23/06/22

Constância e consistência

      “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.I Coríntios 15.57-58

      Se Deus permite uma luta, e nós, percebendo-a, nos consagramos, persistimos em oração para achar a solução do problema, recebemos a vitória, mas depois voltamos ao modo de vida que tínhamos antes da luta, então a luta não alcançou seu objetivo, não o objetivo que Deus queria alcançar em nossas vidas quando permitiu a luta. A luta vem para que alcancemos uma posição espiritual nova e mais alta, e depois nos mantenhamos nessa posição, mesmo quando a luta passar, esse é o objetivo maior do Senhor. 
      Os problemas passam, mas nosso crescimento em Deus deve permanecer, é ele que nos definirá na eternidade, não as soluções de problemas neste mundo, que na maioria das vezes são só recebimento de dinheiro para pagar dívidas. Se não aprendermos isso passaremos a vida com lutas repetidas, com problemas menores, pedindo a Deus dinheiro para pagar dívidas. Enquanto isso, nosso homem interior seguirá imaturo, infantil, e nossos corpos presos às necessidades materiais e passageiras deste mundo. 
      Sabe quando você acabou de orar por um problema sério, e ainda que a solução não tenha se manifestado no plano físico, no teu coração você já sentiu que recebeu resposta? Nesse momento você se sente bem, cheio de fé, não é? Pois bem, mesmo depois que a solução se manifestar Deus quer que você continue com essa disposição, e que a partir daí viva constantemente com ela, mesmo que não esteja com um grande problema para resolver. Se uma nova luta vier, que seja para você aprender algo diferente.
      A vontade maior de Deus para nós é que tenhamos vidas consistentes na excelência, subindo um degrau e nos mantendo nele, para depois subirmos mais um e nesse ficarmos. Infelizmente, muitos de nós subimos três degraus e depois descemos dois, subimos mais um, e descemos mais dois, ou então, subimos um e descemos um, nunca crescendo e mantendo o crescimento. Por isso muitos de nós têm vidas entediantes e sem sentido, porque passamos a maior parte do tempo buscando aprovação para as mesmas provas. 
      Tua maior prova não acaba quando tuas necessidades básicas de sobrevivência no mundo são supridas. Muitos passam um bom tempo buscando emprego e casamento, quando conseguem isso acham que conquistaram o mais importante e que seus problemas acabaram, enganam-se. Quando você tiver essas coisas é que tua prova maior começa, o que pode parecer o fim é só o início. Deus tem muito mais para nos dar, e isso está na área moral, não na material, tua maior prova é para ser virtuoso, não próspero no mundo. 

22/06/22

“Pai, perdoe-me a simplicidade”

      “Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará.” Isaías 62.4

      “Oh pai, me perdoe se estou sendo ingênuo, mas eu creio em ti. Deus, perdoe-me se o Senhor é bem mais que a simplicidade do meu cristianismo me ensinou, se não é só um pai amoroso que sempre me ouve, sempre me perdoa e sempre me abençoa, perdoe-me se meus louvores não são suficientes para te engrandecer. Perdoe-me Deus, se o Senhor é uma forma de energia superior, cuja sofisticação a ciência só poderá comprovar a existência no futuro, perdoe-em se o que te toca são as minhas vibrações, a minha energia, as frequências que de alguma forma meu cérebro produz.
      Ainda que haja tanta simplicidade em minha fé, ela é sincera, e como ela tem achado o Senhor, tantas vezes, por tantos e tantos anos. Perdoe Senhor minha ignorância, minha espiritualidade limitada, mas para mim tem bastado te buscar em nome de Jesus, para que minha alma seja inundada de paz, uma paz que não entendo de onde vem, e que não mereço, mas que é real. Perdoe-me minha surdez e minha cegueira, ainda que me venha à mente imagens de seres iluminados com asas quando sinto tua presença, e quando me sinto oprimido e oro percebo seres encolhidos e negros fugindo de mim.
      Sim, meu Senhor, a simplicidade do cristianismo do mundo me trouxe até aqui, não foi nenhum conhecimento mágico complicado, nem sistemas cabalísticos repletos de hierarquias e protocolos, foi a comunhão poderosa do teu Santo Espírito que me curou e me ensinou. Por isso, Senhor, amo as palavras de Jesus, amo o sermão da montanha, amo a ótica antropomórfica de Salmos e de Provérbios sobre os teus livramentos. Amo a Bíblia! Ela tem alimentado minha alma por muito tempo, sempre viva, sempre nova, sempre água limpa e fresca pelos desertos que este mundo me leva. 
      Talvez, um instante depois que meu corpo físico parar de funcionar e que de meu espírito ter sido retirado o véu da matéria, do espaço e do tempo, enfim, eu descubra que há muito mais que o que tenho crido pelo cristianismo do mundo. Mas será que fará diferença, diante de tudo o que experimentei de ti? No Espírito Santo e por Jesus vivo virtudes, amor, paz, desprendimento de vaidades, misericórdia para com todos, santidade verdadeira que permanece, tenho sido tão feliz assim, ingênuo, simples, o Senhor tem sido tão real? Perdoe-me se não mereço, se não sei te amar, mas te amo.”

