20/11/22

Alertas, firmes, corajosos e fortes!

      “Fiquem alertas, permaneçam firmes na fé, mostrem coragem, sejam fortes.” 
I Coríntios 16:13 (Nova Almeida Atualizada)

      Depois que encaramos um grande problema de frente, acertamos nossas vidas, buscamos a Deus e recebemos uma resposta, o problema foi superado, contudo, depois ainda nos resta um trabalho. O trabalho está descrito no texto bíblico inicial, que na versão bíblica usada fica-nos ainda mais claro. Começamos a seguir a Jesus pela fé, no início da caminhada nossos problemas parecem resolverem-se mais facilmente. Por isso mesmo, temos a tendência de amolecer na vigilância, só tornamos a ficar mais atentos quando um novo problema surge e temos que receber de Deus uma resposta.
      Contudo, quando amadurecemos, Deus nos trata diferentemente, a vida não será mais problemas e rápidas soluções para eles, e entenda certo o que vou dizer, a vida se transformará num imenso problema sem solução. Nesse ponto duas opções nos são apresentadas, ou assumimos nosso amadurecimento, ou desistimos de vez de andar com Jesus. Desistir de Jesus não é necessariamente desistir de frequentar igrejas, muitos estão dentro de templos, fiéis às programações de suas comunidades, cantando e orando, mas ainda assim são desviados, que desistirem de Deus há algum tempo. 
      Assumirmos o amadurecimento é enfrentarmos o problema sem solução do jeito correto, o jeito que Deus pede de filhos maduros, o jeito é seguir a orientação do texto bíblico inicial, permanecermos alertas, firmes, corajosos e fortes. Um problema pode ser de fato sem solução? Claro que não, Deus sempre ajuda os que confiam nele, contudo, há soluções que não são definitivas, mas devem ser experimentadas o tempo todo com uma vida o tempo todo alerta, firme, corajosa e forte. Num relacionamento maduro com Deus não há mais momentos de pausas, de descansos “espirituais”. 
      O amadurecimento nos faz alertas contra riscos desnecessários de apetites físicos, de ataques de espíritos maus, de armadilhas de homens egoístas, nos deixa firmes na fé no Deus que conhecemos e que nos trouxe em vitória até aqui. Também nos faz corajosos para enfrentarmos desafios e o desconhecido, sabendo que o Deus que tudo sabe e controla nos guia, assim como fortes mental e emocionalmente, não dando espaço para dúvidas, erros antigos e ansiedades com o futuro. Só o Espírito Santo pode nos fazer plenamente alertas, firmes, corajosos e fortes, por isso oração constante e profunda não é mais opção, mas estilo de vida de seres maduros.
      Quem sabe não precisa crer, e quem não precisa crer não precisa ser forte, ainda que possa se acomodar numa capacidade ou bem que desenvolveu ou adquiriu com esforço próprio. Mas o que busca o Senhor tem a oportunidade de ser fortalecido espiritualmente, já que não pode confiar no que tem ou é, logo, no que sabe e vê, mas só no Deus invisível e em seu amor. Não sejamos, contudo, como os tolos que não fazem suas partes e pensam que Deus pode fazer suas partes por eles, sejamos como os sábios, que se esforçam no que podem, mas ainda assim confiam no Senhor, não em si mesmos. 
      Ainda que estejamos firmes na fé, as outras pessoas podem não estar, aliás, podem nem ter comunhão com Deus. Isso é importante saber porque neste mundo não dependemos só de nós, mas também dos outros. Patrões, familiares, pastores, gerentes de bancos e chefes de tantas empresas e instituições com as quais nos relacionamos de alguma forma, nossas vidas podem depender de decisões de todos esses. Dessa maneira, estarmos vigilantes é pormos todos esses na presença do Senhor em oração, para que suas condutas sejam canais livres de bênçãos para nós, não impedimentos. 

