08/07/20

A santidade é agradável aos sentidos

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      É preciso dizer uma coisa sobre a santidade genuína, tema das quatro postagens desta semana, ela é agradável aos sentidos, e me refiro aos sentidos físicos e emocionais, nãos aos espirituais, que são aqueles que se beneficiam objetivamente dela. Não, ser santo não dói, não faz sofrer, não tira, mas também não acrescenta, não subtrai direitos mas também não adiciona deveres. Ela é leve, coloca o homem no centro da vontade de Deus e permite que ele prove no mundo, na carne, neste plano, um pouco daquilo que desfrutará com plenitude na eternidade melhor com Deus. Na eternidade desfrutaremos da santidade com muito prazer, a Igreja com seu noivo numa eterna lua de mel espiritual, pra tentar usar uma metáfora do plano físico.
      Por mais que o texto inicial seja conhecido e repetidamente usado para nos consolar em momentos que nos sentimos cansados de tudo, ele se encaixa muito bem no entendimento sobre verdadeira santidade. Numa primeira interpretação pode parecer que não, para os que acham que santidade é algo pesado e difícil, já o que o texto diz “vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos”. Descanso e santidade parecem não combinar, mas, repito, combina sim, com a verdadeira santidade, essa enche o coração de satisfação, vence o pecado não necessariamente porque é mais forte que ele, mas porque é mais agradável, mais prazeirosa, vence sem batalhar, vence porque aquele que a encontra a prefere, e não se interessa mais pelo pecado. 
      Contudo, prazer pela santidade é um prazer refinado, digamos assim, há de se ter alma apurada pelo tempo, numa trajetória persistente de querer conhecer e viver o melhor caminho, há de se convencer que o egoísmo e as vaidades são mentiras, e que no final nada trazem de prazeiroso. Infelizmente nosso coração só aprende com o tempo, só se liberta de vícios e se ganha prazer por agradar a Deus com o passar dos anos, para aprender que é melhor obedecer ao Senhor, abrir mão de certas coisas e de fato desejar as coisas do espírito, não as do corpo. Nossa história neste mundo é a desconstrução do ter e ser para que instalemos em nós o estar em Deus, sem gosto pelo pecado, sem mágoas e sem expectativas, só isso conduz à verdadeira santidade.
      Na verdade, nós nascemos santos, e ajudados por um corpo material ainda não desenvolvido, não temos necessidade de satisfazer certos instintos físicos e muitos menos de nos viciarmos neles. Contudo, a tal “idade da razão” chega, e todo ser humano tem a oportunidade de cometer seu pecado original, aquele mitificado em Adão e Eva no Éden, todos nós temos a chance de preferir comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Isso é tão inevitável, e para todos os seres humanos nascidos debaixo do Sol desde que o primeiro homo sapiens recebeu o sopro de Deus e passou a ser criatura à imagem do criador, que nos faz pensar se de fato pecar é escolha. Bem, o primeiro, de cada um de nós, não parece ser, somos destinados a pecar, neste mundo.
      Mas se pecar não é escolha, ser perdoado do pecado é, quando cremos em Jesus, isso pode ser feito de forma consciente, e só isso nos permite ser santos de novo. Talvez, o único motivo que nos traz a este mundo, seja isso, escolher o caminho melhor e mais rápido para o altíssimo Deus, o único caminho que nos livra do inferno, seja lá o que ele for, escolher a Cristo Jesus! Creiam todos, religiosos sinceros, monges abnegados, celibatários e desapegados da matéria, suas intenções são sinceras, mas só em Jesus há de fato libertação do plano físico. Jesus é maior que Krishna, que Buda, que Maomé, que São Francisco de Assis, que a virgem Maria, e não estou desmerecendo nenhum desses, mas só quem nasceu, viveu, morreu e ressuscitou santo, pode dar santidade verdadeira ao homem, Jesus o santo!

