domingo, março 04, 2018

Todos nos sentimos injustiçados

      "Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristeza e familiarizado com o sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados." Isaías 53.3-5

      Durante muito tempo de minha vida me achei uma grande vítima, e acredite, até tinha motivos pra isso. A criação estúpida e egoísta de quem teve muito menos que eu de amor e atenção, mas que nunca pediu perdão ou tentou dar mais do que recebeu, me entregou uma infância sombria, triste, solitária. A adolescência e juventude foram consequências disso, fui um menino amendrontado num corpo de homem por muito tempo, fazendo escolhas erradas e magoando as pessoas. Mas eu mantinha acesa em meu coração a chama negra da vitimização, e mesmo os erros que cometi, achava pra eles um álibi no mal que outros injustamente tinham feito a mim.
      Me converti cedo, com dezesseis anos, uma escolha pessoal fora do ensino não evangélico que tinha recebido até então. Não, minha conversão não resolveu como num passe de mágica todos os meus problemas. A cura veio lentamente, vivi muitos anos dentro de igrejas evangélicas ainda doente na alma e no espírito. Assim eu aprendi a separar a religião dos homens, mesmo que fosse uma religião cristã evangélica, do Deus verdadeiro. Minha restauração aconteceu de forma mais efetiva quando me libertei da tentativa de ser os que os outros queriam que eu fosse.
      É terrível como muitas vezes vamos para igrejas, querendo nos libertar de velhas cadeias e acabamos só trocando de carcereiros. Deus é amigo e não escraviza ninguém, quando peguei em sua mão e comecei a decidir as coisas por mim, o sol começou a brilhar no horizonte. Achei minha profissão, achei minha esposa, achei uma família e então, aos quarenta e dois anos renasci de fato. Ainda hoje me sinto injustiçado, vítima, novas coisas aconteceram em minha vida, coisas realmente boas, mas ainda provei a injustiça, não de um lar longe de Deus, mas de um mundo cruel e injusto.
      Por que contei a você essa história? Não foi pra merecer dó, mas pra você entender que todos nós, de alguma maneira, nos sentimos vítimas, sofredores de injustiças não merecidas. A vida neste mundo não é justa pra ninguém, quem buscar justiça, mesmo através do evangelho, estará perseguindo o vento. Somos muito menos que gostaríamos ou poderíamos ser, na profissão, no ministério, na vida social e afetiva. Se todos nos sentimos assim, então essa é a constante, não a variável, ninguém pode ser livrar disso.
      A variável para um problema sem solução é a maneira como podemos viver com isso e ainda assim sermos felizes, termos paz. Acredite, meu amigo ou minha amiga que lê este texto, em minha experiência de vida, na maior parte das vezes, o remédio que Deus nos dá, não anula a doença, mas nos oferece forças para convivermos com uma doença incurável. Se achamos a cura é só depois de caminharmos muito tempo com Deus, vendo a dor da enfermidade diminuir aos poucos, até não darmos mais importância pra ela. Infelizmente, atualmente, muitos buscam a heresia e são manipulados por falsos pastores por não aceitarem essa verdade, por se negarem a entender a maneira como Deus trabalha de fato.
      A solução é Jesus, o único que foi verdadeiramente vítima, porque ele não foi injustiçado por erros que comete ou que estavam em sua natureza espiritual pecaminosa. Nós homens nascemos com um DNA espiritual pecaminoso e quando atingimos a idade do juízo onde podemos exercer livre arbítrio e receber a responsabilidade por isso, escolhemos pecar. Não, não coloque a culpa nos outros, assuma a sua culpa e perdoe a culpa de quem foi injusto com você pelo poder do nome de Jesus Cristo.
      Reconheça Jesus como única vítima legítima, porque sofreu injustiças por mim, por você, por toda a humanidade, não por ele mesmo. Nessa convicção achamos o remédio, não para acabar com a injustiça, com ela teremos que conviver enquanto vivermos neste mundo. Mas encontramos consolo para seguirmos, humildes, mas fortes, com lutas, mas em paz, injustiçados, mas vitoriosos sempre.

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