21/06/22

Não tome mal alheio para você

      “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.I João 4.18

      Podemos avaliar e constatar erros, mas não é sábio levarmos a crítica para o lado pessoal, nem quando avaliamos o diabo. Quando uma crítica se torna indisposição pessoal, não é mais o possível problema do outro que está sendo levantado, mas é com certeza um problema nosso. Quando isso ocorre paramos de avaliar à distância e trazemos para perto, distância é imprescindível para não sermos influenciados pelo objeto avaliado ou influenciarmos o objeto. Nem o diabo, com tudo que representa no cristianismo, pai da mentira, príncipe das trevas, criador e mantenedor do mal, nem ele merece ódio pessoal. Quem gasta energia odiando o diabo ou a quem quer que seja, terá falta de energia para amar a Deus e aos homens.
      Tenho visto isso muito na mídia que se coloca contra o atual presidente do Brasil, ainda que esse camarada seja fácil de ser criticado, visto que se torna criticável o tempo todo e pelos motivos mais toscos, alguns grupos de comunicação tornaram essa crítica ódio pessoal. Quando isso ocorre sempre há exageros e parcialismos. Mas em se tratando da mídia, quando isso ocorre há perda de profissionalismo, assim vemos, por exemplo, os âncoras do Jornal Nacional, parecendo garotos em brigas de colégio, numa situação de pandemia onde seriedade é mais que necessária. Se alguém é digno de crítica, é digno de distanciamento, mas muitos não percebem que ódio aproxima tanto quanto o amor, é quase “invejinha” não assumida. 
      Mas iniciei esta reflexão falando do “tinhoso”, esse conhecido que na verdade é desconhecido, nem ele merece nosso ódio. Primeiro porque é um ser espiritual com funções bem específicas dadas por Deus, e ainda que a maioria dos cristãos pense saber quem é, creiam, não sabe. Assim, por ser mistério, mais ainda merece respeito, quem respeita não teme. O texto bíblico inicial fala algo parecido, quem ama não teme, bem, não estou dizendo que temos que amar o diabo, não, o que ele representa deve ser mantido bem longe de nós. Mas respeitar é parecido com amar em alguns aspectos, quem ama respeita, seja como for, quem respeita não teme, nós respeitamos o diabo, não o tememos, não o odiamos, e muito menos o invejamos. 

20/06/22

Ensine a pensar

      “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Filipenses 2.5-8

      Quando dizemos às pessoas que o que estamos falando é uma verdade, principalmente na área espiritual, colocamos as pessoas que discordam de nós, não contra nós, mas contra uma verdade. Isso até pode ser verdade, mas não é elegante, e pode até ser insano, já que nos colocamos como divinos e os outros contra algo divino. Será que Deus, que conhece toda a verdade, aprova isso? Jesus homem agiria assim? Isso tem alguma utilidade prática para mudar para melhor as pessoas? Ou na verdade essa postura é só arrogante insegurança, nos exalta, humilha os outros e afasta todos de Deus?
      Tenhamos certeza de nossas dúvidas, isso não é fraqueza, saibamos questionar, mas não tenhamos vaidade pelas nossas certezas, saibamos calar as respostas. O que não tem medo de revelar suas incertezas se mostra homem, igual, mas o que não lança na cara dos outros suas certezas, se mostra humilde, espiritual. A verdade mais alta se expressa em obras e virtudes de paciência, misericórdia e santidade, ela não leva os homens a exaltarem o ego humano, mas só a Deus. O sábio não diz, “isso é assim”, antes ele diz, “será que isso não seria assim?”. O jeito sábio não soa mais educado? 
      As pessoas não são convencidas pelos raciocínios dos outros, mas pelos seus, assim é melhor ensiná-las a pensar que a aceitarem cegamente pensamentos de outros. Se ensina mais fazendo boas perguntas que dando boas respostas, que cada um raciocine e chegue às próprias conclusões. É assim que o Espírito Santo age com os seres humanos, diferente de como as religiões agem. Quando buscamos a Deus com todo o coração, o Senhor nos conduz à verdade maior com paciência, passo a passo, nos fazendo perguntas e iluminando as coisas para que achemos por nós mesmos as respostas.