06/07/20

Santidade sustentável

       “Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.Lucas 11.24-26

     Muitos ouvem tanto na igreja que precisam ser santos que acabam se convencendo que isso é certo, afinal Deus é santo e a palavra diz que devemos ser santos como é santo nosso pai que está no céu. Assim buscam santidade e até conseguem, só que dura pouco, por qualquer instabilidade na vida, qualquer injustiça sofrida, ou qualquer prazer oferecido, se perde a santidade. Isso ocorre tantas vezes que muitos, ainda que permaneçam fiéis nos cultos, mesmo em estudos bíblicos diários e na participação como obreiros nos ministérios, acabam desistindo de viver em santidade. 
      Por que isso? Porque muitos querem ser santos pelos motivos errados, para fins enganosos, basicamente ou por obrigação ou por vaidade. Por obrigação vemos isso principalmente nos religiosos mais velhos, muitas vezes mais motivados por remorsos que por outros motivos. Mas alguns querem ser santos por vaidade, para postarem-se como “espirituais” nos púlpitos, esses são sinceros, sabem que não devem ser hipócritas, pregarem uma coisa e viverem outra, mas ainda assim não entenderam como podem vivenciar santidade, digamos, sustentável, que permaneça em suas vidas.
      O segredo está no texto inicial, não basta limpar o vaso, temos que enche-lo de algo limpo, senão se encherá de algo sujo que novamente nos dará trabalho para limpar. Se cheio de algo limpo o conteúdo também se esvaziará, nada é eterno neste mundo, mas o trabalho que faremos esvaziando o vaso é para abençoar a nós mesmos e aos outros, dando o bom conteúdo. Depois, quando estiver vazio, basta que enchamos novamente de algo limpo e continuemos trabalhando, distribuindo esse bom conteúdo. Esse trabalho é mais fácil que limpar, pois é feito com alegria. 
      Mas mesmo o bom conteúdo, se não for usado, envelhece e suja o vaso, como água pura, que se não for bebida estraga e suja o vaso que a contém. O segredo de uma santidade que permanece é manter o vaso cheio de bençãos e trabalhar para que essas bençãos cumpram a vontade de Deus. Quem se mantém trabalhando com o coração cheio da vontade de Deus não deixará espaço em seu coração (nem terá tempo) para pecar, a santidade será natural e genuína. A verdadeira santidade não é forçada, pois não a obtemos sozinhos, mas com Deus que nos ajuda.
      Contudo, não basta trabalhar, tem que ser um trabalho que Deus mandou fazer. Aquele que está ocupado servindo a Deus, obedecendo o Senhor, já está santo, não tem espaço dentro dele, não tem tempo e muito menos vontade de pecar. Quando se descobre a felicidade que existe em obedecer a Deus nos sentimos tão satisfeitos, temos tanto prazer, que nenhum outro prazer da carne poderá nos tentar. Há proteção para ser santo na obediência a Deus, assim, limpemos a casa, mas não a deixemos vazia, ocupemo-nos em Deus e a santidade não será pesada.

04/07/20

Medo ou sensibilidade? Coragem ou frieza? (parte 2/2)

      “E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino.” 
      “E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se. Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não tive força alguma.” 
Daniel 1.19-20, 10.7-8