      “Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos.” 
I Coríntios 16:13 (versão tradicional)



19/11/22

Emoção, razão e equilíbrio

      “Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.II Timóteo 1.7

      Os gregos clássicos já faziam coisas semelhantes (“Teoria de Hipócrates”), mas se transformou em ciência moderna com Freud (“Teoria Psicanalítica”), o mapeamento dos humores humanos e da psiquê humana. Esta reflexão propõe só mais uma classificação, dividindo a consciência humana em três partes: emoção, razão e equilíbrio. Sem uma delas nos faltaria alguma coisa, somos completos com as três, ainda que muitas vezes uma parte tente dominar as outras e uma parte possa ter lados positivos e lados negativos. Como sempre digo, não sou profissional da área médica ou de outra, o que faço aqui são só reflexões leigas, que possam ajudar você de alguma forma. 
      A emoção, que quando potencializada podemos chamar de paixão, nos leva tanto a coisas belas, audaciosas, construtivas, como o amor, o estabelecimento de uma família, mesmo de tribos, cidades e nações, mas também leva a coisas terríveis, impulsivas e destrutivas, como guerras. Muitas vezes não fazemos extremismos porque pensamos antes, fazemos porque queremos e queremos porque nos dão prazer, e ódio é tão prazeroso quanto amor. Quem fácil ama, fácil odeia, mas quem nunca odeia, também nunca ama, e aqui me refiro ao amor apaixonado, característica do mundo físico, não ao santo amor espiritual. Certos os gregos antigos, que tinham várias palavras para amor
      A razão acha prazer em teorizar as coisas no tempo, assim, se damos lugar a ela pesamos muito antes de agir ou de falar. Seu lado positivo é que ela procura entender profundamente as coisas, assim é útil para estabelecer fórmulas, que uma vez definidas economizarão tempo, não haverá mais necessidade depois, de se pensar outra vez, basta usar a fórmula. A ciência funciona basicamente sobre a razão, ela não sabe ou quer porque gosta ou desgosta, mas porque é o racional a ser feito, que comprovadamente deu e dará certo. Em nossas cabeças o lado ruim disso é que nem tudo é explicável, sermos racionais demais pode nos amarrar, o ser humano é mais que fria razão.
      Mas talvez a parte que mais nos defina como seres eternos seja a que busca encontrar o equilíbrio entre a emoção e a razão. Se há necessidade de equilíbrio é porque não basta-nos ser só emocionais ou só racionais, por outro lado, só se adquire equilíbrio praticando-o, querer ser espiritual sem enfrentar o mundo material é inútil. Se emoção é característica mais instintiva, material e individual do homem, que ele precisa para sobreviver neste plano, se razão é característica intelectual, desenvolvida para dominar a natureza e sobreviver em sociedade, o equilíbrio melhor é virtude moral que conduz a uma comunhão espiritual com Deus, o Espírito criador de tudo.
      Podemos tentar achar equilíbrio tanto pela emoção quanto pela razão. Os que veneram a ciência, como a um deus, pensam que só pela razão se acha equilíbrio, mas esses negam a intuição, e resumem o homem quase que a uma máquina. Os materialistas pensam que acham equilíbrio priorizando aquilo que lhes dá prazer, mas esses se tornam selvagens hedonistas, ainda que polidos e sofisticados. Ambos desprezam uma área importante do ser, o espírito, é preciso humildade para permitir que o equilíbrio do espírito administre tanta a emoção quanto a razão. Mas mesmo os que conhecem valores espirituais podem ser equilibrados pelo ardor da paixão ou pela fria racionalidade.
      O texto bíblico inicial fala-nos algo sobre três áreas humanas, podemos ligar amor à área emocional, poder à racional, e moderação à espiritual? De certa forma. Amor não pode ser frio, implica em empatia e essa nos leva a chorar com quem chora e nos alegrarmos com quem está feliz, mas podemos ser traídos pelo coração. O ser humano tem dominado o mundo com a inteligência que cria armas e máquinas, vemos a razão, que não se importa com o fim de algo, entregando poder a certos homens. Mas se a emoção por sentir e a razão por poder podem ser parciais, entregarem direitos a alguns e não a outros, só a moderação acha o equilíbrio de um Deus que ama a todos. 