19/06/22

Deus não nos abandona

      “Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte.Salmos 48.14

      Inconstantes são nossos pensamentos, ontem tínhamos certeza, hoje não temos mais, somos reféns de nossas emoções, jogados de um lado para outro, como folhas secas ao vento. O vento nem precisa ser forte, o problema nem precisa ser grande, a oposição nem precisa ser real, basta que imaginemos algo diferente para perdermos a esperança. Quando vamos confiar em Deus, pensemos o que pensemos, sintamos o que sintamos? 
      Importa é nos guardarmos, nossas línguas de amaldiçoarem, nossas mãos de agredirem, nossos pés de correrem para as sombras. Permaneçamos na luz, em amor, em santidade e pela fé, e se nos faltar alegria, visto que nossos humanos corações não vivem sem alegria, busquemos a Deus, com simplicidade. Ele fará chover sobre nós sua palavra de paz e seremos renovados, os que buscam a Deus sempre, sempre o encontram. 
      Deus não nos abandona, nunca, confiemos nisso, ainda que abandonemos a nós mesmos, que os outros nos abandonem. Não podemos é sermos ociosos na oração, displicentes na fé, irresponsáveis com nossa vigilância moral. O dia passa, a noite chega, outro dia nasce, outra noite chega, quem se prende ao tempo só enxerga a morte, porque a vida neste mundo é vazia, mas quem eleva o espírito acha água, pão e é saciado. 
      Quando o espírito sofre não importa estar o estômago cheio, o castelo mais fortificado não protege a alma com culpa e com medo, se o futuro é incerto nenhuma alegria passada serve de confiança. Mas ainda que os olhos não vejam, creiamos, ainda que os pés estejam sangrando, creiamos, ainda que as mãos não tenham mais forças para segurar, creiamos. Os que creem com corações limpos serão honrados pelo Senhor. 
      Deus surpreende com boas notícias os que nele esperam, Deus surpreende com provisões escondidas os que nele esperam, Deus surpreende com livramentos extraordinários os que nele esperam. Então, teremos motivos para dizer, Deus é real, é misericordioso, tem o universo em suas mãos e nada nega aos que nele creem. Se tua fé acabou, creia mesmo assim, sem sentir, sem saber, com humildade confiando de todo o teu ser. 