      Na primeira parte desta reflexão, iniciamos falando sobre medo, por que isso? Porque muita gente que tem sensibilidade espiritual e não a desenvolve é justamente aquela que sente medos estranhos, sem explicação, por exemplo, do escuro. Gente insensível não teme o escuro, não teme o que não pode ver, não teme o mundo espiritual, essas temem mais a realidade do plano físico. Mas medo, e não vou generalizar porque isso também não é sempre, medo pode ter incontáveis motivos, pode ser uma sensibilidade espiritual não amadurecida. Se amadurece orando e crendo, lendo a Bíblia, falando com Deus, provando o que se ora, pedindo, recebendo, adorando e se consagrando, sim, porque se existe algo que vem junto com o amadurecimento da sensibilidade espiritual é necessidade de consagração, e não só vontade, mas forças para andar santo.
      Por quê? Porque o que obedece se fortalece, o que faz a vontade de Deus para sua vida e acha nisso alegria e satisfação não terá vontade nem tempo para bobagens, vaso cheio não deixa espaço para pecado. Por outro lado, se santidade e efeito de obediência, ela também é causa, uso de sensibilidade espiritual exige santidade, o “rádio” precisa estar limpo e em perfeito funcionamento para que possa “pegar” as frequências certas, primeiro a do Deus altíssimo e depois aquelas que ele mandar que sintonizemos. Não tenha medo, se você já orou, já buscou, já confessou, se buscou todas as curas, e ainda assim percebe em você uma sensibilidade diferente, que parece te mostrar coisas que vão além do plano físico, pode ser Deus querendo amadurecer em você um dom espiritual, um dom que você já recebeu na conversão, quando foi selado com o Espírito Santo, mas que ainda não se manifestou.
      Uma coisa é importante que você saiba, o que vem de Deus é luz pura e forte, e sem sombra de variação, deixa em você paz depois que você assume com fé como sendo algo de Deus pra você, e após isso te deixa forte, para ter vitória sobre coisas que talvez você tenha lutado a vida inteira para ter mas que só terá quando cumprir a chamada de Deus para tua vida. Que chamada é essa? Pode ser usar uma sensibilidade espiritual diferenciada. Esse dom não te deixará orgulhoso, achando-se melhor que os outros, ao contrário, te fará mais humilde e mais manso, se de fato for de Deus te fará um cristão genuíno. Mas tudo isso só começará a acontecer quando você tiver coragem, vencer o medo e conversar com Deus, deixando pela fé bem claro que se ele tem um dom espiritual para te dar você quer, confiante de que nele isso será bênção.
      Mas sensibilidade para quê? Bem, os que fazem essa pergunta com convicção é melhor que nem leiam este texto, que nem se deem ao trabalho de pensar sobre dons espirituais, ou mais, sobre o mundo espiritual, esse é melhor continuar vendo a vida só como matéria, para esse a ciência é melhor negócio, ainda que seja um cristão. Contudo, para os que acreditam que a vida é mais que comer, beber, dormir e namorar, para os que entendem que depois da morte do corpo uma eternidade espera, para os que sabem que mesmo neste mundo, em nosso dia a dia, estamos envolvidos com anjos e demônios, com entidades e arcanjos, e antes de tudo, com o Santo Espírito do Deus altíssimo que quer nos dar ferramentas para vencer batalhas espirituais, para esses existe uma palavra, só depende de vocês buscarem e receberem.
      O certo é que muitos loucos, são na verdade os sábios, muitos medrosos são sensitivos especiais, já muitos lúcidos, são na verdade tolos, e muitos corajosos são apenas cegos sem noção do perigo. Qual é o maior perigo? Paulo deixa isso bem claro, “porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais“ (Efésios 6.12), o mundo espiritual existe, medo inexplicável pode ser (e repito, pode ser, não estou generalizando) discernimento de criaturas espirituais, tanto do bem quanto do mal. Demônios e diabos nos provocam medo, mas anjos e seres espirituais da luz também nos deixam desconfortáveis, a presença forte de Deus não nos causa medo, mas nos enche de temor veja o exemplo de Isaías (6.5) e de Daniel (10.7-8).
      Mas o mundo espiritual não nos é revelado somente quando estamos acordados, orando, mesmo dormindo podemos receber informações espirituais. Sonhos espirituais, apesar de serem construídos das memórias armazenadas em nossos subconscientes, como qualquer sonho, são diferentes de qualquer sonho, eles fazem sentido, além disso não nos esquecemos deles quando acordamos, ao contrário, quanto mais pensamos neles mais claros eles ficam. Os que têm sonhos espirituais podem interpretá-los e entender o que Deus quis mostrar com eles, contudo, alguns têm sonhos espirituais e não sabem que são sonhos espirituais, assim como têm dificuldade para interpretá-los, nesse caso os mais experientes com esse dom podem ajudá-lo. 
      Era o caso de José, a Bíblia relata várias experiências dele com sonhos espirituais, desde o que teve quando ainda era jovem e invejado por seus irmãos, até quando estava preso no Egito (Gênesis 37.5 e 41.10-16). Através de seu dom espiritual José foi conduzido por Deus ao centro de sua vontade, e depois de ter passado parte de sua vida sendo perseguido e injustiçado chegou a um importante cargo político no Egito, que mudaria toda a história de Israel, que transformaria uma família em uma nação. Sim, meus queridos e queridas, Deus tem chamadas especiais para alguns, e para esses Deus dá ferramentas especiais para que possam desempenhar suas missões. Mas ninguém queira isso por vaidade, os “especiais” também têm lutas “especiais”, que se não fosse a mão de Deus não suportariam, essa é também a história do profeta Daniel, cuja sabedoria especial abrangia intelecto e espírito (1.19-20).

03/07/20

Medo ou sensibilidade? Coragem ou frieza? (parte 1/2)

      “O Senhor confia o seu segredo aos que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.Salmos 25.14
      “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.Amós 3.7