18/11/22

Maravilhosa constância de Deus

      “Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade. Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará? Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” “O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração.” 
Salmos 6.2-6, 9

      Passamos uma parte significativa do tempo de nossas vidas sofrendo, sofremos por causa de nossas inconstâncias, enquanto isso Deus permanece sempre o mesmo. Não temos a paciência que Deus tem conosco, nem com os filhos mais amados e corretos. Como deve ser para o Senhor ter que repetir para nós sempre as mesmas coisas? Como deve ser para ele, tantas vezes, ver-nos desanimados, incrédulos, ainda que ele já tenho dito para nós que está tudo bem, que tudo vai dar certo, que ele já recebeu o que entregamos e a ele confiamos e que podemos ficar em paz? Isso deve ensinar-nos sobre o que somos, inviáveis para reter neste mundo a vida, assim como sobre o que podemos ser, vasos constantemente cheios com unção a de Deus, possível se tivermos vidas diárias de oração. 
      Às vezes me entedio, não com Deus, mas comigo, nessas horas novamente me vem à mente aquela possibilidade de pecado que não pode ser perdoado, não por Deus, mas nosso pecado não perdoado por nós mesmos. Mas não precisamos estar sujos com um pecado para nos sentirmos mal, basta estarmos vazios do presença do Senhor. Salmos 6.9 me consola porque diz que Deus não se cansa de mim, falta de paciência, tédio, sentir-se enfadado e desanimado com coisas repetitivas, principalmente as ruins, são experiências que o Espírito Santo nunca tem. São sensações de morte, de fim, de desesperança e Deus é sempre vivo, seu Espírito sempre tem esperança, Deus nunca se cansa ou se enjoa. Glória a Deus, o que seria de nós, criaturas inconstantes, se não fosse a maravilhosa constância de Deus?
      O versículo 9 do salmo 6 parece fazer uma diferenciação entre súplica e oração. Súplica é algo que fazemos quase que inconscientemente, é um gemido íntimo, mais uma intenção emocional que frases racionais verbalizadas. Quando estamos com um problema, que pode ser só o desânimo de viver, o ácido perfume de morte que a matéria sempre leva, não temos forças para nada, mas ainda assim nosso espírito murmura. O Espírito Santo, em sua elegante graça, toma esse murmúrio e o leva a Deus, isso é o suficiente para que gotas de esperança sejam derramadas dos céus sobre nossas almas. Tocados pela misericórdia do Senhor, temos forças para orar, com certeza de sermos ouvidos, as vozes de morte se calam, sentimos o tranquilo silêncio, onde a vida eterna novamente volta a fazer sentido. 
      Meus queridos, viver é esperar em Deus, o tempo todo, quem não entende e não aceita isso se cansa, se enfada, se entedia, e fica andando em círculos, repetindo provas, duvidando do que já tem e sabe, desacreditando de Deus e da vida eterna. Não pense que você precisa estar com um pecado muito grave sem perdão para sentir o gosto da morte, neste mundo sem o melhor de Deus sentimos isso naturalmente. Por isso não fiquemos “viajando” no desânimo, mas busquemos a Deus. Se somos infiéis, Deus é fiel, se carregamos a morte no corpo físico, o Espírito Santo é vida eterna, se nosso coração é inconstante, Jesus é constante, sempre nos coloca diretamente em comunhão com o Altíssimo. Nossa fé precisa ser renovada todos os dias, e será assim até nosso último suspiro neste mundo, ânimo, amados!

17/11/22

Quem tem direito à felicidade?

      “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.” 
Salmos 40.4
      “Bem-aventurado é aquele que põe no Senhor a sua confiança e não se volta para os arrogantes, nem para os que seguem a mentira.” 
Salmos 40.4 Nova Almeida Atualizada