18/06/22

Deus te toma pela mão

      “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.” Salmos 37.23-24

      Como saber se nossas vidas estão agradando a Deus? Como saber se nossas escolhas estão de acordo com a melhor vontade de Deus para nós? De diversas maneiras, as primeiras são as mais óbvias, quando obedecemos a Deus não prejudicamos nem a nós mesmos, nem aos outros. Isso não significa que não desagradamos alguns por obedecermos ao Senhor, mas de forma prática e objetiva, obedecer a Deus faz bem a nós e a nossos próximos. Na obediência a Deus você poderá ser fiel às tuas alianças, a teu casamento, se for casado, à tua profissão, aos ensinamentos de teus pais no que for possível, e por último, e se for ainda mais possível, às orientações de teu pastor e de tua religião. 
      Isso tudo não é regra fechada, há exceções que devem ser avaliadas na presença de Deus, em santidade, humildade e amor. Algo, contudo, é certo, quando estamos conforme a vontade de Deus estamos perto dele e somos guiados por ele. Quem agrada a Deus não anda em trevas, não é confundido, nem fica sem saber para onde deve ir, não para sempre. Sim, Deus pode orientar que esperemos e que nos dirá o que fazer mais à frente, e isso pode até demorar um pouco, mas quem espera em Deus o faz em paz e com clareza, não em confusão, e faz porque Deus o conduziu de perto a isso. O malfeitor, todavia, não tem o Senhor perto, nem é guiado por ele, o malfeitor está pela própria conta (Jó 8.20b).
      Não temos dificuldades para saber quando estamos fazendo algo errado, e nessa situação os demônios nem precisam nos oprimir, é quando estamos em concordância com a vontade de Deus que eles tentam nos amarrar com mentiras. Só se tenta derrubar quem está de pé. Assim, ter o Senhor perto, sentindo sua mão segurando a nossa, não significa estarmos numa situação fácil. Um turbilhão de coisas pode nos deixar perdidos, culpas, medos, paixões, ansiedades, tudo isso sem que estejamos em pecado ou desobedecendo ao Senhor, podem ser só demônios nos oprimindo com mentiras. Como discernir entre verdades e mentiras, entre estar em pecado e atacado pelo mal? Orando mais que o habitual. 
      Quando estamos conquistando um terreno novo sob ordem de Deus, muitos se levantarão contra nós, novas posições, principalmente espirituais, exigirão de nós mais consagração e vigilância. Deus sempre está conosco, mas em situações especiais temos que ter muita segurança disso, já que a opressão pode aumentar. Contudo, ainda que demônios achem que estão fazendo isso para nos enfraquecer, não estão, na verdade estão sendo usados por Deus para que nos fortaleçamos mais. Nossa força está em sabermos que Deus nos vê como homens bons, se deleita em nós e confirma nossos passos, cada passo que damos Deus põe um marco, informando ao mundo espiritual que aquele território é nosso. 
      Isso não nos impede, pelo livre arbítrio, de termos alguma queda, mas humildes e sob ordem de Deus ele nos levanta imediatamente, assim, não percamos tempo com o pecado, confessemo-lo e sigamos. Não entenda essa conquista como ser mais rico ou famoso no mundo, nem como nada megalomaníaco em termos espirituais. Pode até ser algo grande, mas o mais certo é que seja amadurecimento de alguma virtude, que você até então tinha dificuldade para exercer, como fé, paciência, amor, misericórdia, santidade. Estamos neste mundo para isso, para evoluirmos moralmente, conforme o exemplo do Cristo homem, para isso Deus sempre nos conduz de perto e pela sua poderosa mão. 

17/06/22

Tribulação que vem e que fica

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.16-18

      Muitas vezes até aceitamos certas tribulações e queremos fazer o que for preciso para as superarmos, mas fazemos isso para que elas sejam anuladas e nunca mais precisemos sofre-las. Não é bem assim, não com tudo, muitas tribulações não vêm para passar, vêm para ficar, são situações ou mesmo pessoas que teremos que conviver sempre, até o final de nossas passagens por este mundo. Por que é assim? Deus sabe, a nós compete identificar esse tipo de tribulação, aceitar e descobrir como vivermos em paz apesar delas. Nisso pode estar não só a superação de um problema externo, mas de um limite interno, nos levando a amadurecer espiritualmente. 
      O que queremos nessa vida, superar dores para termos prazeres, ou conhecermos os misteriosos, eternos e iluminados caminhos da luz espiritual mais alta? Jesus viveu, talvez por toda sua existência como homem, sabendo que sua grande tribulação não seria resolvida, por nada que ele fizesse. Ele até tentou em sua oração no Getsêmani, mas seu pedido não foi atendido, teve que seguir até o fim com a certeza de uma morte cruel e solitária. Isso não o tornou um homem amargo e descrente em sua trajetória, ao contrário, mais vencedor, feliz e espiritual. As perguntas feitas são: qual nosso maior objetivo como seres humanos, onde colocamos nossos olhos? 
      Penso em pais que têm ou que pegam para criar filhos com graves problemas de saúde, cadeirantes, deficientes intelectuais, eis dificuldades que serão para sempre. Confesso que não sei se teria forças para administrar situações assim, mas muitos administram, com amor e esperança, e são seres humanos até melhores que eu, que tenho tempo para usufruir coisas que eles não podem. Muitos procuram igrejas cristãs para conseguirem se livrar de tribulações que vêm para ficar, outros brigam com Deus por causa de problemas assim. A solução é pararmos de brigar com coisas que não podemos resolver, aceitá-las e conviver com elas com serenidade.
      Peso eterno de glória mui excelente por atentar nas coisas que não se vêem, isso é avaliar nossa existência no mundo com objetivos espirituais, tendo os olhos na eternidade, eis a maneira de termos paz com tribulações que vêm e que ficam. Jesus entendeu isso, Paulo aprendeu isso, seres humanos realmente espirituais vivem isso, não, os mais espirituais não são os que têm fé para anularem certos problemas, mas para seguirem com eles em paz. O preço da espiritualidade é sofrimento na carne, não tem outro jeito, não um sofrimento forçado ou artificial, como muitos religiosos tentam se infringir, mas aquele que faz morrer o egoísmo e a vaidade. 
      Para isso você não precisa necessariamente ser pobre, mas precisa ser caridoso, não precisa ser recluso, mas ser humilde, não precisa ser ignorante, mas sábio. Ser espiritual não é não ter, mas é poder dar com desprendimento, não é se esconder, mas estar com muitos sem querer se exaltar, não é não ter títulos, mas usar capacidades para servir os outros, não a si mesmo. Por que Deus permite tribulações que ficam? Para aprendermos que elas não têm tanta importância, não nos definem nem nos limitam, somos definidos pelas virtudes morais e limitados somente pela vontade de Deus, e ainda que nosso homem exterior se corrompa, o interior se renova