      Medo, já refletimos bastante aqui no “Como o ar que respiro” sobre esse tema, e ele pode ter várias causas, emocionais, espirituais e mesmo físicas. Nesta reflexão, dividida em duas partes, focaremos num tipo de medo que tem como causa presenças espirituais, sim, isso existe e é possível. Que presenças? De seres espirituais, de demônios, de diabos, mas também de anjos e outros seres da luz, do bem, de Deus, e, sim, isso também existe e é bastante registrado na Bíblia. Sentimentos são sistemas de alarme, se não sentíssemos não tomaríamos decisões ou mudaríamos de rota, e nem sempre medo é algo ruim, pode ser só o mundo espiritual nos dando um toque. Vamos então à primeira parte, veja na próxima postagem do blog a segunda e última parte. 
      Tememos o que vemos, alguns tipos de cegos não temem, não porque nenhum mal os atinge, mas porque eles não veem o mal, contudo, como diz o ditado, pior cego é o que não quer ver, esse ainda que veja o mal se fará de indiferente, tolo e arrogante que é. Sensibilidade espiritual permite identificação de certas coisas, coisas que para muitos nem existem, quem a tem, sente e quem sente pode se amedrontar. A questão, todavia, não é ter ou não ter medo, mas aprender a administrar a sensibilidade que se tem, e muitos de nós recebem sensibilidade espiritual como um dom, que poderá ser útil, a nós mesmos e aos outros. Usar esse dom com eficiência não é algo que se consegue de um dia para o outro, exige vontade e tempo, vencendo as zonas de conforto que sempre preferem negar um dom e uma chamada.
      Assim como não se pode escolher o que se vê, se estamos com os olhos abertos o que se aproximar de nós nós veremos, não podemos escolher o que é discernido por sensibilidade espiritual, se estivermos com os olhos espirituais abertos, o que existir nós veremos. Obviamente que em se tratando do mundo espiritual, temor a Deus e comunhão íntima com ele é tudo, nisso veremos o que o Senhor permite que vejamos, e no que ele quer que vejamos há um motivo, uma missão, clara e pessoal, que só nós podemos executar. Mas voltando ao ponto, trabalhar com essa sensibilidade exige vivência e amadurecimento, para que saiamos das primeiras experiências de puro medo ou de total êxtase para algo que nos leve à prática de iniciativas produtivas em nossas vidas e nas vidas dos outros, sempre obedecendo e adorando só a Deus.
      Como em tudo na vida espiritual, fé é o que nos move, Deus é o nosso chão, Jesus vai à nossa frente e o Espírito Santo é o meio, e nenhum outro “espírito”. Veja que Deus está embaixo, como fundamento, assim experiência espiritual de vida e de luz tem que começar em Deus, não em nenhuma outra potestade. Quando se começa em Deus termina-se nele, isso só é possível por Jesus que vai à frente e abre as portas certas, o nome de Jesus tem esse poder, mas quem permite todo esse movimento é a terceira pessoa da trindade, o Espírito Santo. Mas aí está o mistério, só há o Espírito Santo quando se começa em Deus e se segue a Jesus, mas só se começa em Deus se Jesus vai à frente movimentando o Espírito Santo, e Jesus só vai à frente quando o Espírito Santo nos move para começar em Deus e chegar ao Deus altíssimo, tudo se relaciona. Ficou complicado de entender? Por isso é mistério, por isso entender a santa trindade, três em um, é humanamente impossível.
      Um grande erro que todos cometem é tentar entender as coisas espirituais com a razão humana, ainda que elas sejam razoáveis são enquanto em Deus, coisas espirituais só se entende com nossos espíritos no Espírito Santo, só assim se entende a santa trindade. Vemos com clareza enquanto oramos em plena comunhão com Deus, sentindo aquela deliciosa unção que arde sem queimar, que ilumina os mundos sem destruir a tocha, e a tocha somos nós, eu e você, quando nos quebrantamos aos pés de Deus e damos liberdade para que ele fale. A maturação da sensibilidade se obtém com oração, não que não a sintamos no nosso dia a dia, trabalhando, estudando, andando no mundo, mas quando oramos nos focamos, fechamos os sentidos físicos que podem nos distrair, e nos concentramos no mundo espiritual. 
      Muitos têm dificuldades para receber dons espirituais, ainda que creiam que eles existam, que os busquem,  que se autodenominem pentecostais, que participem de cultos “quentes” e de vigílias, porque não conseguem “relaxar” espiritualmente, desligarem-se do plano físico e de fato focarem em Deus. Outros, contudo, ainda que nem creiam que dons existam, que não os busquem, que frequentem denominações protestantes mais tradicionais e que não creiam em dons, experimentam naturalmente e o tempo todo experiências fortes de sensibilidade espiritual, eu pessoalmente já conheci os dois tipos de cristãos, ambos bons e fiéis trabalhadores cristãos em seus ministérios. Talvez algumas coisas não sejam para os que querem, mas para os que Deus quer dar, talvez.
      O certo é que algumas pessoas têm facilidade para sintonizar seus espíritos na sintonia do Altíssimo, eu vejo muito assim esse assunto, somos aparelhos receptores de estações de rádio e Deus é o radiotransmissor da melhor programação, que vibra numa frequência muito especial, a mais alta. Abaixo dele estão as potestades, os principados, assim como outras criaturas de Deus, há de se ter cuidado para não se sintonizar em frequência errada que pode simular com sofisticação a voz do Deus verdadeiro. Contudo, os sinceros do bem, esforçados, que persistirem e forem fiéis até o fim serão recompensados, “porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade“ (Provérbios 3.32), outra versão diz, “pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo”.

