços que aqueles conquistados por mísseis teleguiados ligados a satélites ao redor do globo terrestre. Especialistas dizem que o Sars-Cov-2 (o vírus Corona que causou a Covid 19) não é o primeiro vírus e não será o último, só inaugurou uma era de doenças que mudou o mundo, mutações desse assim com novos surgirão. 
      A despeito de outros inimigos exteriores e mais convencionais, o vírus destrói de dentro para fora, outra metáfora dos tempos modernos, semelhante aos celulares, um tipo de possessão individual que desconsidera fronteiras e ataca pessoas diretamente. Enquanto tantos temiam uma terceira grande guerra mundial, com exércitos e armas destruindo cidades e invadindo países, ocorre outra coisa, o indivíduo sendo subjugado, não por inimigos grandiosos e exteriores de nações, mas por pequenas entidades, um celular ou um vírus. 

1ª parte da reflexão 
“Reavaliemos nossas crenças: sempre!”
José Osório de Souza, 21/01/21

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