Não
posso deixar de refletir sobre alguns costumes da igreja atual, não posso
deixar de fazer algumas críticas, não posso deixar de alertar as pessoas sobre
a maneira como recebem alimento espiritual nas igrejas evangélicas brasileiras.
Lembro-me
de um tempo quando o pastor da igreja pregava em todos os cultos da semana, o
culto de domingo à noite tinha a palavra mais esperada, mas o servo de Deus
alimentava suas ovelhas o tempo todo.
Havia,
de vez em quando, alguns dias diferenciados, onde um pastor convidado vinha
ministrar estudo bíblicos, assim como havia ocasiões especiais, aniversários ou
outras cerimônias, onde um visitante ministrava a palavra.
Hoje
os tempos são outros, o Espírito Santo tem feito um mover diferente, o que era
exceção ou costume apenas de algumas denominações, tem sido experimentado pela
grande maioria do povo de Deus, pelo menos pela maioria realmente atuante e que
tem feito diferença na sociedade brasileira.
Sim,
tem muita denominação definhando, principalmente porque insiste em não permitir
uma liberdade maior das pessoas expressarem sua devoção, sua fé e
principalmente, sua adoração. Nem digo que haja nessas igrejas a ausência do
Espírito Santo, mas há a presença tradicional de uma restrição às manifestações
emocionais desse Espírito.
Que
as pessoas atualmente estão experimentando uma necessidade muito grande e
imediata de emoções, que os sentimentos têm falado mais alto que a razão, que o
evangelho está muito sensorial, nos dias atuais, isso é consequência do momento
que toda a sociedade, cristã ou não, está vivendo.
Isso
já está assim há alguma tempo, por isso tanta ênfase na música dentro das
igrejas, e uma música bem diferente, na harmonia, no ritmo e na letra, dos
hinos tradicionais que cantávamos há trinta anos. As últimas gerações não
querem pensar, raciocinar, estudar ou ler, mas sentir, e isso imediatamente. Por
isso tantas versões de Bíblia, mas pouco estudo bíblico, por isso tanta música
nas igrejas e nas cabeças das pessoas, mas uma música medíocre, apelativa,
igual e superficial.
É aí
que entram alguns pregadores itinerantes, não todos, que mais parecem predadores, vendendo o produto que as pessoas atuais
mais querem comprar. Já falei sobre isso em muitas outras postagens, poucos
querem mudar de caráter, tornarem-se pessoas interiormente melhores, a maioria
quer milagre para bençãos materiais. Isso incentiva o “vitimização” que prega
que todos são vítimas e os outros inimigos, tira do homem a responsabilidade,
mesmo a culpa, e joga isso para o outro homem.
Tenho
visto as mesmas passagens bíblicas lidas e relidas nos púlpitos, e nem digo
estudadas, mas apenas lidas. Sim, a palavra de Deus é profunda e sempre viva,
pode ser e será estudada por milênios e sempre nos alimentará com algo novo,
esse é o argumento de muitos que repetem e repetem. Mas isso não é desculpa para
se usar sempre os mesmo textos, de milhares de referências que a Bíblia faz,
posso listar três que são usadas demais.
Os pastores têm que tomar mais cuidado com quem autorizam a usar os púlpitos, ao passo que precisam pregar mais e com qualidade, afinal de contas eles é que têm a chamada específica para alimentar suas ovelhas, são eles que podem oferecer o melhor alimento a elas, essa missão não pode ser procrastinada.
As ovelhas por sua vez, não
é porque alguém está no púlpito, com um microfone na mão, falando uma retórica enfática
e emocional, usando clichês com termos e promessas que até já foram usados em
algum momento em profecias e palavras legítimas, que é de Deus, que está sendo
declarado pela presença do Espírito Santo na vida do pregador. Precisamos ter
espírito crítico, precisamos ter a fé e confiança tamanhas que nos tornem lúcidos
e nos deem autoridade e coragem para julgar todo e qualquer tipo de profecia,
vinda de quem quer que seja.
Contudo,
a graça de Deus é grande demais, mesmo que muitos pregadores sejam falsos,
manipuladores, loucos mesmo, o Senhor tem tido misericórdia de uma geração que
está faminta por solução, esse é o lado bom de tudo isso. Essa fome, porém,
precisa ser aproveitada de maneira santa e com muito temor a Deus, pelos
verdadeiros pastores, pregadores, evangelistas e profetas atuais.
Identificar
o tempo em que se vive e plantar sementes que deem frutos que permaneçam são
características de uma igreja inteligente em Deus, ungida em Deus, obediente a
Deus, que conhece sua geração e cumpre sua missão de levar o evangelho ao
mundo.
Aos
inescrupulosos, a Bíblia diz: “Nem todo o
que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino do céu, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está no céu. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor,
Senhor, nós não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios?
Em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos
conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais o mal.” (Mateus 7.21-23).