01/07/20

O pior tipo de cego

       “Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver. Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? E quem é cego como o que é perfeito, e cego como o servo do Senhor? Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que tenhas os ouvidos abertos, nada ouves. O Senhor se agradava dele por amor da sua justiça; engrandeceu-o pela lei, e o fez glorioso. Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos em cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui. 
      Quem há entre vós que ouça isto, que atenda e ouça o que há de ser depois? Quem entregou a Jacó por despojo, e a Israel aos roubadores? Porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e nos caminhos do qual não queriam andar, não dando ouvidos à sua lei? Por isso derramou sobre eles a indignação da sua ira, e a força da guerra, e lhes pós labaredas em redor; porém nisso não atentaram; e os queimou, mas não puseram nisso o coração.” 
Isaías 42.18-25

      O texto fala de alguém que desobedece a Deus, por isso é castigado, mas ainda assim não muda de vida, continua no erro. Quem é esse alguém? Não é alguém que não conhece a Deus, ou que o conhece pouco, mas é alguém próximo a Deus, ou que foi próximo, o texto chama esse alguém de perfeito, de servo do Senhor, de mensageiro do Senhor, alguém que Deus engrandeceu um dia. Contudo, esse alguém, por mais que tenho recebido o verdadeiro conhecimento de Deus, a “lei” de Deus, não o seguiu, assim foi enganado, roubado, e por isso teve que se esconder. Que adianta saber quando não se vive de fato? Ninguém será salvo pelo seu passado, mas só se persistir até o fim.
      Mas o mal que vem sobre o desobediente a Deus é autorizado por Deus, e ele é terrível, contudo, mesmo após sofrer todo tipo de dor e perda, humilhação e derrota, ainda assim o rebelde do texto não se arrependeu para voltar a obedecer a vontade do Senhor. Esse é o pior tipo de cego, o cego espiritual, que um dia provou a luz de Deus, mas ainda assim dele se afastou, o texto fala de ninguém menos que de Israel, a nação escolhida pelo Senhor na primeira aliança de salvação. A história de Israel contada na Bíblia é uma história com final infeliz, a nação foi levada ao cativeiro e nunca mais voltou, não com a glória prometida a ela por Deus, glória que só terá no outro plano, através de Jesus.

30/06/20

Aceite sua chamada

      “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.I Coríntios 1.26-29

      "Não lute contra o que lhe foi dado, abra sua mente e o seu coração e o caminho ficará claro", foi a palavra que ouvi quando disse a Deus que ele tinha escolhido a pessoa errada para a chamada que tinha feito a mim. Entao me lembrei, de tantas vezes em tantos cultos, quando após a pregação de uma palavra de chamada missionária fui à frente respondendo sim. Não sabia quando era mais jovem, e até me esqueci enquanto a duras penas passava os anos sendo curado e amadurecendo, mas minha chamada era verdadeira, ainda que não convencional para as igrejas que frequentei. 
       Hoje começo a entender, hoje a iluminação me chega, hoje, sexagenário, começo a viver minha chamada, e ela é maravilhosa, faz tudo o que vivi valer a pena. Ainda assim, Deus me diz sobre ela, "sua chamada não é para ser entendida por todos, nem conhecida, compartilhe-a com poucos, não a use para sua vaidade, é para seu crescimento pessoal, que os frutos dela lhe possibilitem uma vida justa cujo testemunho abençoe principalmente sua mulher, suas filhas, e alguns realmente mais próximos a você ". Discreta e coerente, eis como deve ser a vida do que quer conhecer a verdade.

      O texto inicial de Paulo aos coríntios me fortalece, me explica muitas coisas, como sempre a Bíblia se encaixa como o remédio que mais precisamos no momento adequado. Parece que os que têm menos “moral” em si mesmos são os selecionados divinamente para as chamadas mais especiais, e isso para que nenhuma carne se glorie diante de Deus. O chamado desempenha sua chamada por fé, confiando que só de Deus vem o reconhecimento, sabe que por si só não pode convencer ninguém, ciente que as pessoas precisam crer que a obra é de Deus e que o homem que a faz é incapaz de tal feito.
      Um consolo aos que têm chamada genuína de Deus, ela nunca vem só, junto dela vem o espinho na carne, junto da glória divina vem o desprezo humano, junto da experiência diferenciada com Deus, vem uma incredulidade alheia que acha nos próprios chamados apoio para que o que não quer crer em Deus não creia. Se foi assim com Paulo, por que não seria conosco, servos tão menores? O que quer desempenhar sua chamada aprenda o caminho da humildade, da solidão, fugir dos palcos e holofotes e simplesmente obedecer a Deus, não se iludindo com palmas, nem se entristecendo com vaias.
      Algumas vezes dizemos, “onde estão os grandes servos de Deus atualmente, parece que não existem mais?”, eles existem sim, mas no tempo atual, mais que nos tempos passados, quando a internet permite uma exposição rápida e mundial de qualquer um, é necessário que tais servos mantenham-se em segredo, orando, estudando, testemunhando, longe dos púlpitos, da ovação de uma igreja que só honra os que dizem o que ela quer ouvir. Mas só entende isso o que foi até o fim em sua busca pessoal a Deus, o que se livrou das expectativas humanas e achou no Senhor tudo o que necessita. 