16/06/22

Paz, temos de verdade?

      “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.Filipenses 4.6-7

      Por mais difícil que seja entender é justamente por colocarmos outras virtudes na frente da paz, é que não conseguimos provar essas outras virtudes. Junte à paz a santidade, eis as virtudes que são bases para todas as outras. Somente santos e em paz temos paciência para amar, fé para crer corretamente, e não em qualquer coisa, domínio próprio para vencer o pecado do dia a dia, lucidez para sermos justos e misericordiosos. Sem paz não conseguimos nos aprofundar numa experiência de oração, ficamos com nossas mentes andando em círculos, não conseguimos a leveza para achar a vontade de Deus. 
      Muitas vezes vivemos sem paz, e podemos fazer isso enganados por outros sentimentos, que de alguma maneira não machucam, ainda que nos mantenham sem tranquilidade espiritual. Quando você vai comprar alguma coisa, sabendo que enfim tem grana para pagar, você fica excitado, nessa expectativa não há paz, mas o que importa não haver paz? A sensação de que terá em breve algo agradável para usufruir supera a falta de paz. Contudo, é em situações assim que cometemos grandes erros, pagando mais caro que precisaríamos para termos algo depressa, sem paciência para esperar. 
      Substituímos a paz mais profunda e pura pelos prazeres passageiros da carne, que como vícios precisam ser repetidos e repetidos, para que a falta de paz não nos machuque. Existem coisas que são virtuosas e mesmo religiosas, mas que buscamos pelo prazer que elas nos dão no corpo, novamente para substituirem a paz maior. O cristianismo ocidental, baseado numa vida mais materialista, que busca a Deus mas para ser bem sucedido no mundo físico, prova menos paz que religiosos orientais, por exemplo, que enfatizam meditação e conhecimentos espirituais para estarem preparados para a eternidade. 
      Talvez seja por isso que a mídia promova tanto a ioga e menospreze a oração cristã, e não estou aqui defendendo a boa intenção da mídia nem a eficácia da ioga, contudo, se uma grande maioria precisa de comida, uma minoria, mas que manda na mídia, precisa de paz. Qual a extensão da paz que retêm evangélicos que saem de cultos repletos de música sentimental e alta? Dura quanto essa paz? E não me refiro à impressão emocional que fica na alma, mas à paz profunda, que propicia outras virtudes e que mantém santidade e amor legítimos. Será que essa paz dura até que cheguem em casa? 
      Apesar de sentirmos certa tranquilidade depois que desabafamos, e participarmos de um período de louvor assim como de orações coletivas e em alta voz em igreja evangélica têm utilidade no desabafo, isso pode ser eficiente aos mais jovens, aos insanos ou a quem já estiver em paz. Contudo, para os maduros, a verdadeira paz só é conquistada com um encontro sério com Deus, que mude não só o emocional por algumas horas, mas suas existências de forma mais permanente. Um encontro sério requer escolhas profundas, que implicam em práticas e atitudes, não só em palavras e intenções. 
      Encontrar a paz maior pode não ser processo fácil, principalmente aos mais velhos, que podem ter se acostumado a vícios, incluindo vícios religiosos. Pode exigir de nós longos períodos de oração, onde se diz tudo, se chora tudo, depois se diz mais e se chora ainda mais, e então se cala. Quando calamos nossa primeira reação é parar de orar, mas é nesse ponto que devemos insistir em permanecer na presença de Deus. Ansiosos têm dificuldades de uma busca séria, precisam se acalmar profundamente, isso pode exigir até jejum de comida e bebida, para desintoxicar corpos viciados em excitantes. 
      O processo de busca da paz mais alta é processo de calar vozes, e creia, muitas vozes falam conosco, que podem não ser episódio esquizofrênico, mas sensibilidade espiritual mal direcionada. As outras vozes dizem de tudo, mas nunca nos deixam em paz, só nos fazem sofrer, contudo, se calam-se podemos ouvir somente a voz mansa do Espírito Santo. Ah, meus queridos, terrível e maravilhosa é a voz de Deus, quem a ouve é transformado, entende com clareza a vontade de Deus para sua vida e experimenta realmente a paz maior. Depois disso, e só depois disso, podemos orar sobre outras coisas. 

