sexta-feira, maio 14, 2021

O poder das palavras

      “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.Mateus 12.35-37

      Projeção psicológica, um mecanismo que faz com que acusemos os outros com aquilo que nós mesmos nos sentimos acusados, que faz com que vejamos nos outros males que existem em nós, assim, quem se sente inútil, acusará os outros de ociosidade, quem tem inveja, acusará os outros de serem invejosos, quem se acha adúltero e infiel verá nos outros adultério e infidelidade. Cuidado, achar defeitos nos outros não é ter uma crítica acurada, não é sensibilidade, não é virtude, é ter muitos defeitos não resolvidos dentro de si mesmo, quem não se enxerga, muito menos enxergará os outros. Seria melhor nos calarmos, pararmos mesmo de pregar o evangelho ou de levantar bandeiras de moralidade, mas nos ocuparmos com nossas próprias vidas, orarmos mais, nos avaliarmos, nos encararmos no espelho nos assumindo por completos, desejando mudanças e lutando para alcança-las. 
      As palavras que saem de nossas bocas têm poder, para abençoar e para amaldiçoar, contudo, elas têm mais que o poder das memórias que ficam em quem as ouve. Elas são mais que matéria intelectual nas mentes, o mundo espiritual pega carona nelas, seres espirituais são acionados por elas e continuam a agir sobre quem elas são lançadas, principalmente seres espirituais do mal. Quando alguém nos violenta verbalmente, diz coisas negativas sobre nós e com uma carga emocional destrutiva, não são só lembranças dessas acusações que ficam em nós e nos fazem mal, mas demônios ganham legalidade nessas palavras e passam a nos torturar. Os mesmos demônios que torturaram quem nos ofendeu, nos são dirigidos e passam a nos fazer o mesmo mal que faziam em quem as palavras tiveram origem, mesmo que a pessoa que nos ofendeu não tenha consciência disso. 
      Não basta buscar perdão para nós mesmos, visto que as palavras, ainda que lançadas sem amor e com o objetivo de nos destruir e não de nos ensinar, podem ter algum fundo de verdade. Sábio é o que não usa o mal dos outros para não admitir o próprio mal, é aquele que se humilha e se acerta, em primeiro lugar com Deus e consigo mesmo. Depois é cristão pôr a vida do que o acusou nas mãos de Deus e se disponibilizar para achar a paz com esse, sem, contudo, aliar paz interior à existência desse acerto, já que muitas vezes ele pode não acontecer por não depender só de nós. Depois de colocarmos o perdão em dia é preciso encarar o acontecimento sob o ponto de vista espiritual, que envolve forças que vão além de quem nos ofendeu. A providência divina conhece os limites de seus filhos, assim só entrem em guerras espirituais os preparados, dos outros Deus cuida. 
      O mundo espiritual do mal se repreende e se vence de duas maneiras, primeiro, colocando-se numa posição constante de vigilância, onde se busca santidade e se exercita humildade, num coração limpo e crente habita a paz de Deus e essa paz é escudo contra toda espécie de acusação e dor. Mas é importante também que façamos uma oração, de preferência em tom audível (não só na mente, mas também não necessariamente em tom alto), de repreensão contra espíritos do mal, expulsando os demônios que nos acusam, com emoção e com convicção, e peçamos que para longe de nós eles sejam encaminhados, a um lugar adequado por Deus para eles, para que eles saindo de nós não atormentem entes queridos ligados espiritualmente a nós. A atuação do mal pode ser anulada em nós, mas os espíritos do mal não podem ser destruídos, só mantidos longe de nós. 
      É importante que desliguemos o mal da pessoa que desencadeou o mal, para que não alimentemos qualquer espécie de vingança, se não fizermos isso estaremos mantendo dentro de nós um sentimento ruim, de ódio, de ressentimento, e isso poderá manter uma brecha para o mal dentro de nós, por onde os demônios podem agir. Isso é feito, antes de tudo, pelo perdão, e depois expulsando os demônios que foram ordenados contra nós, nessa ordem. Não se luta contra as trevas com armas das trevas, devolvendo o mal ou os demônios para alguém, mas se luta contra o mal com as armas da luz, tendo uma alma limpa, ungida com paz e amor e abençoando quem nos amaldiçoou. Esse é o jeito de Jesus, o jeito espiritual, o jeito de aprender mesmo com tanta injustiça e maldade que muitos alimentam dentro de si contra nós, por motivos que cabe a Deus saber e solucionar em seu tempo. 

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