29/06/20

Uma chamada de Deus

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.João 15.15-16

      Eis um conhecimento, que se for apossado com clareza e certeza, pode mudar nossas vidas: não escolhemos a Deus, é Deus quem nos escolhe. Sim, essa afirmação pode dar nós nas cabeças dos homens, aqueles que insistem em tentar entender coisas espirituais com referências humanas, materiais. Esses concluem equivocadamente a partir dessa afirmação, que se é Deus quem escolhe, alguns são escolhidos e outros não, assim que culpa têm os não escolhidos de ficarem fora do plano maior de Deus, foi Deus quem escolheu não incluí-los, não foram eles que se excluíram? 
      Porém, o escolhido tem um desejo inerente de sê-lo, assim como o não escolhido nunca faz questão realmente de ser. Não, Deus não é injusto, com ninguém, ele não faz acepção de pessoas, ama a todos e dá a todos oportunidades. Contudo, o que temos que aprender do texto de João 15 é que Deus é mais importante que o homem, que tudo parte dele e para ele deve retornar, isso na verdade é um dos mistérios espirituais mais importantes, o entenderão os de fato espirituais, os chamados por Deus para isso, os que têm essência de escolhidos, os que sabem que têm uma chamada de Deus urgente. 
      Mas porque esse conhecimento muda nossa existência? Porque nos coloca num plano superior do de simples seres humanos que escolhem uma religião por gostarem mais dela, ainda que seja uma religião que creia naquele que disse ser o caminho, a verdade e a vida. Esse plano é a vontade do Deus altíssimo, superior a tudo, seres espirituais, poderes humanos, galáxias, estrelas, planetas, potências da natureza terrestre, um ser santíssimo, onisciente, onipotente, sem início e sem fim, esse Deus escolheu especificamente você, para quê? Para uma missão única e intransferível.
      Não é a maior do mundo, nem a menor, não é a melhor, nem a pior, mas é a tua missão e se você entender qual é e a executar, você será a melhor versão de você mesmo, e isso, meu querido e minha querida, é tudo o que precisamos para termos uma vida de paz, libertação e vitória. Assim, não reclame, não duvide, não hesite e nem se esqueça, o Deus que chama faz cumprir, capacita para cumprir, de um jeito ou de outro, isso estava escrito para você antes de você nascer neste mundo. Quem adquire esse conhecimento não é mais servo, mas amigo de Deus, e não existe nos universos honra maior que essa.

28/06/20

Chamada genuína dá frutos verdadeiros

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” João 15.15-16

      Como saber se estamos de fato desempenhando uma chamada genuína de Deus para nossas vidas? Verificando os frutos, mas calma aí, é preciso que entendamos o que são esses frutos. Não esperemos que morangos nasçam em laranjeiras, nem que laranjas nasçam em limoeiros, e não adianta pintarmos laranjas de vermelho, nem limões de amarelo, a mentira engana por um tempo e só os que olham de longe, quem se aproxima e prova um fruto saberá que a laranja maquiada é um limão amargo disfarçado.
      Cada planta dá um fruto específico, com características próprias, aceitar isso é o primeiro passo para que entendamos nossas chamadas, assim se uma planta não está dando o fruto que queremos, ou cortamos a planta e plantamos outra, ou aceitamos os frutos que a planta está dando. Contudo, se a planta foi plantada sob autorização de Deus, não tem jeito, o único caminho é conhecer melhor a planta, nos livrarmos dos equívocos, e aceitarmos seus frutos, usando-os da melhor maneira possível. 
      Explicando a metáfora: uns adorariam ser pregadores famosos, que encantam centenas em templos lotados, mas isso é para os que têm chamada de Deus para isso. Mas isso significa que se alguém não tiver esse tipo de chamada divina não encantará centenas de pessoas e não encherá templos? Não, isso tudo poderá ocorrer, mas será pela força humana, pelo carisma de homens, não por Deus, não sendo de Deus não é chamada de Deus que não dará frutos legítimos de Deus.
       Nesse caso, um dia virá à tona a verdade, o “falso morango”, que deveria ter se mantido “rasteiro” e discreto, como convém aos frutos do morangueiro, será desmascarado como “falsa laranja”, que não convencerá, não a todos e nem em todo o tempo, como uma laranjeira alta e vistosa. Quem nasceu para ser “morangueiro” nunca será “laranjeira”, quem tem chamada para dar seu melhor fruto em uma vida mais comedida e anônima nunca conseguirá administrar em Deus uma vida mais pública e famosa.