15/06/22

A verdade vem à tona

      “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido. Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no gabinete, sobre os telhados será apregoado.Lucas 12.2-3

      Não nos deixemos ser confundidos pelas trevas, o que é luz, frutos de luz dá, o que não é, é trevas. Na verdade, muitos sempre foram trevas, só tentavam enganar os homens dizendo que não eram, assim, o que se revela não é novidade. Mas alguns enganam bem, a eles mesmos e depois aos outros, mas não a Deus. O Senhor conhece corações e intenções, e também avalia frutos, ainda que seja paciente com todos, esperando que todos se arrependam. As trevas podem ser escondidas, ainda que por um tempo, a luz não precisa ser. 
      Os que se gabam de estarem de pé, ainda que andando sem sabedoria, abusam da misericórdia de Deus, que para esses um dia acabará. Já os que humildemente confessam que só estão de pé pela misericórdia de Deus, andando sempre com temor a Deus, plantam no amor do Senhor que nunca se finda e dá frutos de justiça. Não se engane, muitos erram porque não aprenderam a acertar, a esses Deus acompanha com carinho, quando aprenderem a agir corretamente mostrarão o que sempre tiveram dentro de si, pura luz. 
      O justo não se conhece pelo início de seu caminho, mas pelo seu fim. O falso, ainda que pareça luz no início, não resistirá às provas da vida, às injustiças e vaidades dos homens, um dia mostrará, com a insana irresponsabilidade dos loucos, o que verdadeiramente tem dentro de si. Nossa intenção é mais forte que nossas palavras, nosso coração mais teimoso que nossas escolhas, um dia a intenção do coração manifesta quem é e faz a escolha final, de luz para os da luz, de trevas aos das trevas, o tempo revelará tudo a todos. 
      Não se orgulhe da mentira, ó tolo, não construa sobre ela tua reputação, não pense que poderá seguir assim até o fim, que nunca será desmascarado. A vida é longa e a morte difícil aos das trevas, a vida é justa e a morte rápida aos da luz. O da luz sofre e mais severamente que o das trevas, na luz se encara verdades de frente, mas na luz se é provado na companhia de amigos verdadeiros e da luz. Ao das trevas o sofrimento parece menor, ele usufrui mais, se embriaga com vaidades e mentiras do mundo, mas acaba só. 
      Não desista de ser luz, justo, não tenha medo da verdade, por mais dura que seja, se necessitar do exílio saiba que é melhor a choupana com Deus que o palácio sem ele. A disciplina do Senhor tem fim, é vivida pelo justo perto de Deus, já sua ira dura a eternidade que o tolo escolher estar longe do Senhor. Não negue tua fé, filho da luz, de tudo o que tu tens tua fé é teu bem mais precioso, ela te levará a um bom lugar, onde há paz, água e pão. Feliz o que guarda a porção de fé que recebeu do Senhor, ela é nossa verdade maior. 

14/06/22

Culpa: assuma-a e deixe-a

      “Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus. Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Então ele, pela terceira vez, lhes disse: Mas que mal fez este? Não acho nele culpa alguma de morte. Castiga-lo-ei pois, e solta-lo-ei. Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos, e os dos principais dos sacerdotes, redobravam. Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam.Lucas 23.20-24