      Quem tem direito de ser bem-aventurado, ou muito feliz? O salmista diz que é o que confia em Deus, e que não dá atenção a soberbos e mentirosos. Com “não respeita”, o texto quer dizer quem não se volta para dar importância, não significa faltar com respeito, o novo testamento não orienta-nos tratar alguém assim. Existem pessoas que simplesmente devemos ignorar, não como seres humanos que necessitam do amor de Deus, mas como opiniões que possam interferir em nossas vidas, em tirar de alguma forma nossa tranquilidade. 
      Soberbo é todo aquele que se acha superior de alguma maneira aos outros, seja pelo dinheiro que tem, pela cultura e formação intelectual que possui, e mesmo por se achar equivocadamente melhor religioso. Eu disse equivocadamente porque um bom religioso, principalmente um bom cristão, é melhor justamente por ser humilde, assim não pode ser soberbo. Contudo, como existem soberbos disfarçados, que até não se impõem com palavras ou com ações, mas que dentro deles, em seus íntimos, se consideram melhores que os outros.
      Ser feliz é confiar em Deus e não dar bola para o que os outros pensam, digam ou façam, as pessoas não têm direitos ou poderes sobre nós, só Deus. Se por acaso precisarmos depender de soberbos, por exemplo na área profissional ou na familiar, onde as interações podem ser complicadas, entreguemos o equivocado nas mãos de Deus e sejamos humildes. Ainda que as pessoas possam achar que mandam em nós e nos controlam, isso não é verdade, basta um pequeno agir de Deus para que poderosos caiam e sejam envergonhados.
      Mas o texto bíblico inicial fala também dos que se desviam ou seguem a mentira, acredite, muitos que se postam com arrogância, nada mais são que mentirosos, tremendo de medo de serem descobertos em suas falácias. Quem é feliz porque confia em Deus anda na verdade, ainda que seja na pobreza e na simplicidade, está na luz e essa afugenta falsos e mentirosos. Não sejamos orgulhosos, como os soberbos, mas também não nos humilhemos para homem, só para Deus, que nos acolhe e nos dá o direito de sermos felizes. 

16/11/22

Alegremo-nos!

      “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!Filipenses 4.4

      Tristeza envelhece, causa doenças, limita a vida. Se estamos fazendo nossa parte, se estamos andando conforme a vontade do Senhor e estamos confiando nele, estejamos alegres. Isso não e só escolha ou irresponsabilidade, é louvarmos a Deus, darmos testemunho dele, praticarmos nossa vocação maior de vida. O humilde sempre acha alegria, pois anda na luz e nela não há armadilhas ou surpresas ruins. Mesmo na disciplina de Deus será cuidado com dignidade, mesmo no vale da sombra da morte em que este mundo pode estar, o humilde não teme mal algum. 
      Muitos de nós fomos criados de um jeito e nos acostumamos a viver de uma maneira que sempre procuramos motivos para sermos tristes. Tristeza se torna uma obsessão, identidade para chamarmos de nossa, mas não é essa a vontade do Senhor para seus filhos. Se muitos se alegram no mundo por qualquer coisa, com prazeres vãos, traindo alianças, machucando seus corpos e sujando suas almas, os que andam com Deus têm motivos legítimos para serem alegres e sempre, basta que sejam fiéis a Deus, a si mesmos e ao próximo, e exerçam fé inteligente. 
      Contudo, ninguém se iluda, não basta agirmos corretamente, só fazermos a nossa parte, tem que haver íntima comunhão com Deus em oração, onde conhecemos sua vontade e achamos forças para fazê-la. É o Espírito Santo quem nos alegra em primeiro lugar, depois podemos experimentar essa alegria nas outras coisas, nas amizades, no trabalho, nos estudos, na igreja, mesmo nos lazeres mais simples. Caso contrário, nem todo dinheiro disponível no mundo, usufruto dos prazeres mais caros, honra dos homens mais importantes, farão com que sintamos alegria.
      “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Salmos 51.12). Alegria nos faz voluntários para fazer o bem aos outros, senão nos fechamos em nós mesmos, em nossa tristeza, achando legitimamente que temos direito de sermos egocêntricos porque estamos tristes. Tristeza indevida se torna idolatria, maior que nós, maior que Deus, leva à depressão, à morte em vida. Repito, é preciso ser humilde para ser realmente alegre, e nem me refiro à felicidade duradoura, essa não existe aqui, mas só alegres, simplesmente por existirmos. 
      O texto bíblico inicial não é uma sugestão, é praticamente uma ordem que Paulo dá, e ele tem motivos para isso. Ele sabe as brechas que a tristeza pode abrir nos homens, portas para pecados, vícios, caminhos da morte. A melhor alegria é de graça, pela graça de Deus, só quando entendemos isso é que descobrimos a melhor alegria, aquela que não está aliada às coisas visíveis, só às invisíveis e pela fé no Senhor. Alegremo-nos! Tenhamos isso como estilo de vida, busquemos coisas que nos façam bem e que nos alegrem de forma duradoura, isso é a vontade de Deus para nós.