27/06/20

“Ficai parados e vede a salvação do Senhor”

      “E disse: Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.15-17

      Eis uma daquelas passagens que mais nos consolam na Bíblia, que mais definem a espera em Deus, a confiança de que quem ora e entrega algo nas mãos do Senhor pode ficar tranquilo que ele recebe o que lhe foi entregue e cuida, dando no momento certo a melhor resposta, construindo a solução sozinho, sem que precisemos fazer nada além de entregar, crer e esperar. Se possível leia todo o capítulo de II Crônicas 20, segue um pequeno estudo bíblico sobre ele. 

      “Agora, pois, eis que os filhos de Amom, e de Moabe e os das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste passar a Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os destruíram, Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da tua herança, que nos fizeste herdar. Ah! nosso Deus, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti. E todo o Judá estava em pé perante o Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos. Então veio o Espírito do Senhor, no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de AsafeII Crônicas 20.12-14

      Interessante que o problema que atingia Judá, pelo qual o rei Jeosafá orou a Deus, era o ataque iminente de povos pelos quais Israel tinha tido misericórdia, Deus não autorizou Israel a conquistar as terras dos povos de Amom, Moabe e das montanhas de Seir quando Israel vinha do Egito para Canaã, assim esses puderam continuar em suas terras, que não foram tiradas deles por Deus para dar a Israel. Mas novamente Deus pede de Israel, agora numa atitude defensiva e não ofensiva, visto que quando vinham do Egito poderiam ter tomado a iniciativa de lutar contra os povos, e agora tinha que estar pronto para se defender de uma iniciativa dos povos, Deus pede que Israela nada faça. 
      Deus não queria que Israel se envolvesse com aqueles três povos, um motivo poderia ser o fato desses povos serem também descendentes de Abrão, assim o Senhor não queria “briga” entre irmãos de sangue. Amonitas e Moabitas eram descendentes das relações incestuosas entre Ló, sobrinho de Abraão, e suas filhas, já os das montanhas de Seir eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó (Israel), assim em alguma instância esses três povos poderiam ainda ter direito à promessa feita por Deus a Abraão. Um outro motivo, ou afirmando o primeiro, é que eram povos poderosos, que Israel temia, seja como for família, irmãos, cunhados, sempre nos parecem inimigos grandes demais.
      Se tivesse que haver uma guerra, que fosse como defesa e ainda assim Israel deveria se envolver o menos possível, isso nos ensina que certas guerras não devemos fazer, porque Deus tem pelos nossos inimigos o mesmo respeito e a mesma misericórdia que tem por nós. Se alguém que se posta contra nós tiver que perder, que seja porque se postou antes contra Deus, e se postou-se contra Deus a “briga” é com Deus, não conosco. A palavra de livramento, na passagem inicial desta reflexão, veio pela boca de um profeta, levita e responsável pela música, da família de Asafe, após um grande problema e um grande clamor, vem uma resposta poderosa do Senhor, que nos consola e nos resolve. 

      “E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pós emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados. Porque os filhos de Amom e de Moabe se levantaram contra os moradores das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar; e, acabando eles com os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se. Nisso chegou Judá à atalaia do deserto; e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum escapou.” “E vieram Jeosafá e o seu povo para saquear os seus despojos, e acharam entre eles riquezas e cadáveres em abundância, assim como objetos preciosos; e tomaram para si tanto, que não podiam levar; e três dias saquearam o despojo, porque era muito.” “E veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel. E o reino de Jeosafá ficou quieto; e o seu Deus lhe deu repouso ao redor.” II Crônicas 20.22-25, 29-30