      Quem tem sensibilidade moral, que ainda mantém sua alma viva, sente-se mal quando erra, os cruéis, loucos e arrogantes desprezarão a culpa até que ela não exista neles. Esses, contudo, não anularão a culpa do jeito certo, só matarão suas almas, para que o corpo usufrua das vaidades e dos prazeres do mundo. Os humildes nunca deixarão de sentirem-se culpados quando errarem, e na verdade essa sensibilidade ficará maior com o tempo. Entretanto, o processo da culpa tem dois lados importantes, só relacionando-nos corretamente com os dois lados, cresceremos espiritualmente.
      O primeiro lado é o que mencionei acima, sentir profundamente a dor da culpa, entender porque ela existe, achar o erro, nos responsabilizarmos por ele e desejarmos, com todo o nosso coração, não fazermos mais aquilo que nos trouxe culpa. Nessa investigação podemos até descobrir culpa indevida, que não fizemos algo errado, que podemos estar nos sentindo mal porque não entendemos que mesmo atitudes corretas podem nos colocar em situações sociais desconfortáveis. Isso não é erro merecedor de culpa, se humildemente aceitarmos certas situações como vontade de Deus. 
      Jesus deveria sentir-se culpado por causar desconforto em líderes religiosos judeus? Penso que na elevação espiritual que Cristo homem tinha, nunca queria suscitar o pior de alguém, e eis uma prova que se é espiritual, não usar nem a verdade para levar alguém à ira. Como não temos visto isso hoje em dia, muitos cristãos se achando donos da verdade, têm entrado em polêmicas, principalmente na área política, causando situações de desentendimentos e agressões, e nem se sentem culpados por isso. Pensam que se falam em “nome de Deus” podem citar a Bíblia de qualquer jeito. 
      Mas se incorre em erro quem despreza a culpa, também o faz quem a guarda por tempo demais, esse é o segundo lado da culpa que temos que aprender a administrar. Assuma-a e deixe-a, o mais rapidamente possível, senão ela poderá enfraquecê-lo e deixá-lo frágil para errar de novo e depressa. O propósito da culpa é nos fortalecer, não o contrário, é nos purgar, não nos deixar pesados, é nos limpar para seguirmos rumo à vontade de Deus para nossas vidas. É nesse propósito que tudo que representa e é Jesus Cristo nos é tão importante, e de uma maneira que ninguém mais é ou pode ser. 
      Jesus sofreu e muito no corpo e no espírito para que todos nós pudéssemos achar nele alguém que de fato entende nosso sofrimento. Mas ele sofreu também injustamente para entendermos que podemos sofrer sem motivo aparente e ainda assim não devemos reagir do jeito errado. Mas tem mais, depois que ressuscitou e subiu, Jesus permanece num local espiritual exclusivo, acima de todo ser e toda religião. Nessa posição ajuda-nos para que sejamos perdoados colocando-nos em contato direto com Deus, acesso que perdemos temporariamente quando nos achamos culpados. 
      Essa capacidade que Jesus tem, tanto como o homem que viveu entre nós como espiritualmente, e que é a base do cristianismo no mundo, razão porque mesmo um cristianismo corrompido em muitos aspectos ainda siga abençoando a humanidade, essa capacidade muitos de outras religiões menosprezam, ao menos em alguma instância. Nossa salvação é trabalho a quatro mãos, nossa parte é assumir o pecado e fazer diferente, mas Deus em seu grandioso amor nos auxilia com Jesus no céu e o Espírito Santo no meio, para que sintamos a culpa, a deixemos e sigamos em paz.
      Nosso alvo mais alto é ser como Jesus, não ter culpa, isso não significa não sofrer, mas suportar agressão mesmo sem ter feito algo errado. Quando alcançamos esse grau de elevação nossa vida abençoa os outros, não só a nós, temos uma existência de missão, não de provação, anulamos os pecados de muitos por amor e geramos no universo um bem eterno. Enquanto isso, sintamos nosso erro, deixemo-lo, mas sigamos humildemente em paz, confiados na palavra de Jesus, que pega-nos pelas mãos e nos conduz em vitória à paz e à luz mais altas de Deus, nosso pai de amor. 
      Não desista de você, Deus não desiste, mas se vê que um erro é reincidente demais, ore mais a Deus a respeito para saber porque isso ocorre. Culpa deve ser deixada o mais depressa possível, mas não pode ser relevada, felizes os que se sentem culpados, ainda são sensíveis e admoestados por um Deus que sabe que só na santidade há felicidade. Quando a Bíblia diz “Deus limpará de seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” (Apocalipse 21.4) ensina que Deus, mesmo hoje, não tem nenhum interesse com sofrimento fora de tempo e desnecessário.