15/11/22

Tristeza para o bem

      “Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.II Coríntios 7.8-10

      O texto bíblico inicial, parte da segunda carta de Paulo aos coríntios, revela algo interessante, os membros da igreja em Corinto parecem não terem gostado da carta anterior de Paulo, ficaram entristecidos com o que leram. Eu acredito que Paulo tinha noção do que escreveu, sabia que havia dado exortações precisas e do Senhor, mas ainda assim disse que sentiu algum pesar ao saber que os coríntios tinham se contristado. O apóstolo-teólogo sabia quem era, o que fazia e o que dizia, mas não era desumano, apesar de pegar pesado muitas vezes, em minha opinião, baseada em posicionamentos dele em várias passagens. Veja, por exemplo, o que ele diz sobre casamento e vida com Deus, justamente em sua carta anterior aos coríntios (I Coríntios 7), não necessariamente influenciado por seu contexto histórico. 
      Penso se hoje em dia, com seres humanos tão melindrosos, inflados de direitos e avessos a deveres, se muitos pastores enfrentam reações negativas para terem que entregar palavras de exortação legitimamente de Deus e necessárias. Será que muitos correm o risco de perderem dizimistas sendo duros no Espírito Santo? E eu disse no Espírito, não por falso moralismo ou por preconceitos sociais e morais. Se a grana controla o mundo, também domina muitas igrejas cristãs, infelizmente. Hoje, o medo de se obedecer a Deus não está, pelo menos não na maioria dos países civilizados, em perder vida física, mas em perder o salário, ou mesmo, em ser “cancelado”, termo usado nas redes sociais, perdendo por isso popularidade e aprovação de tantos. Ainda assim muitos se auto-denominam apóstolos e missionários.
      Mas Paulo folga-se no Senhor, sabia que a tristeza do homem tinha sido segundo Deus, essa tristeza opera arrependimento, não morte. Será, que como luzeiros do Altíssimo, vivendo no mundo e dando testemunho, ou fazendo um evangelismo mais direto, seja em púlpitos, físicos ou virtuais, seja nos lares, temos esse entendimento, essa coragem, essa convicção? Ou só dizemos aquilo que as pessoas gostam de ouvir, mantendo-as no erro e não conduzindo-as à salvação? Às vezes é melhor ficarmos quietos, que entregarmos algo como sendo de Deus quando não é. Quem não paga o preço aqui de dizer a verdade, será confrontado na eternidade, quando alguns testemunharão sobre falsos evangelistas, dizendo que não sabiam que faziam coisas erradas porque não foram adequadamente avisados (Ezequiel 33.1-6). 
      Não estou dizendo que as pessoas serão inocentadas pelos erros dos outros, a lei é moral e o espírito humano sabe quando erra, ainda que ninguém saiba ou o avise. Se uma pessoa não avisar alguém, outra avisará, de alguma maneira, Deus não erra nem é injusto, contudo, a pessoa que não avisou sofrerá as consequências por isso. Os errados sejam humildes, aceitem a correção, quando é de Deus os homens podem nem ficarem sabendo, seu pastor, sua esposa, seu esposo ou seu patrão, podem nem ter conhecimento de seu erro e nada fazerem a você, mas Deus vê e corrige para a vida. Já os profetas, sirvam a Deus, não aos homens, obedeçam seus chamados diligentemente. Não é fácil ser boca da verdade mais alta, nem há recompensa por isso no mundo, mas é honra de Deus, a eternidade revelará.

14/11/22

O Senhor é o meu pastor

      “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” Salmos 23.1

      A essência espiritual do homem é ser ovelha, não é ser pastor, pastor só existe um, Deus. Isso revela muito mais que simples hierarquia, que posicionamento de general e soldado, de senhor e servo, de chefe e empregado. Isso revela a vocação de sermos mansos, pacíficos, abertos a uma orientação superior, admitindo que não sabemos tudo, mas que existe quem sabe, e que esse nos ama e nos conduz. Ser ovelha não é ser “manada”, termo atual aplicado a quem se deixa conduzir por políticos ou religiosos, sem questionar e obter com isso conhecimento mais profundo e verdadeiro. Ser ovelha é ser humilde. 
      O homem não se sente satisfeito, independente de sua situação financeira ou nível intelectual, por ser auto-suciemte, quem acha que independência material traz satisfação ilude-se. Por outro lado, ainda que o pastor conduza ovelhas à liberdade e à independência material, elas aprendem que seu alimento principal não está no mundo, mas no Espírito, o Santo Espírito vem de cima, do Altíssimo, não da Terra. A simbologia pastor e ovelhas não sugere submissão estúpida, mas reconhecimento inteligente de prioridades, materialistas e ateus não entendem isso. Ser ovelha é muito bom, é se permitir ser cuidado por Deus.
      O Senhor é o meu pastor, nada em faltará! Diga isso com alegria, com muita satisfação, ainda que com muito temor a Deus, sem vaidade e com humildade. Deus se alegra em que estejamos felizes, o Senhor não é só uma energia, uma luz alta, pura e poderosa, mas fria, Deus é pai de amor que se agrada com os que o agradam e a esses ajuda sempre. Creia, há uma conexão especial entre os seres humanos que se colocam como ovelhas em Jesus. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.27-28).