      Agora o mais incrível foi como se operou a salvação de Deus, diga-se de passagem uma salvação difícil da gente provar, não é fácil não fazer nada e esperar parado, mas Israel que obedeceu, que começou a adorar ao Senhor pelo livramento, pela fé, sem ver e sem saber, provou. Por algum motivo amonitas e moabitas brigaram contra os das montanhas de Seir e depois que os de Seir foram destruídos brigaram amonitas contra moabitas até se destruírem mutuamente, assim quando Judá chegou todos os seus inimigos tinham sido destruídos sem que ele precisassem lutar. Fantástico esse texto, claro e com tantas lições, aplicações, são passagens assim que confere à Bíblia qualidades únicas entre livros sagrados religiosos.
      Contudo, a história não termina aí, ainda teve bônus para aqueles que esperaram quietos e confiantes em Deus. Israel enriqueceu-se com os despojos dos inimigos mortos e teve das nações vizinhas respeito, isso lhes deu repouso por um período (que teria sido maior se Jeosafá tivesse permanecido fiel a Deus, mas isso já é uma outra história...). O que dizer sobre essa experiência metafórica da nação de Israel para as vidas de todos nós, hoje e sempre, a não ser que Deus é maravilhoso, perfeito, poderoso? Glória ao Senhor que sempre, sempre é fiel com aqueles que o buscam e o obedecem, não existe situação sem solução, o que existe é oração não realizada ou não obedecida, da forma correta. 
      Mas será que foi um milagre, como muitos aparentemente podem achar que foi, uma ação extraordinária de Deus? Deus só começa a trabalhar na resposta depois que nós fazemos a pergunta? Não, não foi um milagre na maneira como tantos pensam, foi só o cumprimento da vontade de Deus no tempo certo, com Israel, por estar conectado a Deus em oração, temor e obediência, podendo provar o que mais precisava no momento exato que precisava da única maneira que podia provar. Deus “trabalha” o tempo todo, algo que precisaremos daqui a um ano, Deus pode estar começando a construir hoje, se um ano for necessário para isso, algo que nós talvez não tenhamos nem ideia que precisaremos.
      Deus poderia estar trabalhando nos inimigos de Israel há algum tempo, permitindo coisas que levariam os três povos a se desentenderem no exato momento que Jeosafá fizesse a oração. Há coisas que Deus precisa de alguns anos para construir, mas há coisas que ele precisa só de um instante como há outras coisas que ele constrói em milhões de anos, ao homem basta estar em comunhão com Deus, assim saberá quando e sobre o que orar, a tempo de provar a eterna obra do Senhor no universo. Deus é muito mais poderoso que imaginamos, não age extraordinariamente só quando oramos, ele tudo sabe e pode o tempo todo, felizes os que sincronizados com o Altíssimo provam naturalmente de ações que muitos até chamam de milagres.

26/06/20

Só abre mão de algo quem algo tem

      “Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.Lucas 19.26

      O que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? Muitos passam a vida lutando para ter algo, não para desfruto próprio, mas para exibir isso para os outros, para a sociedade, para a família, para a igreja. Muitos insistem em dizer que têm algo, quando na verdade não têm, desejam uma ilusão, vivem uma mentira, perdem o curto espaço de tempo material que seja chama vida. Se a vida passa depressa, passa muito mais rapidamente para quem vive correndo atrás do vento, tentando aprisiona-lo. Que vento é esse? O vento da vaidade, que engana os arrogantes, que no final leva à solidão e à amargura. Mas o que é mais importante, ter algo ou abrir mão disso? 
      Quem tem algo o recebeu do céu, do alto, do pai das luzes, diretamente das mãos de Deus. Esse terá uma vida de trabalho e de esforço? Sim, manter o que se ganha de Deus com honestidade e fazer disso bênção para si mesmo e para os homens é o trabalho mais honrado que o homem tem neste mundo. Contudo, a esse, que possui algo legitimo, um desafio é feito, responder de maneira correta a esse desafio conduzirá o homem a um crescimento espiritual verdadeiro que ele poderá levar para a eternidade e que definirá sua posição diante de Deus. Que desafio é esse? É abrir mão de algo, não de fazer algo, não a princípio, mas de receber dos homens, neste mundo, reconhecimento por algo que legitimamente se recebeu de Deus e se lutou tanto para aumentar e dar doces frutos para os homens. 
      Com esse desafio, num determinado momento de suas vidas, alguns serão confrontados, é nesse momento que se conhecerá onde está o coração do homem, se naquele que deu a ele o talento, se no talento que ele recebeu, ou se nos homens, que o assistem enquanto exerce o talento. Mas só abre mão de algo quem algo tem, assim ao que de fato tem um talento será difícil abrir mão dele, se não for difícil é porque o talento nunca foi verdadeiro. Conduto, o que abre mão, não antes do tempo, não na juventude, quando ainda se tem muito pra fazer, e disso depende independência material neste mundo, o que abre mão no momento correto estará pronto para a eternidade, para a morte do corpo.
      O versículo inicial, conclusão da parábola do talento dita por Jesus, diz que ao que tem lhe será dado. Por que isso? Porque esse teve mas não colocou seu coração no que teve, foi fiel, se esforçou, não buscou as vaidades do mundo e acumulou bens espirituais para a eternidade. Já o que não tem na verdade também tinha, mas amou tanto isso neste mundo, qua não fez nada pelo seu espírito, e só faz pelo próprio espírito o que faz pelos espíritos dos outros. Ele guardou o que consquistou só para si mesmo, egoisticamente, esse, ainda que rico e obstinado neste mundo, entrará na eternidade com saldo negativo. Em dívida com Deus? Não, em dívida consigo mesmo e com os outros, esse levará seu inferno consigo.