terça-feira, março 18, 2014

Fazer a vontade de Deus (5a. parte de 14)

4º Ser crente atuante, levita, ter ministérios, cargos e títulos, também não significa que se está fazendo a vontade de Deus, e talvez seja aí onde existam os maiores equívocos.

Prosseguindo viagem, Jesus entrou num povoado; e uma mulher chamada Marta recebeu-o em casa. Sua irmã, chamada Maria, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
Marta, porém, estava atarefada com muito serviço; e, aproximando-se, disse: Senhor, não te importas que minha irmã me tenha deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude.
E o Senhor lhe respondeu: Marta, Marta, estás ansiosa e preocupada com muitas coisas; mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
Lucas 10.38-42

Esse é o texto áureo da Bíblia que nos exorta a respeito do ativismo, ressaltarei alguns pontos dele:
1. Marta tomou a iniciativa para receber Jesus, esse era um ponto positivo dela, sua voluntariedade.
2. Maria talvez não fosse tão prática, mas era sensível, sentou-se a ouvir o mestre, entendeu desde o início qual era a prioridade, espiritual mais do que social.
3. O que cobra de si mesmo sempre quer fazer o mesmo com os outros: cobrar. Marta reclamou de Maria para Jesus, estranho que para quem estava sem tempo tinha tempo para olhar a vida dos outros.
4. Jesus foi ao ponto: “estás ansiosa e preocupada com muitas coisas, mas uma só é necessária”, não era com Jesus que Marta se preocupava, mas era em mostrar para todo mundo que ela era útil, talvez para suprir algo não resolvido dentro dela.
5. Tudo que fazemos desnecessariamente, nós acabamos perdendo, não conseguimos reter obras falsas, com intenções erradas. A coisa certa, porém, por menor que pareça, nos acompanhará para sempre, como honra, como alegria, como parte que nos levou ao crescimento, um simples degrau para chegar às alturas.

Depois de legitimamente convertidos, muitos tomam um caminho errado, nascem de novo, mas não são libertados do vício da religiosidade. Começam a acumular atividades dentro da igreja, para agradar a Deus, para agradar aos homens, mais até do que a Deus, para obter deles a aprovação, a honra, para obter um status no grupo social. Assim se desgastam, deixam família, cônjuges e filhos em segundo plano, querendo salvar o mundo e perdem a si mesmos e aos seus queridos mais próximos.
Muitos começam a vir para a igreja para fugir, não do pecado, não do mundo, mas de si mesmos, de suas responsabilidades, de problemas familiares e profissionais que só podem ser resolvidos por eles mesmos, por mais ninguém.
É claro que uma igreja é o local ideal para se revolver problemas, é onde existe um culto organizado, com as pessoas desempenhando suas chamadas ministeriais, e onde existe, e tem que existir, a presença poderosa do Espírito Santo.
Contudo, já vi famílias, onde marido e mulher trabalham o dia todo, filhos estudam, isso de segunda a sábado, e ainda assim vêm a cultos e trabalhos em todas as noites da semana, enquanto que problemas sérios não resolvidos entre eles continuam existindo, principalmente problemas de relacionamento. Gente assim se torna solitária, sempre no grupo, mas sempre longe, insatisfeita, já que uma característica do ativismos é a solidão, querendo se viver para tudo, vive-se de maneira egoísta, não para o próximo, muito menos para Deus, mas somente para si mesmo.
Como esses problemas serão resolvidos se não forem encarados de frente, com diálogo, em momentos exclusivos para o convívio íntimo familiar, seja conversando ou fazendo alguma atividade de lazer para relaxar e se conhecer mais? Fica impossível por na prática aquilo que se aprende em tantos cultos, se não se há tempo oportuno para praticar? Tudo fica muito teórico.
A igreja é lugar para reflexão pessoal, mesmo que sendo um culto coletivo, ficamos sentados ouvindo e vendo, não se tem tempo para conversar com o outro, e na verdade deve ser assim, em muitas ocasiões. Mas se for só isso torna-se um problema, uma falha das igrejas atuais. Assistimos a espetáculos intermináveis, principalmente de música nos cultos, todo mundo quer cantar, mas ninguém que tocar em algumas feridas. Pouco tempo se tem para se abrir com o irmão, para fazer amizades, para crescer em grupo e com o grupo.
Vejo líderes praticando um pentecostalismo burocrático, uma espiritualidade genérica e asséptica, uma frieza escondida nas entrelinhas de discursos inflamados, que acabam sendo meras palavras. A vontade de Deus às vezes está muito longe de todo esse ativismo e muitas vezes Deus tem que usar uma fatalidade, um acidente, uma enfermidade, para dizer para as pessoas: “Basta! Parem com isso, eu não estou nesse negócio. Me obedeçam, busquem a minha presença e sejam curados de verdade!”.

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