13/11/22

Mente firme em Deus

      “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti.Isaías 26.3

      Muitos enfrentam uma confusão constante dentro de si, isso torna a paz algo impossível. Não acontece necessariamente por se estar cometendo erros morais graves, mas tentar viver assim nos mantém fracos, deixando-nos mais propensos a errar. Na confusão de mente se busca nos prazeres do corpo algo que possa amenizar a dor, para que se possa enfrentar a vida. Assim, um loop estabelece-se, a dor leva a busca de prazer, que faz errar, que causa mais dor, que de novo pede por prazer, que gera mais erro e que causa mais dor. Não é vontade de Deus que existamos assim, é possível cura, se houver humildade e força de vontade podemos achar a paz e segurá-la. 
      O trabalho não é fácil, muitos desistem no meio do caminho, não desistem da vida, mas de Deus. Achar a paz é achar o ser interior e assumi-lo, muitos não têm coragem de fazer isso porque para esses parece que isso é humilharem-se demais diante de homens. “Quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim, quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á” (Mateus 10.38-39). Os que desistem não serão menos, mas mais, se esforçarão mais, para serem mais diante dos outros, mas não acharão paz porque fogem de seus seres interiores. Achar paz é achar vida, vida só se tem harmonizado com Deus. 
      Mantermos nossas mentes firmes em Deus só conseguimos fortalecidos com a unção do Espírito Santo, se tentarmos isso sem Deus poderemos até adoecer psicologicamente. Batalha espiritual é mental, mas não é vencida com armas mentais, mas com espirituais. Não confundamos, contudo, enfermidades mentais com essa confusão que muitas vezes nos atormentam, se forem doenças psiquiátricas devem ser tratadas com medicação e orientação médica adequada, não só com oração. Confusões espirituais, contudo, se permanecerem por muito tempo sem tratamento, podem fazer adoecer nossas mentes, assim também necessitaremos de tratamento físico.
      Sempre procuro fazer essas ressalvas, ninguém despreze ciência ou tente tratar área física só com reformas morais e espirituais, essas são importantes, mas dependendo do caso, orientação médica deve ter relevância, principalmente no início do restabelecimento. Tratado ou tratando o corpo, cuidemos do espírito, conduta moral correta, libertação de vícios, vida de oração, levam-nos à cura plena. Quando cito o termo unção lembro que oração correta não deve cansar-nos, enfraquecer-nos, esvasiar-nos, mas alegrar-nos, motivar-nos, preencher-nos positivamente, impressionando sentimentos com um santo prazer. É isso que fortalece-nos para firmarmos a mente.
      Temos que readaptar nossos seres, se estavam acostumados a se perderem em devaneios, devem focar em Deus, em virtudes, em coisas boas e possíveis, na realidade, no presente, num dia após o outro. Isso requer humildade para aceitar limites, mas também confiança em Deus, que sabe quem foi, quem é e quem precisa ser. Uma mente firme em Deus se reconstrói melhor, experimenta um novo nascimento espiritual e vê o espírito amadurecendo num novo ser. Quem começa esse caminho de cura terá que se esforçar no início, mas à medida que for caminhando se verá mais seguro, mais estável, e conseguirá segurar uma paz verdadeira em Deus.
      Ninguém se sinta menor por ter que enfrentar fraquezas, Deus as permite para que dependamos mais dele e assim sejamos fortes para a sua glória. Felizes os fortes por e em Cristo. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (I Coríntios 1.26-29)

12/11/22

Me tem feito muito bem

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?
      Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.
      Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.
Salmos 13

      Quem procurar em muitos dos salmos por ensinos claramente positivos e de incentivo emocional, terá dificuldades, achará em alguns versículos declarações pessimistas e incrédulas, só em outros achará o que a maioria espera da Bíblia, testemunhos otimistas e crentes. Isso ocorre porque uma das principais características dos salmos, muitos deles composições de Davi, e o termo composição aplica-se porque originalmente são poesia, não prosa, letras para músicas, é serem desabafos intensos. As emoções do escritor vão sendo expressadas aos poucos e com muita honestidade. 
      Quem de nós não inicia muitas vezes uma oração totalmente desorientado, agoniado, amedrontado, descrente mesmo de Deus, achando que o Senhor nos deixou sozinhos, à própria sorte diante de tantos que se colocam como nossos inimigos? Não era diferente com Davi, que como o artista do quilate que era, tinha a sinceridade corajosa de dizer o que sentia a Deus e de compartilhar isso com outras pessoas, em composições que fazia para uso público. Que diferença da atitude de muitos de nós, que hipocritamente só queremos mostrar em público imagens satisfeitas e resolvidas. 
      Muitos cristãos fazem hoje a distinção, ao meu ver desnecessária, entre música secular e música religiosa. É certo que muito do que se autodenomina música hoje em dia não é arte, nem expressão emocional honesta, é só “canto de acasalamento” grosseiro e vulgar. Mas existe muita música, chamada secular, boa, com uso correto da língua, com harmonias e melodias ricas, mas principalmente, descrevendo experiências emocionais, sociais, afetivas, sinceras e reais. Pois bem, essa boa música secular pode se encaixar em muitos salmos, pelo menos nas primeiras partes deles. 
      O salmo 13 é um bom exemplo da oração gradativa tão presente em Salmos, que parece que começa com alguém no fundo de um escuro poço e depois encerra no mais alto céu. Nos versículos 1 e 2 Davi declara medo por achar que Deus se esqueceu e fugiu dele, e por isso não consegue mais achá-lo, Davi diz que está muito triste e que está derrotado e humilhado por seus inimigos. Essa é a descrição de alguém sendo disciplinado por Deus, não porque o Senhor o puna, mas porque Deus se afasta dele. Mas será que Deus se afasta de alguém em algum momento?
      Não, somos nós, homens, que nos afastamos do Senhor. Contudo, a declaração de Davi assumindo sua dor, sua verdade interior, abrindo suas entranhas e expondo a Deus, sem meias palavras, é só o primeiro passo de sua busca ao Altíssimo. Nos versículos 3 e 4 Davi já começa a se levantar, depois de se mostrar ele pede a Deus que se mostre a ele, agora a incredulidade começa dar lugar à fé. Atende-me, ilumina meus olhos para que eu não adormeça na morte, para que meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar, nisso Davi reconhece sua situação, mas clama que Deus o ajude. 
      Nos versículos 5 e 6 um Davi diferente, daquele do início do salmo, se apresenta, ele diz confio na tua benignidade, na tua salvação se alegrará meu coração, ele já contempla a alegria rertornando. Meus queridos, as palavras são limitadas, lentas, não acompanham a ação do Espírito Santo, e creia, enquanto Davi fala Deus age. O que permitiu isso não foram as palavras em si, mas a atitude interior de Davi, de humildade e fé. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem, encerra assim o compositor seu salmo, como se a felicidade fosse coisa que já acontecesse há tempos.
      A oração verdadeira transporta-nos no tempo, do passado de morte sem fim para um presente eterno de vitória, quando o Espírito Santo nos eleva, o pior pesadelo parece nada, a luz do Senhor nos acorda para as maravilhas do plano espiritual. Inimigos? Não temos inimigos, só opositores tolos, perdidos em seus próprios pesadelos, batendo cabeças, nada poderão fazer contra nós porque estamos na luz de Deus e eles não se sentem confortáveis na luz. Mas a frase final nos revela outro segredo da vitória espiritual, o louvor, quem adora se protege de medos e de tentações, santifica-se e cresce. 

11/11/22

Aprendamos com Davi

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.Salmos 51.1-2

      O salmo 51 registra a oração que Davi fez após ser repreendido pelo profeta Natã (II Samuel 11-12) por ter adulterado com Bate-Seba e mandado matar Urias seu esposo. O pecado foi sério, as consequências à altura, mas Davi o assumiu, ainda que tardiamente e só após ter tentado acobertar o erro inicial com mais erros. Um trágico exemplo de como vergonhas podem se tornar vergonhas ainda maiores, se não houve pronta humildade para assumir as primeiras. Davi pede perdão a Deus com a certeza que isso seria suficiente para purificá-lo totalmente, isso fica claro na passagem. Por pior que seja o erro cometido o mínimo que podemos fazer é assumi-lo, confessá-lo a Deus e confiar na eficácia do perdão do Senhor.
      Davi poderia ter novamente a mesma atenção e a mesma proteção de Deus que tinha antes de pecar? Sim, contudo, fica a lição a todos nós, mesmo que haja paz com o perdão, os efeitos de certos pecados não desaparecem, devemos conviver com eles, ainda com mais humildade que a exercida para assumirmos o erro. Quem já não cometeu erros sérios, com consequências que não podem ser desfeitas? Deus não deseja isso a ninguém, mas em muitos casos pode ser a única maneira de sermos quebrantados e confiarmos no Senhor. Lições trágicas sofrem os teimosos, que ainda que tenham provado a honra de Deus, como provou Davi no estabelecimento de seu reinado, se esquecem dessa honra e não vigiam adequadamente.

      “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51.3-5

      Nesses versículos Davi especifica sua confissão, sua condição de pecador imundo, e principalmente, verbaliza contra quem pecou em primeiro lugar, contra Deus. Confissão de pecado não pode ser genérica, mas detalhada, sentindo toda a seriedade que implica o erro. Interessante que Davi diz que conhece suas transgressões, mas parece que nos esquecemos que estamos pecando e desagradando muito a Deus em algumas situações, como quando Davi desejou e possuiu a mulher de outro homem. Que não cheguemos a estarmos fracos assim, por isso vigiemos, nos fortaleçamos em Deus, enxerguemos o pecado antes dele acontecer, e fujamos dele, bem depressa, senão as consequências serão terríveis.
      Que diferença a honestidade de Davi, concordando que qualquer juízo que Deus executasse seria justo e ele receberia sem reclamar, da atitude de muitos jovens hoje em dia, não admitindo erros, jogando a culpa nos outros, não assumindo responsabilidades pessoais, achando-se sempre certos, cheios de direitos. Por isso tantos não conhecem o verdadeiro Deus, ainda que frequentem igrejas, não são humildes e não amadurecem. Davi chega ao fundo em sua confissão quando reconhece que sua essência é pecaminosa, desde seu nascimento, parece exagerado, mas representa bem a situação de quem foi surpreendido e duramente exortado. Davi faz tudo que pode para recuperar sua posição anterior a seu erro.

      “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Salmos 51.6-10

      Depois de enfatizar sua condição de pecador, Davi enfatiza a santidade de Deus, confia na eficácia do perdão do Senhor e clama para ter novamente a alegria de viver de quem agrada a Deus. Ah, meus queridos, muitas vezes só valorizamos certas coisas quando as perdemos. Mas creiam, é muito ruim viver em pecado, traindo pessoas, desejando o que não é nosso, tendo o que não nos pertence. Em se tratando de sexo errado é adultério e roubo, e no caso de Davi, também homicídio. Um abismo chama outro abismo, se o homem se deixar levar por prazeres egoístas, pela carne, desprezando o Espírito, acabará em morte e como dizem alguns, num horroroso “carma”. Quanto temos que pecar para acordarmos? 
      O versículo dez é muito bonito, vai ao cerne do problema, que não está nos órgãos e sentidos do corpo que interagem com os apetites, mas no interior emocional, mental e espiritual do homem. Davi deseja de novo o homem que era antes de pecar, que ele perdeu, não no adultério ou no homicídio, mas antes. Adultério e homicídio foram só trágicas causas de seu afastamento de Deus, afastamento que não o levou à guerra junto do exército de Israel e o amarrou ociosamente no palácio. Creia, ninguém comete um grande erro assim, da nada, avisos são dados e muitos, mas não são ouvidos, até que algo sério ocorre e revela o grande desvio do homem de Deus. Aprendamos com toda essa triste história de Davi e nos cuidemos.